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INTENSIVO OAB SEMANAL – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues Material de Apoio elaborado pela Monitora Ingrid INTENSIVO OAB SEMANAL Disciplina: Direito Penal Prof.: Cristiano Rodrigues Aula nº: 5 MATERIAL DE APOIO – MONITORIA ÍNDICE I. Anotação de Aula II. Simulado I. ANOTAÇÃO DE AULA Culpabilidade O Código Penal nas bases do finalismo adotou a teoria normativa pura pela qual o juízo de reprovação sobre o fato típico e ilícito praticado será formado por três elementos quais sejam: a imputabilidade, o potencial conhecimento da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. Na falta de qualquer um desses elementos afasta-se a culpabilidade e o próprio crime. Elementos Integrantes da Culpabilidade 1) Imputabilidade É a plena capacidade de entender a natureza dos fatos e de se autodeterminar de acordo com esse entendimento. Sendo que de acordo com o sistema biopsicológico adotado as causas de inimputabilidade se baseiam tanto em aspectos físicos, biológicos quanto psíquicos, psicológicos, são elas: A) Doença Metal ou Desenvolvimento Mental Incompleto (artigo 26 do CP) Engloba loucos, retardados e doentes mentais que não tem pena, mas apenas medida de segurança. B) Menoridade É presunção absoluta de incapacidade para os menores de 18 anos que não cometem crime e nem cometem pena, mas de acordo com o ECA receberão medida socioeducativa pela prática do ato infracional (fato típico e ilícito). C) Embriaguez Acidental Completa (artigo 28, II do CP) I) Embriaguez É a perturbação psíquica produto da ingestão de qualquer substância entorpecente lícita ou ilícita. INTENSIVO OAB SEMANAL – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues Material de Apoio elaborado pela Monitora Ingrid II) Embriaguez Acidental É sinônimo de involuntário produto de caso fortuito ou força maior (por exemplo, coação) em que o agente não escolhe a ingestão ou as conseqüências da droga. III) Embriaguez Completa É sinônimo de total, plena afastando por inteiro o discernimento e autodeterminação do agente. 2) Potencial Conhecimento da Ilicitude Para que haja reprovação, culpabilidade e crime é preciso que o agente conheça o caráter ilícito, proibido daquilo que faz ou pelo menos que tenha o potencial para conhecê-lo. Sendo que na falta de conhecimento da ilicitude, haverá o erro de proibição que se for inevitável, ou seja, o agente não conhece o caráter ilícito do seu ato e nem tem potencial para conhecê-lo, deve se afastar a culpabilidade e o crime. Entretanto, se o erro quanto a proibição for evitável é porque o agente possui potencial, a possibilidade de conhecer o caráter ilícito do seu ato, possuindo culpabilidade e respondendo pelo crime, porém com a pena reduzida de um sexto a um terço em razão do erro. 3) Exigibilidade de Conduta Diversa Para que haja reprovação culpabilidade e crime têm que ser possível se exigir do sujeito um comportamento diferente diante da situação completa. Logo, há duas hipóteses de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa prevista no artigo 22 do CP: A) Coação Moral Irresistível É aquela que incide na psique, na liberdade de escolha do agente fazendo com que este atue sem domínio sobre o que faz imputando o crime praticado somente ao autor da coação irresistível que possui o domínio final dos fatos (autoria mediata ou indireta). B) Obediência Hierárquica Ocorre quando superior hierárquico por vínculo de direito público dá uma ordem com aparência de legalidade para seu subordinado que a cumpre sem perceber que está cometendo um crime. Neste caso, responde pelo crime somente o autor da ordem (autoria mediata ou indireta). Se a ordem for manifestamente ilegal, não haverá obediência hierárquica e o subordinado responderá junto com o superior caso cumpra a ordem. Teoria do Erro Erro de Tipo Incriminador (artigo 20 do CP) É aquele em que o agente erra a respeito da situação fática prevista dentro do tipo, tendo como conseqüência sempre afastar o dolo. Podendo afastar também a culpa e tornar o fato atípico, se o erro for inevitável. Porém, se o erro for evitável produto de falta de cuidado, afasta-se o dolo punindo a modalidade culposa do crime. INTENSIVO OAB SEMANAL – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues Material de Apoio elaborado pela Monitora Ingrid Erro de Tipo Permissivo (artigo 20, § 