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Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos Livro I

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Apresentação da disciplina 
 
Primeiras palavras: 
 
 
Em primeiro lugar, algumas considerações sobre o método de abordagem desta disciplina. 
É comum os autores jurídicos justificarem a adoção de práticas legais baseadas em 
proposições altamente abstratas. Cita-se, de regra, baseado em princípios constitucionais, a 
necessidade de tornar efetiva a justiça e manter a pacificação social. Embora a proposição seja 
verdadeira, dá-se por conhecido, da maioria das vezes de forma acrítica, os significados de 
“efetivar a justiça” e “manter a pacificação social”. 
 
O método adotado nesta disciplina difere dessa abordagem. Sempre que possível, as práticas 
jurídicas serão interdisciplinarmente contextualizadas. Por exemplo, a adoção da arbitragem, 
método alternativo de resolução de conflitos, penetrou o universo legal brasileiro em 
decorrência do processo de globalização. Necessidades, principalmente de ordem econômico, 
enfrentadas pelo Brasil a partir dos anos 1980 do século passado, pressionaram o país a uma 
maior integração ao comércio e investimentos internacionais e a Lei da Arbitragem foi condição 
“sine qua non” para essa integração, mas tal fato parece nunca ser mencionado na literatura 
jurídica. 
 
Em segundo lugar, recomenda-se fortemente que o aluno acesse a Biblioteca Virtual online à 
sua disposição. Ao longo dos textos, hiperlinks, indicados pela mudança de cor nas palavras 
(como em "princípios constitucionais" acima e aqui referidos), estão inseridos em conceitos 
chave, mas, além disso, o aluno deve exercer sua autonomia e pesquisar sobre quaisquer 
temas que lhe despertem a curiosidade. A Biblioteca representa parte da infraestrutura 
necessária ao desenvolvimento das habilidades requeridas do futuro profissional que prima 
pela excelência na formação. 
 
A disciplina “Métodos alternativos de resolução de conflitos” foca as abordagens para 
soluções de controvérsias que apresentam características diferentes do processo judicial 
praticado nos tribunais. 
 
O processo judicial (ou método heterocompositivo) é baseado no confronto de interesses, em 
que uma parte ganha na exata proporção em que a parte adversária perde. Esse tipo de 
solução é chamado resultado de soma zero, em alusão à teoria dos jogos. Simplificadamente, 
seja “x” a representação financeira do resultado de uma demanda estabelecida na sentença. 
Então x – x = 0. O vencedor da demanda ganha “x”, pago pelo vencido. 
Os métodos alternativos de resolução de conflitos adotam posicionamento diferente, em que o 
resultado final apresenta soma maior que 0 (ou x + y > 0, em que x corresponde à parte da 
sentença que beneficia uma parte e y o benefício da outra parte). Nessa visão, as partes 
atendem, pela decisão final, seus interesses no maior grau possível. Por isso, é dito que o 
conflito não é adversarial, mas autocompositivo, pois as partes procuram cooperativamente 
uma solução adequada para suas pretensões e que não impeça relacionamentos futuros. 
O método que é expressamente proibido de adoção é autotutela, em que uma das partes toma 
para si a responsabilidade de fazer justiça, não raro, com emprego da violência física 
(predominância da vontade do mais forte sobre o mais fraco). 
 
Dos métodos alternativos de resolução de conflitos (ou métodos autocompositivos), a 
negociação é o método mais simples, podendo ocorrer diretamente entre as partes envolvidas 
sem necessidade de atuação ou sequer conhecimento do Poder Judiciário. Um acidente de 
trânsito simples e sem gravidade pode ser resolvido de imediato se as partes assumem seus 
prejuízos de pequena monta ou se o seguro de uma cobre os danos da outra. Não ocorrendo 
consenso, pode-se apelar, então, para conciliação, classificado como método rápido e eficaz 
para solução de conflitos. Exemplo típico de conciliação são as reclamações efetuadas e 
resolvidas pela intermediação dos PROCONs. 
 
A mediação apresenta características mais complexas frente à conciliação, pois inclui a ideia 
subjacente de desenvolvimento da noção de cidadania. Aqui, não existe a necessidade de 
solução da controvérsia; o objetivo primário é estimular o sujeito a desenvolver habilidades 
 
para solução de conflitos de modo geral, visto que estes não são valorados como totalmente 
negativos, mas como elementos inerentes e necessários ao desenvolvimento social. 
Tanto a conciliação quanto a mediação encontram forte incentivo do Ministério da Justiça e do 
Conselho Nacional de Justiça para que sejam integrados às funções cotidianas dos Tribunais e 
sejam sistematicamente empregados na solução de conflitos que envolvem direitos disponíveis 
ou infrações penais de menor potencial ofensivo (penas de até dois anos). 
 
A arbitragem é um método alternativo de resolução de conflitos típico do mundo globalizado 
contemporâneo. Representa a privatização da justiça e pode atuar totalmente alheio ao poder 
judiciário ou à OAB (o árbitro necessita demonstrar habilidade técnica sobre o objeto da 
controvérsia em detrimento da formação jurídica). Por motivos de ordem econômica, é o único 
dos métodos alternativos inteiramente regulados por uma lei específica, a Lei de Arbitragem. 
 
 
Organização do curso 
O curso está dividido em oito unidades, quais sejam (os títulos são autoexplicativos): 
 
Unidade 1: Breve histórico dos métodos alternativos de resolução de conflitos 
Unidade 2: Conceito e classificação dos métodos alternativos de resolução de conflitos 
Unidade 3: Negociação 
Unidade 4: Conciliação 
Unidade 5: Mediação 
Unidade 6: Arbitragem 
Unidade 7: Arbitragem, direito e globalização 
Unidade 8: Encerramento e bibliografia para estudos 
 
Todas as unidades abordam os assuntos de modo sistemático e contém referências 
bibliográficas que servem como sugestão para estudos. Sempre que possível, a referência 
remete a textos que podem ser gratuitamente (e de modo legal) baixados pela Web. 
 
Forma de avaliação 
O modo de avaliação da disciplina segue o padrão das avaliações presenciais. Consulte o 
calendário de provas. 
Além do conteúdo das unidades, você pode (e deve) utilizar a Biblioteca Virtual online. 
 
