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Literatura Brasileira III Gab AD1

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AD1 – LITERATURA BRASILEIRA III
I - Atenção: responda as questões de maneira dissertativa. Atente para o que está sendo pedido no enunciado das questões. Não copie trechos do seu material de estudo nem da Internet. Desenvolva as questões com suas próprias palavras.
NÃO SERÃO ACEITAS AVALIAÇÕES ENTREGUES POR E-MAIL OU ENTREGUES NOS POLOS. A AD1 será recebida exclusivamente pela plataforma até o dia 18 de agosto (o prazo não será estendido). Não deixe para entregar sua AD1 em cima do prazo, para não ter problemas com a sua Internet ou com a lentidão do Sistema por causa dos muitos acessos de última hora.
Questão 1 – (2,5 pontos)
A partir da segunda metade do século XVIII, houve uma corrente que literária que reagiu aos excessos da estética barroca. Tal corrente é conhecida como Arcadismo. Para o teórico Roberto de Oliveira Brandão: 
A liberdade de criação era concebida como fazendo parte das convenções estabelecidas, espécie de herança coletiva das soluções propostas pelos grandes artistas do passado e erigidas em princípios sempre válidos pelos críticos. Na verdade, acreditava-se que, atingindo certo grau de perfeição, seria desnecessário, quando não impossível, ir além, ou simplesmente buscar novos procedimentos criativos.
BRANDÃO, Roberto de Oliveira. Poética e poesia no Brasil (Colônia). São Paulo: Editora da Unesp, Imprensa Oficial do Estado, 2001, p. 22-23)
Pensando nas “convenções estabelecidas”, podemos refletir que houve um diálogo entre a estética europeia e a realidade brasileira. Sendo assim, a partir da leitura do poema de Tomás Antonio Gonzaga, identifique algumas características definidoras do modelo árcade brasileiro.
�
Lira I 
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, 
Que viva de guardar alheio gado; 
De tosco trato, d’expressões grosseiro, 
Dos frios gelos e dos sóis queimado. 
Tenho próprio casal, e nele assisto; 
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; 
Das brancas ovelhinhas tiro o leite 
E mais as finas lãs, de que me visto. 
Graças, Marília bela, 
Graças à minha Estrela! 
Eu vi o meu semblante numa fonte, 
Dos anos inda não está cortado; 
Os Pastores, que habitam este monte, 
Respeitam o poder de meu cajado:
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste;
Ao som dela concerto a voz celeste; 
Nem canto letra que não seja minha, 
Graças, Marília bela, 
Graças à minha Estrela! 
Mas tendo tantos dotes da ventura, 
Só apreço lhes dou, gentil Pastora, 
Depois que o teu afeto me segura,
Que queres do que tenho ser senhora. 
É bom, minha Marília, é bom ser dono 
De um rebanho, que cubra monte e prado; 
Porém, gentil Pastora, o teu agrado 
Vale mais que um rebanho e mais que um trono. 
Graças, Marília bela, 
Graças à minha Estrela! 
 
Os teus olhos espalham luz divina, 
A quem a luz do Sol em vão se atreve:
Papoula ou rosa delicada e fina 
Te cobre as faces, que são cor de neve. 
Os teus cabelos são uns fios d’ouro; 
Teu lindo corpo bálsamos vapora. 
Ah! não, não fez o céu, gentil Pastora, 
Para glória de Amor igual tesouro! 
Graças, Marília bela, 
Graças à minha Estrela! 
Leve-me a sementeira muito embora 
O rio, sobre os campos levantado: 
Acabe, acabe a peste matadora, 
Sem deixar uma rês, o nédio gado. 
Já destes bens, Marília, não preciso: 
Nem me cega a paixão, que o mundo arrasta; 
Para viver feliz, Marília, basta 
Que os olhos movas, e me dês um riso. 
Graças, Marília bela, 
Graças à minha Estrela! 
