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p158 Artigo protecao de maquinas Adeus as mutilacoes

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56 FEVEREIRO/2005
PROTEÇÃO DE MÁQUINASPROTEÇÃO DE MÁQUINASARTIGOARTIGO
Histórico de mortes e incapacitações em indústria metalúrgica
obriga empresa a implantar medidas preventivas
Adeus às mutilações?
ma ação civil pública ajuizada
em julho de 2004, pelo Minis-
tério Público do Trabalho da Re-
gião Metropolitana de Belo Ho-
rizonte/MG, obrigou empresa do
município de Betim a implantar proteções
adequadas em todas as suas máquinas em
operação. A sentença, determinada pela 4ª
Vara do Trabalho, estabelece outras obriga-
ções importantes, todas diretamente ligadas
à garantia de proteção ao trabalho em má-
quinas e equipamentos.
O primeiro item será implantar plano de
manutenção preventiva, adotar procedi-
mentos de segurança compatíveis com os
riscos e garantir, minimamente, programas
de capacitação visando a operação segura,
que devem ser aplicados na fase admissio-
nal e reciclados periodicamente.
Outro aspecto a que a empresa teve de se
comprometer é de implantar medidas de
proteção coletiva contra as doenças ocupa-
cionais, freqüentemente produzidas pelo
trabalho em máquinas (perda auditiva e
LER/DORT, por exemplo), lembrando que
nossas máquinas são geralmente muito rui-
dosas, e que as condições ergonômicas são
quase sempre inadequadas. Esta é uma dis-
posição muito importante, na medida em
que muitas das doenças produzidas por
máquinas são quase sempre desprezadas,
com o foco da preocupação centrado nos
riscos de mutilações e com o reforço do ar-
gumento bastante repetido de que a sua
prevenção é cara e tecnicamente difícil.
TRAJETÓRIA
Devemos comemorar esse resultado? A
primeira resposta é necessariamente afirma-
tiva, acompanhada da lembrança de que o
Estado de Minas Gerais desenvolve um es-
forço diferenciado, especialmente compar-
tilhado entre a Delegacia Regional do Tra-
Carlos Augusto Lopes
Engenheiro mecânico e de Segurança do
Trabalho
Presidente do Comitê de Certificação do Inpame
Natal Pasqualeti Neto
Engenheiro mecânico e de Segurança do
Trabalho
Diretor de Normas e Regulamentações Técnicas
do Inpame
Josebel Rubin
Engenheiro mecânico e de Segurança do
Trabalho
Conselheiro e membro fundador do Inpame
Os autores são membros do Comitê de
Certificação do Programa Brasileiro de
Certificação de Segurança em Máquinas e
Equipamentos (Selo conferido pelo Instituto
Nacional de Prevenção de Acidentes em
Máquinas e Equipamentos/Inpame)
U
balho e o Ministério Público do Trabalho,
e que tem produzido resultados efetivos.
Entretanto, amargamente, devemos lem-
brar os caminhos que foram trilhados, para
o caso desta indústria metalúrgica de Betim.
Analisando apenas o histórico mais recen-
te da realidade ocupacional na empresa ob-
serva-se os seguintes fatos:
9 Um trabalhador perdeu a vida operan-
do uma prensa de chaveta
9 Um trabalhador sofreu amputação par-
cial da mão direita, em acidente ocorrido
em dezembro de 2003
9 Dois trabalhadores sofreram ferimentos
graves na operação com prensas
9 A empresa sofreu freqüentes fiscaliza-
ções da DRT/MG e, como conseqüência das
condições de trabalho encontradas recebeu
diversas multas
9 No primeiro semestre deste ano, a em-
presa teve suas máquinas interditadas por
ação da DRT/MG
9 A empresa obteve liminar suspendendo
a interdição
9 Intimada pelo Ministério Público do
Trabalho, a empresa resistiu à proposta de
termo de ajustamento de conduta que fir-
mava prazos para proteger as máquinas e para
implantar os procedimentos de segurança
9 Restou o caminho da denúncia e a vi-
toriosa ação judicial
AÇÕES
Buscando hipóteses, baseado em experi-
ências positivas para formular políticas pú-
blicas de combate aos acidentes graves (as-
sim considerados aqueles que produzem
perda de capacidade de trabalho, danos irre-
versíveis, perda de expectativa de vida, per-
da da própria vida), o professor Renato Lie-
ber, da UNESP – Departamento de Produção
da Faculdade de Engenharia de Guaratin-
guetá, invoca duas possibilidades.