Avaliações Assuntos Exercícios relacionados 
NP1 Do módulo 1 até 4 Exercícios do módulo 1 a 4
NP2 Do módulo 5 até 8 Exercícios do módulo 5 a 8
Substitutiva Toda a matéria Todos os exercícios 
Exame Toda a matéria Todos os exercícios 
 
Palavras finais 
Este é um curso na modalidade a distância. Para que você tenha sucesso e atinja os objetivos 
propostos, constituindo-se como profissional com habilidades técnicas reconhecidas pela 
comunidade jurídica, observe os seguintes procedimentos: 
 
 - mantenha-se motivado; 
 - seja organizado; 
 - saiba estudar de forma independente e autônoma; 
 - pesquise conteúdos correlatos aos temas abordados; 
 - desenvolva novas ideais e questionamentos e os discuta com professores e colegas; 
 - aprenda a entender as ideias e posicionamentos de outras pessoas, habilidade que 
facilita a participação em grupos. 
 
 
Referências bibliográficas disponíveis na Biblioteca Virtual online 
Coleção ADRS - Mediação Judicial - Análise da Realidade Brasileira. 
 
Mediação e solução de conflitos: teoria e prática. 
 
 
Negociação, Mediação e Arbitragem - Curso Básico para Programas de Graduação em Direito 
 
Mediação e gerenciamento do processo: revolução na prestação juridicional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Breve histórico dos métodos alternativos de resolução de conflitos 
 
Sumário 
 
 1.1 Objetivos 
 1.2 O que são os “Métodos alternativos de resolução de conflitos 
 1.3 Sugestão para estudos 
 1.4 Referências bibliográficas e sugestões de leitura 
 
1.1 Objetivos 
Ao final da unidade, você estará apto a: 
 
 - conceituar os métodos (ou meios) alternativos de resolução de conflitos;- identificar os principais métodos alternativos de resolução de conflitos; 
 - diferenciar métodos alternativos de resolução de conflitos da estrutura jurisdicional estatal 
 
1.2 O quê são os métodos alternativos de resolução de conflitos 
"Faz parte da tradição do pensamento jurídico ocidental que, em uma disputa de interesses, 
‘inexiste critério do justo e do injusto fora da lei positiva’ (expressão atribuída ao filósofo inglês 
do século XVII Thomas Hobbes). 
Contemporaneamente, tal concepção sofre alterações significativas. Sistematicamente, firma-
se a percepção que aquilo que se considera ‘justo’ pode e deve ser estabelecido pelas partes 
consensualmente. A intervenção de um terceiro, auxiliando-os na busca de solução para o 
caso concreto, com base na lei, restringe-se aos casos em que o consenso não tenha sido 
possível. 
Pelo emprego dos métodos alternativos de resolução de conflitos, o conceito de 
Justiça concretiza-se por meio de procedimento equânime na produção de resultados 
 
satisfatórios, com as partes dispondo de pleno conhecimento quanto ao contexto fático e 
jurídico em que se situam. 
Pelos métodos alternativos de resolução de conflitos, a justiça se concretiza na proporção que 
as partes são estimuladas à produção da solução de forma consensual e, tanto pela forma 
como pelo resultado, encontram-se satisfeitas" (Conselho Nacional de Justiça, 2013, p. 10). 
 
Imagine duas pessoas em disputa por um interesse comum. O interesse de uma pode 
prevalecer sobre o interesse de outra por emprego da força bruta. Mas também pode, 
pacificamente, ocorrer uma composição de interesses pelo diálogo e consequente obtenção de 
uma solução que seja satisfatória para ambas. Tal processo é a negociação. 
 
Se as duas pessoas não conseguem obter um consenso sobre a disputa, elas podem recorrer 
a uma terceira pessoa para intermediar o conflito e comprometerem-se a aceitar a solução 
proposta por esta. A decisão desta terceira pessoa, racionalmente obtida e aceita pelos 
contendores, origina a mediação e representa o método alternativo de resolução de 
conflitos. Entre suas utilidades estão a liberação do Judiciário para solução de contenciosos, 
redução de custos para as partes e flexibilização na necessidade de produção de provas, 
muitas vezes caras e demoradas. 
 
Historicamente, os métodos alternativos de resolução de conflitos remontam às primeiras 
civilizações. O relato sobre Salomão, rei de Israel em 960 a.C., é conhecido. 
 
Embora detivesse o poder de dizer a lei, a passagem a seguir narrada está mais próxima da 
arbitragem do que do processo jurídico. 
 
Certa feita, duas mulheres, mães de duas crianças recém-nascidas e com a mesma idade, 
pediram ao rei para resolver uma disputa. Uma das crianças morrera e a mãe da outra acusava 
a mãe daquela de ter raptado seu filho e deixado, em seu lugar, a criança morta. 
Salomão decidiu matar a criança sobrevivente, de modo que ambas as mães lamentassem os 
filhos perdidos. Uma das mães concordou com a proposta. A outra, preferiu abdicar ao filho do 
que vê-lo morto, deixando que ele permanecesse com a mulher acusada de rapto. Salomão 
decidiu, então, que a mãe verdadeira era a que optara por deixá-lo viver e determinou que 
permanecesse com a criança. 
 
No Brasil, a Constituição de 1824, a primeira do país independente, nos artigos 160 e 161, 
determina a obrigatoriedade do processo de conciliação (arbitragem) antes da instauração do 
processo judicial estatal. 
 
Na Constituição vigente, o artigo 114, §1o, sobre os tribunais e juízes do trabalho, estabelece 
que “frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros”. 
 
Métodos alternativos de resolução de conflitos são métodos privados para soluções de 
disputas, em que as partes não são conceituadas como adversárias, mas apenas com 
interesses conflitantes. A litigância, característica do processo judicial, está ausente.
Têm seus requisitos e exigências determinadas pelo Estado.
Sua razão de ser repousa na celeridade da solução e na possibilidade do processo 
permanecer restrito às partes, sem publicidade. 
 
Principais métodos alternativos de resolução de conflitos: 
 - Negociação; 
 - Mediação; 
 - Conciliação; 
 - Arbitragem. 
 
A negociação e a mediação são métodos em que, pelo diálogo, as partes buscam 
uma solução consensual e duradoura para a disputa. Para facilitar o diálogo, é escolhido 
pelas partes um mediador, que é pessoa estranha e imparcial ao litígio, além de 
dominar técnicas de negociação. 
 
