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RUPTURA NA ESTRUTURA SOCIAL À CONSTITUIÇÃO ARQUEOLÓGICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA Victor de Souza França 1 Resumo: O presente trabalho tem como objetivo socializar a investigação arqueológica dos discursos científicos sobre a reorganização das estruturas sociais no início do século XVI brasileiro. A princípio a corrente de pensamento começa a se questionar como a educação foi se instalando como ferramenta institucional no país. A relação de força, estabelecida entre a história tradicional eurocêntrica e, as influências da miscigenação dos povos trazidos no processo de expansão por meio da escravidão e as influências diretas para os nativos presentes nas terras. No segundo momento, há evidencia das principais influências culturais que determinam a concepção de cultura de movimento na disciplina de Educação Física Escolar (EFE). Assim como os parâmetros que influenciam diretamente nos conteúdos e práticas da disciplina atual de EFE. As revoluções europeias no quesito científico em meados do século XX, que determinaram, consequentemente, uma ligação direta para a concepção da escola nova , novos rumores para a educação brasileira. Evidencia-se por fim um discurso enunciativo da EFE no século XX destinado aos mesmos princípios das práticas física no início do século XVI. Palavras-Chave: Culturalização. História. Educação Física. Introdução Com este ensaio será possível observar novos horizontes de como houve um processo de civilização no território brasileiro a partir do marcos oficiais. Ou seja, os marcos que se consagram tradicionais para a histórica com as datas, os grandes nomes e também os grandes feitos. Busca-se em realidade observar que esses marcos na verdade possuem um olhar único, o eurocêntrico. É a parir daí que então que se confronta a ideia de expansão marítima europeia em busca do “novo”. Uma concepção fielmente tradicional, tanto na historia tradicional, tanto como para a concepção de história brasileira. Ao passo que alguns dados vão sendo destacados sobre o processo de inserção cívica no território que será o futuro Brasil, observa primeiramente uma das mais significantes marcas que se onsagra o marco da história brasileira: a miscigenação. A relação da mistura de povos europeus, africanos e nativos fazem desse país significativo. Não atento a isso, mas sim para o processo do civilizar europeu dentro do território novo, o Brasil, busca-se arqueologicamente evidenciar as descontinuidades presentes nessa história. Albuquerque (2007) faz uma inferência no que se diz respeito à busca relativa de um conhecer novas coisas a partir do nosso real, pois conhecer o mundo por completo é impossível. Ou seja: “O ato de 1 Mestrando em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande Dourados conhecer não é fruto de uma recepção passiva de um mundo transparente, feito pelo sujeito do conhecimento, mas conhecer é uma atividade” (ALBUQUERQUE. 2007, p. 60) Por isso destaca-se que o método aqui abordado como o arqueológico, parte do princípio do estabelecimento de um saber não nítido, ou padronizado. Cabe ressaltar que há um deslocamento conceitual ao utilizar a metodologia de Foucault aqui, nessa perspectiva e especificamente com o objeto de transição cultural ao longo do tempo, rupturas culturais e as influências das revoluções cientificas não somente para a educação, mas também para a educação física. Transição cultural: rupturas das estruturas para o “novo” O modo pela qual se constitui o Brasil muitos outros historiados e pesquisadores que tangenciam a temática relativa a uma historiografia brasileira se consagraram nessa perspectiva como, por exemplo, Francisco Campos (1891 – 1968), Lourenço Filho( 1897 – 1970), Anísio Teixeira (1900 – 1971), Fernando de Azevedo (1874 – 1974), Cynthia Veiga etc. Autores que se consagraram como uma espécie de fundamentadores de novas concepções educacionais para o Brasil em relação a questões políticas externas e internas que influenciam os acontecimentos não só dentro do campo da política, mas cultural, sociológico, pedagógico, psicológico entre outros. A noção de ruptura advém da concepção de uma nova perspectiva epistemológica. Cabe dizer então, que a ruptura é de alguma forma o “câmbio” de alguns movimentos comuns inerentes de uma sociedade, que formam a estrutura de uma sociedade como corpo, para diferentes concepções em relação as seus próprios modos de agir, essa interferência de significados induz a nascer e se proliferar novas práticas sociais que se incorporam na sociedade como estrutura e por si se tornam outra, ou seja: o próprio ato de incorporar novos modos de aprender, crer e substancialmente produzir dá a característica de uma ruptura em relação à estrutura social. A análise de cunho arqueológica