A primeira é a crescente ação do Ministé-
rio Público nas relações de Segurança e Saú-
57FEVEREIRO/2005
O engenheiro Natal Pasqualeti Neto, di-
retor de Normas e de Regulamentações Téc-
nicas do Inpame, ao cunhar a expressão re-
tenção mecânica para referir-se aos chama-
dos calços de proteção, tornou mais clara a
compreensão desse Equipamento de Prote-
ção Coletiva, inicialmente previsto no
PPRPS, desde sua primeira versão, e agora
integrando o texto da Nota Técnica 37/2004,
recentemente aprovada pelo MTE, para ser
aplicada como referência técnica em todo
o território brasileiro.
Proteção obrigatória em prensas
A construção e a correta utilização de calços
de proteção evitam acidentes e afastamentos
Em seguida estão elencados os funda-
mentos desse recurso protetivo, acompa-
nhados de informações básicas sobre sua
adequada construção e correta utilização.
As informações fazem parte do Curso de
PPRPS – Gerenciadores, ministrado pelo
Inpame.
OBJETIVOS
O calço de segurança consiste em um re-
curso de segurança coletiva para o profis-
sional que necessita ingressar ou colocar
de do Trabalho, capaz de propor reflexões
sobre direitos básicos dos cidadãos traba-
lhadores, de obter termos de ajustamentos
com prazos definidos (compatíveis com os
riscos e com o grau de dificuldade econô-
mica) e, no limite, impetrar ações judiciais
para obrigar empresas faltosas e marcadas
pela incidência de acidentes à adoção das
medidas preventivas necessárias.
A segunda razão apontada pelo profes-
sor Lieber, que é circunstancial e polêmica
e que decorre de outras mudanças sociais
que alteram as relações de trabalho, é o
grande aumento do contingente de mulhe-
res realizando trabalhos perigosos, o que
estaria levando à “humanização dos ambi-
entes de trabalho”.
Qualquer que seja a leitura disso tudo é
certo que a sociedade civil (de modo espe-
cial os militantes da causa prevencionista
e os profissionais de Segurança e Saúde do
Trabalho) pode contribuir com as experi-
ências vividas no ambiente laboral e com o
debate aberto para a definição de priorida-
des nas políticas públicas voltadas para a
melhoria das condições de trabalho.
PROGRAMA
O Inpame, Instituto Nacional de Preven-
ção aos Acidentes em Máquinas e Equipa-
mentos, já no ato de sua fundação, justa-
mente na definição de suas metas e objeti-
vos, estabeleceu a necessidade de um Pro-
grama Nacional de Proteção ao Trabalho
em Máquinas e Equipamentos. Firmada na
experiência dos seus diversos dirigentes,
na constante observação do trabalho de fá-
brica e na interação permanente com traba-
lhadores, empresários e profissionais pre-
vencionistas, é leitura própria do Instituto
que o fundamento desse Programa deva ser
a ação educativa, cuja idealização será ga-
rantir os mesmos resultados obtidos na fá-
brica de Betim, porém em uma etapa bastan-
te anterior: antes da vítima fatal, antes do
acidente que mutilou a mão de um cidadão
trabalhador, antes dos dois acidentes com
ferimento grave e exatamente no momento
em que a empresa, por consciente decisão
dos seus dirigentes e pela decisiva partici-
pação dos seus trabalhadores, optar por um
ambiente laboral digno e compatível com
a preservação da saúde e da integridade fí-
sica de todos os cidadãos. É certo, e de abso-
luto realismo que a aproximação desse es-
tágio idealizado dependerá de muitas de-
mandas judiciais. É certo, como contrapar-
tida, que o caminho civilizado e democrá-
tico para acelerar essa aproximação é a ação
consciente da sociedade civil e dos traba-
lhadores. Nesse momento, que requer pre-
servação de direitos e mudanças fundamen-
tais em nossos processos produtivos, deve-
mos saudar a presença do Ministério Públi-
co, uma causa objetiva da redução dos aci-
dentes e das doenças ocupacionais.