 
É comum advogados, psicólogos e assistentes sociais desempenharem a função mediadora. 
O projeto de lei 4827/1988 “institucionaliza e disciplina a mediação como método de prevenção 
e solução consensual de conflitos.”. 
 
A conciliação se distingue da mediação pela atuação do mediador. Nela, a solução exige 
maior celeridade na sua definição e o mediador pode propor o resultado que considerar mais 
adequado e justo. Além disso, a conciliação é empregada nos processos judiciais de primeira e 
segunda instâncias. O artigo 331 do Código de Processo Civil vigente determina ao Juiz 
chamar as partes para tentativa de conciliação. 
 
O Tribunal de Justiça de São Paulo possui setor específico de conciliação e mediação para o 
segundo grau, sob a seguinte justificativa (somente aplicável aos direitos disponíveis): 
 
Segundo, Kazuo Watanabe, desembargador aposentado do TJ-SP: “o princípio de acesso à 
justiça, inscrito na Constituição Federal, não assegura apenas acesso formal aos órgãos 
judiciários, e sim um acesso qualificado que propicie aos indivíduos o acesso à ordem jurídica 
justa, no sentido de que cabe a todos que tenham qualquer problema jurídico, não 
necessariamente um conflito de interesses, uma atenção por parte do Poder Público, em 
especial do Poder Judiciário. Assim, cabe ao Judiciário não somente organizar os serviços que 
são prestados por meio de processos judiciais, como também aqueles que socorram os 
cidadãos de modo mais abrangente, de solução por vezes de simples problemas jurídicos, 
como a obtenção de documentos essenciais para o exercício da cidadania e até mesmo de 
simples palavras de orientação jurídica. Mas é, certamente, na solução dos conflitos de 
interesses que reside a sua função primordial, e para desempenhá-la cabe-lhe organizar não 
apenas os serviços processuais como também, e com grande ênfase, os serviços de solução 
dos conflitos pelos mecanismos alternativos à solução adjudicada por meio de sentença, em 
especial dos meios consensuais, isto é, da mediação e da conciliação”. 
(http://www.tjsp.jus.br/Egov/Conciliacao/Default.aspx?f=2 consulta em 24/07/2013). 
 
A Arbitragem está disciplinada na Lei 9.307/1996 e é de origem contratual, sendo 
expressamente proibido às partes que subscrevem o contrato recorrerem a outros métodos 
para solução de seus conflitos, inclusive o judicial. 
A lei das sociedades anônimas (Lei 10.303/2001), no art. 109, § 3º, diz que “O estatuto da 
sociedade pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre 
os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionadas mediante 
arbitragem, nos termos em que especificar." 
 
Na arbitragem, o árbitro desempenha papel semelhante ao do juiz togado, inquirindo as 
partes, requerendo e examinando documentos, ouvindo testemunhas e requerendo perícias, 
com auxílio ou não do Poder Judiciário. A sentença arbitral possui força de coisa julgada e 
constitui título executivo (art. 31 da lei de arbitragem – 9.307/1996). 
Por ser formalmente semelhante ao processo judicial, a conciliação é admitida, ocasião em 
cabe ao árbitro apenas homologar ao acordo. 
 
 
1.3 Sugestões para estudo 
Esta disciplina é oferecida na modalidade EAD (Educação a distância). Nesta modalidade, 
você dispõe de total liberdade para determinar seu horário e dias de estudo.Mas, ao contrário 
da modalidade presencial, o nível de responsabilidade para o estudo a distância é maior, pois 
exige disciplina, motivação, organização, saber estudar de forma independente e autônoma, 
além de saber pesquisar conteúdos. 
 
Não deixe para estudar e resolver os exercícios no limite dos prazos, pois você poderá 
perceber, de modo desagradável, que a falta de rigor e disciplina são os principais elementos 
no fracasso escolar. 
 
1.4 Referências bibliográficas e sugestões de leitura 
CNJ. Caderno de exercícios em Mediação Judicial, disponível 
em http://www.cnj.jus.br/images/programas/conciliacao/caderno_de_exercicios.pdf. Data de 
consulta: 25/07/2013. 
 
 
Conselho Nacional de Justiça. Manual de Mediação Judicial, disponível 
em http://www.cnj.jus.br/images/programas/conciliacao/manual_mediacao_judicial_4ed.pdf. 
Data de consulta: 25/07/2013. 
 
Lei 9.307/1996 (Lei de Arbitragem). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm Data de 
consulta: 25/07/2013. 
 
Tribunal de Justiça de SP, setor de Conciliação e 
Mediação. http://www.tjsp.jus.br/Egov/Conciliacao. Data de consulta: 25/07/2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conceito e classificação dos métodos alternativos de resolução de conflitos 
 
Conflito de interesses: origem, elementos, fatos e percepções 
 
Sumário 
2.1 Objetivos 
2.2 Definição de “conflitos de interesses” 
2.3 Origem 
2.4 Elementos, fatos e percepções 
2.5 Referências bibliográficas e sugestões de leitura 
 
2.1 Objetivos 
Ao final da unidade, você estará apto a: 
 
- conceituar “conflitos de interesses”; 
- situar a noção de conflito de interesses no âmbito do processo judicial e no âmbito dos 
métodos alternativos de resolução de conflitos; 
- descrever historicamente a utilização dos métodos alternativos de resolução de conflitos. 
 
2.2 Definição de “conflitos de interesses” 
Inicialmente, alguns conceitos devem ser explicitados, para melhor entendimento dos termos 
que serão empregados neste módulo e nos seguintes. 
A jurisdição é o poder, função e atividade exclusiva do Estado para que diga o Direito, “dizer” 
esse configurado na apreciação e julgamento de conflitos e emissão de correspondente 
solução na forma de uma sentença, que pode ser declaratória, constitutiva ou condenatória, de 
natureza impositiva e vinculante. Tem como característica a segurança subjacente à 
credibilidade e imparcialidade do juiz, além de combater a autotutela, fenômeno pelo qual as 
partes decidem individualmente e baseadas em interesses próprios as disputas, com base na 
violência. 
 
Autocomposição é forma pacífica de solução de controvérsias pelas partes envolvidas, 
podendo estas serem auxiliadas por um terceiro participante, que tem como características 
principais a imparcialidade e a independência em relação às partes. A autocomposição dos 
conflitos faz-se na forma de transação, por métodos alternativos de resolução de conflitos. 
 
