Buscar

projeto mestrado educação concluído

Prévia do material em texto

A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: COMPARATIVO ENTRE ESCOLA PÚBLICA E ESCOLA PARTICULAR
	
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar, a partir de pesquisas bibliográficas disponíveis e entrevistas com professores da rede pública e particular, a importância da família na vida escolar na educação básica, identificando os principais resultados trazidos pela participação dos pais na escola, descrevendo também o papel da família no processo de desenvolvimento da aprendizagem da criança. A metodologia adotada será a análise de conteúdo que consiste segundo Campos apud Berelson (2004) em uma técnica de pesquisa que tem por objetivo uma descrição do conteúdo manifesto de comunicação de maneira clara, sistemática e quantitativa. Os pais devem participar integralmente da vida social e escolar dos seus filhos e precisam estar informados quanto ao seu desenvolvimento. Ambos, família e escola estarão trabalhando juntos com o propósito de estimular, incentivar, melhorar os seus rendimentos escolares. A presença dos pais na escola só ajudará a melhorar o trabalho do educador, facilitando o ensino e a aprendizagem do aluno, porque muitas vezes os pais não acompanham os filhos na escola e imaginam que o educador que não é capaz de ensinar. Este tema se torna relevante já que alguns artigos apontam que este tipo de integração pode obter resultados positivos para ambas as partes.
Palavras - chave: família, escola, educação, ensino e integração.
1. INTRODUÇÃO
Quando falamos da importância dos pais na escola, ou seja, da família, queremos dizer que tanto pais como escola são os primeiros meios sociais de uma criança e eles são formadores de bases importantes para o desenvolvimento escolar e humano destas crianças.
Quando o processo de integração de ambos (escola/ pais) se dá de forma positiva pesquisas e artigos revelam grande benefício para ambas, tornando o processo de aprendizagem muito melhor e efetivo.
A interação ocorre em um nível superficial e social da existência humana, momento em que a linguagem cumpre sua função de restauração da comunicação primordial. A integração ocorre em um nível profundo e ontológico da existência somente acessado pela intuição. (Rossetti, pág. 59,2013).
 Segundo SOUSA (2012, pág.05):
“A família e a escola são parceiros fundamentais no desenvolvimento de ações que favoreceram o sucesso escolar e social das crianças, formando uma equipe. É fundamental que ambas sigam os mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir. A educação perpassa tanto o ambiente escolar quanto o familiar. A interação entre ambos é muito importante para o sucesso do processo ensino-aprendizagem.” 
 Ainda segundo a autora a primeira vivência do ser humano acontece em família, independentemente de sua vontade ou da constituição desta. É a família que lhe dá nome e sobrenome, que determina sua condição social, que lhe concede o biótipo específico de sua raça, e que o faz sentir, ou não, membro aceito pela mesma. Portanto, a família é o primeiro espaço para a formação psíquica, moral, social e espiritual da criança. 
 Isto quer dizer que a família é o primeiro ambiente onde a criança aprende valores, crenças, limites, quando este processo é falho e não há internalização destes valores estes problemas são levados á escola e acabam por acarretar em prejuízos no desenvolvimento da aprendizagem da mesma.
 O próprio conceito de família e a configuração dela têm evoluído para retratar as relações que se estabelecem na sociedade atual. Não existe uma configuração familiar ideal, porque são inúmeras as combinações e formas de interação entre os indivíduos que constituem os diferentes tipos de famílias contemporâneas: nuclear tradicional, recasadas, monoparentais, homossexuais, dentre outras combinações (Dessen, M. A. & Polonia, A. Apud Stratton (2007), pág. 23).
 Com essas novas constituições familiares à escola se vê tendo que trabalhar valores básicos com estas crianças onde não se encontra parâmetros para conduzir esta nova realidade, a falta de limites, de respeito á normas e regras trazem intrinsecamente esta falta de norteadores na condução do aprendizado e também de valores básicos necessários para a melhor convivência destes em sociedade.
 Para Sousa (2012):
...”A família deve ser parceira, aliada à escola e aos professores, para juntos oferecerem um trabalho de envolvimento e cumplicidade nos assuntos relacionados ao ambiente escolar. A discussão sobre como envolver a família no processo de aprendizagem na escola não é recente, promover a corresponsabilidade exige desafios. Mas a mudança e a perspectiva de integração entre família e escola devem ser incentivadas e analisadas constantemente. (Pág.6)”.
