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Resumo de Direito Civil IV 1º semestre (posse)

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RESUMO DE DIREITO CIVIL IV
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS DIREITO REAIS
Conceito de Direitos Reais: O direito real é o complexo de regras e princípios que regulamentam a relação de poder de uma pessoa em vista de uma coisa e que disciplina a posse e a propriedade.
Obs.: Baseado em uma síntese de doutrinas.
Ou seja, é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é possível exercer o poder de domínio. 
→ Coisa é o gênero do qual bem é espécie. É tudo o que existe objetivamente, com exclusão do homem. 
→ Bens são coisas suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico. Somente interessam ao direito das coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem, sobre as quais possa existir um vinculo jurídico, que é o domínio. 
Obs.: Há bens jurídicos, que não são coisas, como por exemplo, a liberdade, a honra e a vida. 
É importante estabelecer a distinção entre direitos reais e pessoais, para delimitar e precisar o objeto do direito das coisas: 
O direito real (jus in re) consiste no poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. No polo passivo incluem – se os membros da coletividade, pois todos devem abster – se de qualquer atitude que possa turbar o direito do titular. No instante em que alguém viola esse dever, o sujeito passivo, que era indeterminado, torna – se determinado. Dessa forma, o direito real é o que afeta a coisa direito e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos, e a segue em poder de quem quer que a detenha.
O direito pessoal (jud ad rem), consiste numa relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode existir do sujeito passivo determinada prestação. Constitui uma relação de pessoa a pessoa e tem, como elementos, o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação.
→ Conteúdo do direito real: Posse (arts. 1.196 a 1.224 C.C) e propriedade (arts. 1.225 a 1.511 CC). 
→ Elementos constitutivos do direito real: Elemento subjetivo, elemento objetivo e poder imediato. 
POSSE:
PROPRIEDADE 
ELEMENTO SUBJETIVO: Titular do direito real → sujeito ativo desse direito. 
ELEMENTO OBJETIVO: Diz respeito a coisa corpórea ou incorpórea, que é objeto de direito real. 
PODER IMEDIATO/INFLEXÍVEL: Que exerce o sujeito ativo sobre a coisa objeto do seu direito. 
Características: 
O objeto do direito real há de ser, necessariamente, uma coisa determinada, enquanto a prestação do devedor, objeto da obrigação que contraiu, pode ter por objeto coisa genérica determinável. 
A violação de um direito real consiste sempre num fato positivo (o que não se verifica sempre com o direito pessoal).
O direito real concede ao titular um gozo permanente porque tende à perpetuidade (ao passo que o direito pessoal é eminentemente transitório, pois se extingue no momento em que a obrigação correlata é cumprida). 
Somente os direitos reais podem ser adquiridos por usucapião. 
O direito real só encontra um sujeito passivo concreto no momento em que é violado, pois, enquanto não ocorre a violação, dirige – se contra todos, em geral (o direito pessoal dirige – se contra uma pessoa determinada, e somente contra ela).
PRINCIPIOS INERENTES AO DIREITO REAL
ADERÊNCIA: Estabelece um vínculo, uma relação de senhoria entre sujeito e coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir, gerando uma relação direta e imediata entre a pessoa e a coisa. O direito real adere à coisa e possibilita ao seu titular busca-la onde ela estiver e reavê-la das mãos de quem injustamente a possuir ou detiver (devedor). 
A aderência do direito real à coisa é a constatação do fato de que o direito real permanece incidindo sobre o bem, ainda que este circule de mão em mão e se transmita a terceiros, pois o direito segue a coisa. 
→ Exemplo:Se o individuo guarda um veículo no estacionamento, o proprietário não perde a qualidade da posse, e se alguém subtrai-lo do local, o ato torna - se ilícito, de modo que, a titularidade sempre permanece. 
ABSOLUTEZ: Os direitos reais se exercem erga omnes, ou seja, é oponível contra todos, que devem abster – se de molestar o titular, de modo que, poderá o titular da coisa opor seu direito contra qualquer pessoa da sociedade que restringir ou impedir o gozo ou usufruto da coisa. Surge então o direito de sequela.
→ DIREITO DE SEQUELA: Direito de perseguir a coisa e de reivindicá-la em poder de quem quer que seja, por meio de ação, bem como obter o direito de preferência. Dessa forma, o titular pode buscar o bem onde ele estiver, haja vista que, o distanciamento da coisa não põe fim ao seu direito.
→ Exemplo: Proprietário de uma casa → Posso propor o meu dinheiro para qualquer pessoa do sociedade, basta que isso pessoa tente restringir ou impedir o meu direito real. 
PUBLICIDADE: Sendo oponíveis erga omnes, faz – se necessário que todos possam conhecer os seus titulares, para não molestá – los. O registro e a tradição atuam como meios de publicidade da titularidade dos direitos reais. Dessa forma, para que o direito real efetivamente seja absoluto e seu titular possa assim exerce-lo, é necessário que a sociedade como um todo conheça ou possa conhecer esse direito e a sua titularidade. 
→ Bens imóveis: Os direitos reais sobre bens imóveis só se adquirem com registro no Cartório de Registro de Imóveis do respectivo título.
→ Bens móveis: Os direitos reais sobre bens móveis só se adquirem após a tradição. 
TAXATIVIDADE (numerus clausus):Os direitos reais são criados pelo direito positivo por meio da técnica denominada numerus clausus, ou seja, enumera de forma taxativa e limitada, considerando apenas aqueles descritos em lei. Dessa forma, o rol taxativo se esgota na própria lei e não há possibilidade de outra figura, além daquela indicada na nota, diferente do que ocorre no rol exemplificativo, onde outras figuras politicas podem existir independentemente da determinação legal. 
Obs.: O direito obrigacional é determinado por um rol meramente exemplificativo, vigorando o regime jurídico de “numerus apertus”, de modo que, as figuras obrigacionais não se esgotam naquele indicado pelo código, vez que, as partes interessadas podem criar novas figuras internacionais. No ordenamento jurídico brasileiro toda limitação ao direito de propriedade que não esteja prevista em lei como direito real, tem natureza obrigacional, uma vez que as partes não podem criar direitos reais. 
TIPICIDADE: Os direitos reais existem de acordo com os tipos legais e são definidos e enumerados. Somente os direitos constituídos e configurados à luz dos tipos “rígidos/modelos” poderão ser tidos como reais (rol taxativo). Sendo assim, somente existirá uma figura considerada de direito real quando a lei assim determinar. 
PERPETUIDADE: A propriedade é um direito perpétuo, pois não se perde pelo não uso, mas somente pelos meios e formas legais, tais como desapropriação, usucapião, renúncia, etc. Porém, na realidade a característica da perpetuidade dos direitos reais não é absoluta, pois se extinguem em determinadas circunstâncias. 
EXCLUSIVIDADE: Não pode haver dois direitos reais, de igual conteúdo, sobre a mesma coisa. Duas pessoas não ocupam o mesmo espaço jurídico, deferido com exclusividade a alguém, que é o sujeito real titular do direito sobre a coisa. Dessa forma, apenas uma pessoa pode ser titular do direito real, não sendo possível a pluralidade de titularidade (Só um sujeito pode ser titular, não comporta dois sujeitos).
Exemplo: No condomínio, cada consorte tem direito a porções ideais, distintas e exclusivas. 
É certo que nos direitos reais sobre coisas alheias existe dois sujeitos (o dono e o titular do direito real), porém, em razão do desmembramento da propriedade, cada um deles exerce direitos distintos sobre a coisa, sem intermediação do outro.
Exemplo: No caso do usufruto, o usufrutuário tem direito aos frutos, enquanto o proprietário conservao direito da substância da coisa. 
DESMEMBRAMENTO: Os direitos reais são transitórios, haja vista que, desmembram – se do direito – matriz, que é a propriedade. Dessa forma, o direito real é passível de ser desmembrado, desdobrado, assumindo sua titularidade a pessoas diversas.
Apesar de o direito de propriedade poder ser desmembrado em todos os outros tipos de direitos reais, beneficiando terceiros que passam a exercê – los sobre a coisa alheia, a tendência natural é a reunificação desses direitos no direito de propriedade matriz, ocorrendo então o fenômeno da consolidação, voltando o proprietário a ter o domínio pleno da res. 
	Nesse sentido, é importante frisar a questão de propriedade plena e restrita:
	Propriedade é o direito que a pessoa, física ou jurídica, tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha; a propriedade não é a soma desses atributos, ela é direito que compreende o poder de agir diversamente em relação ao bem, usando, gozando ou dispondo dele.
→ Direitos de propriedade: 
Uso
Gozo
Disposição
Sequela
→ Se os 4 direitos são somados nas mãos de uma única pessoa, afirma – se que a propriedade é plena.
→ Se os 4 direitos forem distribuídos nas mãos de titulares diferentes, afirma – se que a propriedade é restrita (Essa é a hipótese de desmembramento, onde pessoas diferentes são titulares).
Exemplo:X é viúvo, proprietário de um único imóvel e tem um único filho Y. Para evitar a abertura do inventário após o falecimento, em vida X doa o imóvel para Y, com reserva de uso fruto vitalício, e X será o usufrutuário e concentrará em suas mãos os direitos de uso, gozo e sequela e Y é o titular da sua propriedade e concentrará em suas mãos o direito de sequela e disposição. X e Y exercem propriedades restritas, que denotam o desmembramento do direito real. Se X falecer, o Y concentrará todos os direitos e passará a ser plena e não restrita, pois cessa o desmembramento.
→ A doutrina alemã costuma chamar esse desmembramento como elasticidade. 
DIFERENÇAS EXISTENTES ENTRE O DIREITO REAL E O DIREITO OBRIGACIONAL
CRITÉRIO 1: Diferenças existentes entre o direito real e o direito obrigacional quanto ao SUJEITO:
	Uma parte da doutrina entende que o direito real tem um só sujeito (ativo) e outros entendem que além do sujeito ativo, há o sujeito passivo universal. 