A heterocomposição ocorre quando a solução do conflito é entregue ao personagem juiz ou, no 
caso de emprego dos métodos alternativos de resolução de conflitos, ao árbitro, elemento 
livremente escolhido pelas partes conflitantes e que tem como requisito a aceitação do veredito 
final por ele emitido. 
 
 
Conflitos de interesses são percepções sobre a realidade em que uma ou mais pessoas 
avaliam que objetivos e metas particulares estão sendo obstacularizadas por outra(s) 
pessoa(s), pelas seguintes razões: 
(a) as partes concorrem pelos mesmos objetivos e metas que podem satisfazer apenas uma 
delas; 
(b) as partes possuem objetivos e metas conflitantes em que a satisfação de uma implica em 
prejuízo à outra. 
 
 
Os conflitos de interesses são pretensões resistidas por que implicam em resultados de soma 
zero: o ganho de uma das partes corresponde a uma perda em mesmo nível da outra. O 
pressuposto subjacente é que pretensões dizem respeito a recursos, que são intrinsecamente 
limitados e finitos. Para alguém obter recursos, alguém deve perdê-los. 
Entretanto, os métodos alternativos de resolução de conflitos buscam atenuar o alcance dos 
conflitos de interesses, concebendo-os como não adversariais, isto é, as partes atuam 
cooperativamente na busca da melhor e mais duradoura solução. Nesse contexto, os conflitos 
deixam de apresentar resultados de soma zero, pois as partes podem revisar suas pretensões 
e alcançar um consenso que atenda aos interesses de todos os envolvidos. 
 
 
Daniela Monteito de Gabbay (Gabbay, 2011), em tese de doutorado, expõe de maneira clara e 
pedagógica a definição de “conflito de interesses”, relacionado-a com o processo judicial e os 
métodos alternativos de resolução de conflitos: 
 
“No processo judicial, através da demanda, o autor apresenta o pedido em relação ao qual o 
réu se defende, havendo um conflito de interesses qualificado pela pretensão de um dos 
litigantes e pela resistência do outro. 
[…] jurista, e de modo especial o processualista, só pode cuidar dos processos efetivamente 
propostos e das lides que forem realmente levantadas perante os Juízes, e na exata medida 
em que o forem. O objeto do processo não seria o conflito de interesses em sua simples e 
natural realidade. Só em face do pedido do autor é que o juiz pode interferir, examinar o caso e 
julgar, de acordo com a lei, se esse pedido é ou não procedente, concedendo ou negando em 
consequência a providência pedida. A lei dá ao autor a liberdade, a iniciativa e a 
responsabilidade da escolha no modo de resolver a controvérsia, exigindo dele a indicação da 
forma concreta e determinada de tutela que pretende conseguir para a satisfação de seu 
interesse. A tarefa do juiz é unicamente decidir se a solução proposta é conforme ou não com o 
direito vigente. […] 
Já para a mediação o conflito é definido de forma diferente, sem as mesmas molduras e 
separações entre o âmbito processual e o substancial. A mediação parte da premissa de 
que o conflito é parte normal da interação humana, e pode ser construtivo. 
Enquanto o processo judicial visa a eliminar e pacificar os conflitos (seu escopo social) nos 
moldes do que foi levado ao Judiciário através do objeto litigioso, a mediação trata os conflitos 
sob ótica diferenciada, vendo ao mesmo tempo aspectos de perigo e oportunidade” (GABBAY. 
2011, p. 29-30 – sem grifos no original). 
 
 
2.3 Origem 
Em 2003, na Universidade de Florença, na Itália, um seminário internacional sobre os métodos 
alternativos de resolução de conflitos chegou às seguintes conclusões: 
 
“Observa-se uma crescente incapacidade dos sistemas institucionais de administração da 
justiça civil para fazer frente à demanda de justiça proveniente dos mais diversos sujeitos, 
sobre matérias diversificadas e novas, incapacidade essa devida aos limites da justiça estatal, 
normalmente ineficiente, custosa e incerta, e talvez não apta, em alguns setores, a garantir 
uma satisfatória composição das lides” (NETO, 2011). 
 
Nos Estados Unidos, os métodos (ou meios) alternativos de resolução de conflitos (ADR – 
Alternative Dispute Resolution) iniciaram timidamente a serem implementados na década de 
1970, por intermédio de iniciativas pontuais. 
Em 1985, o Congresso Americano decidiu pelo financiamento de alguns programas 
experimentais de arbitragem. Em 1988, a Lei sobre o aperfeiçoamento judicial e acesso à 
justiça (Judicial Improvements and Access to Justice Act) começou a incentivar e ampliar o 
alcance dos métodos alternativos de resolução de conflitos. Finalmente, em 1990, a Lei de 
reforma da justiça civil (Civil Justice Reform Act) adotou amplamente as ADRs no âmbito da 
justiça federal norte-americana. 
 
Todas as Constituições brasileiras, com exceções das de 1891 e 1937, contêm algum 
dispositivo que, em maiorou menor grau, estimula a arbitragem como método para a solução 
de controvérsias. A primeira Constituição, de 1824, nos artigos 160 e 161, determinava a 
necessidade das partes utilizarem a arbitragem na solução de seus conflitos e, somente no 
insucesso desta, ingressassem em Juízo. 
 
A atual Constituição prevê, no art. 114, a utilização coletiva e a arbitragem na solução de 
conflitos coletivos do trabalho. 
 
A Lei dos Juizados Especiais Cíveis (Lei 9.099/1995), no art. 2o, determina “sempre que 
possível, a conciliação e a transação” e, no art. 24, sugere a possibilidade de emprego de dois 
métodos alternativos de resolução de conflitos: “Não obtida a conciliação, as partes poderão 
optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista nesta Lei.” 
 
 
Por fim cabe destacar a existência de uma lei específica sobre os métodos alternativos de 
resolução de conflitos: a Lei de Arbitragem (Lei 9.307/1996). 
 
 
2.4 Elementos, fatos e percepções 
A adesão aos métodos alternativos de resolução de conflitos assume feições contratuais 
derivadas do direito privado e limita-se ao âmbito dos direitos disponíveis. Tais feições se 
materializam na autonomia da vontade, na boa-fé e no respeito aos contratos. A autonomia da 
vontade significa a liberdade na escolha do método de solução de conflitos julgado mais 
adequado. A boa-fé significa a honestidade e lealdade das partes. O respeito aos contratos 
simboliza a responsabilidade pelo cumprimento das condições livremente acordadas, que 
determinam os limites e alcances das ações individuais. 
 