na qual propõe o filósofo francês Michael Foucault (1926 - 1984) é a base para se estabelecer aqui o método da arqueologia do saber. Uma releitura a partir de discursos que se destacam, por meio delas, as propostas de leituras e mudanças de mundo. Relações estabelecidas no Brasil após a chegada das influências portuguesas, africanas em relação às culturas do mundo das Américas aqui presentes. (principais tribos, troncos linguísticos.) A preexistência de algo anterior às influências diretas da expansão europeia na terra denominada Brasil. O processo da gênese brasileira e, consequentemente, o desbravamento europeu recebeu influências no processo civilizatório, fator que determinou a atual sociedade brasileira. O ato de uma transição de cultura determinou influências também para a educação, a princípio, pelos jesuítas a partir de 1549 na qual expressa Ribeiro (1987). O processo de catequização dos índios nativos brasileiros derivou novas rupturas para a estruturação da sociedade agora brasileira, sendo a educação um conjunto de práticas anteriores à expansão europeia que agem principalmente no período das entradas das américas e, principalmente, depois quando se começa a “história da nação brasileira” segundo a visão europeia. Os fatores anteriores do processo de expansão cultural e econômica de todas as denominações europeias estão intimamente ligados ao eurocentrismo, ou seja: uma história do ponto de vista europeu, um ponto de vista que influenciam diretamente os nativos em suas práticas não somente aplicados para sua sobrevivência, mas influenciam também em seus crédulos e até mesmo em seus modos de produção, assim como também nas maneiras de convivência determinante cívica e europeia. Após estas rupturas das maneiras naturais de se portar em sociedade o processo de escravização dos nativos e futuramente dos negros atribuído também pelos europeus deram um significado estrutural social para o Brasil no início da colônia europeia (1489 – 1821) até fim do Brasil império (1822 – 1889). Segundo Pereira (1988) os negros substituíam os índios na escravidão no fim do século XVI, no ano de 1600 a 1694. Houve nesse período uma influência cultural que junto aos portugueses, espanhóis e os nativos indígenas formaram uma miscigenação social, condição presente naquele contexto que está se disseminando até os dias atuais da sociedade e na história brasileira, um fator representante do processo de “culturalização” no brasil. Cabe ressaltar que esse período colonial forma o primeiro período da fase jesuítica e os novos rumores para o processo de institucionalização da escolarização. A organização escolar no Brail–Colônia está estritamente vinculada à política colonizadora dos portugueses, uma história estrita europeia como dita. O processo de povoamento no Brasil se deu pelo decreto de1532 em Portugal sobre a divisão das terras “encontradas” nas Américas pelas subdivisões das quatorze capitanias hereditárias, fundando assim a Vila de São Vicente por Martim Afonso. Atingem a partir daí, mudanças básicas nas estruturas de uma sociedade, agora atual, e instituem-se novas crenças, estabelecem novas relações de trocas e comercio, além de uma noção da concepção de inserção cultural dentro de um território supostamente novo, não povoado e não explorado. As relações de forças atribuídas nesse período são nítidas e tem suas influências já reproduzidas pela sociedade. Uma fase em que a educação, especificamente, apresentava uma doutrina cristã, a escola de ler e escrever. Que segundo Ribeiro (1987) esta escola estabelecida apresentava uma metodologia escolástica, enciclopédica e humanística. Não relacionavam a realidade presente na colônia e alimentavam a ideia de que a civilização ideal se encontrava fora do Brasil. Esta nova concepção europeia de civilização presente no Brasil deriva de alguns fatores provenientes dos conflitos ocorridos na Europa. A chegada dessas “novas” concepções de cultura por volta de 1532 em diante não se apoiava nas prerrogativas de uma busca por especiarias, a expansão por sua vez busca riquezas e também povoar as terras encontradas. As únicas fontes existentes que registram de forma arqueológico a visão dos nativos sobre suas relações culturais nas quais eles viviam anteriormente a expansão dos pioneiros da navegação foram registratadas, paradoxalemnte, pelos próprios europeus que se baseia, principalmente, em relatos e descrições dos viajantes europeus que aqui estiveram. Os livros do alemão Hans Staden e do francês Jean de Lery, que conviveram com os índios por volta de 1550. Cultura de Movimento: a concepção transitória e permanente no país Ao longo das décadas o Brasil recebe influências Germânicas na cultura física de movimento que em termos gerais Pereira (1988) aponta serem práticas voltadas à ginástica, do