Irás a divertir-te na floresta, 
Sustentada, Marília, no meu braço; 
Aqui descansarei a quente sesta, 
Dormindo um leve sono em teu regaço; 
Enquanto a luta jogam os Pastores, 
E emparelhados correm nas campinas, 
Toucarei teus cabelos de boninas, 
Nos troncos gravarei os teus louvores
Graças, Marília bela, 
Graças à minha Estrela! 
Depois que nos ferir a mão da Morte, 
Ou seja neste monte, ou noutra serra, 
Nossos corpos terão, terão a sorte 
De consumir os dois a mesma terra. 
Na campa, rodeada de ciprestes, 
Lerão estas palavras os pastores: 
“Quem quiser ser feliz nos seus amores, 
Siga os exemplos que nos deram estes.” 
Graças, Marília bela, 
Graças à minha Estrela! �
(Fonte: GONZAGA, Tomás Antonio. Marília de Dirceu. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. p. 13-14)
GLOSSÁRIO:
Alceste: um dos pseudônimos de Cláudio Manuel da Costa, poeta importante do período árcade;
Bonina: nome de uma flor;
Campa: túmulo;
Casal: conjunto de casas de uma fazenda responsável pela fabricação de algum produto;
Nédio: que reluz, que brilha, que é lustroso;
Sanfoninha: era um antigo instrumento de cordas friccionadas tradicionalmente usado por cegos e pastores de ovelha;
Segura:o mesmo que assegura;
Toucarei: enfeitarei, arrumarei;
Resposta: O teórico do trecho citado explica a necessidade de convenções estabelecidas na estética clássica, ideias caras ao modelo árcade. A natureza, a criação e o artista devem ser regidos por aspectos lógicos e racionais, o que difere dos excessos da estética barroca. Desse modo, regras, estruturas, nomes e imagens eram “copiados” e respeitados para demonstrar a genialidade do artista. No que tange ao poema de Tomás Antonio Gonzaga, podemos citar a presença do modelo clássico na representação do espaço, com o uso de vocábulos como floresta, campina, ciprestes e outros. Tal representação é completamente idealizada. Percebemos que o pastor toca a sanfoninha de Dirceu (instrumento que remete à antiguidade) e está em harmonia com a natureza bela e simples. A pastora, Marília, é vista como um ser superior, cujo agrado “Vale mais que um rebanho e mais que um trono”, o que nos remete ao modelo da poesia clássica no que se refere à exaltação e idealização do perfil feminino. 
Assim, nota-se que houve a importação dos ideais clássicos para as terras brasileiras, o que confere à poesia árcade a expressão de poéticas tradicionais, trazendo assim certa identificação com os padrões estéticos da cultura europeia e os anseios por uma poesia com sentimentos nativistas, que a identificam com aspectos locais.
Questão 2 (2,5 pontos)
A prosa romântica, em especial o romance, foi essencial para trazer “cor local” a nossa literatura. Para Antonio Candido, “esta tendência naturalizou a literatura portuguesa no Brasil, dando-lhe um lastro ponderável de coisas brasileiras. E como além de recurso estético foi um projeto nacionalista, fez do romance verdadeira forma de pesquisa e descoberta do país” (CANDIDO, 1997, p. 99). 
Nesse sentido, o romance O guarani, de José de Alencar, é um importante marco para se refletir a formação do Brasil. A partir do fragmento abaixo, discuta como a figura do índio alencariano foi uma maneira de definir o contexto local na literatura romântica, frente ao que estava sendo produzido na Europa. 
Capítulo VIII: TRÊS LINHAS
(…) Peri, o índio que já conhecemos, tinha chegado com o seu fardo, tão precioso que não o trocaria por um tesouro.
No valado que se estendia à beira do rio, deixou o seu prisioneiro, depois de o ter metido numa espécie de tronco que arranjou, curvando um galho de árvore. Subiu então à esplanada, e foi nesta ocasião que a moça o viu entrar na sua cabana; o que porém não pôde distinguir, foi a maneira por que saíra quase logo.