1º do CP) É aquele em que o agente erra sobre a situação fática prevista em uma excludente de ilicitude como na legítima defesa putativa em que o agente acha que vai ser agredido, errando quanto a situação de agressão. Terá as mesmas conseqüências do erro de tipo incriminador, ou seja, afastar o dolo e a culpa, isentando de pena (erro inevitável). Ou ainda afastar o dolo e punir a forma culposa do crime (erro evitável) gerando a chamada culpa imprópria (tem dolo, mas o dolo é afastado). Erro de Proibição (artigo 21 do CP) Incide sobre o potencial conhecimento da ilicitude e, portanto, tem suas conseqüências ligadas a culpabilidade, podendo afastá-la ou reduzir a pena de um sexto a um terço. Exemplo: Crime ambiental, eutanásia, holandês que fuma maconha na praia. Erros Acidentais 1) Erro sobre a Pessoa (artigo 20, § 3º do CP) É um erro de valoração quanto a identidade do sujeito passivo, é o erro do “irmão gêmeo”. 2) Erro de Execução ou Aberratio Ictus (artigo 73 do CP) É aquele em que o agente erra o alvo atingindo outra pessoa, é o erro da “bala perdida”. OBSERVAÇÃO: Em ambos os erros deve-se ignorar as características da vítima atingida considerando apenas as características da vítima visada originariamente. Concurso de Crimes Ocorre quando o agente realiza vários crimes idênticos ou não através de uma só ou de várias condutas servindo para determinar a forma de atuação da pena de acordo com a espécie de concurso: 1) Concurso Material (artigo 69 do CP) Quando através de várias condutas o agente realiza vários crimes idênticos ou não (homogêneo ou heterogêneos) devendo se, portanto, somar as penas de cada crime (sistema do cúmulo material). 2) Concurso Formal Perfeito ou Próprio (artigo 70, 1ª parte do CP) Quando através de uma só conduta gera vários resultados tendo um único desígnio, um só objetivo (dolo ou culpa). Neste caso, responde por um só crime com a pena aumentada de um sexto a metade (sistema exasperação). 3) Concurso Formal Imperfeito ou Impróprio (artigo 70, 2ª parte do CP) Quando através de uma só conduta o agente quer cada um dos resultados, ou seja, têm dolos independentes, desígnios autônomos – deve-se somar as penas (sistema do cúmulo material). INTENSIVO OAB SEMANAL – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues Material de Apoio elaborado pela Monitora Ingrid Crime Continuado (artigo 71 do CP) Quando através de várias condutas o agente realiza vários crimes de mesma espécie (de mesmo artigo) todos em circunstância de tempo, lugar e modo de execução semelhantes demonstrando uma continuidade. Aplica-se a pena de um só crime aumentada de um sexto a dois terços. Se além dos requisitos básicos houver violência ou grave ameaça e ainda pluralidade de vítimas o aumento de pena poderá ser de um sexto ao triplo. OBSERVAÇÃO 1: O prazo máximo entre cada uma das condutas para que haja crime continuado será de 30 dias. OBSERVAÇÃO 2: No concurso de crimes a pena nunca pode ficar maior do que o equivalente a soma. Se no caso concreto isso ocorrer, afasta-se a regra do aumento de pena somando as penas apresentadas na questão (concurso material benéfico – artigo 70, parágrafo único do CP). II. SIMULADO 2.1. Prova OAB - Prova Unificada- Examede Ordem - Dezembro/2012 (IX Exame Unificado - Caderno Tipo I - Branca - Gabarito Definitivo 15/01/13) - Elaboração: FGV Acerca das causas excludentes de ilicitude e extintivas de punibilidade, assinale a afirmativa incorreta. a) A coação moral irresistível exclui a culpabilidade, enquanto que a coação física irresistível exclui a própria conduta, de modo que, nesta segunda hipótese, sequer chegamos a analisar a tipicidade, pois não há conduta penalmente relevante. b) Em um bar, Caio, por notar que Tício olhava maliciosamente para sua namorada, desfere contra este um soco no rosto. Aturdido, Tício vai ao chão, levantando-se em seguida, e vai atrás de Caio e o interpela quando este já estava saindo do bar. Ao voltar-se para trás, atendendo ao chamado, Caio é surpreendido com um soco no ventre. Tício praticou conduta típica, mas amparada por uma causa excludente de ilicitude. c) Mévio, atendendo a ordem dada por seu líder religioso e, com o intuito de converter Rufus, permanece na residência deste à sua revelia, ou seja, sem o seu consentimento. Neste caso, Mévio, mesmo cumprindo ordem de seu superior e mesmo sendo tal ordem não manifestamente ilegal, pratica crime de violação de domicílio (Art. 150 do Código Penal), não estando amparado pela obediência hierárquica. d) O consentimento do ofendido não foi previsto pelo nosso ordenamento jurídico-penal como uma causa de exclusão da ilicitude. Todavia, sua natureza justificante é pacificamente aceita, desde que, entre outros requisitos, o ofendido seja capaz de consentir e que tal consentimento recaia sobre bem disponível. 