remo, do tiro ao alvo, do handebol e do futebol. Houve também influências Britânicas que introduziram o futebol, tênis, golfe e também pela formação de clubes sociais com práticas desportivas. A França agregou nessa mesma perspectiva elementos que influenciaram as escolas. Assim como também os norte-americanos influenciaram na pluralização das práticas de voleibol, do basquete, da ginástica, do halterofilismo entre outros. Todas essas práticas provenientes de outras culturas se instalam no Brasil denominando-se o processo de “culturalização”, ou seja: as entradas das concepções de práticas ligadas às atividades ao movimento do corpo que ganham mais expressividade no fim do século XX. Em determinado momento a educação física passou a se tornar escolar e, a partir daí, não somente se dissolve como uma disciplina estruturada por metodologias, concepções teóricas, conteúdos e normativas, mas também se estabelece como um novo momento que agrega práticas corporais dentro das instituições escolares. Práticas que estão repletas de discursos e acontecimentos sociais que influenciam o modo de como a educação deve agregar a educação física no campo da escola. No entanto, é por meio de algumas abordagens teóricas de educação física que a concepção pedagógica para a disciplina foi se constituindo ao longo do tempo e de forma gradativa, chegando, definitivamente, a ser preocupada pelos pensadores a partir de 1980. O que significa assegurar que a educação física passou por momentos que acompanharam os períodos de colonização, império, república e ditatorial, sendo o último a massificação de uma educação física exclusivamente técnica e mecânica, tendência das correntes estruturais neoliberais. Apenas a partir de 1989 que as relações estabelecidas com o corpo em detrimento às práticas físicas pedagógicas passam a ser evidenciadas na escola. Por volta da última redemocratização do país entorno de 1988 em diante, que se vê a necessidade de uma pulverização da disciplina como elemento cultural, de caráter menos técnico e sistêmico. Segundo Melo (2007) existem resquícios de um início para as práticas físicas vinculadas à dança dentro de um colégio de cunho jesuítico, a partir do ano de 1827. Por sua vez é evidente destacar que mesmo no período imperial esse tipo de educação do corpo não era bem visto pelo âmbito geral populacional por que apresentavam “características depreciativas de escravos negros” (MELO, 2007, p. 56), ou seja: esses movimentos faziam parte mais do cotidiano dos escravos, prioritariamente dos negros presentes naquele contexto do que os próprios europeus estabelecidos no meio. As concepções de movimentos por meio das atividades físicas denotam, de certa forma, uma concepção subjulgada no campo social. Isso significa esclarecer que até hoje existem práticas de discursos que alavancam enunciados de que a educação física está relacionada substancialmente e, preferivelmente, apenas com relação ao corpo com objetivos práticos em busca de fins “saudáveis” e, não para o aprendizado intelectual. França (2015) aponta prerrogativas de forma consciente ao elaborar um mapa do conhecimento sobre teses e dissertações dos anos dois mil até o presente momento sobre os principais enunciados evidentes sobre um campo de pesquisa. O resultado superficial é de que “em termos gerais [...] de 402 teses e dissertações encontradas, apenas 5 se destacam como pesquisas voltadas para a disciplina de educação física escolar propriamente dita.” E enunciam tais preocupações de pesquisas atuais como a “educação transformadora da sociedade, reprodução de saberes, relação dos saberes da educação física, dispensas nas aulas de educação física, formação do educando.” (FRANÇA. 2015, p. 773). Piaget e Vygostk, entre outros pensadores fundamentais para a área da psicomotricidade e concepção de cultura social, respectivamente, dão também bases epistemológicas para a Educação Física Escola (EFE). Apontam relevâncias no ato de se movimentar não somente para o viés da saúde ou da beleza como explora a Aptidão Física (AP), uma das abordagens teóricas mais difundidas no campo da educação física, desde quando ela passou a ser utilizada como elemento social, anterior ao surgimento da institucionalização da escola no Brasil. Podemos elencar por meio de Veiga (2007) que em alguns dos seus trechos sobre o processo civilizador que o Brasil passou durante todas as mudanças provenientes da história, a educação física apresenta os seguintes enunciados: “visão higienista para a saúde e distinção de tempo e espaço” (FILHO, L. apud VEIGA, C. 2007. p. 212), “visão de cultura física, ginástica, jogos, esportes e dança” (KERSCHENSTEIN, apud VEIGA, C. 2007. p. 218), “visão de organização geral” (FERRIÈ, apud VEIGA, C. 2007. p. 219). Assim como a história reserva suas tradições e histórias não