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caso 10 - Teoria da Narrativa Jurídica


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De acordo com o art. 300 do CPC: “compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir” (grifos inexistentes no original).
Pela leitura gramatical do dispositivo legal, percebe-se que a contestação é a peça que comporta quase toda a defesa do réu. É nesse instrumento que o réu deve rebater todos os argumentos do autor, demonstrando, claramente, a impossibilidade de sucesso da demanda.
Vale dizer ainda que, na contestação, o réu poderá se manifestar sobre aspectos formais e materiais. Os argumentos de origem formal se relacionam à ausência de algum tipo de formalidade processual exigida pela lei, e que não fora observada pelo autor em sua peça inicial.
Essas falhas, dependendo da sua natureza e gravidade, podem ocasionar fim do processo antes mesmo de o magistrado apreciar o conteúdo do direito pretendido. A imperfeição apontada pelo réu retiraria do autor a possibilidade de seguir adiante, ou retardaria o procedimento até que fosse sanada a imperfeição. Essa é a chamada defesa indireta, quando se consegue procrastinar o processo.
Já os aspectos materiais se relacionam ao conteúdo de fato ou ao direito que o autor reivindica, o próprio mérito da causa. É a chamada defesa direta ou de mérito, na qual o réu ataca o fato gerador do direito do autor, ou as conseqüências jurídicas que o autor pretende. 
O princípio da concentração (ou princípio da eventualidade) determina que o réu deve, de uma só vez, em uma única peça – na contestação – alegar toda a matéria de defesa, tanto processual, quanto de mérito.
Não há possibilidade, como no Processo Penal, de aguardar um momento mais propício para expor as teses de defesa. No Processo Civil é necessário que o réu apresente de forma concentrada todas as matérias de defesa que serão utilizadas na própria contestação.
Diante dessa breve explicação, não é prudente que o réu desconsidere o poder que tem a sua contestação para a defesa, pois esse é o momento oportuno para que ele possa bloquear a intenção autoral, sob pena de não poder mais se socorrer de determinados argumentos de defesa que não foram alegados tempestivamente. Observe que nem tratamos da revelia...
(Adaptado a partir de www.jurisway.org.br)
Apresentamos esse breve referencial teórico para esclarecer o mínimo necessário à compreensão da contestação, porém ressalvamos que somente nos interessam, nesta oportunidade, as questões relativas à narrativa da resposta. Não enfrentaremos as alegações de matéria processual, tampouco as de discussão teórico-doutrinária quanto ao assunto em discussão.
Leia o texto que segue.
Magistrado, que estava em veículo sem placa, alega ter sido desacatado
AUTOMÓVEL DE JUIZ foi rebocado porque estava circulando sem placa
Uma agente de trânsito recebeu voz de prisão do juiz João Carlos de Souza Correa, titular da 1ª Vara de Búzios, que alegou ter sido desacatado por ela depois de ser parado numa blitz da Operação Lei Seca, na Lagoa, durante a madrugada de ontem.
O magistrado, que passou no teste do bafômetro, dirigia um Land Rover preto sem placa, e estava sem a carteira de habilitação no momento da abordagem. Ao verificar a data da nota fiscal do carro, a funcionária constatou que o período de 15 dias para emplacamento havia expirado e informou que o veículo seria rebocado. Segundo a agente, o juiz deu voz de prisão após ela questionar o fato de ele não saber desse prazo.
— Eu disse: “o senhor é juiz e alega desconhecer a lei?” Ele disse que eu o estava insultando e que me daria voz de prisão. Ele queria que o tenente da PM que fica na operação me prendesse. Como isso não ocorreu, ele deu a voz de prisão e queria que eu entrasse no carro da polícia. Mas me recusei e fui num carro da Lei Seca até a delegacia —- disse Luciana Tamburini, que trabalha na operação há dois anos, desde o início da Lei Seca.
Habilitação de juiz estava com a mulher dele
O caso foi registrado na 14ª DP (Leblon) como desacato. Correa disse que, ao ser abordado pelos funcionários na blitz, fez o exame e apresentou a documentação do veículo:
— Minha habilitação estava na bolsa da minha mulher. Estávamos voltando de Búzios, porque foi meu plantão no sábado. Parei para comer algo e ela foi para casa, com meu documento. Depois, ela levou a carteira para mim. Sobre o emplacamento, não sabia que o prazo era tão curto. Vou cobrar do despachante, que não me alertou. Minha placa deve ser entregue nesta segunda — contou Correa. — Faltou habilidade por parte da agente. Sou um magistrado. Imagina eu, que faço Justiça, sendo injustiçado. Ela disse: “Ele é juiz, não é Deus”. Foi desacato.