Existem 4 teorias que buscam justificar a inexistência ou existência do sujeito passivo universal. 
Teoria clássica
Teoria personalista
Teoria Dualista personalista
Teoria Dualista realista 
TEORIA CLASSICA (REALISTA): 
	Para os adeptos dessa teoria, o direito real tem somente um sujeito, o ativo (titular do direito), inexistindo sujeito passivo (devedor).  Em síntese, para a referida teoria, os direitos reais devem ser vistos como um poder direto e imediato sobre a coisa, enquanto os direitos pessoais traduzem uma relação entre pessoas, tendo por objeto uma prestação. Ainda que essa prestação seja mediatamente dirigida a um bem, como ocorre nas obrigações de dar, o objeto em si dos direitos pessoais é sempre o comportamento do devedor, diferentemente do que se tem nos direitos reais, pois estes incidem imediatamente sobre a coisa.
	Nessa visão, os direitos reais se caracterizam pela existência de apenas dois elementos: o titular e a coisa. Para que aquele possa desfrutar desta não há necessidade de qualquer intervenção ou intermediação por parte de terceiros, ao contrário do que ocorre nos direitos pessoais, em que, ademais, existem três elementos: o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação.
TEORIA PERSONALISTA (MODERNA): 
	Essa teoria baseia – se na existência de um sujeito passivo universal. Para essa corrente não existem diferenças substanciais entre os direitos reais e os pessoais, uma vez que os direitos reais seriam como os direitos obrigacionais, nos quais a prestação consistira sempre em uma abstenção que estaria a cargo de todas as pessoas. 
	Dessa forma, para os adeptos dessa teoria, tanto o direito real quanto o obrigacional constituem relações jurídicas e a relação jurídica pressupõe a relação entre pessoas e coisas. Assim, ambos os ramos do direito necessariamente devem ser constituídos por um sujeito ativo (titular do direito) e um passivo (devedor) – (não pode existir relação jurídica entre pessoa e coisa, mas somente entre pessoas). 
	O direito real não reflete relação entre uma pessoa e uma coisa, mas, sim, relação entre uma pessoa e todas as demais. 
	Para essa corrente de pensamento, uma relação jurídica entre seu titular, do lado ativo, e todos os demais membros da sociedade, do lado passivo, adstritos a um dever geral de abstenção, ou seja, à obrigação de não perturbar ou prejudicar o titular do direito real
            Caracterizam-se os direitos reais, destarte, pela existência de uma obrigação passiva universal, imposta a todos os membros da sociedade indistintamente, no sentido de que devem respeitar seu exercício por parte de seu titular ativo. Já nos direitos pessoais, a obrigação só existe para o sujeito passivo a ela vinculado, pessoa certa e determinada, sobre a qual recai não simplesmente o dever de respeitar o direito de crédito, mas sim a obrigação a uma prestação
TEORIA UNITÁRIA PERSONALISTA: 
	A teoria unitária personalista baseia-se na ideia de um sujeito passivo universal, considerando os direitos reais como obrigações, em que a prestação consistiria em uma abstenção que abrange todas as pessoas. Portanto, a teoria personalista aceita apenas a relação jurídica entre pessoas, pressupondo o sujeito ativo (proprietário, titular do direito real) e os sujeitos passivos (todas as pessoas) os quais não devem interferir contra o direito do titular.
 Esta teoria é criticada por restringir todos os direitos em relações pessoais de vínculos obrigacionais, suprimindo os direitos reais. Na verdade, a obrigação passiva universal, pregada por esta teoria, nada mais é que uma regra de conduta, diferentemente da obrigação comum que vincula o devedor ao seu credor. 
TEORIA UNITÁRIA REALISTA: 
	A teoria unitária realista enxerga a unificação dos direitos reais e pessoais do ponto de vista do patrimônio, considerando que os direitos pessoais não recaem sobre a pessoa do devedor, mas sobre o seu patrimônio.
	Dessa forma, procura unificar os direitos reais e obrigacionais a partir do critério patrimônio, considerando que o direito das coisas e o direito das obrigações fazem parte de uma realidade mais ampla, que seria o direito patrimonial.
Conclui – se que para os adeptos dessa teoria, os denominados direitos pessoais não recaem sobre a pessoa do devedor, mas sobre o seu patrimônio. Propõe, portanto, a absorção do direito obrigacional pelo real.
TEORIA DUALISTA E PERSONALISTA: 
	Para os adeptos dessa teoria, o direito real apresenta um sujeito ativo que é o titular do direito real e o sujeito passivo universal, que é a própria sociedade, a qual tem um dever de abstenção, uma obrigação de não fazer alguma coisa, isto é, não impedir ou restringir o direito real do seu titular.
TEORIA DUALISTA REALISTA: 
	O direito real apresenta dois sujeitos, o ativo, titular do direito e o passivo, um sujeito individualizado, determinado, oriundo do sujeito passivo universal da sociedade, de modo que, para os adeptos dessa teoria, o sujeito passivo somente existe quando concretamente uma pessoa da sociedade feita impede ou restringe o titular do seu direito real. 
CRITÉRIO 2: Diferenças existentes entre o direito real e o direito obrigacional quanto ao OBJETO:
	No direito obrigacional, o objeto diz respeito a uma prestação de dar, fazer ou não fazer algo, conduta esta que deve ser cumprida pelo sujeito passivo em favor do sujeito ativo, diferentemente do que ocorre no direito real, em que o objeto diz respeito a uma coisa corpórea ou incorpórea. 
Bens corpóreos: Causa de existência concreta/matéria/tangível, e pode ser percebido pelos sentidos do homem, comopor exemplo, uma cadeira, uma mesa, um apartamento, etc.
Bens incorpóreos: São s que não possuem uma existência tangível, são imateriais. É o direito que passa a ser objeto do próprio direito, por exemplo, direitos autorais, créditos, invenções.
CRITÉRIO 3: Diferenças existentes entre o direito real e o direito obrigacional quanto a AÇÃO:
	No direito obrigacional a ação do sujeito ativo é contra o sujeito passivo, enquanto que no direito real, a ação do sujeito ativo é contra todos, ou seja, é oponível erga omnes (contra a sociedade em geral). 
CRITÉRIO 4 : Diferenças existentes entre o direito real e o direito obrigacional quanto ao LIMITE:
	No direito obrigacional vigora o regime jurídico do numerus apertus, sendo um ramo do direito ilimitado, tendo longa aplicação o principio da autonomia da vontade. O rol legal obrigacional é meramente exemplificativo. No direito real vigora o regime jurídico do numerus clausus, sendo um ramo do direito limitado. O rol legal real é taxativo, ou seja, deve ser seguido exatamente conforme preleciona a lei, 
Numerus clausus (rol taxativo)
Numerus apertus (rol exemplificativo)
CRITÉRIO 5 : Diferenças existentes entre o direito real e o direito obrigacional quanto ao GOZO:
	No direito obrigacional o sujeito ativo depende diretamente do sujeito passivo para gozar da prestação, colocando – se o sujeito passivo entre o sujeito ativo e a própria prestação. No direito real, o sujeito ativo goza diretamente da coisa, independentemente da presença do sujeito passivo. 
CRITÉRIO 6 : Diferenças existentes entre o direito real e o direito obrigacional quanto ao USUCAPIÃO:
	O usucapião é um fenômeno jurídico observado no direito real, que não tem aplicação no âmbito obrigacional. O usucapião é aplicado em bens móveis e imóveis. 
→ Usucapião é o nome originário de aquisição do propriedade e de outros direitos reais por meio do exercício prolongado da posse e quando necessário, com o cumprimento de determinados requisitos legais especiais. 
CRITÉRIO 7:Diferenças existentes entre o direito real e o direito obrigacional quanto à PREFERÊNCIA:
	O direito de preferência é observado tanto no direito obrigacional, quanto no real, mas com concepções jurídicas diversas. No âmbito obrigacional a preferência é pessoal, relativa; e no direito real a preferência é absoluta oponível erga omnes, sendo nesse ramo do direito, a preferencia um verdadeiro atributo, característica do direito real. 
Exemplo do direito de preferência no direito obrigacional: Pode resultar da lei ou nos casos dos arts. 27 seguintes do Lei. 8.245/91 (Lei de locação do móvel urbano), ou pode resultar da vontade das partes envolvidas num contrato (art. 513/520 C.C).
A locação é de um imóvel urbano e o prazo de locação é de 30 meses. No 20º mês do contrato, o individuo W faz uma proposta para X e lhe oferece R$ 500.000,00 à vista, pelo imóvel (compra e venda). A lei determina que o X notifique o Y a fim de que ele exerça seu direito de preferência no prazo de 30 dias a contar da notificação. Nessa situação, para Y ficar com o imóvel, ele precisa oferecer o mesmo valor e as mesmas condições ofertadas por W, se assim o fizer, o direito de preferência passa a ser do mesmo (Y). 
Exemplo do direito de preferência no direito real: 
Um individuo X pede emprestado para o banco Y a importância de R$ 500.000,00 e da como garantia real hipotecária um imóvel de sua propriedade. X empresta de W o montante de R$ 10.000,00 e emite em seu nome um cheque no mesmo valor. Posteriormente, emprestou a Z o importe de R$ 300.000,00 e da como garantia uma nota promissória no mesmo valor. Por fim, empresta o montante de R$ 100.000,00 com uma confissão de divida no mesmo valor. 
Em continuidade, averígua-se que X é devedor e não paga ninguém, de modo que, os credores vão requerer a insolvência do devedor X. O patrimônio do mesmo será colocado a disposição para o pagamento das dividas. 
2 espécies de credores:
Y – Credor hipotecário: Titular de um direito real de garantia (os direitos reais da garantia estão previstos no art. 1419 a 1511 CC). 
W,Z,A – Credores quirografários: Resultam de um documento, de um titulo de crédito (nota, cheque, etc).
POSSE
Origem histórica da Posse: 
A origem da posse remonta ao período anterior à formação da cidade de Roma. Inicialmente surgiu a propriedade para depois surgir a posse.