Os métodos alternativos de resolução de conflitos, pelo menos idealmente, são meios 
eficientes e eficazes de solução de conflitos. São eficientes por que atingem os objetivos a que 
se propõem: apontar soluções concretas e aceitáveis pelas partes. São eficazes por que 
objetivos demandam períodos menores de tempo quando comparados ao processo judicial. 
Exigem, entretanto, disposição pelas partes para comportamentos pacíficos e baseados na não 
confrontação. Requerem menores volumes, recursos materiais, humanos e financeiros quando 
comparados ao processo judicial por que dispensam a forma ritualista e conservadora deste, 
além do complexo aparato logístico que o cerca. 
 
2.5 Referências bibliográficas e sugestões de leitura 
GABBAY, Daniela Monteiro. Mediação & Judiciário. Condições necessárias para a 
institucionalização dos meios autocompositivos de solução de conflitos. São Paulo: Faculdade 
de Direito da Universidade de São Paulo, tese de doutorado, 2011. Disponível 
emhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2137/tde-24042012-141447/pt-br.php. Consulta 
em 25/07/2013. 
 
NETO, Eugênio Facchini. ADR (Alternative Dispute Resolution) – Meios alternativos de 
resolução de conflitos: solução ou problema? in Direitos Fundamentais & Justiça, n 17, ano 5, 
out/dez 2011, p 118-141. Disponível 
em www.trt9.jus.br/internet_base/arquivo_download.do?evento=Baixar. Consulta em 
25/07/2013. 
PISKE, Oriana. Formas alternativas de resolução de conflito. Disponível 
em http://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/artigos/2010/formas-alternativas-de-resolucao-
de-conflito-juiza-oriana-piske. Consulta em 25/07/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Negociação 
 
Sumário 
3.1 Objetivos 
3.2 Origem e conceituação 
3.3 Paradigmas 
3.4 Princípios da negociação 
3.5 Atitudes do negociador 
3.6 Aplicabilidade da negociação 
3.7 Procedimentos de negociação 
3.8 Referências bibliográficas e sugestões de leitura 
 
3.1 Objetivos 
Ao final da unidade, você estará apto a: 
 
- conceituar a negociação; 
- diferenciar a negociação baseada em posições da negociação baseada em interesses; 
- identificar as técnicas de negociação; 
- conhecer os procedimentos de negociação; 
- conhecer as situações às quais a negociação se aplica. 
 
3.2 Origem e conceituação 
 
 Negociação é o processo pela qual duas ou mais partes com interesses divergentes e 
conflitantes que, reciprocamente, criam obstáculos para suas ações buscam uma
solução que as satisfaçam. 
 
A negociação é prática corriqueira nos relacionamentos sociais e emerge sempre que 
interesses opostos e conflitantes obstaculariam as ações de duas ou mais pessoas. Dessa 
oposição, psicologicamente as pessoas passam a se considerar como adversárias e julgam 
que suas ações são impedidas reciprocamente, com prejuízos para seus interesses e 
objetivos. Daí surgir a necessidade de resolução dos impasses percebidos, sejam eles reais ou 
imaginados. 
 
 
O modelo mais simples de negociação é o da composição direta, de natureza bilateral, em que 
as partes envolvidas procuram pelo estabelecimento de um acordo que atenda seus 
interesses. Mas pode ocorrer que as partes não consigam produzir sozinhas o acordo, quando 
surge a necessidade da figura de um terceiro elemento, um negociador independente e 
imparcial. Nessa hipótese, a negociação passa a ser assistida e características como a forma 
de atuação e capacitação do medidador, a natureza do conflito e a qualidade das relações 
entre as partes passam a desempenhar papéis importantíssimos na solução da controvérsia. 
 
3.3 Paradigmas 
As conceituações teóricas sobre a negociação depositam grande ênfase nas predisposições 
psicológicas dos envolvidos. Dois posicionamentos são enfatizados: 
a) O comportamento posicional, em que os envolvidos se visualizam como oponentes e o 
objetivo é o resultado de soma zero, nos ganhos de um correspondem na mesma magnitude 
às perdas do outro. Nesse contexto, questões privadas e sem necessariamente diretamente 
relacionadas com a disputa, como a honra, o orgulho e a preservação da imagem pessoal, 
assumem papéis preponderantes entre as condições para estabelecimento de um acordo. Tais 
elementos obstacularizam o entendimento, favorecem a intransigência, induzem ao erro e 
acentuam elementos emocionais como raiva e ressentimentos mútuos entre os envolvidos. 
b) Negociação baseada em princípios ou méritos. O foco nesta abordagem é a obtenção de 
uma solução que não seja de soma zero (uma parte perde e a outra ganha), nem de soma 
negativa (as partes perdem indistintamente), mas a obtenção de uma solução de soma maior 
que zero, em que as partes percebam que a negociação foi justa e a solução encontrada a 
melhor possível. Esse tipo de abordagem incentiva a confiança entre as partes e evita a 
deterioração de relacionamentos. 
 
De acordo com Willian Ury, Bruce Patton e Roger Fisher (Ury, Patton & Fisher, 2005), quatro 
princípios caracterizam esse tipo de negociação: 
a) as características psicológicas das pessoas, como honra e imagem pessoal, devem ser 
separadas da caracterização dos problemas; 
b) o foco da negociação deve centrar-se na identificação e na solução dos interesses reais; 
c) o requisito da negociação deve ser soma maior que zero (ganhos para todos); 
d) os critérios de negociação devem ser objetivos e utilitaristas. 
 
3.4 Princípios da negociação 
Antes do início de qualquer negociação, o negociador deve procurar conhecer os 
comportamentos típicos das partes, ouvindo atentamente suas exposições sobre as causas do 
conflito e qual, sob seu ponto de vista, a melhor solução. 
 