Havia dois dias que não via sua senhora, que não recebia dela uma ordem, que não adivinhava um desejo seu para satisfazê-lo imediatamente.
O primeiro pensamento do índio foi, pois, ver Cecília, ou ao menos a sua sombra; entrando na cabana percebeu, como os outros, a réstia de luz que coava entre as cortinas da janela.
Suspendeu-se a uma das palmeiras que servia de esteio à choça, e por um desses movimentos ágeis que lhe eram tão naturais, de um salto segurou-se ao galho de um óleo gigante que, elevando-se sobre a encosta fronteira, deitava alguns ramos do lado da casa.
Durante um momento o índio pairou sobre oabismo, balançando-se no galho fraco que o sustinha; depois equilibrou-se e continuou essa viagem aérea com a mesma segurança e a mesma firmeza com que um velho marinheiro caminha sobre as gáveas e sobre as enxárcias.
(...)
A princípio, Peri só teve olhos para ver o que se passava dentro do aposento: Cecília examinava ainda por uma última vez as encomendas que lhe haviam chegado do Rio de Janeiro.
Nessa muda contemplação, o índio esqueceu tudo. Que lhe importava o precipício que se abria a seus pés para tragá-lo ao menor movimento, e sobre o qual planava num ramo fraco que vergava e se podia partir a todo o instante!
Era feliz: tinha visto sua senhora; ela estava alegre, contente e satisfeita; podia ir dormir e repousar.
Uma lembrança triste, porém, o assaltou; vendo os lindos objetos que a moça recebera, pensou que podia dar-lhe a sua vida, mas que não tinha primores como aqueles para ofertar-lhe.
O pobre selvagem ergueu os olhos ao céu num assomo de desespero, como para ver se, colocado duzentos palmos acima da terra, sobre as grimpas da árvore, poderia estender a mão e colher estrelas que deitasse aos pés de Cecília.
(Fonte: Alencar, José. O Guarani. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000135.pdf)
Resposta: O índio, no Romantismo, apresenta-se idealizado, aproximando-se mesmo da figura do cavaleiro medieval, herói do romantismo europeu, como se percebe em “Havia dois dias que não via sua senhora, que não recebia dela uma ordem, que não adivinhava um desejo seu para satisfazê-lo imediatamente”. Podemos perceber no trecho a adoração que o índio possui em relação à amada, pelo tratamento dado “senhora” e pela disposição em seguir suas ordens e realizar seus desejos, traços que se aproximam da vassalagem, que é própria das figuras dos cavaleiros medievais, assim como atribui ao selvagem traços de um amor idealizado, que se apresenta como total servilismo à pessoa amada. A importância da idealização do indígena em O guarani se dá na representação de um herói tipicamente nacional, um símbolo de nossa nação, levando-se em conta a figura do índio como peça fundamental da formação do povo brasileiro.
Questão 3 – (2,5 pontos)
Em A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, vemos muitas práticas sociais do século XIX sendo descritas pelo autor, em especial as que tratam do dia a dia da Corte, ou seja, da cidade do Rio de Janeiro. Destaque quais práticas sociais são destacadas pelo autor no trecho abaixo, aponte as críticas que o personagem faz à estética romântica e diga, em que medida, a representação dessas cenas cotidianas foram importantes para a consolidação do romance brasileiro da época.
CAPÍTULO II - Fabrício em apuros
(...) eu quis experimentar o amor platônico, e dirigindo-me certa noite ao teatro S. Pedro de Alcântara, disse entre mim: esta noite hei de entabular um namoro romântico.
“Entabulei-o, Sr. Augusto de uma figa!... entabulei-o, e quer saber como?... Saí fora do meu elemento e espichei-me completamente. Estou em apuros.