A origem possessória se encontra no período clássico do direito romano(Século III a.C ao Século II d. C). Período do auge do império romano. 
A origem da posse se encontra num incidente processual observado na ação reivindicatória. 
Fundamento jurídico da posse: 
É a razão de existência desse fenômeno. Em matéria de posse temos:
→ Fundamento jurídico FORMAL: Diz respeito ao jus possessiones. É a posse baseada em um fato independentemente de título de propriedade (baseado no fato).
→ Fundamento jurídico CAUSAL: Diz respeito ao jus possidendi. É a posse que tem como fundamento uma causa(um título de propriedade). Todo aquele que possui um título de propriedade, seja de coisa móvel ou imóvel é automaticamente possuidor (baseada no título de dono).
TEORIAS SOBRE A POSSE
	O estudo da posse é repleto de teorias que procuram explicar o seu conceito, entretanto, posem ser reduzidas a dois grupos: 
→ TEORIA SUBJETIVA DE SAVIGNY:
	Para Savigny a posse caracteriza – se pela conjugação de dois elementos, sendo o corpus e o animus domini.
→ Corpus: Elemento objetivo que consiste na detenção física da coisa, ou seja, a possibilidade material de apanhar/apreender alguma coisa (contato físico). 
→ Animus domini: Elemento subjetivo, psicológico, intencional, que se encontra na intenção de exercer sobre a coisa um poder no interesse próprio e de defendê-la contra a intervenção de outrem. Não é propriamente a convicção de ser dono, mas a vontade/intenção de tê-la como sua, de exercer o direito de propriedade como se fosse o seu titular. 
	Os dois elementos juntos geram a posse (corpus + animus domini), isto é, é a possibilidade material de uma pessoa apreender uma coisa com a intenção de tê-la como sua na qualidade de proprietário e de defende-la de terceiros. 
	Ambos os elementos são indispensáveis, pois se faltar o corpus, inexiste posse, e, se faltar o animus domini, não existe posse, mas mera detenção.
→ Detenção: Trata – se de obter o corpus, ou seja, a possibilidade material de apreender algo. 
	A teoria é subjetiva em razão do animus domini, isto porque, a posse é adquirida quando juntarmos o elemento matéria (poder físico sobre a coisa) e o elemento espiritual (intenção de tê-la como sua).
	A critica dos doutrinadores a essa teoria é que na concepção de Savigny não constituem relações possessórias aquelas pessoas que possuem a coisa em seu poder, ainda que juridicamente fundada, porque lhes falta a intenção de tê-la como dono (animus domini). Para essa teoria, o direito estaria negando proteção possessória a estes indivíduos, que têm a faculdade de ajuizar as medidas competentes enquanto exercerem a posse. 
Exemplo: O locatário, usufrutuário, arrendatário, comodatário, mutuário possuem a coisa em seu poder, porém não possuem intenção de tê-las como dono. Se a teoria de Savigny for adotada, tais indivíduos não poderão recorrer à proteção legislativa possessória, e em uma situação, por exemplo, do locador ter o imóvel roubado, onde estava residindo o locatário, este ultimo não poderá ajuizar qualquer ação.
→ TEORIA OBJETIVA DE IHERING:
	Para Ihering, basta o corpus para caracterização da posse. 
→ Corpus: Significa conduta do dono (e não contato físico com a coisa). A conduta se revela na maneira como o proprietário age em face da coisa, tendo em vista sua função econômica. No comportamento do dono já existe o animus.
→ Animus: Já está incluso no comportamento do dono, porém, não atua como um elemento psíquico intencional, mas sim na vontade de agir como o proprietário, independente de querer ser dono ou não. Nesse caso, o locatário, o mutuário, etc, podem com o mesmo rigore características do dono, apesar de não o serem. 
	Dessa forma, a conduta do dono pode ser analisada objetivamente, sem necessidade de pesquisar – se a intenção do agente. Para se configurar a posse basta atentar-se no procedimento externo, uma vez que o corpus constitui o único elemento visível e suscetível de comprovação, e, para essa verificação não se exige um profundo conhecimento, bastando o senso comum das coisas. 
	Para Ihering, a posse não é o poder físico, e sim a exteriorização da propriedade. Assim, o comportamento da pessoa em relação à coisa, quando similar a conduta do proprietário, é considerada posse, independente da intenção de possuir (animus domini). O que retira desse comportamento tal caráter e o converte em detenção é a incidência de obstáculo legal. 
	Sendo assim, o Ihering, diferente do Savigny, não vê diferença entre a detenção e a posse no que se refere aos elementos constitutivos. Para o primeiro, tanto a posse quanto a detenção tem os mesmos elementos (animus domini e corpus) e tanto o detentor, quanto o possuidor tem a imagem/aparência de proprietário. 
→ Detenção: É uma posse desgradada (diminuta/inferior), pois a lei desqualifica a relação de posse para mera detenção em certas situações → ou seja, o que diferencia a detenção da posse é a lei, pois esta vai apontar as hipóteses de detenção e excluir as de posse. Na lei existirá o elemento normativo objetivo, que se chama causa detentionis.
Definição de possuidor: O Código Civil adotou a teoria do Ihering.
Hipóteses de Detenção: 
	O Código Civil aponta expressamente algumas situações que configuram a detenção:
→ ARTIGO 1.198 C.C – DEPENDÊNCIA:
	O referido artigo demonstra uma relação de subordinação, haja vista que, todo aquele que cumpre uma ordem de outrem caracteriza – se subordinado. No caso em tela, uma vez que o subordinado cumpre o incumbido a ele, terá aparência de proprietário, mas na realidade será mero detentor na condição de empregado remunerado. 
Exemplo: Caseiro de um sitio, motorista, etc. 
→ ARTIGO 1.208 C.C (1ª parte) – MERA PERMISSÃO OU TOLERÂNCIA:
	A primeira parte do artigo supramencionado faz referência aos elementos de mera permissão (escrito) ou tolerância (verbal). Os indivíduos que utilizam o objeto são meros detentores, vez que, o proprietário apenas dispõe o uso da coisa em momentos específicos e por tempo determinado. 
Exemplo: O uso de cadeiras durante uma sessão de cinema ou durante uma aula. 
→ ARTIGO 1.208 C.C (2ª parte) – AQUISIÇÃO VIOLENTA OU CLANDESTINA:
	A segunda parte do artigo supracitado diz respeito ao elemento normativo objetivo e causa detentora da posse é a violência ou clandestinidade, enquanto não cessado esses institutos. 
Existem 3 espécies de posses injustas:
Posse violenta: Pode resultar em uma violência física (vis absoluta) ou de uma violência moral/psicológica (vis compulsiva). A violência pode ser exercida sobre a coisa/objeto da apreensão, ou sobre o titular do próprio objeto.
Exemplo vis absoluta: X e seus capangar, apontam uma arma para Y e o obrigam a deixar sua residência, para que assim possa realizar as apreensões dos objetos desejados. 
Exemplo vis compulsiva: X liga para Y e o ameaça afirmando estar com um membro de sua família (sequestro), de modo que, obriga X a sair da residência para que assim possa realizar as apreensões dos objetos desejados.
Posse clandestina: A posse clandestina é a posse sorrateira, oculta, não pública em relação ao legitimo possuidor ou terceiro juridicamente interessado.
Exemplo: Y aguarda na espreita até que X saia de sua residência, com a informação de que X e sua família passarão alguns dias na Europa. Ao verificar a ausência dos membros da casa, Y ingressa em seu interior para realizar as apreensões de objetos desejados. Dessa forma, X não tem como saber que outrem esta com seus objetos até retornar de sua viagem (não importa se a vizinhança viu o ocorrido, mas sim o proprietário ou terceiro interessado). 
Posse precária: A posse precária é aquela decorrente de abuso de direito, ou seja, de traição de confiança. 
Exemplo: X (comodante) empresta a Y (comodatário) um imóvel a titulo gratuito, pelo prazo de 12 meses. Durante esse lapso temporal X é o proprietário direto justo e Y é possuidor indireto. Exaurido o prazo de 12 meses, a obrigação de Y é restituir o imóvel para X, no entanto, o mesmo não o faz, de modo que, sua atuação é abusiva, haja vista que, traiu a confiança de X.
Obs.: Posse precária não gera detenção, no entanto, posse violenta e clandestina sim, conforme prelecionado no artigo 1.208 do Código Civil. 
→ Artigo 520, III C.C 1916 – DETERMINAÇÃO LEGAL:
	Apesar de não ter previsão expressa no novo Código Civil, subentende – se pelo artigo 102 a perda da posse quando um objeto é destruído ou colocado fora de comércio.
Razões que determinam que uma coisa fique fora do comércio: 
Determinação legal: Bens públicos que integram o patrimônio público estão fora de comércio por determinação legal. 
→ NATUREZA DA COISA: 
	Existem coisas no universo que não podem ser apreendidas pelo homem, ou seja, não podem ser objeto de propriedade, por serem inexauríveis e inesgotáveis, e não guardarem utilidade para o meio jurídico, como por exemplo, oceano, sol, lua ou ar atmosférico. 
→ ARTIGO 1.911 C.C – VONTADE DO TITULAR DA COISA
Própria vontade do titular da coisa: Refere – se às coisas gravadas com clausula de inalienabilidade jurídica. Para que essa cláusula exista, basicamente, exige – se a presença de 3 requisitos, à saber:
Que a coisa seja transferida a titulo gratuito. 
- Exemplo: Contrato de doação ou testamento. 
Que conste no titulo expressamente a cláusula de inalienabilidade jurídica.
- Exemplo: Contrato de doação com cláusula expressa.
Que haja um motivo jurídico justificável para existência da cláusula. 
- Exemplo: X é pai de Y (filho único), e Y é pródigo, então em vida X e Y firmam um contrato de doação, tendo por objeto um bem imóvel, e a referida doação é feita com uma cláusula expressa de inalienabilidade jurídica vitalícia, ou seja, Y poderá usar e gozar do imóvel para sempre, mas não terá o poder de disposição, nem gratuitamente e nem onerosamente.