 É importante ressaltar que a família e a escola são ambientes de desenvolvimento e aprendizagem humana que podem funcionar como propulsores ou inibidores dele. (Dessen, M. A. & Polonia, A. C. 2007, pág. 27). Se a criança não se sente a vontade para poder explicitar suas dúvidas tanto em casa como na escola isso poderá inibi-lo e torná-lo cada vez menos participativo em ambos os ambientes, eles devem ser estimulados a perguntar e questionar procedimentos tanto dentro de seu núcleo familiar como no escolar, sendo agente de seu desenvolvimento e não um ser passivo onde devem ser depositados todos os saberes e conhecimentos.
 Quando se fala em vida escolar e sociedade, não há como não citar o mestre Paulo Freire (1999 p. 18), quando diz que:
“a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se opção é progressista, se não se está a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que se diz e o que se faz".
 Atualmente a escola assumiu funções além de suas responsabilidades mediante há tanto a presença marcante de alguns pais que questionam tudo como do extremo daqueles que são ausentes, ainda não há um meio termo onde se entenda qual o papel de cada um (escola/ família) na problemática da aprendizagem dos alunos.
 No Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), encontramos que "é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”, ou seja, é necessário criar formas de uma participação mais ativa dos pais e também que estes percebam que sua integração com a escola trará resultados de forma mais eficaz para seus filhos e este trabalho tem por objetivo buscar analisar esta relação tão importante para que a evolução do aluno da educação básica seja feita de uma forma que ele obtenha um aprendizado constante e qualitativo.
 Um conceito utilizado em educação tanto em escolas como em famílias é o da meritocracia, que pode ser definida segundo TIBA (2012) como um sistema de recompensa baseado no mérito pessoal, segundo o qual premiar quem não merece desmerece quem tem mérito. Ou seja, devemos reconhecer o mérito daqueles que se esforçam em obter um bom resultado e não em usar de artifícios para aplacar culpas presentes no mundo moderno pela falta de tempo dedicada aos filhos e seus interesses, depositando nas crianças nossos sentimentos. 
 Os pais devem tentar serem ativos no processo de educação de seus filhos com atenção para com eles e suas dúvidas a este novo mundo que é a escola e participar do processo de integração deste com o novo meio fazendo com que seja natural e menos intimidador.
 Pois como afirma TIBA (2012) uma das funções dos pais é cuidar dos filhos, preparando-os para a vida. Sabendo que não se delega a educação para a escola ou a outras pessoas porum simples motivo: se houver qualquer ocorrência sendo ela policial, médica, emergencial, na área da Medicina Legal – os responsáveis acionados serão os pais. As autoridades não acordam de madrugada professores nem diretores para se responsabilizarem pelos jovens fichados. Quem é chamado são sempre pais ou responsáveis.
 Sabendo cada um de seu papel escola e família podem conduzir com melhor desenvoltura o processo de ensino aprendizagem e a socialização das crianças principalmente nas séries iniciais que são formadoras das bases do processo educacional.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral:
Analisar, a partir de pesquisas bibliográficas disponíveis, a importância da família na vida escolar na educação básica;
2.2. Objetivos Específicos:
Identificar os principais resultados trazidos pela participação dos pais na escola realizando uma pesquisa em duas escolas do município (sendo uma pública e outra particular);
Descrever o papel da família no processo do desenvolvimento da aprendizagem da criança.
3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA
Os pais devem participar integralmente da vida social e escolar dos seus filhos e precisam estar informados quanto ao seu desenvolvimento. Ambos, família e escola estarão trabalhando juntos com o propósito de estimular, incentivar, melhorar os seus rendimentos escolares. A presença dos pais na escola só ajudará a melhorar o trabalho do educador, facilitando o ensino e a aprendizagem do aluno, porque muitas vezes os pais não acompanham os filhos na escola e imaginam que o educador que não é capaz de ensinar. Este tema se torna relevante já que alguns artigos apontam que este tipo de integração pode obter resultados positivos para ambas as partes.
4. CRONOGRAMA
O projeto será desenvolvido num período de 12 meses. O quadro a seguir ilustra o cronograma para o desenvolvimento de cada atividade do projeto.
	Atividades (etapas)
	Meses
	