novas, mas sim a perpetuação de uma história retilínea como Prins apud Burke (1992) aponta sobre a perspectiva de Leopold von Ranke (1795 – 1886) em BURKE (1992). Ou seja: a história tradicional, em outras palavras, representa os estudos das sociedades modernas nos documentos, que visam os grandes acontecimentos de um olhar visto de “cima” pelos principais atores sociais ou os grandes nomes da história da “evolução” humana, determinado por um tempo seriado. Cabe dizer que a educação física passou a ser assim também, um conteúdo de cultura que transita junto com o processo de “culturalização” nacional. Instaura, a princípio, padrões enunciativos novamente por Veiga (2007) de que “a alteração do espaço escolar” deverá existir “devido às novas demandas educacionais [...] assim como a criação de espaços para a prática esportiva” (VEIGA. C.2007. p. 229). A nova demanda agora não mais colonial, muito menos imperial, estabelecida em meados da revolução científica proveniente do fim do século XVIII, evidencia um novo momento ocidental para a concepção de uma reformulação no quadro educacional para a Europa, sendo o Brasil um país que recebe influências fortes neste processo. O início da industrialização, as mudanças de comportamentos sociais devido à racionalização da grande massa, determinava o controle da produção fabril. Os principais impactos no âmbito educacional foram às ascensões dos movimentos pedagógicos de caráter científico. Cujo principal objetivo, a princípio, foi o de desenvolver as relações de trabalho. Os movimentos ligados a esse caráter científico estão diretamente estabelecidos com a nova república determinada em 1889 no Brasil. A Escola Nova, Escola Ativa, Escola Progressista e Escola do Trabalho formam um dos movimentos instaurados, sendo a Écolle dos Annalles, fundada em 1899, o principal escola que estabeleceu princípios seguidos no Brasil pelos intelectuais dessa época, como dito: Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Francisco Campos e Fernando de Azevedo. A educação passa a partir desse período a ganhar força na tendência da pedagogia crítica. Os pilares para a educação pública e gratuita detinha ancora na autodisciplina, liberdade e autonomia dos alunos. Novamente parafraseando Veiga (2007), sobre as reformas pedagógicas e a concepção de uma educação científica, essas duas vertentes (reformas e educação científica) se baseiam também nos princípios da elevação dos estudos em psicologia (testes vocacionais), e no caso da educação física à concepção biológica, técnica e padronizada provenientes dos preceitos higienistas difundidos pelo exército alemão e frances no Brasil. O que difere substancialmente da concepção humana, proposta pelos jesuítas, pois o caráter principal da educação física a partir desse processo de revolução ocidental é justamente os preceitos de uma disciplina que os ensine a ter higiene e principalmente a se “portar” diante a sociedade. Fatores que foram se estendendo até o atual neoliberalismo de um “cosumo” do esporte como se fosse um cosmético: várias formas e vários prazeres para o corpo. São dimensões que a educação física se destaca na atualidade, além de um baixo caráter pedagógico, preocupa-se demais com a concepção estética do corpo, do bem-estar e da saúde. Atento às relações políticas para a manutenção da disciplina na escola é importante ressaltar algumas reformas nacionais que efetivaram não somente a abertura para a educação física escolar, mas ao mesmo tempo agregou valor para com essa disciplina que passa conformações dissipadas não somente na escola, mas para toda estrutura social. Segundo Machado (2010) Rui Barbosa “elaborou dois importantes diagnósticos sobre educação que se intitulam na Reforma do Ensino Secundário e Superior” e dentro dessas reformas a educação física aparece como favorável para ser implementada nas escolas já no período de 1982. É importante ressaltar que o fim do período império, no Brasil com as inúmeras reformas educacionais, como a lei geral de 1827 que propôs a escola primária, o ato adicional de 1834 que estabeleceu o ensino secundário e a obrigatoriedade da formação de professores, consequentemente, evidencia, também, o que deveria ser uma educação física para novos significados em relação às mudanças que o setor da educação vinha ganhando nesse cenário. O marco para o regime legislativo já na democratização do país em 1931 pela reforma de Francisco Campos estabelecia o ensino secundário e o registro dos professores no Ministério de Educação e Cultura (MEC). Em 1942 a reorganização desse ensino secundário passou por fases de expansões, de caráter eletista e sem articulação entre si na perspectiva das abordagens teóricas em todas as disciplinas que compunham a escola, inclusive a educação física na escola. Contudo, para questão de