Obs.: No último caso, é possível se dizer que Y é detentor ou possuidor do imóvel:
1º corrente: Y (donatário) seria detentor do imóvel e que a coisa apreendida em cláusula de inalienabilidade jurídica tornaria o imóvel fora do comércio 
2º corrente: Y (donatário) seria possuidor desse imóvel porque o bem não estará fora de comércio para a sociedade, mas apenas para o donatário, que sofre os efeitos.
→ ARTIGO 1.224 C.C – ESBULHO
	Segundo a doutrina, o artigo 1.224 do Código Civil contempla a hipótese de detenção, a qual pode ocorrer em 2 hipóteses, à saber:
1º hipótese: Ocorre detenção quando esbulhada a coisa, o possuidor ao conhecer o esbulho, se abstém de retomar o bem esbulhado. 
2º hipótese: Ocorre detenção quando tomado conhecimento do esbulho, o possuidor tenta retomar a coisa e é violentamente repelido pelo esbulhador. 
Obs.: Cabe diferenciar a posse de outro instituto que relaciona a pessoa com o bem, isto é, a detenção; Enquanto a posse reveste o possuidor de determinados poderes limitados apenas no concernente à disposição do bem, a detenção confere igualmente os poderes dados pela posse, e também limitados à disposição, sobretudo, se configura, principalmente, numa relação de subordinação e dependência ao proprietário do bem, restando ao detentor conservar a coisa em seu poder e não possuí-la.
Dessa forma, a detenção é aquela situação em que alguém conserva a posse em nome de outro e em cumprimento às suas ordens e instruções. A detenção não é posse, portanto confere ao detentor direitos decorrentes desta. Exemplo: caseiro em relação ao imóvel de que cuida; e a posse é o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Exemplo: o locatário e o comodatário exercem posse sobre o bem. 
Em suma:
→ Savigny: Para Savigny, a posse é a propriedadematerial que tem uma pessoa de apreender uma coisa, com a intenção de tê-la como sua ou na qualidade de proprietário e de defendê-la contra o arrebatamento de terceiros.
→ Ihering: Para Ihering, a posse é a exteriorização do domínio. Ressalta – se que o animus está englobado dentro do corpus.
→ Art. 1.196 do Código Civil Brasileiro: Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Salienta – se que o referido artigo preleciona sobre o conceito de possuidor e não de posse, no entanto, indiretamente, e baseando – se que a lei baseou – se na teoria objetiva de Ihering, é possível concluir que posse é o exercício de fato de um dos poderes que constituem a propriedade. 
TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA POSSE
	Apesar de até aqui ter-se falado apenas nas teorias de Savigny e de Ihering (que muitos afirmam hoje em dia não serem mais empregadas por parte da ciência romanística), outras surgiram no decorrer do início do século passado para tratar da posse, e deram assim um novo rumo a este instituto de direito civil, assim caindo por terra as teorias acima comentadas.
	Essas novas teorias do início do século, denominadas de sociológicas, deram ênfase aos quesitos “caráter econômico” e “função social da posse”, tendo como teóricos, Silvio Perozzi, na Itália, Raymond Saleilles, na França, e Antônio Hernández Gil, na Espanha.
Silvio Perozzi:
	Na visão de Perozzi, a posse é vista sob o aspecto de um “fenômeno social”, consistindo assim: “[...] poder ou a plena disposição de fato de uma coisa, e um estado capaz de durar indefinidamente, desde que não advenham circunstâncias aptas a fazê-lo cessar”.
	Perozzi vai além em seus estudos sobre a posse, afirmando que ela tem dois lados, o negativo e o positivo, sendo este considerado a renúncia por parte de todos de usar e gozar da coisa, assim respeitando a posse do titular. Já o segundo nada mais era do que a total liberdade que o possuidor tinha com a coisa, e que se tinha pelo o fato de todos terem se abdicado.
Raymond Saleilles:
	Na visão de Saleilles, que criou a teoria da apropriação econômica, a posse vem a ser: “[...] um vínculo jurídico ligado à propriedade, mas revela um vínculo econômico decorrente de uma situação jurídica instintiva e não legislativa [...]”,
	Saleilles vai além em sua teoria afirmando que se a posse é anterior a propriedade, aquela não poderia exteriorizar um direito, pois sequer existia, assim teria que ser algo independente do direito real propriedade.
Antônio Hernández Gil:
	Hernández Gil, considera a posse mais ligada à realidade social do que entre todos os direitos. Para este a posse é um direito, ainda que contenha um forte elemento de fato.
	Enfatizando a posse como fenômeno social, Hernández Gil diz que a função social atua não só como pressuposto, mas como fim das instituições jurídicas.
	Salienta-se que Hernández Gil foi o pioneiro da ideia sociológica da posse, melhor dizendo, da função social da posse, função essa trabalhada no decorrer desse trabalho.
OBJETO DA POSSE
	O objeto da posse pode ser:
→ Bem corpóreo: Tangível, que possua existência material, e que possa ser percebido pelos sentidos do homem. 
→ Bens incorpóreos: Pode incluir-se dentro da posse bens incorpóreos, desde que, sejam desdobramentos dos direitos reais, como por exemplo, o direito de superfície, de usufruto, de uso, entre outros. Dessa forma, funcionam como direitos reais de existência abstrata, que não podem ser percebidos pelos sentidos do homem, mas sim pela sua importância.
Obs.: Os direitos pessoais jamais poderão ser incluídos como objeto de posse.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
→ DESDOBRAMENTO POSSESSÓRIO:
POSSE DIRETA E INDIRETA:
	É o fenômeno jurídico em que duas ou mais pessoas exercem a posse de uma coisa em graus diferentes, por conta de uma relação jurídica de natureza obrigacional ou real, exercendo um a tutela da posse direta da coisa e o outro a posse indireta, ocorrendo o exercício paralelo de duas posses, como por exemplo, a situação de locação, comodato, espólio, usufruto, entre outros.
Exemplo: Locador é o possuidor indireto da coisa e o locatário é o possuidor direto da coisa. A posse de ambos tem o mesmo peso jurídico, ou seja, podem defender a coisa contra o domínio de terceiros.
	A distinção entre posse direta e indireta surge do desdobramento da posse plena, podendo haver desdobramentos sucesssivos. 
	A concepção do referido desdobramento é peculiar à teoria de Ihering, a qual explica que o corpus engloba a possibilidade de utilização econômica da coisa, o exercício de fato de alguns dos direitos inerentes à propriedade. Quem se comporta como se tivesse tais direitos sobre a coisa é possuidor dela, ainda que não a tenha sob sua dominação direta. 
	O proprietário ou titular de outro direito real pode usar e gozar do objeto de seu direito, direta e pessoalmente, mediante o exercício de todos os poderes que informam o seu direito, e, nesse caso, nele se confundem as posses direta e indireta.
	Pode acontecer que, por um negócio jurídico, transfira a outrem o direito de usar a coisa, dando a ele usufruto, comodato, penhor, ou qualquer outro negócio semelhante. Nestes casos, a posse se dissocia, sendo que:
→ O titular do direito real fica com a posse indireta, haja vista que, o objeto esta sendo utilizado por terceiro.
→ Terceiro que fica com a posse direta (derivada, confiada), vez que utiliza o bem, porém não passa a ser titular. 
Exemplo: O ato de locar, de dar a coisa em comodato ou em usufruto, constitui conduta própria do dono, não implicando a perda de posse, que apenas se transmuda em indireta. 
	A relação possessória desdobra – se, pois o proprietário exerce a posse indireta, como conseqüência de seu domínio. O locatário, por exemplo, exerce a posse direta por concessão do locador. Uma não anula a outra, haja vista que, ambas coexistem no tempo e no espaço e são posses jurídicas não autônomas, pois implicam o exercício de efetivo direito sobre a coisa. 
	A vantagem dessa divisão é que o possuidor direto e o indireto podem invocar a proteção possessória contra terceiro, mas só o titular pode adquirir a propriedade em virtude da usucapião. O possuidor direto jamais poderá adquiri-la por meio esse meio, por faltar – lhe ânimo de dono. 
→ Desdobramentos possessórios:
	Existe um possuidor direto, e, dois ou mais possuidores indiretos em razão de uma relação jurídica obrigacional ou real. 
	Os desdobramentos da posse podem ser sucessivos, ou seja, feito o primeiro desdobramento da posse, poderá o possuidor direto efetivar novo desmembramento, tornando – se, possuidor indireto, já que deixa de ter a coisa consigo. Havendo desdobramentos sucessivos da posse, terá posse direta apenas aquele que tiver a coisa consigo, ou seja, o último integrante da cadeia.
Exemplos: 
José é locador e Matheus é locatário, por sua vez, Matheus subloca o imóvel a Marta, sendo Matheus sublocado e Marta sublocatária. Ocorre um desdobramento sucessivo da posse, sendo que, José e Matheus se tornam possuidores indiretos e Marta se torna possuidora direta. 
O proprietário, ao constituir sobre a coisa de sua propriedade direito de usufruto em favor de outrem, transferindo – lhe a posse direta da coisa, torna o usufrutuário possuidor direto dela, e fica como possuidor indireto. Se o usufrutuário locar a coisa a terceiro, novo desmembramento da posse se verifica, tornando – se o locatário possuidor direto, e passando o usufrutuário-locador a ser possuidor indireto, sem excluir, no entanto, da posse indireta o proprietário que constituiu o usufruto.
→ Cláusula de desdobramento possessório sucessiva: cláusula de desdobramento possessório sucessiva; nesse caso ocorre que a posse direta, em razão de uma relação jurídica de natureza real ou pessoal, é transferida a terceiros constituindo-se uma cadeia de desdobro possessório existindo um possuidor direto e diversos indiretos.