	01
	02
	03
	04
	05
	06
	07
	08
	09
	10
	11
	12
	Revisão Bibliográfica
	
	X
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Entrega do projeto parcial
	
	
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	Correção
	
	
	
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	Projeto com fundamentação teórica
	
	
	
	
	
	X
	
	
	
	
	
	
	Início da análise
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
	
	
	
	Entrega do projeto com análise parcial
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
	
	
	Correção da análise, discussão e conclusão.
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
	
	Entrega do projeto concluído
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
5. METODOLOGIA
A metodologia científica possibilita as ferramentas que irão direcionar o trabalho durante o seu desenvolvimento, de modo que toda e qualquer pesquisa necessita de embasamento metodológico para seu desenvolvimento harmonioso.
Segundo Marconi e Lakatos (2010), os métodos são o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando nas decisões do cientista.
Para agregar o embasamento teórico para o desenvolvimento do trabalho, será utilizada a pesquisa bibliográfica que, segundo Marconi e Lakatos (2010), tem como objetivo colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito ou dito sobre determinado assunto. São um apanhado geral sobre trabalhos relacionados com o tema, capazes de fornecer dados atuais e relevantes, bem como evitar certos erros e orientar as indagações. 
Ainda, de acordo com os autores, a pesquisa bibliográfica abrange toda a bibliografia já publicada sobre o assunto, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão.
Para o desenvolvimento do presente trabalho, a fundamentação teórica e o levantamento de dados serão pautados na leitura de livros de referência e artigos científicos relacionados ao tema. 
Marconi e Lakatos (2010) dizem que a pesquisa bibliográfica nos traz meios para definir e resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente e tem por objetivo permitir ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações.
6. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6.1. Falta de educação
 Segundo TIBA (2006) a falta de educação pode provocar vários transtornos no comportamento pessoal e no relacional. Um aluno que faz bagunça na escola, provavelmente tem o mesmo comportamento em casa, se este aluno não aprendeu que existem regras para convivência com pais ele repetirá estes comportamentos na escola, como nesta as regras existem para nortear o bom convívio ela irá cobrar a ordem necessária para o desenvolvimento das atividades. A maioria das indisciplinas dos alunos tem o reforço dos pais.
 Ainda segundo o autor quando as indisciplinas começam a tumultuar o andamento das aulas, as escolas entendem que está na hora de chamar os pais para a educação às seis mãos. A educação ativa formal é dada pela escola. Porém, a educação global é feita a oito mãos: pela escola, pelo pai, pela mãe e a própria criança. Se a escola exige o cumprimento de regras, mas o aluno indisciplinado tem a condescendência dos pais, o aluno vai se utilizar desta divergência para se beneficiar e não cumprir o que deve ser feito.
 Para TIBA (2006) os pais não podem esperar que as escolas funcionassem como uma clínica psicológica de recuperação de filhos “que não têm mais jeito”, pois esta função não lhe pertence. O que a escola pode fazer é reunir-se com os pais para encaminhar o aluno a tratamento e jamais compactuar com a transgressão, neste caso pontua-se que pais e escola tenham princípios bem próximos para benefício do aluno.
 Deve-se entender que os alunos para a escola são transitórios já para os pais os filhos são pra sempre, então se verifica a necessidade de educá-los para uma melhor convivência em sociedade.