“Eis o caso:
“Nessa noite fui para o superior; eu ia entabular um namoro romântico, e não podia ser de outro modo. Para ser tudo à romântica, consegui entrar antes de todos; fui o primeiro a sentar-me; ainda o lustre monstro não estava aceso; vi-o descer e subir depois, brilhante de luzes; vi se irem enchendo os camarotes; finalmente eu, que tinha estado no vácuo, achei-me no mundo: o teatro estava cheio. Consultei com meus botões como devia principiar e concluí que para portar-me romanticamente deveria namorar alguma moça que estivesse na quarta ordem. Levantei os olhos, vi uma que olhava para o meu lado, e então pensei comigo mesmo: seja aquela!... Não sei se é bonita ou feia, mas que importa? Um romântico não cura dessas futilidades. Tirei, pois, da casaca o meu lenço branco, para fingir que enxugava o suor, abanar-me e enfim fazer todas essas macaquices que eu ainda ignorava que estavam condenadas pelo Romantismo. Porém, ó infortúnio!... quando de novo olhei para o camarote, a moça se tinha voltado completamente para a tribuna; tossi, tomei tabaco, assoei-me, espirrei e a pequena... nem caso; parecia que o negócio com ela não era. Começou a ouverture [abertura de um espetáculo] ... nada; levantou-se o pano, ela voltou os olhos para a cena, sem olhar para o meu lado. Representou-se o primeiro ato... Tempo perdido. Veio o pano [cortina do teatro] finalmente abaixo.
“- Agora sim, começará o nosso telégrafo a trabalhar, disse eu comigo mesmo, erguendo-me para tornar-me mais saliente.
“Porém, nova desgraça! Mal me tinha levantado, quando a moça ergueu-se por sua vez e retirou-se para dentro do camarote, sem dizer por quê, nem por que não.
“- Isto só pelo diabo!... exclamei eu involuntariamente, batendo com o pé com toda a força.
“- O senhor está doido?! disse-me... gemendo e fazendo uma careta horrível, o meu companheiro da esquerda.
“- Não tenho que lhe dar satisfações, respondi-lhe amuado.
“- Tem, sim senhor, retorquiu-me o sujeito, empinando-se.
“- Pois que lhe fiz eu, então? acudi, alterando-me.
“- Acaba de pisar-me, com a maior força, no melhor calo do meu pé direito.
“- Ó senhor... queira perdoar!...
“ E dando mil desculpas ao homem, saí para fora do teatro, pensando no meu amor.
“Confesso que deveria ter notado que a minha paixão começava debaixo de maus auspícios, mas a minha má fortuna ou, melhor, os teus maus conselhos me empurravam para diante com força de gigante. (...)
“Finalmente, Sr. Augusto dos meus pecados, o negócio adiantou-se, e hoje, tarde me arrependo e não sei como me livre de semelhante entaladela, pois o Tobias não me sai da porta. Já não tenho tempo e exercer o meu classismo; há três meses que não como empadas e, apesar de minhas economias, ando sempre com as algibeiras a tocar matinas. Para maior martírio a minha querida é a Sra. D. Joana, prima de Filipe.
“Para compreenderes bem o quanto sofro, aqui te escrevo alguma das principais exigências da minha amada romântica.
“1.º Devo passar por defronte de sua casa duas vezes de manhã e duas de tarde. Aqui vês bem, principia a minha vergonha, pois não há pela vizinhança gordurento caixeirinho que se não ria nas
minhas barbas quatro vezes por dia.
“2.º Devo escrever-lhe, pelo menos, quatro cartas por semana, em papel bordado, de custo de 400 réis a folha. Ora, isto é detestável, porque eu não sei onde vá buscar mais cruzados para comprar papel, nem mais asneiras para lhe escrever.
“3.º Devo tratá-la por “minha linda prima” e ela a mim por “querido primo”. Daqui concluo que a Sra. D. Joana leu o Faublas. Boa recomendação!...
“4.º Devo ir ao teatro sempre que ela for, o que sucede quatro vezes no mês, o mesmo a respeito de bailes. Esta despesa arrasa-me a mesada terrivelmente.