Exemplo:
 “A” locador transfere a “B” locatário um imóvel; “B”,por sua vez subloca o imóvel a “C” então:
·      “A” locador é possuidor indireto;
·      “B” sublocador é possuidor indireto;
·       “C” sublocatário é possuidor direto.
Todos serão possuidores e todos terão direito a possibilidade de defesa da posse.
POSSE EXCLUSIVA, COMPOSSE E POSSES PARALELAS:
 → Exclusiva: É a posse de um único possuidor. É aquela em que uma única pessoa, física ou jurídica, tem sobre a mesma coisa, posse direta ou indireta. Desse modo, a posse do esbulhador, cessada a violência ou a clandestinidade, é posse plena exclusiva. Ademais, a posse exclusiva pode ser plena ou não:
Plena: É a posse em que o possuidor exerce de fato os poderes inerentes à propriedade, como se sua fosse à coisa.
Não plena: Composse e posses paralelas.
→ Composse: Trata – se da situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa, ou seja, há vários compossuidores que têm, sobre a mesma coisa, posse direta ou indireta.
	 É o fenômeno jurídico em que duas ou mais titulares exercem simultaneamente a posse de uma mesma coisa, tendo cada cotitular a possibilidade de exercer a posse da coisa no seu todo, sem que isso exclua a possibilidade dos demais cotitulares exercerem suas respectivas posses. 
Exemplo: Condomínio, onde a piscina do prédio é de uso comum por todos os cotitulares; bem como república de estudantes, onde a cozinha e sala são compartilhada por todos os cotitulares. 
	Qualquer dos compossuidores pode valer – se do interdito possessório ou da legitima defesa para impedir que outro compussidor exerça uma posse exclusiva, sobre qualquer fração da comunhão. Cada possuidor só pode exercer na coisa comum atos possessórios que não excluam a posse dos outros. É a ação de manutenção, ou a de esbulho, a que compete ao consorte para conservar ou restabelecer o estado anterior. 
Composse pro diviso: Podem os compossuidores estabelecer uma divisão de fato para a utilização pacifica do direito de cada um. O objeto da posse se apresenta divisível de fato e indivisível de direito;
Exemplo: O individuo transfere, por meio de um contrato de cessão possessória, a posse de um terreno com 1000m² para X, Y e Z. Os cotitulares exercem a posse simultânea, no entanto, possuem residências independentes construídas no mesmo terreno, de modo que, existe a divisão fática do terreno, porém não existe divisibilidade jurídica. 
Composse pro indiviso: Se todos os compossuidores exercerem, ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa, os poderes de fato (utilização ou exploração comum do bem). O objeto da posse comum é indivisível de fato e de direito.
Exemplo: Posse de um cavalo de corrida, onde não é possível dividir faticamente a coisa em partes, bem como de direito, haja vista que, juridicamente todos os cotitularestem direito sobre a coisa, de modo que, não exista interferência no direito dos demais. 
POSSE JUSTA E POSSE INJUSTA:
	Preleciona o artigo 1.200 do Código Civil:
→ Posse justa: Posse justa é aquela isenta de vícios, que não repugna ao direito, por ter sido adquirida por algum dos modos previstos na lei, ou seja, adquirida legitimamente, sem vicio jurídico externo.
→ Posse injusta: Posse injusta é aquela que foi adquirida viciosamente, por violência ou clandestinidade ou por abuso do precário. Ainda que viciada, a posse injusta não deixa de ser posse, visto que a sua qualificação em face de determinada pessoa pode ser relativa. Será injusta em face do legitimo possuidor, e justa, suscetível de proteção em relação às demais pessoas estranhas ao fato. 
	
Obs.: A violência estigmatiza a posse, impedindo que a sua aquisição gere efeitos no âmbito do direito. Ainda que exercida pelo proprietário, deve a vitima ser reintegrada, porque não pode o esbulhador fazer justiça com as próprias mãos. Dessa forma, é indiferente que a violência tenha sido praticada sobre a própria pessoa do espoliado, ou sobre aqueles que exerciam a posse em nome deste, que o esbulhado seja ou não proprietário, que o esbulhador pratique a violência por si mesmo, que tenha sido feita com a mão armada e com tumulto, etc.
	Enquanto perdurar a violência ou enquanto subsistir a situação na clandestinidade, não haverá situação possessória. A posse que venha a ser assim adquirida, em decorrência da pratica de tais ilícitos, é injusta, cuja injustiça se mantém em relação ao precedente possuidor, viciando essa posse, em face a desses precedentes possuidor. 
	Vale dizer, há uma dualidade de configurações de sua situação, variável em relação de quem se oferta:
→ Em face do precedente possuidor, é uma posse injusta.
→ Em face da comunidade não há vicio. 
Obs.: A concessão da posse precária é perfeitamente licita. Enquanto não chegado o momento de devolver a coisa, o possuidor (o comodatário, por exemplo) tem posse justa; o vicio se manifesta quando fica caracterizado o abuso de confiança. No que tange a violência e a clandestinidade, enquanto não findam, existe apenas detenção; cessados, surge a posse, porém injusta, em relação a quem a perdeu. 
→ Para cessar a clandestinidade não se exige demonstração de que a vitima tenha efetivamente ciência da perpetração do esbulho. Impõe – se tão só que o esbulhador não o oculte mais dela, tornando possível que venha a saber do ocorrido, ou seja, não se exige, a difícil prova de que a vitima tomou conhecimento do esbulho, mas apenas de que tinha condições de tomar.
Exemplo: A fim de aumentar a minha adega, prolonguei – a debaixo da casa do vizinho e a possui durante 30 anos sem descontinuidade ou interrupção. Adquiri – a por prescrição, haja vista que, o proprietário da casa vizinha pôde conhece – la, isto é, se existe algum sinal aparente, tal como um respiradouro que identifique a usurpação feita. Pouco importa que ele tenha conhecido, ou não, basta apenas que ele pudesse conhecer. 
	Em suma, por algum tempo, enquanto não cessar a violência ou clandestinidade, o esbulhador terá mera detenção. Cessadas uma e outra, a situação transmudar – se – à em posse. No que diz respeito ao precarista, sem transição, passará de possuidor justo a injusto, em relação aos esbulhado, haja vista que, ocorreu a inversão do animus pela recusa de devolver a coisa ao proprietário.
CLASSIFICAÇÃO SUBJETIVA DA POSSE:
POSSE DE BOA – FÉ E POSSE DE MÁ – FÉ:
	No âmbito do direito das coisas, a posse de boa – fé cria o domínio, premiando a constância e abençoando o trabalho, confere ao possuidor não proprietário, os frutos provenientes da coisa possuída, exime-o de indenizar a perda ou deteriorização do bem em sua posse; regulamenta a hipótese de quem, com material próprio, edifica ou planta em terreno alheio; e, ainda, outorga direito de ressarcimento ao possuidor pelos melhoramentos realizados. 
→ Posse de boa – fé: Na posse de boa – fé o titular da apreensão não conhece, ignora eventual vicio objeto que macula a apreensão da coisa, isto é, o individuo exerce a posse e desconhece eventual violência, clandestinidade ou precariedade que eventualmente ocorre no exercício de sua posse.
→ Posse de má – fé: Na posse de má – fé o titular da apreensão conhece, não ignora eventual vicio objetivo que macula a apreensão da coisa do exercício possessório.
	O Código Civil Brasileiro conceitua a boa – fé em seu artigo 1.201: 
	É de suma importância, para caracterizar a posse de boa – fé, a crença do possuidor de se encontrar em uma situação legitima. Se ignora a existência de vicio na aquisição da posse, ela é de boa – fé; se o vicio é de seu conhecimento, a posse é de má – fé. Para verificar se uma posse é justa ou injusta, o critério é objetivo: examina – se a existência ou não dos vícios apontados.
	Assim, o que distingue uma posse justa da injusta é a posição psicológica do possuidor. Se sabe da existência do vicio, sua posse é de má – fé. Se ignora o vicio que a macula, sua posse é de boa – fé. 
	Dentre as várias teorias existentes a respeito da configuração da má – fé, destacam – se:
Ética: Liga à má – fé a ideia de culpa. Essacrença deve derivar de um erro escusável ou de averiguação e exame de circunstâncias que circundam o fato.
Psicológica: Só indaga da ciência por parte do possuidor do impedimento para a aquisição da posse. 
→ A jurisprudência tem firmemente salientado a necessidade de a ignorância derivar de um erro escusável, acolhendo, assim, os princípios de teoria ética, malgrado, muitas vezes, refiram – se as decisões ao conceito de boa – fé sob o prisma psicológico. Dessa forma, decidiu o TJSP que a boa – fé é a crença de não se lesar o proprietário. Considerada sob o prisma psicológico, sua existência depende unicamente da convicção, da crença, ou de um fato de espírito. 
	A boa – fé não é essencial para o uso das ações possessórias. Basta que a posse seja justa. Ainda que de má – fé, o possuidor não perde o direito de ajuizar a ação possessória competente para proteger – se de um ataque à sua posse. A boa – fé somente ganha relevância, com relação à posse, em se tratando de usucapião, de disputa sobre os frutos e benfeitorias da coisa possuída ou da definição da responsabilidade pela sua perda ou deteriorização. 
→ Um titulo defeituoso, mas aparentemente legal, produz efeito igual ao de um titulo perfeito, e por conseqüência, autoriza reputar – se de boa – fé quem se encontrar em tal situação.
Titulo: Titulo, em sentido lato, é o elemento representativo da causa ou fundamento jurídico de um direito. Designa:
A causa eficiente, o principio gerador do direito
O instrumento do contrato ou do ato jurídico, o ato exterior probatório
Qualidade, e assim se refere ao titulo de herdeiro ou qualidade de herdeiro. 
	O Código Civil estabelece “presunção de boa – fé” em favor de quem tem justo titulo, salvo prova em contrario, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. 