Tais comportamentos revestem-se de fatores pessoais, sociais, culturais e situacionais e 
exigem do negociador habilidade e experiência em suas abordagens. Assim, os seguintes 
princípios procuram mitigar os efeitos de tais comportamentos sobre o processo de 
negociação. 
a) As características psicológicas das pessoas, como honra e imagem pessoal, devem 
ser separadas da caracterização dos problemas. 
Os confrontos entre as partes dificultam o exame de soluções possíveis. Uma clara 
diferenciação entre emoções, de cunho particular e, portanto, obstáculospara o entendimento, 
e méritos das soluções deve ser estabelecida. Uma determinada solução pode não ser a 
mais adequada, mas pode ser a melhor possível. Nem sempre a solução ideal é 
concretizável, por que ser ideal para uma das partes pode ser péssima para a outra e, neste 
caso, o critério da solução de soma zero predominará (uma parte ganha na exata medida em 
que a outra perde). Tal cenário é difícil de aceitar sob influência emocional, mas pode ser 
compreendido sob o ângulo da racionalidade e do bom senso, cabendo ao negociador destacar 
tais fatores. Se as soluções em apreço são inadequadas, os méritos das soluções devem ser 
debatidos e não as características pessoais ou qualidades dos contendores. 
 
b) O foco da negociação deve se centrar na identificação e solução dos interesses reais. 
Muitas vezes, as pessoas não têm uma clara percepção de seus interesses, confundindo-os 
com posições pessoais. Um exemplo corriqueiro pode auxiliar na melhor compreensão deste 
princípio. 
 
 
Suponha um acidente de trânsito com danos apenas materiais, algo comum no cenário 
brasileiro. 
 
Sob contexto de predomínio emocional, não é incomum as pessoas partirem para as 
acusações e ofensas mútuas e até para agressões físicas. 
Tais comportamentos não demonstram o real interesse de ambas as partes: encontrar uma 
solução satisfatória para minimizar os danos sofridos. O fato objetivo (o acidente) está dado e 
não pode ser revertido. Agressões e ofensas podem tão somente aumentar o alcance do fato, 
inicialmente na esfera dos danos materiais, e o extrapolar para a esfera dos danos morais. 
Esta é a situação a ser compreendida: a negociação deve transcorrer em ambiente pacífico e 
baseado no respeito mútuo, com a identificação do interesse real das partes (minimizar 
prejuízos). A solução procurada deve ter por como requisito ser a melhor possível e não 
necessariamente a ideal, mas com satisfação por igual das partes. 
 
c) O requisito da negociação deve ser soma maior que zero (ganhos para todos). 
Nem sempre a primeira solução encontrada para um conflito de interesses é a de melhor 
resultados. O ideal é a procura e a elaboração de soluções alternativas, mas todas atendendo 
ao requisito de ganho mútuo. Tal processo não deve ser elaborado em condições de pressão 
intensa pelas partes, cabendo ao negociador administrar adequadamente os fatores negativos 
e destacar a importância de uma solução que aborde os interesses comuns e concilie os 
divergentes. 
 
d) Os critérios de negociação devem ser objetivos e utilitaristas. 
A solução procurada deve focar critérios objetivos e utilitarista em detrimento do debate de 
posições (a crença natural e enraizada na cultura de que a culpa sempre é do outro). 
No exemplo citado, do acidente trânsito, o critério de negociação deve ser 
objetivo (determinar a extensão e montante dos canos) e utilitarista (determinar o menor 
custo necessário ao retorno das condições dos veículos ao período anterior ao acidente). 
 
3.5 Atitudes do negociador 
Comportamentos éticos não são simplesmente aqueles que apontam para o predomínio de 
ações e atitudes valoradas como corretas e adequadas (“certas”) em detrimento de ações e 
atitudes valoradas como incorretas ou inadequadas (“erradas”). Comportamentos éticos são, 
principalmente, normas de condutas que objetivam maximar a qualidade nos relacionamentos 
sociais (o código de ética da advocacia, por exemplo, busca desenvolver no profissional do 
Direito a responsabilidade de agir com honestidade, lealdade e adequação moral nos mais 
diversos cenários de atuação, sejam eles nos âmbitos públicos ou privado). 
 
Do mesmo modo, é obrigação profissional do negociador agir com imparcialidade e 
honestidade, buscando soluções que atendam ao requisito de soma maior que zero. 
Possibilidades de barganhas em função de interesses estranhos à solução do conflito ou 
soluções baseadas nos interesses pessoais do negociador são fatores que podem 
desestabilizar sua atuação e atentam contra os princípios da negociação como método 
alternativo de resolução de conflitos. 
 
3.6 Aplicabilidade da negociação 
A negociação é uma forma conjunta de resolução de problemas (CNJ, 2013, p. 80) e exige um 
mínimo de condições para sua aplicabilidade, qual sejam a imparcialidade do negociador, 
escolha voluntários das partes do negociador e disposição para resolver o conflito de modo não 
contencioso e adversarial e existência do contraditório (debater os méritos e as fraquezas das 
soluções disponíveis). 
 
Já o papel do negociador não é o decidir o conflito, mas tão somente atuar como facilitador da 
comunicação e solução do conflito entre as partes. A imparcialidade e a independência são 
requisitos indispensáveis, pois são eles que garantem o tratamento igualitário das partes. Se o 
negociador assumir o papel de juiz da negociação, esta perde sua características de 
composição de interesses e assume a forma de heterocomposição (GABBAY, 2011, p 33). 
 
 
 
 
 
 
3.7 Procedimentos da negociação 
Quatro condições definem os procedimentos da negociação. São eles: 
 
a) identificar corretamente o motivo da disputa; 
b) identificar as necessidades das partes; 
c) buscar e apresentar soluções alternativos que sejam de soma maior que zero; 
d) avaliação das alternativas e escolha da mais adequada. 
 
Embora intuitivas, as condições que definem os procedimentos da negociação estão expostos 
de maneira clara e precisa nos seguintes trechos, extraídos do Manual de Mediação (CNJ, 
2013, p. 80-81): 
 
“A negociação bem conduzida transforma-se em momento com estrutura adequada para 
negociação integrativa e oportuna às partes. Desde a abertura até a organização dos debates, 
passando pelas fases de coleta de informações e identificação de questões, interesses e 
sentimentos, a negociação proporciona momentos de aprendizados para os envolvidos na 
controvérsia. Com a ajuda do negociador, as partes podem seguir minimamente uma 
sequência negocial que gere opções focadas nos interesses dos dois lados. 
A primeira e fundamental tarefa do negociador consiste em identificar corretamente o problema 
ou questão a ser resolvida. Esta seria uma atividade aparentemente simples, não fosse o fato 
de cada parte definir o problema a partir de seu próprio ponto de vista. As partes enquadram a 
questão ou problema a partir de sua perspectiva ou entendimento do que está acontecendo. 
Nesse momento, é frequente a atribuição de culpa ao outro lado e questões importantes 
tornam-se secundárias. 
Uma solução eficaz está no exercício de reenquadrar a(s) questão(ões) abrangendo as 
percepções de ambos os lados da forma mais neutra possível. Essa atividade nem sempre é 
fácil de ser realizada devido à resistência das partes em se colocar no lugar uma da outra e 
observar a questão da perspectiva contrária. A perspectiva privilegiada de observação do 
negociador sobre o que ocorre permite a ele reenquadrar as questões de forma produtiva, 
oferecendo significativo marco referencial a ser seguido durante todo o percurso da 
negociação.” 
 