“5.º Ao teatro e bailes devo levar no pescoço um lenço ou manta da cor da fita que ela porá em seu vestido ou no cabelo, o que, com antecedência, me é participado. Isto é um despotismo detestável!...
“Finalmente, ela quer governar os meus cabelos, as minhas barbas, e cor dos meus lenços, a minha casaca, a minha bengala, os botins que calço, e, por último, ordenou-me que não fumasse charutos de Havana nem de Manilha, porque era isto falta de patriotismo.
“Para bem rematar o quadro das desgraças que me sobrevieram com a tal paixão romântica que me aconselhaste, D. Joana, dir-te-ei, mostra amar-me com extremo, e no meio de seus caprichos de menina dá-me provas do mais constante e desvelado amor; mas que importa isso, se eu não posso pagar-lhe com gratidão?... Vocês, com seu romantismo a que me não posso acomodar, a chamariam
“pálida”. Eu, que sou clássico em corpo e alma e que, portanto, dou às coisas o seu verdadeiro nome, a chamarei sempre “amarela”.
“Malditos românticos, que têm crismado tudo e trocado em seu crismar os nomes que melhor exprimem as ideias”!... O que outrora se chamava em bom português, moça feia, os reformadores dizem: menina simpática!... O que numa moça era, antigamente, desenxabimento, hoje é ao contrário:sublime languidez!... Já não há mais meninas importunas e vaidosas... As que o foram chamam-se agora espirituosas!... A escola dos românticos reformou tudo isso, em consideração ao belo sexo.
“E eu, apesar dos tratos que dou à minha imaginação, não posso deixar de convencer-me que a minha “linda prima” é, aqui para nós, amarela e feia como uma convalescente de febres perniciosas.
Resposta: Joaquim Manuel de Macedo retrata em seus romances, em especial em “A moreninha”, a vida social no Rio de Janeiro em meados do século XIX, os costumes locais, a vida literária, quando destaca a ascensão da mentalidade romântica no texto, ao retratar as exigências amorosas feitas pela namorada de Fabrício, revelando os excessos românticos existentes não apenas na literatura mas na vida cultural da Corte. O romancista também consegue fazer o registro da sociabilidade da época como um cronista que percorre os mais diferentes ambientes captando os personagens e comportamentos desta sociedade: hábitos nacionais que se mesclam a costumes importados da Europa. No trecho, vemos que o autor, ao descrever os “apuros” de Fabrício, retrata os excessos presentes no Romantismo: a idealização da mulher (mesmo as mais feias devem ser vistas como belas), a exaltação dos sentimentos no lugar do racionalismo das ideias, valorização dos caprichos femininos e da vassalagem por amor (escrever milhares de cartas, passar várias vezes na porta da casa da moça, etc).
Questão 4 (2,5 pontos)
A obra de Álvares Azevedo se identifica com a segunda geração romântica, também retratada por seu “Romantismo Negro”. Destaque os principais traços dessa estética romântica, tomando como base o poema abaixo, e a diferencie da primeira geração do Romantismo. 
SE EU MORRESSE AMANHÃ
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva 
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o doloroso afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
(Fonte: AZEVEDO, Álvares. Lira dos vinte anos. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br) 
Resposta: Álvares de Azevedo, influenciado pela literatura alemã e inglesa, introduz o Romantismo Negro no Brasil, a partir de sua obra lírica e de obras como “Noite na Taverna” e “Macário”, em que não se verifica nenhuma aproximação com a paisagem exótica do Brasil, nem com a realidade brasileira. Os personagens dessas obras encenam um clima de morbidez e de paixões amorosas subversivas, que se afastam do ideário romântico de pureza de caráter e idealização amorosa. Em Lira dos vinte anos, o escritor trabalha com o Ultrarromantismo e com um dos grandes temas dessas geração romântica: a tematização da morte. Desde o título do poema, o eu lírico demonstra um desapego do viver, tendo a morte como solução extrema para acabar com a dor da vida: “A dor no peito emudecera ao menos/ Se eu morresse amanhã”.