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REVISÃO ITR.IPVA

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IMPOSTO TERRITORIAL RURAL: 
 
 
Extrafiscalidade (Art. 153, §4º, I, CF): 
 
A primeira coisa a se saber do ITR é que, assim como o Imposto de Importação e o 
Imposto de Exportação, ele é um imposto predominantemente extrafiscal. Entretanto, sua 
extrafiscalidade não está ligada à balança comercial, mas sim à produtividade e função social do 
imóvel rural brasileiro. 
A progressividade terá função extrafiscal, servindo como desestímulo à prática de um 
comportamento, aquisição de terras para especulação. Quanto menos produtiva a terra, maior 
será o valor cobrado em razão do referido imposto. 
Cabe relembrar que o critério objetivo da função social, numa análise comum, é só a 
produtividade, mas, o ITR contribui com outros aspectos no que se refere à função social do 
imóvel. Dentre estes podemos destacar o cumprimento das normas trabalhistas, ambientais, etc. 
Ou seja, é importante tanto a produtividade quanto a função social do imóvel rural. 
Art. 153, § 4º/CF O imposto previsto no inciso VI [ITR] do caput: 
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a 
desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; 
Então, quanto mais improdutiva é a terra, maior é a alíquota. 
Art. 186/CF. A função social é cumprida quando a propriedade rural 
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência 
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; [PRODUTIVIDADE] 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e 
preservação do meio ambiente; [MEIO AMBIENTE] 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
[TRABALHO] 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores. [BEM-ESTAR] 
 
1. Competência (art. 153, VI) e Repartição de Receita: 
Compete à União instituir impostos sobre propriedade territorial rural (art. 153, 
VI da Constituição Federal). 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
VI - propriedade territorial rural;. 
 
A União é o único ente que pode legislar a respeito do ITR. 
Mas as funções de arrecadar e fiscalizar (pelo art. 153, §4º, III) podem ser 
delegadas aos municípios, que assim quiserem. 
Art. 153§ 4º O imposto previsto no inciso VI [ITR] do caput: III - será 
fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma 
da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra 
forma de renúncia fiscal. 
 
A competência para criar o ITR é da União, indelegável. Mas, a função de 
arrecadar e fiscalizar pode ser desempenhada tanto pela União ou pelo Município. 
Quando fiscalizado e arrecadado pelo Município, este ficará com a totalidade da receita 
do tributo. Caso a fiscalização seja feita pela própria União, só caberá 50% do total 
arrecadado ao Município. 
Art. 158. Pertencem aos Municípios: 
II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da 
União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis 
neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se 
refere o art. 153, § 4º, III; 
 
2. Materialidade: 
 
Compete à União instituir imposto sobre a PROPRIEDADE territorial rural 
(segundo a Constituição). Portanto, não entra no cálculo do ITR o valor dos bens 
construídos sobre a terra (“terra nua”). O CTN (art. 29), ao estabelecer a norma geral 
sobre o ITR, diz que a o aspecto material é a PROPRIEDADE, A POSSE E O 
DOMÍNIO ÚTIL. 
O professor Portella, entende que assim como no caso do IPTU, pode o 
legislador colocar como contribuinte aquele que detenha a posse a qualquer título, 
inclusive o locatário. Já o STJ tem o entendimento de que apenas a posse com animo 
definitivo é que gera o dever de pagar o imposto. 
 
3. Limitações constitucionais: 
 
O ITR, apesar de ser um imposto extrafiscal (que busca induzir o 
comportamento dos contribuintes de cumprir com a função social da propriedade e de 
buscar uma melhor produtividade da terrra), não é exceção a nada. Todos os princípios 
se aplicam a ele (noventena, anterioridade, legalidade, etc). 
 