 3.8 Referências bibliográficas e sugestões de leitura 
CNJ. Manual de Mediação Judicial, disponível 
em http://www.cnj.jus.br/images/programas/conciliacao/manual_mediacao_judicial_4ed.pdf. 
Data da consulta: 25/07/2013. 
 
GABBAY, Daniela Monteiro. Mediação & Judiciário. Condições necessárias para a 
institucionalização dos meios autocompositivos de solução de conflitos. São Paulo: Faculdade 
de Direito da Universidade de São Paulo, tese de doutorado, 2011. Disponível 
em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2137/tde-24042012-141447/pt-br.php. Consulta 
em 25/07/2013. 
 
URY, Willian; PATTON, Bruce; FISHER, Roger. Como chegar ao sim: a negociação de acordos 
sem concessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
Conciliação 
 
Sumário 
 
4.1 Objetivos 
4.2 Origem econceituação 
 
4.3 Paradigmas 
4.4 Princípios da conciliação 
4.5 Atitudes do conciliador 
4.6 Aplicabilidade da conciliação 
4.7 Procedimentos de conciliação 
4.8 Referências bibliográficas e sugestões de leitura 
 
4.1 Objetivos 
 Ao final da unidade, você estará apto a: 
 
 - conceituar a conciliação; 
 - diferenciar a conciliação de outros métodos alternativos de resolução de conflitos; 
 - identificar as técnicas de conciliação; 
 - conhecer os procedimentos de conciliação; 
 - conhecer as situações às quais a conciliação se aplica. 
 
4.2 Origem e conceituação 
A conciliação é um procedimento de solução rápida para os conflitos e, normalmente, 
configura-se como reunião entre as partes e o conciliador. Sua origem parece confundir-se com 
a existência da civilização ocidental (Lopez & Miranda, 2010). 
 
É mecanismo eficaz quando as partes relacionam-se apenas contingencialmente em razão de 
conflito fortuito e priorizam acordo rápido e eficaz para pôr fim à controvérsia ou processo 
judicial. Exemplo significativo de órgão de conciliação reside nos Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais, como se lê no Art. 2o, da Lei 9.099/1995: “O processo orientar-se-á pelos critérios 
da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, 
sempre que possível, a conciliação ou a transação” (sem grifos no original). 
 
Outro exemplo situa-se na atuação dos Procons no Brasil que, amparados na Lei 8.078/1990 
(Código de Defesa do Consumidor), utilizam amplamente a conciliação como método de 
solução de conflitos entre consumidores e produtores. 
 
Conciliação é o procedimento autocompositivo, judicial ou extrajudicial, pelo qual duas ou mais 
partes buscam solução, de forma rápida e efetiva, para um conflito que não decorre de 
relações sistemáticas e repetidas ao longo do tempo. 
 
Dentro do quadro geral de formas de tutela de interesses, a conciliação é considerada método 
autocompositivo de resolução de disputas (a mediação também é concebida de forma 
semelhante). 
 
A autocomposição pode ser direta (ou bipolar), como na negociação sem a presença de um 
negociador imparcial e independente, ou indireta (triangular) como na conciliação e na 
mediação. 
 
Na autocomposição indireta (ou autocomposição assistida), a mediação é definida como 
processo em que se aplicam integralmente todas as técnicas autocompositivas e, 
predominantemente, sem restrições de tempo no planejamento sistematizado pelo qual o 
mediador exerce sua tarefa. Já na conciliação, existe limitação de tempo para sua 
realização, fato que muitas vezes a classifica como processo autocompositivo ou fase de 
processo heterocompositivo no qual se aplicam técnicas autocompositivas. 
 
Na doutrina faz-se, às vezes, a distinção entre conciliação e mediação enfatizando que, na 
conciliação, o conciliador pode apresentar apreciação do mérito ou recomendação de uma 
solução valorizada como “justa”. Na mediação, tal apreciação ou recomendação não são 
cabíveis (CNJ, 2013, p. 86). 
 
 
4.3 Paradigmas 
No contexto judicial, a conciliação pode ser facultativa ou obrigatória. Na facultativa, as 
partes tomam a iniciativa de formular um acordo, que o juiz simplesmente homologa. Na 
 
obrigatória, o juiz fica vinculado à sua proposição, de acordo com os artigos 447 (“Quando o 
litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício, determinará o 
comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. 
Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, nos casos e para os fins em 
que a lei consente a transação.”), 448 (“Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as 
partes. Chegando a acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo.”) e 449 (“O termo de 
conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de sentença.”) do atual 
Código de Processo Civil. Os artigos 227 e 740 também destacam a obrigatoriedade de 
tentativa de conciliação nos Procedimento Sumário e Embargos do Devedor. 
 
Quanto ao momento da ocorrência, a conciliação será preventiva (Art. 331, do CPC) quando 
designada em audiência preliminar, implicando na renúncia à demanda (Art. 331, §1o - “Obtida 
a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença”) ou celebrada no decorrer 
do processo (audiência inicial no procedimento sumário - art. 277. “O juiz designará a 
audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a 
antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando 
o comparecimento das partes”, antes de iniciar a instrução no Procedimento ordinário – Art. 
488 – ou, opcionalmente, no recebimento de embargos – Art. 740). 
 
Em contexto não judicial, a conciliação é um processo autocompositivo, informal e estruturado 
(iniciativa e participação ativa das partes, observação do contraditório e cumprimento da 
solução acordada), em que um conciliador parcial e independente auxilia no estabelecimento 
de uma solução consensual. 
 