6.2. A Educação Básica no Brasil
 Hoje já sabemos que tão importante como a faculdade, à educação básica é o pilar de nossa educação, ou seja, se esta não for de qualidade não teremos quem chegue à faculdade com nível de criticidade necessário para desenvolver as habilidades de um bom profissional em qualquer área que for escolhida.
 Mas a garantia desta educação básica é recente em nosso país, onde antigamente quem tinha direito de estudar era somente os filhos de ricos, hoje se promove uma escola para todos e se busca que o ensino seja feito de forma única, mas sabemos que existem as particularidades de cada um que torna impossível que todos aprendam da mesma forma, pois cada um tem um ritmo de aprendizagem, onde alguns serão mais rápidos e outros terão uma defasagem sendo muitas vezes largados como complicados, desordeiros e que não conseguem aprender.
 Vamos falar um pouco da história da educação básica no Brasil e de seus desafios. A Constituição Federal de 1988, diferentemente da maioria dos instrumentos internacionais com força normativa, faz menção expressa à importância da qualidade da educação, tratando-a como um princípio basilar do ensino a ser ministrado, conforme se verifica no inciso VII do artigo 206; assim sendo, ela garante o direito à educação com “padrão de qualidade” para todos. Mas é a Educação Básica dos 04 aos 17 anos de idade que foi aclamada como obrigatória e gratuita (BRASIL, CF, art. 208, inciso I, EC 59/2009), considerada um direito público e subjetivo, sendo dever do Estado promovê-la (BRASIL, CF, art. 208, § 1º). 
 Ou seja, a educação básica perpassa o ensino infantil no jardim até o término do ensino médio, mas mesmo assim ainda temos crianças fora da escola ou em defasagementre idade e série escolar.
Segundo Cabral & Giorgi (2012) o dispositivo legal supra narrado determina que a educação em geral, em todos os seus níveis e para todos, deve ter “padrão de qualidade”. Embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (art. 4, inciso IX) também mencione expressamente esse direito de forma ampla, apenas a Educação Básica vem descrita no bojo da Constituição como obrigatória e gratuita, conforme alteração efetuada em 2009 pela Emenda Constitucional nº 59 (BRASIL, CF, art. 208, inciso I). Considerada um direito público e subjetivo, é dever do Estado promovê-la com qualidade (BRASIL, CF, art. 208, § 1º); caso contrário, estará desrespeitando a Constituição Federal, gerando o direito de se exigir o cumprimento por meio de ações judiciais e importando responsabilidade da autoridade competente pelo fato (BRASIL, CF, art. 208, § 2º). 
De acordo com os autores e segundo a legislação brasileira, o direito à educação engloba os pais, o Estado, a comunidade em geral e os próprios educandos, mas é obrigação do Estado garantir esse direito, inclusive quando o assunto é qualidade. Portanto, a qualidade da Educação Básica é um direito que requer uma ação positiva do Estado. Nesse sentido, para Silveira, 
A CF/88, ao estabelecer os deveres do Estado com a educação, declarou expressamente que “o acesso ao Ensino Fundamental obrigatório e gratuito é direito público subjetivo” e que o “não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente” (BRASIL, CF/88, art. 208, §1º e 2º). Com esta declaração, todos os cidadãos têm o direito de exigir do Estado o cumprimento de seu dever com relação à prestação educacional (2006, p. 36).
 Cabral & Giorgi (2012) afirmam que é inegável que o Brasil passou por um processo de melhoria no acesso e na permanência dos alunos na escola, especialmente na Educação Básica – o que não significa que esse problema esteja completamente resolvido. Esse processo suscitou uma maior relevância para a questão da qualidade, nos termos hoje propostos, já que, historicamente, pode-se considerar que o ingresso na escola para parte da sociedade, durante muito tempo excluído, também significou melhoria na educação promovida. A Educação Básica pública é gratuita e obrigatória; contudo, tal gratuidade pode ser vista não exatamente como uma prestação gratuita ao cidadão, mas como uma contraprestação ao recolhimento dos tributos e impostos pagos.
