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Filme Ensinando a viver Análise com base em Piaget

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Análise do Filme “Ensinando a viver”, com base na Teoria de Piaget
Alunos: Dermeval e Irailde - Unirb/Psicologia/1º Semestre 2013
O filme relata a historia de duas pessoas distintas, com personalidades diferentes, mas com a mesma dificuldade de relacionamento. Denis é uma criança que foi abandonada pelos pais, o que terminou por gerar nele um forte sentimento de rejeição, enquanto que o adulto, posteriormente o pai adotivo, vê-se desafiado a dedicar tempo e atenção a esta criança, desafio este percebido desde a possibilidade de apenas contribuir com uma convivência esporádica, já que sua participação era voluntária, mas que com o passar do tempo torna-se uma relação crescente e inevitavelmente condutora de um compromisso até a adoção. 
A criança teve uma infância difícil, principalmente na relação com outras crianças, muitas das quais não conseguiam interagir com ela e até queriam espancá-lo.
O adulto tinha uma vida aparentemente bem resolvida já que possuía carro, casa, profissão de escritor com boa reputação e vivia no chamado mundo “normal” como qualquer outra pessoa e, apesar das dificuldades de relacionamento que também o cercava, e por ter perdido a esposa que morreu, não tinha em seu projeto qualquer indício de estar buscando um relacionamento como o que lhe chega desafiadoramente, causando-lhe um dilema que o leva a refletir sobre “por quê” não aceitar tal desafio.
Apesar do filme não dizer que sua esposa morreu, isso é dedutível e, como ele vivia escrevendo livro com abordagens que a editora dele queria , isso o fazia sentir-se sem a liberdade de escrever seu sonho, nem mesmo a liberdade de pensar por si mesmo. Sentia não possuir mais a própria individualidade, só escrevendo o que o sistema ditava através da editora. Tais circunstâncias no final serão decisivas para o fechamento da história. Em meio ao dilema inicial, pode lembrar como algumas experiências da sua infância o levavam a perceber que algo em sua vida estava errado, pois se ele vivia de acordo com que o sistema ditava , estava acomodado com a situação, tendo diante de si o vislumbre de que algo novo poderia acontecer a partir da convivência com aquela criança.
A criança, por ter perdido os pais, vivia no “mundo da lua”, e não apenas meramente no sentido figurado, mas psicologicamente “real” em sua forma de relacionar-se com tudo ao seu redor, incorporando a ideia de que veio do planeta marte. Para fugir da sua realidade, de abandono e perda dos pais, entregou-se a esta “realidade”, o que dificultava sua adoção, pois passou a viver literalmente dentro de uma caixa de papelão, da qual não saia mesmo quando esporadicamente interagia com alguém.
Fazendo isso, ela fugia de futuras perdas e de novos possíveis “abandonos”, e para isso ela não queria ter nenhum vínculo de ligação emocional. Com a convivência com este adulto, o qual demonstrava verdadeiramente preocupar-se com ele, passou a abrir-se gradualmente e permitir-se a uma aprendizagem cognitiva e, principalmente de socialização, o que só foi possível a partir da entrega e confiança entre ambos, além da determinação do adulto.
No decorrer, podemos detectar alguns aspectos da Concepção genético-cognitiva da aprendizagem de Piaget, ou Teoria da Epistemologia Genética segundo o próprio, a qual se baseia nos estágios que todo ser humano passa desde o seu nascimento até a fase adolescente, sendo que já adultos atingem aspectos próprios decorrentes do somatório de características vivenciadas nesses estágios. Sendo a criança da idade de 9 anos, alguns aspectos podem ser identificados como digamos “deficitário” em seu aprendizado, já que possivelmente (o filme não é direcionado para o que ocorreu durante os estágios anteriores à sua idade atual) não teve a aproximação e o cuidado que deveriam permear seu convívio familiar e proporcionar condições saudáveis ao seu aprendizado, como a visualização da mãe nos primeiros dias, interação com o pai, toques que demonstrassem cuidado, tão importantes na fase inicial de todo ser. Como Piaget acreditava que tais informações externas encontravam no interior de toda criança uma chamada organização mental pré-existente em si, o que caracterizava a ideia de Assimilação, sua Teoria possibilita-nos admitir que neste contexto, a criança personagem era desprovida das condições básicas necessárias para selecionar o que deveria ser assimilado e descartado em seu aprendizado, gerando um ambiente “anormal”.
Assim, seu isolamento não apenas dificultava suas relações, mas também o afastava das possibilidades de um aprendizado “normal” e esperado para sua idade, correspondente ao Operatório Concreto, na visão de Piaget. Nesta fase, toda criança já deve ter atingido uma organização lógica do pensamento sem contradições, o que não se evidencia no personagem mirim, o qual age como um ser marciano, cuja missão é coletar dados para retornar ao seu planeta. Dessa forma, o seu nível de aprendizado demonstra muita dificuldade na associação, ou admissão (já que parecia não apenas sofrer os efeitos da rejeição mas, querer manter-se distante como defesa) do significado de conceitos básicos sobre objetos e coisas não apenas prováveis mas também necessárias (conforme DVD Jean Piaget, por Yves de La Taille). 
Segundo Piaget, a ideia de Acomodação possibilita a todo ser humano a capacidade de modificação dessa organização mental pré-existente como requisito que possibilita singularidade aos objetos e conceitos a serem conhecidos. Percebe-se ainda que não existe a chamada estabilidade da organização mental do personagem mirim, caracterizada na ideia de Equilibração, a qual nada mais é do que a ocorrência de uma estabilidade após o conflito experimentado diante de um objeto desconhecido e, superado o desequilíbrio inicialmente causado no conflito, posteriormente assimilado termina por gerar a Acomodação, ou modificação. Para Piaget, tais conceitos de Acomodação e Equilibração ocorrem de forma continuada (conforme DVD Jean Piaget, por Yves de La Taille).
No filme, podemos identificar questões epistemológicas que durante muito tempo sobrevivem em profundas reflexões e longas discussões, cujos desafios levaram homens como o próprio Piaget, biólogo de formação e Epistemólogo por convicção, a procurarem respostas sobre “como os homens constroem o conhecimento”, pois a criança e o adulto passam a conviver e demonstrar como a sociedade dita o que considera “normal” para a vida social e como é difícil esse tipo de normalidade quando alguns não possuem as condições também “normais” em seus estágios desde o nascimento, afinal o que é aprendizagem? como ela pode ser vivenciada em cada ser humano? o que cada um pode compreender e fazer ao mesmo tempo?
O filme, além de transcorrer evidenciando diversas situações que expõem essas questões que persistem com todo avanço científico, termina ensinando-nos como podemos vencer obstáculos diante de múltiplos desafios que permanecem na experiência humana na terra apresentando alternativas de abordagens e, sobretudo, de perseverança quanto a atenção e o cuidado para com o outro, não importando as circunstâncias e nem as carências inerentes a esses desafios.
É uma verdadeira lição de vida!

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