3.1. Imunidade recíproca: A Constituição Federal diz que é vedado à União instituir 
impostos sobre patrimônio dos outros entes (art. 150, VI, a. Então, a União não 
pode cobrar imposto sobre o imóvel rural de um Estado ou de um Município 
3.2. . Imunidade específica (art. 153, §4º II): 
Art. 153, §3º II – [O ITR] não incidirá sobre pequenas glebas rurais, 
definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua 
outro imóvel; 
 
Então os requisitos são: 1) ser pequena gleba rural; 2) ser o único imóvel do 
indivíduo (ele não pode arrendar e alugar outro imóvel); 3) ele tem que explorar o 
imóvel. Mas o que é a pequena gleba? É a Lei do ITR que traz. Ela define o que é 
pequena gleba de acordo com a área. 
 
4. ASPECTO TEMPORAL: 
 
O fato gerador é a “propriedade do imóvel no período de 1 ano”, considerando-
se ocorrido no dia 1º de janeiro. Portanto, a cada ano, será necessário pagar o imposto. 
 
5. ASPECTO ESPACIAL: 
 
Considera-se ocorrido o fato gerador do ITR no município onde o imóvel está 
situado – onde é a sede do imóvel. Mas isso não faz muita diferença para o Direito 
Tributário, já que o imposto é Federal cobrado de forma uniforme no país todo. 
Exceção: Lembrem-se do critério da finalidade mencionado pelo professor 
quando tratou de IPTU. O STJ passou a entender de 2004 em diante que caso o imóvel 
esteja em área urbana, mas tenha finalidade rural, agrícola, pagará ITR e não IPTU. 
 
6. ASPECTO SUBJETIVO (art. 31/CTN): 
 
O CTN diz que o contribuinte (o sujeito passivo) do imposto é o proprietário, o 
titular do domínio útil com ânimo de DONO e o possuidor com ânimo de DONO. 
Lembre do caso do locatário que o professor entende que ele tem a possibilidade de ser 
contribuinte do imposto, já o STJ entende que precisa ter animo definitivo para ser 
contribuinte. 
Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular 
de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. 
 
 
7. ASPECTO QUANTITATIVO: 
 
Ademais, o ITR é um imposto PROGRESSIVO, isto é, quanto mais a terra for 
improdutiva, mais se pagará o referido imposto para desestimular a manutenção desse 
tipo de terra pouco produtiva. 
Base de cálculo: é a terra nua tributável (valor fundiário). 
Alíquotas: são progressivas em razão do grau de utilização do imóvel. 
 
Cálculo do imposto: 
ITR = BASE CÁLCULO (TERRA NUA TRIBUTÁVEL) X ALÍQUOTA 
(progressiva em razão do grau de utilização do imóvel). 
. 
Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário. 
Lembrem que valor fundiário também pode ser entendido como valor 
da terra nua tributável. 
 
TABELA DE ALÍQUOTAS (exemplificativa – não precisa gravar isso) 
Área total do imóvel 
(em hectares) 
GRAU DE UTILIZAÇÃO - GU ( EM %) 
 
Maior que 
80 
Maior que 
65 até 80 
Maior que 
50 até 65 
Maior que 
30 até 50 
Até 30 
Até 50 0,03 0,20 0,40 0,70 1,00 
Maior que 50 até 200 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00 
Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30 
Maior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70 
Maior que 1.000 até 5.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60 
Acima de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00 
 
É apurada através de declaração a ser feita pelo contribuinte documento de 
formação e apuração do ITR, o contribuinte preenche, calcula e paga. Ou seja, o 
LANÇAMENTO DO ITR OCORRE POR HOMOLOGAÇÃO, ASSIM COMO NO IR. 
 
 
 
 
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULO AUTOMOTOR 
(IPVA). 
 
1. Competência: 
Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o IPVA. 
Art. 155. Compete aos Estados e ao DistritoFederal instituir impostos 
sobre: 
III - propriedade de veículos automotores. 
 
Após o advento da Emenda Constitucional 42/2003, a Constituição Federal 
passou a prever duas importantes regras a respeito do IPVA. 
A primeira afirma que o imposto terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado 
Federal (CF, art. 155, § 6.º, I). 
 