 
4.4 Princípios da conciliação 
Diversos órgãos públicos adotam a conciliação como método de resolução de conflitos. Em 
São Paulo, o Provimento do Conselho Superior da Magistratura do Estado de São Paulo, de n 
806/2003 e, a exemplo de iniciativas de outros Estados da Federação, regulamenta o 
funcionamento do Juizado Informal de Conciliação (JIC) no estado. Em outro exemplo 
significativo, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por exemplo, publicou “Roteiro teórico-
prático dos Juizados Informais de Conciliação” (MOREIRA, 2011), em que descreve, 
detalhadamente e de modo didático, a implementação e funcionamento desses órgãos no 
Estado de Santa Catarina. 
 
A Constituição Federal vigente estabelece, no art. 98, a criação e funcionamento de: 
 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a 
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações 
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, 
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas 
de juízes de primeiro grau; 
 
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e 
secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar 
casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de 
habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras 
previstas na legislação. (sem grifo no original) 
 
Esses órgãos são habilitados para atividades conciliatórias e apontam para dois contextos 
distintos em que a conciliação pode ocorrer: extraprocessual ou endoprocessual. 
A conciliação é extraprocessual quando não está inserida na atividade judicial. É 
endoprocessual quando ocorre no interior do processo judicial. Em ambos casos o objetivo é 
induzir as partes a encontrarem, por seus próprios meios e análises, uma solução duradoura 
para o conflito. 
 
Sem considerações pelos tipos classificatórios da conciliação, os elementos básicos de 
qualquer procedimento voltada para concretização da justiça devem estar presentes: 
autonomia de vontade das partes, exercício do contraditório e terceiro ator imparcial e 
independente. Além disso, outros princípios, como a oralidade, gratuidade, brevidade e 
 
economia processual, norteiam as Instituições que tem na conciliação seu método de 
concretização de objetivos (Moreira, 2011). 
 
 
4.5 Atitudes do conciliador 
Em São Paulo, o provimento nº 806/2003 do Conselho Superior da Magistratura regula a 
atuação do conciliador. Na Seção III, consta que “Os conciliadores, inclusive dos anexos, 
serão recrutados mediante portaria pelo Juiz Diretor, preferencialmente entreos bacharéis ou 
estudantes de direito, com reputação ilibada, após a verificação dos antecedentes e a 
expedição de edital para eventual impugnação, com o prazo de dez (10) dias, a ser afixado na 
sede do Juizado e, se for o caso, do Anexo. […] No caso de violência doméstica, o 
recrutamento dará preferência aos conciliadores de formação sociopsicológica”. 
 
A função do conciliador é buscar o entendimento e a composição entre as partes. Pode sugerir 
opções e opinar sobre as soluções alternativas até a eleição da julgada mais adequada ao 
caso. Psicologicamente, deve apresentar comportamento educado e disposição para ouvir e 
entender os questionamentos e interesses das partes. Profissionalmente, deve ser imparcial, 
independente, agir com equidade e não impor suas convicções pessoais às soluções 
disponíveis, buscando e destacando nelas objetividade e utilitarismo (adequação ao caso com 
maximização de resultados). 
 
 
4.6 Aplicabilidade da conciliação 
A conciliação refere-se a direitos disponíveis (art. 331, da Lei 8.952/1994, que altera 
dispositivos do Código de Processo Civil sobre o processo de conhecimento e o processo 
cautelar) e aos crimes de menor potencial ofensivo, que são aqueles com penas de até dois 
anos (Juizados Especiais Criminais – Lei 9.099/2995 – art. 3o). 
Como já destacado em várias passagens deste texto, a indicação da conciliação como método 
alternativo de resolução de conflitos está presente na Constituição Federal de 1988 e em 
diversos textos infraconstitucionais. Seu princípio primeiro é a autocomposição das partes em 
uma solução rápida, eficaz, de baixo custo, com reduzidos trâmites burocráticos e, 
principalmente, justa para as partes. 
Entre os objetivos da conciliação encontram-se o incentivo à formação de uma mentalidade 
voltada para solução pacífica dos conflitos, minimizar o tempo de procura da solução mais 
adequada e viabilizar a solução dos conflitos por meio de procedimentos informais e 
simplificados, com desafogo de processos no Poder Judiciário (Lopez & Miranda, 2010, p 18). 
 
4.7 Procedimentos da conciliação 
De acordo com a Lei 8.952/1994, no âmbito judicial a tentativa de conciliação deve ser 
proposta em estágio anterior à fase de instrução. 
 
Em termos de procedimentos, aplicáveis tanto às conciliações extraprocessual quanto 
endoprocessual, Lopez & Miranda (Lopez & Miranda, 2010, p 20) apresentam o seguinte 
roteiro, cujas descrições são autoexplicativas e dispensam maiores comentários: 
 
a) inicio da conciliação –apresentação; 
b) informações sobre o conflito (técnica de resumo); 
c) identificação de questões, interesses e sentimentos; 
d) esclarecimentos das controvérsias e dos interesses; 
e) resolução de questões; 
f) registro das soluções encontradas (elaboração do acordo). 
 
 
4.8 Referências bibliográficas e sugestões de leitura 
CNJ. Manual de Mediação Judicial. Disponível 
em http://www.cnj.jus.br/images/programas/conciliacao/manual_mediacao_judicial_4ed.pdf. 
Data da consulta: 25/07/2013. 
 
LOPEZ, Ilza de Fátima Wagner; MIRANDA, Fernando Silveira Melo Plentz. A Conciliação nos 
Juizados Especiais Cíveis. in Revista Eletrônica Direito, Justiça e Cidadania, v 1, n 1, 2010. 
 
Disponível em http://www.facsaoroque.br/novo/publicacoes/pdfs/ilza.pdf. Consulta em 
27/07/2013. 
 
MOREIRA, Elisabet Valero. Roteiro teórico-prático dos Juizados Informais de Conciliação. 
TJSC, 2011. Disponível 
emhttp://www.tjsc.jus.br/institucional/casadacidadania/Roteiro%20te%C3%B3rico-
pr%C3%A1tico%20dos%20Juizados%20Informais%20de%20Concilia%C3%A7%C3%A3o.pdf. 
Consulta em 27/07/2013. 
 
Conselho Superior de Magistratura do Estado de São Paulo. Provimento 806/2003. Disponível 
emhttp://www.biblioteca.tj.sp.gov.br/acervo/normas.nsf/0/1DAB9C96A6EFBF1A03256D7F0051
B07E?OpenDocument. Consulta em 27/07/2013.

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