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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL Av: Dom José Gaspar, 500 Coração Eucarístico Belo Horizonte - MG - CEP 30535-901 Tel.: (0**31) 3319-4444 – Fax: (0**31) 3319-4225 - 1 - FUNÇÃO: ENGENHARIA CIVIL ÁREA DE CONHEC.: INFRA-ESTRUTURA VIÁRIA AULAS Nº: 03 – TEÓRICA PROF.: HENRIQUE J. RAAD (henriquejraad@yahoo.com.br) 1. TEÓRICA: Transportes Brasileiros 1. Definições – Custos – Análise econômica das modalidades de transporte. “O custo de transporte representa a maior parcela dos custos logísticos na maioria das empresas. Ele pode variar entre 4% e 25% do faturamento bruto, e em muitos casos, supera o lucro operacional. O sistema de transporte no Brasil, que ficou vários anos sem receber investimentos significativos, está passando por um momento de transição no que diz respeito às possibilidades de utilização de mais de um modal na movimentação de cargas por toda a cadeia de suprimentos. Isto ocorre principalmente pelo processo de privatização de ferrovias e portos, execução de obras infra-estruturais e também pela iniciativa de vários embarcadores e prestadores de serviços logísticos. Cinco modos básicos de transporte interurbano manipulam a maioria das movimentações de carga [sic. PEDELHES et al.]: • Ferroviário (Grupo de modais terrestres) � Mercadorias Transportadas : Mercadorias de baixo valor agregado, produtos agrícolas, derivados de petróleo, minérios de ferro, produtos siderúrgicos. � Custo Fixo Alto: equipamentos, terminais e vias férreas � Custo Variável Baixo � VANTAGENS: capacidade para grandes cargas, baixo custo do transporte � DESVANTAGENS : necessidade maior de transbordo, menor flexibilidade no trajeto • Aquaviário (Dividido em marítimo e hidroviário/fluvial) � Transporte Internacional:O modal marítimo é utilizado em 90% do transporte internacional no Brasil � Custo fixo médio: navios e equipamentos � Custo variável baixo: capacidade para transportar grandes quantidades � Mercadorias transportadas: Produtos de mineração, commodities, produtos químicos, e de exportação em geral. � VANTAGENS : Capacidade para cargas muito grandes a um custo variável baixo, alta flexibilidade ao tipo de carga. � DESVANTAGENS: Velocidade Baixa, Necessidade de transporte suplementar, maior exigência de embalagens. • Aéreo � Mercadorias Transportadas: de alto valor agregado, altamente perecíveis e entregas urgentes; � Custo fixo médio: aeronaves, manuseio carga � Custo Variável alto: mão-de-obra, combustível, manutenção � VANTAGENS: velocidade, baixa necessidade de embalagem � DESVANTAGENS: valor frete, menor capacidade de carga • Rodoviário (Grupo de modais terrestres) � Mercadorias Transportadas: Indústria Produção Média e Leve, entre atacadistas e varejistas. � Adequado para Curtas e médias distâncias � Integração com outros Modais � Custo Fixo Baixo � Custo Variável Médio � VANTAGENS: menor manuseio da carga, flexibilidade, transporte porta a porta. � DESVANTAGENS: Capacidade de carga baixa, pouco competitivo para longas distâncias. • Dutoviário (Grupo de modais terrestres) � Força da gravidade ou pressão mecânica para o transporte de granéis � Gasodutos, Minerodutos e Oleodutos � Operam 24 horas � Custo Fixo Alto : mais alto de todos os modais, construção e necessidade de controle das estações PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL Engenharia Civil – Infra-estrutura Viária Prof. Henrique J. Raad henriquejraad@yahoo.com.br - 2 - � Custo Variável Baixo: não necessitam de mão-de-obra intensiva, o custo operacional variável é extremamente baixo. � VANTAGENS: freqüência e distribuição � DESVANTAGENS: baixa velocidade, limitado a poucos produtos. O modal deve ser escolhido pelo tipo de carga transportada e pela vantagem inerente ao modo; (custo, confiabilidade, adequação, tempo de trânsito, perdas e danos). Os tipos de produtos predominantemente transportados por mais de um modal são commodities, como minério de ferro, grãos e cimento, todos caracterizados como produtos de baixo valor agregado. Portanto, para que estes produtos sejam competitivos é indispensável um sistema de transporte eficiente, pois o custo de transporte é uma parcela considerável do valor destes produtos.” [sic. NAZÁRIO, 2007] A infra-estrutura do sistema de transportes no Brasil comparada a outros países ainda deixa muito a desejar, como pode ser visto na Tabela 1. Países Área do Território (km2) (A) Rede Rodoviária Total (km) (B) Rede Ferroviária Principal (km) (C) B/A C/A EUA 9.363.398 6.303.770 177.712 0,673 0,019 França 