60 FEVEREIRO/2005
PROTEÇÃO DE MÁQUINASPROTEÇÃO DE MÁQUINASARTIGOARTIGOos membros superiores sob
o martelo de prensa, nas pa-
radas da máquina, programa-
das ou imprevistas. O ferra-
menteiro, o prensista, o tro-
cador de ferramentas e o pre-
parador de máquina devem
ser adequadamente capacita-
dos e conscientizados sobre
a forma correta e segura de
sua utilização.
APLICAÇÃO
 - Os calços devem ser em-
pregados em operações de
troca do ferramental, nas ati-
vidades de manutenção da
máquina e nos diversos ajus-
tes necessários ao processo
produtivo e eventuais correções que impli-
quem na parada da máquina
- Nunca devem ser utilizados com a pren-
sa em funcionamento (servem apenas para
sustentar o peso do martelo, incluso con-
junto solidário, não para resistir à ação do
martelo)
- Devem ser dotados de ligação eletrome-
cânica, ou seja, conectados ao comando
central da máquina de tal forma que, quan-
do removidos, impeçam o funcionamento
da mesma
- Devem ser pintados na cor amarela (co-
mo identificação de Equipamento de Prote-
ção ao Trabalho)
- Em situações onde não seja possível o
uso do calço convencional, conforme Fi-
gura 1, Calço de Segurança, ocupando o
cumprimento do vão definido entre a mesa
e o martelo, deverão ser adotadas medidas
de segurança alternativas que garantam o
mesmo resultado (da retenção mecânica do
martelo durante a parada da máquina)
*Estas medidas alternativas devem ser de-
senvolvidas mediante orientação do coor-
denador do programa preventivo.
COMO CONSTRUIR
No que se refere ao material empregado
devem ser capazes de suportar a carga está-
tica, além de ter forma geométrica que im-
peça, em caso de acidente, que fragmentos
estilhaçados sejam arremessados.
Também desejavelmente devem ser de-
senvolvidos com material que, além de ga-
rantir a carga estática, sejam leves e de fácil
manejo. Nesse sentido, a utilização de ligas
de magnésio, por exemplo, é recomendá-
vel, com a vantagem adicional de impedir
a formação de estilhaços ou fragmentos.
No caso do calço plugável, ele deve pos-
suir interligação eletromecânica, conforme
relatado acima.
DIMENSIONAMENTO
Os calços são dimensionados para supor-
tar uma carga estática direta que é definida
como a carga em repouso do conjunto do
martelo e da parte superior da ferramenta.
Para o correto dimensionamento do calço
de segurança deve-se observar:
- A carga estática requerida para a
prensa e para as ferramentas em ques-
tão (fator de segurança = 2).
- O comprimento necessário para
cada calço que é definido pelo curso
máximo e pelos cursos utilizados (bas-
tante desejável que possua dois recur-
sos de cumprimento reguláveis que
permitam a total ocupação da altura
(vão) entre a mesa e o martelo).
PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA
9 Todos os procedimentos de ma-
nuseio devem ter registros escritos
9 Programas especiais de capaci-
tação com reciclagem periódica pro-
gramada
9 Devem ser usados em múltiplos
de 2
9 Colocá-los em diagonal na área
de trabalho
9 Utilizá-los, no caso geral, na po-
sição vertical entre a mesa da prensa e
o martelo, e parte superior da ferramen-
ta apoiados na parte superior do cal-
ço.

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