→ Justo titulo: É o que seria hábil para transmitir o domínio e a posse se não contivesse nenhum vicio impeditivo dessa transmissão, por exemplo, uma escritura de compra e venda, devidamente registrada. Dessa forma, o justo titulo para posse demanda apenas um titulo que aparenta ao possuidor que a causa de sua posse é legitima.
	Essa presunção, no entanto, admite prova em contrário. De qualquer forma, ela ampara o possuidor de boa – fé, pois transfere o ônus da prova à parte contrária, a quem incumbirá demonstrar que, a despeito do justo titulo, estava o possuidor ciente de não ser justa a posse. 
	Com efeito, o justo titulo capaz de empresar boa – fé à posse, para fins de usucapião ordinário, deve ser hábil para transmitir o domínio, se não contiver nenhum vicio impeditivo dessa transmissão. No entanto, para fins de qualificação da posse como de boa – fé, para fins exclusivamente possessórios, não se exige que seja capaz, em tese, de transmitir o domínio, sendo definido simplesmente como a causa jurídica, a razão eficiente da posse. Nessa visão, um contrato de locação, de comodato, de compromisso de compra e venda, bem como a cessão de direitos hereditários confiram um estado de aparência que permite concluir estar o sujeito gozando de boa posse, devendo ser considerado justo titulo para os fins do parágrafo único do art. 1.201 do Código Civil. 
Obs.: É diferente da concepção de justo titulo previsto no artigo 1.242 do Código Civil, o qual regulamenta um dos modos de aquisição da propriedade por meio da usucapião ordinário de bem imóvel, considerando que um dos requisitos para caracterizar a usucapião é a presença do justo titulo. Dessa forma, o justo titulo tem um sentido mais restrito, de documento hábil, capaz, idôneo, sendo o ato jurídico eficaz para a aquisição da propriedade, mas que não viabiliza a aquisição definida por conta de um vicio formal, um vicio intrínseco existente no titulo
→ Posse justa de boa – fé: O titular da posse exerce a posse sem que ela apresente vícios, tais como de violência, clandestinidade e precariedade. Na verdade, o possuidor não conhece eventual vicio objetivo da posse.
Exemplo: Márcio transfere a propriedade do imóvel para Alan por meio de uma escritura pública de compra e venda e o seu registro no cartório competente. Alan trona – se o proprietário do imóvel e também possuidor, se modo que, a posse de Alan é justa porque foi adquirida sem vicio e também é uma posse de boa – fé, pois Alan desconhece qualquer vicio que macule sua posse. Sendo assim, Alan é possuidor justo de boa – fé.
→ Posse injusta de boa – fé: O possuidor desconhece o vicio que macula o seu exercício possessória, de modo que, a posse por ele exercida apresente um vicio objetivo que ele, possuidor, desconhece ou ignora. 
Exemplo: Marcos, em 1996, invadiu e ocupou o imóvel de Edgar, e de forma violenta o expulsou do local, passando Marcos a apreender o imóvel e exercer a posse. Referida posse é injusta, pois foi adquira de forma violenta. Em 2010 Marcos falece e deixa um único filho, Breno, que mora fora do país há 20 anos. A posse é transmitida ao sucessor Breno, que no entanto, desconhece o vicio, ou seja, a forma como Marcos ocupou o imóvel. Sendo assim, a posse de Breno será uma posse injusta de boa – fé.
→ Posse injusta de má – fé: Se dá quando o titular da apreensão conhece o vicio objetivo que macula o seu exercício possessório, isto é, o titular da posse sabe e tem conhecimento que sua posse é injusta, foi adquirida de forma violenta, clandestina ou precária. 
Exemplo: Marcos, em 1996, invadiu e ocupou o imóvel de Edgar, e de forma violenta o expulsou do local, passando Marcos a apreender o imóvel e exercer a posse. Referida posse é injusta, pois foi adquira de forma violenta. Em 2010 Marcos falece e deixa um único filho, Breno, que mora conhece o modo de aquisição do imóvel. A posse é transmitida ao sucessor Breno, que conhece o vicio, ou seja, a forma como Marcos ocupou o imóvel. Sendo assim, a posse de Breno será uma posse injusta de má – fé.
→ Posse injusta de boa – fé: O titular da apreensão tem conhecimento que a posse. Agora sem vícios, justa, já se apresentou maculado por conta de um vicio objetivo.
Exemplo: Vinicius, em 2000, invadiu e apreendeu de forma violenta o imóvel de Luciana e passou a exercer a posse injusta. Em 2010, Vinicius transfere a posse deste imóvel para Julio por meio de um contrato de cessão possessória em que Julio dispensa o tempo de exercício possessório de Vinicius, no entanto, Julio conhece que a posse de Vinicius foi adquirida de forma violenta. Dessa forma, Julio é um possuidor justo, porém de má – fé. 
DA AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE
	Quem pretende demonstrar a aquisição da propriedade tem de ministrar a prova da origem ou do motivo que a engendrou. O mesmo, porém, não se dá com a posse. Tratando – se de mero estado de fato, que pode ser demonstrado como tal, não há razão para demonstrá-lo como tal. 
	Todavia, justifica – se a fixação da data da aquisição da posse por algumas razões:
Porque os vícios da posse decorrem da forma pela qual ela é adquirida, surgindo em seu momento inicial.
A posse é violenta ou clandestina em virtude de um vicio contraído no momento de sua aquisição, e não em conseqüência de um fato posterior, o que deve ser verificado. 
Permite apurar se transcorreu o lapso de ano e dia capaz de distinguir a posse nova da posse velha.
Porque maçar o inicio do prazo de usucapião. 
	Importante lembrar que o Código Civil acolheu a teoria de Ihering, pela qual a posse é o estado de fato correspondente ao exercício da propriedade, ou de seus desmembramentos, basta à lei prescrever que haverá posse sempre que esta situação se definir nas relações jurídicas. 
→ Importante frisar que os modos de aquisição da posse também implicam em sua perda, por exemplo, a tradição é um dos modos de transferência da posse, de modo que, se um individuo transfere a outro a posse de um bem, na ótica do vendedor, houve a perda da posse, e do comprador, houve a aquisição. Sendo assim, a aquisição e a perda da posse são facetas diversas de um mesmo fenômeno, dependendo do ângulo que se visualiza a transação. 
Modos de aquisição da posse:
	O CódigoCivil de 2002, coerente com a teoria objetiva de Ihering adotada no artigo 1.196, não fez discriminação dos modos de aquisição da posse, limitando – se a proclamar o artigo 1.204:
	A sua aquisição pode concretizar – se por qualquer dos modos de aquisição em geral.
	Os modos de aquisição da posse costumam ser classificados em:
Originários: Não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. Adquire – se a posse por modo originário, quando não há consentimento de possuidor precedente. A posse apresenta – se escoimada dos vícios que anteriormente a contaminavam, de modo que, se o antigo possuidor era titular de uma posse de má – fé, por havê-la adquirido clandestinamente, por exemplo, tais vícios desaparecem ao ser ele esbulhado. Embora injusta perante o esbulhado, essa nova posse se apresentará perante a sociedade despida dos vícios de que era portadora nas mãos do esbulhado, depois do seu convalescimento.
Exemplo: Ocorre no esbulho, e o vicio do referido esbulho, posteriormente, convalesce. 
Derivados: Ocorre quando há anuência do anterior possuidor, como na tradição precedida de negócio jurídico. Nesse caso, ocorre a transmissão da posse ao adquirente, pelo alienante. O adquirente a recebe com todos os vícios que a inquinavam nas mãos do alienante, de modo que, se este desfrutava de uma posse violenta, clandestina ou precária, aquele a adquire com os mesmo defeitos. 
Exemplo: Compra e venda de imóvel. 
MODOS ORIGINÁRIOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE: 
	A posse apresenta – se escoimada dos vícios que anteriormente a contaminavam, de modo que, se o antigo possuidor era titular de uma posse de má – fé, por havê-la adquirido clandestinamente, por exemplo, tais vícios desaparecem ao ser ele esbulhado.
	Quando o modo é originário, surge uma nova situação de fato, que pode ter outros defeitos, mas não os vícios anteriores. 
→ O artigo 1.207, segunda parte, do Código Civil, traz uma exceção à regra de que a posse mantém o caráter com que foi adquirida, ao facultar ao sucessor singular unir a sua posse à de seu antecessor, para os efeitos legais. 
→ Apreensão da coisa:
	A apreensão consiste na apropriação unilateral de coisa “sem dono”, quando esta tiver sido abandonada (res derelicta) ou quando não for de ninguém (res nullius). 
Res derelicta: Coisa que se encontra na natureza e já foi objeto de posse e/ou propriedade de alguém, e no entanto, encontra – se abandonada ou perdida, tal como um cavalo na beira do rio, ou uma corrente jogada ao mar. Insta salientar que o fato do individuo apanhar tais objetos significa uma apreensão natural. 
Res nullius: Até então não foi objeto de posse e/ou propriedade de outrem, como por exemplo, um peixe nadando no mar. 
	Dá – se, ainda, a apreensão quando a coisa é retirada de outrem sem sua permissão. Nesse caso também configura – se a aquisição da posse, embora tenha ocorrido com violência ou clandestinidade, isto porque, se o primitivo possuidor não reagir em defesa de sua posse ou não a defendendo por meio dos interditos, os vícios que comprometiam o ato detentivo do esbulhador desaparecem, e terá ele obtido a posse, que embora injusta perante o esbulhado, é merecedora de proteção em face de terceiros que não têm melhor posse.
	A apreensão é, assim, a apropriação da coisa mediante ato unilateral do adquirente, desde que subordinada aos requisitos da teoria possessória.
Obs.: No tocante aos bens móveis, a apreensão se dá não apenas pelo contato físico, mas pelo fato de o possuidor os deslocar para a sua esfera de influência. 
→ Exercício do direito: 
	Adquire – se a posse pelo exercício do direito, ou seja, poder usar esse direito é ter – lhe a utilização, a realização do poder que ele contém. 