2.2. Prova OAB - Prova Unificada - Exame de Ordem - Setembro/2012 (VIII Exame Unificado - Caderno Branco - Gabarito Definitivo 04/10/12) - Elaboração: FGV Analise as hipóteses abaixo relacionadas e assinale a alternativa que apresenta somente causas excludentes de culpabilidade. INTENSIVO OAB SEMANAL – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues Material de Apoio elaborado pela Monitora Ingrid a) Erro de proibição; embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior; coação moral irresistível. b) Embriaguez culposa; erro de tipo permissivo; inimputabilidade por doença mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado. c) Inimputabilidade por menoridade; estrito cumprimento do dever legal; embriaguez incompleta. d) Embriaguez incompleta proveniente de caso fortuito ou força maior; erro de proibição; obediência hierárquica. 2.3. Prova OAB - Prova Unificada - Exame de Ordem - Fevereiro/2012 (VI Exame Unificado - Caderno Branco - Gabarito Definitivo) - Elaboração: FGV José dispara cinco tiros de revólver contra Joaquim, jovem de 26 (vinte e seis) anos que acabara de estuprar sua filha. Contudo, em decorrência de um problema na mira da arma, José erra seu alvo, vindo a atingir Rubem, senhor de 80 (oitenta) anos, ceifando-lhe a vida. A esse respeito, é correto afirmar que José responderá a) pelo homicídio de Rubem, agravado por ser a vítima maior de 60 (sessenta) anos. b) por tentativa de homicídio privilegiado de Joaquim e homicídio culposo de Rubem, agravado por ser a vítima maior de 60 (sessenta) anos. c) apenas por tentativa de homicídio privilegiado, uma vez que ocorreu erro quanto à pessoa. d) apenas por homicídio privilegiado consumado, uma vez que ocorreu erro na execução. 2.4. Prova OAB - Prova Unificada - Exame de Ordem - Outubro/2011 (V Exame Unificado - Caderno Branco) - Elaboração: FGV Apolo foi ameaçado de morte por Hades, conhecido matador de aluguel. Tendo tido ciência, por fontes seguras, que Hades o mataria naquela noite e, com o intuito de defender-se, Apolo saiu de casa com uma faca no bolso de seu casaco. Naquela noite, ao encontrar Hades em uma rua vazia e escura e, vendo que este colocava a mão no bolso, Apolo precipita-se e, objetivando impedir o ataque que imaginava iminente, esfaqueia Hades, provocando-lhe as lesões corporais que desejava. Todavia, após o ocorrido, o próprio Hades contou a Apolo que não ia matá-lo, pois havia desistido de seu intento e, naquela noite, foi ao seu encontro justamente para dar-lhe a notícia. Nesse sentido, é correto afirmar que a) havia dolo na conduta de Apolo. b) mesmo sendo o erro escusável, Apolo não é isento de pena. INTENSIVO OAB SEMANAL – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues Material de Apoio elaborado pela Monitora Ingrid c) Apolo não agiu em legítima defesa putativa. d) mesmo sendo o erro inescusável, Apolo responde a título de dolo. 2.5. Prova OAB - Prova Unificada - Exame de Ordem - Setembro/2010 - Elaboração: FGV Arlete, em estado puerperal, manifesta a intenção de matar o próprio filho recém-nascido. Após receber a criança no seu quarto para amamentá-la, a criança é levada para o berçário. Durante a noite, Arlete vai até o berçário, e, após conferir a identificação da criança, a asfixia, causando a sua morte. Na manhã seguinte, é constatada a morte por asfixia de um recém-nascido, que não era o filho de Arlete. Diante do caso concreto, assinale a alternativa que indique a responsabilidade penal da mãe. a) Crime de homicídio, pois, o erro acidental não a isenta de responsabilidade. b) Crime de homicídio, pois, uma vez que o art. 123 do CP trata de matar o próprio filho sob influência do estado puerperal, não houve preenchimento dos elementos do tipo. c) Crime de infanticídio, pois houve erro quanto à pessoa. d) Crime de infanticídio, pois houve erro essencial. GABARITO: 2.1. B 2.2. A 2.3. D 2.4. A 2.5. C
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