551.000 1.502.964 32.579 2,728 0,059 Japão 377.682 1.113.387 20.251 2,948 0,054 Índia 3.285.000 1.604.110 62.486 0,488 0,019 México 1.969.269 213.192 26.445 0,108 0,013 Itália 301.262 293.799 15.942 0,975 0,053 Espanha 504.750 237.904 12.601 0,471 0,025 Brasil 8.511.965 1.495.087 30.277 0,176 0,004 Argentina 2.792.000 207.630 34.059 0,074 0,012 Tabela 1 - Comparação entre os sistemas rodoviários e ferroviários de diversos países [sic. NAZÁRIO, 2007] Considerando-se os índices de extensão da malha/área territorial, pode-se perceber que o Brasil apresenta-se em situação bastante inferior à diversos países. Em relação à Argentina, por exemplo, a diferença relativa da malha ferroviária chega a ser de um terço, e em relação aos Estados Unidos é de pouco mais que um quinto. Conforme podemos verificar na figura 1, a matriz de transporte atual possui uma distorção significativa. O modal rodoviário corresponde a 62% do volume transportado em TKU, enquanto que nos Estados Unidos este modal representa 26% e o ferroviário 38%. É importante destacar, que a participação do modal ferroviário no Brasil é fortemente dependente do minério de ferro. Sem este transporte, sua a participação cai de 20% para 9%. Multimodalidade e Intermodalidade no Brasil Diversos autores consideram conceitos contrários para os termos Intermodalidade e Multimodalidade. Consideraremos em nosso estudo os adotados por NAZÁRIO (2007): Figura 1 - Matriz de transporte no Brasil em TKU – 1998 [sic. NAZÁRIO, 2007] PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL Engenharia Civil – Infra-estrutura Viária Prof. Henrique J. Raad henriquejraad@yahoo.com.br - 3 - Figura 2 - Comparação das características de serviço entre modalidades de transporte [sic. NAZÁRIO, 2007] Figura 3 - Comparação entre os modais rodoviário e ferroviário e a opção intermodal [sic. NAZÁRIO, 2007] • Transporte Intermodal: Integração total da cadeia de transporte, de modo a permitir um gerenciamento integrado de todos os modais utilizados, bem como das operações de transferência, caracterizando uma movimentação porta-a-porta com a aplicação de um único documento. • Transporte Multimodal: Melhoria da eficiência na integração entre modais. A utilização de conteineres, de equipamentos de movimentação em terminais e de outros instrumentos especializados na transferência de carga de um modal para outro, possibilita a melhoria do desempenho no transbordo da carga. [sic. NAZÁRIO, 2007] Tecnicamente, a integração entre modais pode ocorrer entre vários deles (aéreo-rodoviário, ferroviário-rodoviário, aquaviário-ferroviário, aquaviário-rodoviário) ou ainda entre mais de dois modais. A utilização de mais de um modal representa agregarmos vantagens de cada modal, que podem ser caracterizadas tanto pelo serviço, quanto pelo custo. Associado a estas possibilidades, deve-se considerar o valor agregado dos produtos a serem transportados, bem como questões de segurança. Na figura 2 podemos verificar a comparaçãodas características de serviço entre os modais. [sic. NAZÁRIO, 2007] Por exemplo, o transporte rodo-ferroviário tem como vantagens em relação ao transporte rodoviário, o custo baixo do transporte ferroviário para longas distâncias e da acessibilidade do transporte rodoviário. Combinados eles permitem uma entrega na porta do cliente a um custo total menor e a um tempo relativamente maior, buscando portanto um melhor equilíbrio na relação preço/serviço. Se compararmos a competição entre a rodovia e ferrovia, podemos verificar que para uma determinada distância e volume transportado, a utilização de mais de um modal é a forma mais eficiente de executar a movimentação, como pode ser visto na figura 3, que foi desenvolvida pela ATA (American Trucking Association) para demonstrar as características de distância e volume de maior competitividade do modal rodoviário. [sic. NAZÁRIO, 2007] Custo médio de implantação Para a consideração de um custo médio de implantação de um sistema de transportes deve-se ressaltar que diferentes implantações (incluindo diferentes projetos, em diferentes localizações, para diferentes demandas de utilização, com números de apoios variáveis, entre outros) implicam em variáveis que modificarão significativamente grande parte das composições de PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL Engenharia Civil – Infra-estrutura Viária Prof. Henrique J. Raad henriquejraad@yahoo.com.br - 4 - custo, o que praticamente inviabiliza a mensuração com grande acerto de valores médios de implantação. Há, porém, em ordem de grandeza, algumas