Exemplo: Se constituída pela passagem de um aqueduto por terreno alheio, adquire o agente a sua posse se o dono do prédio serviente permanece inerte; ou o locatário, por exemplo, que adquire a possa da coisa locada quando assume o exercício desse direito. 
→ Disposição da coisa ou do direito: 
	O fato de se dispor da coisa caracteriza conduta normal do titular da posse ou domínio. Possibilita a evidenciação inequívoca da apreensão da coisa ou do direito. 
Exemplo: Se o possuidor vende a sua posse ou cede possíveis direitos de servidão de águas, está realizando ato de disposição, capaz de induzir condição de possuidor. Igualmente, se alguém dá em comodato coisa de outrem, tal fato revela que esta pessoa se encontra no exercício de um dos poderes inerentes ao domínio, de modo que, pode – se daí inferir que adquiriu a posse da coisa, visto que a desfrutava. 
MODOS DERIVADOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE:
	Há aquisição derivada quando a posse decorre de um negócio jurídico, caso em que é inteiramente aplicável o artigo 104 do Código Civil.
	Na aquisição derivada da posse, existe a transmissibilidade da posse da coisa de um possuidor para outro possuidor. A coisa objeto da posse é transferida das mãos de um possuidor para as mãos de outro possuidor, o que não se observa na aquisição originária em que não existe a transmissibilidade. Aplica – se a posse, no que tange a aquisição derivada, todos os modos aplicáveis para aquisição derivada da propriedade.
	A posse, neste caso, é transmitida pelo possuidor a outrem. Adquire – se a posse por modo derivado quando há consentimento de precedente possuidor, ou seja, quando a posse é transferida. A aludida transmissão pode decorrer de:
Tradição
Sucessão inter vivos
Sucessão causa mortis
→ Tradição: 
	Pressupõe um acordo de vontades, um negócio jurídico de alienação, quer a titulo gratuito, como na doação, quer a titulo oneroso, como na compra e venda. 
	Por sinal, o ato mais freqüente de aquisição da posse é a tradição, que constitui modo bilateral, uma vez que pressupõe um acordo de vontades entre o tradente e o adquirente, anterior ao ato de tradição.
	Existem três espécies de tradição: 
Real: Diz – se que a tradição é real quando envolve a entrega efetiva e material da coisa. Pressupõe, porém, uma causa negocial. Exige os seguinte requisitos:
A entrega da coisa. 
A intenção das partes em efetuar essa tradição, isto é, a intenção é transferir à outra parte a posse da coisa entregue e em relação.
A justa causa, requisito este entendido como a presença de um negócio jurídico precedente, fundamento –a. 
	Com efeito, quando o proprietário entrega a coisa a alguém, para que a administre, por exemplo, não perde a posse. 
Exemplo: Matheus transfere a posse de um relógio para João por meio de tradição, na entrega efetiva da coisa. 
Simbólica: A tradição é simbólica quando representada por ato que traduz a alienação, como a entrega das chaves do apartamento ou do veículo vendidos. Estes não foram materialmente entregues, mas o simbolismo do ato é indicativo do propósito de transmitir a posse, significando que o adquirente passa a ter a disponibilidade física da coisa.
Ficta: Considera – se ficta a tradição no caso da traditio brevimenu e do constituto possessório (cláusula constituti). Importante frisar que nos dois modos de tradição ficta não é preciso renovar a entrega da coisa, pois tanto a cláusula constituti como a que estabelece a traditio brevi mano têm a finalidade de evitar complicações decorrentes de duas convenções, com duas entregas sucessivas. Em ambos os casos o possuidor mantém a apreensão da coisa (corpus) e altera o animus. 
Traditio brevi mano: Se configura, quando o possuidor de uma coisa alheia passa a possuí-la como própria. É o que sucede quando o arrendatário, por exemplo, que exerce posse com animus nomine alieno, adquire o imóvel arrendado, dele tornando – se proprietário, Pelo simples efeito da declaração de vontade, passa ele a possuir com animuis domini. Nesta, a pessoa que apreendia uma coisa em nome alheio, passa a apreende – la em nome próprio, sem deixar de apreende – la em nenhum momento. 
Exemplo: Locação de um imóvel pelo prazo de 30 meses, Karoline é a locadora e Felipe é o locatário, no vigésimo mês de vigência do contrato o locatárioFelipe adquire a propriedade do imóvel local, aqui ocorre esta hipótese. Até o vigésimo mês de vigência do contrato Felipe exercia a posse em nome de Karoline, a locadora, e a partir da aquisição do imóvel, Felipe se torna proprietário e passa a exercer a posse em nome próprio. 
→ Cláusula constituti: A cláusula constituti não se presume. Deve constar expressamente do ato ou resultar de estipulação que a pressuponha. Por ela a posse desdobra – se em direta e indireta. O primitivo possuidor, que tinha posse plena, converte – se em possuidor direto, enquanto o novo proprietário se investe na posse indireta, em virtude de acordo celebrado. O comprador só adquire a posse indireta, que lhe é transferida sem entrega material da coisa, pela aludida cláusula. Neste, o titular da apreensão que exercia a posse em nome próprio, passa a exerce-la em nome alheio, sem deixar de apreende-la em nenhum momento.
Exemplo: Lucas transfere a Douglas a propriedade de um imóvel por meio de um contrato de compra e venda, firmado por escritura pública, devidamente registrada no registro imobiliário competente, existindo na escritura uma cláusula constitui que determina que Lucas vendedor possa permanecer no imóvel por um ano a contar da data da escritura lavrada pagando o aluguel mensal de 2 mil reais.
Constituto possessório: O possuidor de uma coisa em nome próprio passa a possuí-la em nome alheio. No momento em que o vendedor, por uma declaração de vontade, transmite a posse da coisa ao comprador, permanecendo, no entanto, na sua detenção material, converte – se, por um ato de sua vontade, em fâmulo da posse do comprador. Ocorre quando o vendedor, por exemplo, transferindo a outrem o domínio da coisa, conserva – a, todavia, em seu poder, mas agora na qualidade de locatário. 
	
→ Sucessão na posse: 
	A posse pode ser adquirida, também, em virtude de sucessão inter vivos e mortis causa. Preceitua os artigos 1.206 e 1.207 do Código Civil:
Causa mortis: 
	Pode haver sucessão universal e a titulo singular. Dá – se a primeira quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, fração ou parte-aliquota (porcentagem) dela. Pode ocorrer tanto na sucessão legitima como na testamentária. Na sucessão mortis causa a título singular, o testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado, denominado legado, como um veículo ou um terreno, por exemplo. 
	Assim, só há um meio de o adquirente a titulo universal não suceder no ius possessionis do autor da herança: é renunciar à próprio aquisição. Se, porém, aceita a coisa, aceita – a com o direito e qualidades a ela inerentes. Por isso se diz que, na sucessão universal, existe verdadeira subcessio patrimônio (successio possessionis), enquanto na aquisição a titulo singular, prefere – se dizer que existe acessio possessionis (acessão da posse e não sucessão da posse). 
Sucessão inter vivos: 
	A sucessão inter vivos opera, em geral, a titulo singular. É o que acontece quando alguém compra alguma coisa. De acordo com o disposto no artigo 1.207 do Código Civil, pode o comprador unir sua posse à do antecessor. A acessio possessionis não é, portanto, obrigatória, mas facultativa. Se fizer uso da faculdade legal, sua posse permanecerá eivada dos mesmos vícios da anterior. Se preferir desligar sua posse da do antecessor, estará purgando – a dos vícios que a maculavam, iniciando, com a nova posse, prazo para a usucapião. 
Acessio possessiones: Fenômeno jurídico, que se caracteriza por conta da soma dos tempos de exercício possessório, ou seja, o possuidor atual recebe a posse do possuidor anterior. A acessio possessiones possui 2 espécies:
A titulo universal via sucessão por ato causa mortis: A soma do exercício possessório é obrigatória e a posse mantém o caráter que ela o exerceu. Ocorrendo essa situação, com a morte do individuo que transmite a posse aos seus herdeiros e sucessores.
A titulo singular via união por ato inter vivos: A soma do exercício possessório é facultada ao adquirente da posse, ou seja, o adquirente pode somar ou não ao seu exercício possessório o tempo de exercício possessório de quem lhe transfere a posse. Ocorrida à soma dos tempos exercidos possessoriamente, o adquirente exercerá a posse com o mesmo caráter que exerceu quem lhe transmitiu. Não ocorrendo à soma pode o adquirente da posse modifica o caráter possessório até então existente. 
Obs.: O que distingue a sucessão da união, é o modo de transmissão da posse, sendo a titulo universal, há sucessão; sendo a titulo singular, há união. Não importa que a sucessão seja inter vivos ou mortis causa. Na sucessão mortis causa a titulo singular, a acessão se objetiva pela forma da união. 
→ Quem pode adquirir a posse:
 	A posse pode ser adquirida por:
Pessoa natural: é o ser humano capaz de direitos e obrigações na esfera civil. Todo ser humano, assim, recebe a denominação de pessoa- natural ou física - para ser denominada como sujeito do direito.
Pessoa natural ou pela pessoa jurídica, por meio de representação – A posse é um ato jurídico civil que pode ser realizado por pessoa capaz (artigos 3º e 4º do Código Civil).
→ A representação poderá ser:
Legal: Resulta de uma determinação normativa.
Convencional: Resulta de um acordo de vontades.
Terceiro, independentemente de mandato ou notificação: Ocorre quando terceiro não interessado realiza o ato jurídico sem procuração e transmite ao possuidor, como por exemplo, Edson que diligencia a uma loja de eletrodomésticos e efetua a compra de um refrigerador, que chegará em sua residência no prazo de 5 dias úteis, no entanto, Edson necessitou sair de casa para uma emergência, e quando o entregador da loja foi efetuar a entrega, não encontrou o comprador. Ao visualizar a situação, seu vizinho Therence se oferece para receber o objeto, possuindo a detenção do mesmo, enquanto Edson não retorna a sua residência. Ao encontrarem – se, Therence explica o ocorrido e entrega a coisa a Edson, que por sua vez entra em contato com a loja para oficiar o recebimento do produto. 