reflexão podemos referendar Filho (2003) como maneira de que devemos olhar para a educação física atual. O que significa dizer que: “refletir sobre o corpo humano significa falar de controle, dominação, repressão, poder, saber, interdição, exclusão, desejo, estética, disciplina, política, sociedade, enfim, desenvolver uma trajetória na qual a prática social é colocada em confronto com os discursos em sua produção, resgatando uma discussão que, embora presente no mundo acadêmico está muito longe de ser esgotada” (FILHO, S. L. 2003, p. 10) É o que justamente o que está sendo descrito neste trabalho, levantar evidências de como ocorreram ou se constituíram esse processo de controle sobre as normativas, de forma que a dominação dos discursos e enunciados direcionam a disciplina apenas para uma vertente, que consequentemente está enraizada na Aptidão Física desde a época das entradas europeias no Brasil. A relação de saber/poder estabelecido entre os discursos políticos em detrimento a novas formas de educação conformam as maneiras de como essa disciplina deve ser colocada na escola, sobre a força de um viés econômico voltado para o trabalho industrializado. Porém outra discussão observada neste diálogo foi o das práticas e os movimentos que sucederam principalmente os discursos na área. Assim como a busca arqueológica que favorece evidências de enunciados, que segundo Foucault (2000) “é um conjunto de signos”, o que exprime dizer, por exemplo, que as evidências de França (2015) e Veiga (2007) direcionam o que se pensar ao longo do tempo sobre a EFE. Apenas um olhar, que de maneira meticulosa tenta encontrar um saber comum em relação as estruturas sociais com relação a disciplina destacada. Considerações Fica evidente, por meio de tantos ditos, que a educação física escolar não passa de mais um preceito utilizado na área escolar como uma disciplina higienista no século XVI, assim como da mesma forma está presente n o século XX. Essa afirmação leva em consideração os traços marcados pela história tradicional que delineou um modo de definir a história no país. As influências culturais dos esportes provenientes da Alemanha, França, Inglaterra e da America do Note deram também um grande salto no processo de “culturalização” principalmente para a disciplina de Educação Física Escolar (EFE). Fator que destaca as influências, na sua maioria, europeias no Brasil. Na linha transitória de uma concepção pedagógica crítica a partir do século XX, a EFE só é repensada sobre esse viés a partir dá década de 1980, supostamente menos técnico e sistêmico. Com isso, os enunciados que evidenciam essa trajetória tênue entre a EFE higienista que dá sua gênese no campo da Aptidão Física e a EFE crítica e pedagógica, estão postulados neste ensaio, como por exemplo: educação transformadora da sociedade, reprodução de saberes em educação física, dispensas nas aulas de educação física e formação de educadores. Outros enunciados destacados sobre pesquisas atuais, porém que investigam a educação e seu processo civilizador no Brasil leva em consideração toda a reforma proposta por grandes nomes da educação no Brasil. Assim como a visão higienista para a saúde e a distinção do tempo e espaço, assim como a visão de cultura física, ginástica, jogos, esportes, dança e visão organizacional geral. Todos esses ditos trazem a prerrogativa de uma história tradicional, vista de cima, sobre apoio dos “principais” nomes de referencia na sociedade e principalmente na política. Chega-se então a considerar alguns fatos mais concretos sobre a relação da educação sobre sua concepção histórica no Brasil. Primeiro de que a EFE junto ao processo de “culturalização” fazem parte, paralelamenteda uma história seriada, evidente na história ocidental europeia. A nova história presente na concepção da revolução científica no início do século XX a partir da escola nova foi sendo sustentada pelos grandes nomes dessa concepção que também integraram os princípios da disciplinarização do corpo. Com isso, cabe alertar que da mesma forma que as reformas pedagógicas tenham parecido “revolucionárias” até então, para a educação física permaneceu a tender a uma concepção da biologia, preceitos da abordagem da Aptidão Física. Atualmente a educação física é vista alegoricamente como um produto cosmético: de tudo para todos os gostos. Tanto na venda de ideais de consumo sobre a perspectiva da estética, bem-estar e sumariamente vendida como saúde. A educação física escolar sobre os preceitos da revolução científica ainda permanece estática. Ou seja: não acompanhou o processo civilizador europeu sobre a perspectiva científica e permanece ainda, até hoje, com enunciados e discursos sobre preceitos acordados desde o período da história da gênese brasileira. 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