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TEORIA DO CONSTRUTO PESSOAL Para entendermos o papel das contestações na terapia cognitiva, precisamos antes recorrer a alguns princípios teóricos que antecederam e embasaram a formulação da terapia cognitiva, especialmente a teoria do construto pessoal, de George Kelly, onde as pessoas são consideradas teóricos da personalidade. Dentre outros aspectos, a teoria do construto pessoal considera cada pessoa um cientista amador de si mesmo, condição também denominada pelo autor como o Homem (pessoa)-Cientista. De maneira análoga a um cientista, desenvolvemos teorias para explicar o mundo, formando um sistema de construtos usados para compreender e predizer comportamentos pessoais e alheios. Nesse sentido, as experiências pessoais servem para validar ou não estas teorias, reorganizando as próprias versões (FRIEDMAN e SCHUSTACK, 2007). Essa metáfora vê as pessoas agindo como cientistas no sentido de que elas formulam hipóteses sobre o mundo na forma de construções pessoais e depois põem-se a testar essas ideias de maneira muito semelhante ao que um cientista faria para obter certeza preditiva e algum controle sobre os eventos (FADIMAN & FRAGER, 2004, p. 327). O aspecto central da teoria de Kelly refere-se à permanente capacidade que as pessoas possuem de modificarem a si mesmas, reinventando-se dentro da realidade flexível e criativa do mundo em constante mutação. Segundo o autor, “os homens mudam as coisas primeiro mudando a si mesmos e só atingem seus objetivos se pagarem o preço de mudarem a si mesmos – como descobriram alguns para sua tristeza e outros para sua salvação” (KELLY apud FADIMAN & FRAGER, 2004, p. 330). A posição filosófica básica da teoria do construto pessoal de Kelly é conhecida como alternativismo construtivo, isto é, a ideia de que são possíveis diferentes alternativas de interpretações para os fatos do mundo real, com os quais cada indivíduo mantém um relacionamento (através das próprias percepções) dando-lhes significados. (...) os fatos que hoje enfrentamos estão sujeitos a uma variedade de construções tão grande quanto nossas faculdades mentais nos permitem conceber. (...) Todas as nossas atuais percepções estão sujeitas a questionamento e reconsideração e sugere, de modo geral, que mesmo as ocorrências mais óbvias da vida cotidiana podem parecer totalmente transformadas se formos inventivos o suficiente para interpretá-las de modo diferente (KELLY apud FADIMAN & FRAGER, 2004, p. 330). Para Kelly, as pessoas podem reperspectivar o sentido de suas existências a qualquer momento, inclusive o sentido construído no início da vida, pois sempre podem reinterpretar a realidade. Referências: FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Personalidade e crescimento pessoal. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2004. FRIEDMAN, Howards S.; SCHUSTACK, Miriam W. Teorias da personalidade: da teoria clássica à pesquisa moderna. 2ª ed. São Paulo: Pearson, 2007.
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