	Proclama o artigo 1.205 do Código Civil: 
Obs.: A expressão “representante” abrange tanto o representante legal como o representante convencional (capacidade) ou procurador. Entende – se, por uma ficção, que a vontade do representante é a do próprio representado. 
→ Esclarece – se a mera situação de fato, que, o incapaz pode adquirir a posse por seu próprio comportamento, pois é possível ultimar a aquisição da posse por outros meios que não atos jurídicos, como por exemplo, por apreensão. O incapaz só não tem legitimação para praticar atos jurídicos, no entanto, sendo a posse mera situação de fato, para que esta se estabeleça não se faz mister o requisito da capacidade. 
Obs.: Admite – se que terceiro, mesmo sem mandato, adquira posse em nome de outrem, dependendo de ratificação. Trata – se da figura do gestor de negócios, prevista nos artigos 861 e seguintes. 
	A aquisição da posse não é um negocio jurídico e por conseqüência a vontade que se exige ao adquirente não é uma vontade acompanhada da capacidade jurídica, basta, uma vontade natural. Há, no entanto, uma exceção, configurada no artigo 1.266 do Código Civil:
 Pelo referido artigo, podem adquirir posse aqueles que não têm o uso da razão, nas coisas que podem ser objeto de livre ocupação. 
Obs: Nem todos os princípios e requisitos do negócio jurídico aplicam – se aos atos jurídicos em sentido estrito não provenientes de uma declaração de vontade, mas de simples intenção. Um garoto de 7 anos de idade, por exemplo, torna – se proprietário dos peixes que pesca, pois a incapacidade, no caso, não acarreta nulidade ou anulação, ao contrário do que sucederia se essa mesma pessoa celebrasse um contrato de compra e venda. 
	Insta salientar que o nascituro, que ainda não é pessoa física ou natural, não pode ser possuidor, pois não há, nem nunca houve, direito do nascitura, mas puramente expectativas de direito, que lhe protegem e garantem, num efeito preliminar. 
	Preceitua o artigo 1.209do Código Civil: 
	A presunção é júris tantum e estabelece a inversão do ônus da prova: o possuir do imóvel não necessita provar a posse dos objetos nele encontrados, mas o terceiro terá de provar os direitos que alega ter sobre eles. 
Perda da posse de boa – fé:
Definição do momento em que a posse de boa – fé perde esse caráter:
	Costuma – se fixar o momento da trasmudação do caráter da posse em função do procedimento judicial intentado contra o possuidor, podendo ser:
Propositura da ação: Sustenta que a posse de boa – fé se transforma em posse de má – fé quando ocorre a distribuição da inicial possessória.
Citação inicial: Afirma que a presunção de transformação da posse de boa – fé em má – fé ocorre com a citação do réu na ação possessória.
Contestação da lide: Sustenta que a presunção de transformação da posse de boa – fé em má – fé ocorre com a contestação do réu no processo possessório. 
	A jurisprudência entende deva – se presumir a má – fé do possuidor desde a data da citação, ou, conforme a hipótese, desde a data do conhecimento dos termos da contestação. 
	No entanto, necessário ressaltar que as circunstâncias podem ser tão notórias que, sem qualquer procedimento judicial de quem quer seja, presumir – se – a de logo que o possuidor possui o objeto indevidamente. Nada impede, entretanto, que o interessado prove outro fato que demonstre que a parte contrária, mesmo antes da citação, já sabia que possuía indevidamente. 
→ Efeitos jurídicos da posse: 
	Existem 2 efeitos fundamentais oriundos da posse:
Percepção dos frutos: O possuidor de boa – fé tem direito aos frutos percebidos e colhidos, devendo restituir os frutos pendentes e colhidos antecipadamente e a quando cessada a sua boa – fé atende estando dentro de pagamento das despesas, referentes ao custeio e produção dos frutos sustentados.
Direito de indenização pelas benfeitorias: Diz respeito ao direito de indenização pelas benfeitorias realizadas e o direito de retenção.
	
PERDA DA POSSE: 
 	É possuidor aquele que se comporta em relação à coisa como dono, desde o momento em que não se comporte mais dessa maneira, ou se veja impedido de exercer os poderes inerentes ao domínio, a posse estará perdida. O Código Civil 2002, por essa razão, simplesmente proclama:
 	Perde – se a posse das coisas através:
→ ABANDONO:
 	Se dá quando o possuidor renuncia à posse, manifestando, voluntariamente, a intenção de largar o que lhe pertence, como quando atira à rua um objeto seu. A perda definitiva, entretanto, dependerá da posse de outrem, que tenha apreendido a coisa abandonada. 
 	Ocorre quando o titular da posse intencionalmente abre mão de seu direito de possuir. Tem a intenção de abdicar do direito de possuir a coisa. 
Obs.: Nem sempre abandono da posse significa abandono da propriedade, por exemplo, para a salvação de navio em perigo deitam – se ao mar diversos objetos; arrojados à praia, ou recolhidos por outrem, assite ao dono o direito de recuperá-los.
 	A configuração do abandono (derelictio) depende, além do não uso da coisa, do ânimo de renunciar o direito, realizando – se o perecimento dos elementos corpus e animus. 
 	Em regra, haverá abandono se o possuidor se ausenta prolongadamente do imóvel, não lhe dando nenhuma destinação, nem deixando quem o represente, no entanto, importante frisar que para caracterizar abandono é necessário pelo menos três anos de abandono e não pagamento da tributação incidente do imóvel, de modo que, o imóvel abandonado vai passar para o patrimônio público, sendo do Municipio, se tratar – se de imóvel urbano, e da União, se tratar – se de imóvel rural. Entretanto, tal não sucederá se a desocupação do imóvel representa circunstância natural de sua utilização, como, por exemplo, se se trata de casa de campo ou de praia. 
→ TRADIÇÃO: 
 	Quando envolve a intenção definitiva de transferi-la a outrem, como acontece na venda do objeto, com transmissão da posse plena ao adquirente. Não há perda da posse na entrega da coisa a um representante, para que a administre. Há três espécies de tradição:
Real: Diz – se que a tradição é real quando envolve a entrega efetiva e material da coisa. Pressupõe, porém, uma causa negocial. Exige os seguinte requisitos:
A entrega da coisa. 
A intenção das partes em efetuar essa tradição, isto é, a intenção é transferir à outra parte a posse da coisa entregue e em relação.
A justa causa, requisito este entendido como a presença de um negócio jurídico precedente, fundamento –a. 
	Com efeito, quando o proprietário entrega a coisa a alguém, para que a administre, por exemplo, não perde a posse. 
Exemplo: Matheus transfere a posse de um relógio para João por meio de tradição, na entrega efetiva da coisa. 
Simbólica: A tradição é simbólica quando representada por ato que traduz a alienação, como a entrega das chaves do apartamento ou do veículo vendidos. Estes não foram materialmente entregues, mas o simbolismo do ato é indicativo do propósito de transmitir a posse, significando que o adquirente passa a ter a disponibilidade física da coisa.
Ficta: Considera – se ficta a tradição no caso da traditio brevi menu e do constituto possessório (cláusula constituti). Importante frisar que nos dois modos de tradição ficta não é preciso renovar a entrega da coisa, pois tanto a cláusula constituti como a que estabelece a traditio brevi mano têm a finalidade de evitar complicações decorrentes de duas convenções, com duas entregas sucessivas. Em ambos os casos o possuidor mantém a apreensão da coisa (corpus) e altera o animus. 
Traditio brevi mano: Se configura, quando o possuidor de uma coisa alheia passa a possuí-la como própria. É o que sucede quando o arrendatário, por exemplo, que exerce posse com animus nomine alieno, adquire o imóvel arrendado, dele tornando – se proprietário, Pelo simples efeito da declaração de vontade, passa ele a possuir com animuis domini. Nesta, a pessoa que apreendia uma coisa em nome alheio, passa a apreende – la em nome próprio, sem deixar de apreende – la em nenhum momento. Se a pessoa tem posse direta do bem em razão de contrato celebrado com o possuidor indireto, adquire o seu domínio, não precisa devolvê-lo ao dono, para que este novamente lhe faça a entrega real da coisa. Basta a demissão voluntária da posse indireta pelo transmitente, para que se repute efetuada a tradição.
→ Cláusula constituti: A cláusula constituti não se presume. Deve constar expressamente do ato ou resultar de estipulação que a pressuponha. Por ela a posse desdobra – se em direta e indireta. O primitivo possuidor, que tinha posse plena, converte – se em possuidor direto, enquanto o novo proprietário se investe na posse indireta, em virtude de acordo celebrado. O comprador só adquire a posse indireta, que lhe é transferida sem entrega material da coisa, pela aludida cláusula. Neste, o titular da apreensão que exercia a posse em nome próprio, passa a exerce-la em nome alheio, sem deixar de apreende-la em nenhum momento. Assim, o proprietário que, por exemplo, aliena o imóvel, mas permanece nele residindo por força de contrato de locação celebrado com o adquirente, perde a posse de dono, mas adquire, pela cláusula constituti a de locatário. 
Constituto possessório: O possuidor de uma coisa em nome próprio passa a possuí-la em nome alheio. No momento em que o vendedor, por uma declaração de vontade, transmite a posse da coisa ao comprador, permanecendo, no entanto, na sua detenção material, converte – se, por um ato de sua vontade, em fâmulo da posse do comprador. Ocorre quando o vendedor, por exemplo, transferindo a outrem o domínio da coisa, conserva – a, todavia, em seu poder, mas agora na qualidade de locatário. 
 → PELA PERDA PROPRIAMENTE DITA DA COISA: 
 	Se desaparece um bem, torna – se impossível exercer o poder físico em que se concretiza. Ocorre a perda da posse q1uando o seu objeto é perdido por seu titular, isto é, quando o possuidor deixa de exercer a posse da coisa por força alheia a sua vontade.

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