indicativos de custos, baseados em históricos regionais de implantação. Na tabela 2 são exemplificados custos médios mensurados no estado de São Paulo em 2005: Modal Custo (US$/km) Hidroviário 34 mil Ferroviário 440 mil Rodoviário 1,4 mlhão Tabela 2 – Custo histórico médio de implantação de modais (Fonte: Departamento Hidroviário da Secretária dos Transportes do Estado de São Paulo – 2005) 2. Transportes ferroviários. Entre 1870 e 1920, o Brasil viveu a “Era das ferrovias”, o crescimento médio das ferrovias era de 6.000 km por década. Até a década de 50, o transporte ferroviário era valorizado, de certa forma, pelo governo brasileiro e o sindicato dos ferroviários era muito forte. Na época de seu mandato, Juscelino Kubitschek preferiu investir nas rodovias ao invés das ferrovias, devido ao interesse político que existia na época em trazer a indústria automobilística para o País. A partir daí, essa política continuou nas décadas de 60, 70 e 80. Figura 4 – Mapa ferroviário brasileiro (Fonte: Anuário Estatistico dos Transportes Terrestres - AETT 2005) PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL Engenharia Civil – Infra-estrutura Viária Prof. Henrique J. Raad henriquejraad@yahoo.com.br - 5 - Quando os militares assumiram o poder, quase que pararam com o transporte ferroviário por completo, para assim assegurar o seu domínio e deter o sindicato. Atualmente, essa não é uma questão fácil de resolver. A indústria automobilística, de petróleo, pneus, etc., representa uma forte influência sobre o governo brasileiro, impedindo o desenvolvimento das ferrovias, pois isto poderia prejudicar seus interesses. A malha ferroviária brasileira voltada para o serviço público de transporte de carga tem 28,5 mil quilômetros de extensão e participa com cerca de 20% na distribuição da matriz de transporte do Brasil. Sua operação é realizada por intermédio de concessões à iniciativa privada. Cabe ao DNIT o planejamento, estudo e construção de novas ferrovias, bem como realizar melhorias nas transposições ferroviárias nas capitais e grandes cidades brasileiras, visando aumentar a segurança e adequar a capacidade operacional. 3. Transportes rodoviários A expansão da malha rodoviária brasileira se deu a partir da década de 1940, com intensidade variável ao longo dos anos. Os “anos JK” e, depois, o período de 1967 a 1975, foram os de maior expansão. Os recursos destinados à implantação e conservação de rodovias basearam-se na chamada “Lei Joppert” (Lei 8463 de 1945), que instituiu o Fundo Rodoviário Nacional, que contribuiu decisivamente para a criação de uma malha que hoje soma aproximadamente 1,7 milhões de km (sendo 70.748 km federais, 207.886 km estaduais e 1.446.289 km municipais- Fonte: DNER-PNV 1996). Desde 1982, observa-se um crescimento mínimo da malha de rodovias, em especial da rede federal. Por outro lado, a maior parte das principais rodovias do País encontra-se em situação deficiente, ruim ou péssima, conforme mostrou uma Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte de 1999: 77,5% da extensão pesquisada (38,2 mil km de rodovias federais e 4,627 km de rodovias estaduais) encontravam-se em situação deficiente, ruim ou péssima. Este fato tem várias conseqüências negativas. Por exemplo, segundo a NTC - Associação Nacional do Transporte de Carga, trafegar em uma estrada pavimentada, cujo piso esteja degradado, eleva o custo do transporte em 38% , relativamente ao tráfego em uma estrada “boa”. Evidentemente, trafegar em estradas sem pavimento eleva ainda mais os custos. A inferioridade de nossa infra-estrutura rodoviária se traduz numa série de fatos negativos - a elevação do tempo de transporte, os altos índices de acidentes, o encarecimento do custo das atividades econômicas, a perda de competitividade internacional, a redução no nível de emprego e na arrecadação de impostos, a queda da receita de exportações, etc. [sic. CBIC] 2. PRÁTICA - 3. BIBLIOGRAFIA NAZÁRIO, Paulo. FEDERAÇÃO NACIONAL DOS DESPACHANTES ADUANEIROS. Intermodalidade: Importância para a Logística e Estágio Atual no Brasil. 2007. DEPARTAMENTO HIDROVIÁRIO DA SECRETÁRIA DOS TRANSPORTES DO ESTADO DE SÃO PAULO. Custo histórico médio de implantação de modais. 2005. PEDELHES, Gabriela Juppa. BOUZON, Marina. ROSSETTO, Taisa Sandoli. Logística de Transportes. Grupo de Estudos Logísticos. UFSC – Universidade Federal de São Carlos. CBIC – CAMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Rodovias Brasileiras: Limitações e Possibilidades. 1º CONFIC.
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