§ 6º O imposto previsto no inciso III: 
I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; 
 
Atualmente, podem ser estipuladas alíquotas diferentes para veículos utilitários e 
de passeio (variação quanto ao tipo). Também podem ser criadas alíquotas menores 
para veículos de aluguel (táxi) e de transporte escolar, e maiores para veículos 
particulares (variação quanto à utilização): 
 
II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização. 
 
Em primeiro lugar, não se pode tributar diferentemente veículos nacionais e 
importados, o que agrediria o princípio da não discriminação com base na procedência 
ou destino, previsto no art. 152 da CF/1988, bem como a cláusula do tratamento 
nacional, que prevê a equivalência de tratamento entre o produto importado, quando 
este ingressa regularmente no território nacional, e o produto similar nacional. 
 
2. Limitações constitucionais: 
2.1. Alterações na base de cálculo: Excepciona a noventena (art. 150, §1º). 
O IPVA se sujeita a todos os princípios tributários, mas tem a mesma exceção do 
IPTU, em que as alterações da Base de Cálculo não se sujeitam à noventena. Então, se 
aplica a anterioridade e a noventena quanto o IPVA em geral, exceto nas alterações da 
base de cálculo. 
A base de cálculo é o valor venal do veículo. O valor venal do veículo novo é 
fácil de se calcular (fica na nota fiscal), mas, o de um veículo usado é muito difícil. 
Então, a Bahia faz uma presunção, presumindo qual é o Valor Venal dos veículos 
usados. A Bahia, como outros estados, adota a tabela FIP de São Paulo, onde há os 
modelos dos carros e o seu valor venal variando de acordo com o ano de fabricação. 
 
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer 
natureza, em razão de sua procedência ou destino. 
 
3. Repartição de receitas: 
 
Do produto da arrecadação do IPVA, será destinado 50% para o município onde 
ele está licenciado. 
 
Art. 158. Pertencem aos Municípios: 
III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do 
Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em 
seus territórios; 
 
4. Não há LEI COMPLEMENTAR sobre a matéria: 
 
Por esta razão, os estados possuem competência legislativa plena para tratar 
sobre o IPVA. 
Quando a CF fala da competência Concorrente entre União, Estados e DF, que 
pode legislar sobre Direito Tributário. O art. 24, §1º da CF diz que a UNIÃO legisla 
sobre norma geral, e, cabe ao Estado complementar no que lhe for especifico, mas, no 
§3º se diz que, na ausência de lei geral os Estados legislam plenamente. Então, cabe à 
União estabelecer norma geral sobre fato gerador, base de cálculo e contribuinte. E, 
enquanto a União não legisla, os Estados legislam plenamente. 
 
5. Critério temporal: 
A legislação dos Estados diz, em regra, que o imposto será anual. Então, 
considera-se o fato gerador em 1º de Janeiro de cada ano, nos veículos usados, mas é 
diferente do novo, porque ele surge como objeto tributável no meio do ano. 
Então, se uma pessoa compra no meio do ano o IPVA é repartido pelos meses. 
Por exemplo: se a compra ocorre em Dezembro, o IPVA é 1/12. 
Se você compra usado, o critério é propor que se reparta. Assim, a partir de 
fevereiro, se comprar, o IPVA é proporcional. 
 
6. Critério Espacial: 
 
Considera-se o fato gerador ocorrido no Estado onde o carro foi licenciado. 
 
7. Critério quantitativo: 
7.1. Base de cálculo: É o valor venal do veículo. O valor venal é o valor de 
mercado, não o valor exato do veículo. A Bahia, para fixar essa base de cálculo, 
trabalha com o veículo novo como base. É o valor da nota mais o valor dos 
opcionais. Mas, aos veículos usados isso complica um pouco mais. É 
impossível o Estado fiscalizar cada carro, então ele trabalha com a presunção do 
valor de cada carro. A SEFAZ do Estado deve publicar uma tabela com o valor 
dos veículos. É a essa tabela que não se aplica a noventena. A Bahia usa a 
tabela FIP. 
7.2. Alíquota: A alíquota é fixada na lei do Estado. Entretanto, terá alíquotas mínimas 
fixadas pelo Senado Federal por expressa disposição constitucional.

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