Luciana confirma que disse a tal frase, mas contou que estava conversando com um colega sobre a intenção do juiz de levá-la no carro da polícia até a delegacia. Segundo Luciana, Correa cometeu outra infração ao retirar o carro retido na blitz e conduzi-lo sem habilitação até a delegacia. O juiz nega:
— O oficial da blitz permitiu que eu saísse — garantiu Correa, que já foi investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) devido a sentenças polêmicas proferidas por ele em processos sobre disputas fundiárias em Búzios. 
A documentação de Correa ficou com Luciana até eles chegarem à delegacia. Ela, o juiz e policiais que trabalham dando apoio à blitz da Lei Seca prestaram seus depoimentos sobre o caso e, depois de ser ouvido, Souza Correa teve seu veículo rebocado.
A agente ainda disse que vai entrar com uma representação contra o juiz, por abuso de autoridade.
— A prisão foi ilegal. Eu estava no exercício da minha função. Trabalhando em operações, já tive que me esconder de tiroteio perto de favela, vi pessoas agredirem agentes e até juiz criando caso por causa de multa. Mas nunca passei por nada parecido com isso — disse Luciana.
Questão 1
Realize pesquisa legal, doutrina e jurisprudencial sobre o assunto a fim de se instrumentalizar sobre as possibilidades modalizadoras a favor do réu. 
O desacato é crime cometido contra o servidor público no exercício livre de suas funções, o juiz alega ter deixado à habilitação na bolsa de sua esposa quando voltava de seu plantão em Búzios, e sobre o carro, desconsiderava o fato do veiculo estar sem emplacamento. Luciana confirma que o magistrado cometeu outra infração ao retirar o carro apreendido para ir até a delegacia e deixa bem claro que estava no exercício livre de suas funções aplicando a Ex vis legis, a Réu diz que o magistrado como autoridade devia dar exemplo à sociedade não cometendo delitos inflacionários, ao contrario disso, usa de abuso de autoridade para se escusar da lei. Constitui-se abuso quando uma autoridade, no uso de suas funções, pratica qualquer atentado contra a liberdade de locomoção, a inviolabilidade do domicílio, o sigilo da correspondência, a liberdade de consciência e de crença, o livre exercício do culto religioso, a liberdade de associação, os direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto, o direito de reunião, a incolumidade física do indivíduo e, aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657, de 5 de junho de 1979). O abuso de autoridade levará seu autor à sanção administrativa civil e penal, com base na lei. A sanção pode variar desde advertência até à exoneração das funções, conforme a gravidade do ato praticado.
Questão 2
Produza uma narrativa valorada a favor da parte ré. Recorra a farta modalização.
De acordo com a LINDIB: LEI DE INTRODUÇAO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO, ninguém pode se escusar da lei alegando que não a conhece. Ainda acrescenta o policial que estava no momento que o autoritário diz que estava acabada a carreira da profissional, ferindo os princípios da dignidade humana e constrangendo as pessoas que tentam garantir a paz social. Agora vem um prepotente magistrado alegando aplicar a lei e na verdade estar contrariando-a e desfazendo dos aplicadores com arrogância e petulância, não devendo darvoz de prisão a Sra. Luciana por estar fora de sua jurisdição, e independentemente da sua função de direito ele jamais poderia ter usado de abuso contra a ré, pois ela estava com a força da lei, com única intenção de fazer justiça a quem erra, estabelecendo o que diz o CODIGO DE TRANSITO BRASILEIRO: QUE OS VEICULOS DE JUIZES USEM UM DISPOSITIVO (GIROFLEX) NA COR VERMELHA QUE O IDENTIFICA COMO UMA AUTORIDADE AONDE ELE CHEGAR. Como consequência a agente entrou com uma ação contra o magistrado que responderá por abuso de poder e prisão indevida com argumentos de interpretação considerados válidos ou permitindo o contrário do que tiver sido proibido ou limitado. A contrario sensu, aplicando-se a letra da lei. Dura Lex - Sed Lex.