 Os serviços de educação oferecidos nada mais são que uma devolução do estado dos impostos pagos dos cidadãos, sendo que infelizmente nem todos os estados e munícipios possam se beneficiar de uma boa escola.
 É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, ECA, 1990, art. 4º). 
 Mais uma vez se coloca a família como detentora de garantir os direitos á educação e de ser ela quem pode fiscalizar tanto o que é oferecido em termos de educação como também de fazer parte deste processo tão importante que culmina na aprendizagem de seus filhos.
6.3. Processos Psicossociais envolvidos nas instituições família e escola
 Verificamos atualmente que tanto a família quanto a escola estão passando por profundas  transformações e ambas precisam acompanhar tais  mudanças de forma  conjunta, facilitando  o  processo  de aprendizagem das  crianças e  ajudando  uns aos outros na busca de um objetivo comum, o de educar as crianças.
 “Costuma­se dizer que a família educa e a escola ensina, ou seja, à família cabe oferecer à criança e ao adolescente a pauta ética para a  vida  em  sociedade  e  a escola instruí-lo, para que possam fazer frente às  exigências competitivas  do mundo na luta pela sobrevivência” (OSORIO, 1996, p.82).
Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva a muita coisa mais que  a  uma  informação  mútua:  este  intercâmbio  acaba  resultando  em  ajuda  recíproca  e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega­se até mesmo a uma divisão de responsabilidades... (PIAGET, 1972 Apud JARDIM, 2006). Ou seja, quando se consegue aliar a integração de ambos, este processo gera benefícios para a aprendizagem dos alunos.
Todavia, se a família coloca	a	criança na escola, mas não  a  acompanha pode gerar na criança um sentimento de  negligência e  abandono em relação ao seu desenvolvimento. “Por falta de um contato mais próximo e  afetuoso, surgem às condutas caóticas e desordenadas, que se reflete em casa e quase sempre, também na escola em termo de indisciplina e de baixo rendimento escolar” (MALDONADO, 2002 Apud JARDIM, 2006).
Conforme Rocha & Macedo apud Connel (1995).
A escola secundária é fortemente determinada pelo modo como age seu diretor.  E isto também é verdadeiro para a escola  particular, mas  acho  que  pela  razão  de  o diretor da  escola  particular prestar contas para um curador ou  diretoria,  existe mais pressão sobre para obter resultados do que o  diretor  da  escola  secundária  estadual	que presta	contas para  uma  Secretaria  de  Educação. A  escola	 particular produzirá em média melhores diretores porque se  estes  não realizarem serão despedidos ou  a  escola  irá  decair  muito  rapidamente.  (p.126).   
Além disso, a família e a escola devem levar em  consideração às influências externas que, sem acompanhamento das duas instituições  podem  favorecer ou  não  o desenvolvimento das crianças, influenciando positivamente ou negativamente, na formação do educando. Existem famílias, por exemplo, que nunca tiveram experiências prévias com a  escola e que, quando seu  filho  inicia a  escolaridade, depositam o  papel da educação na escola, tomando uma atitude  de  total submissão e  dependência,  assumindo uma ignorância total sobre os assuntos relacionados à  educação.   (BASSEDAS et al, 1996).
Historicamente, até o século XIX, havia uma separação das tarefas da família e da escola: a escola  cuidava do  que  se  chamava  “instrução”,  ou  seja,  a  transmissão  dos conhecimentos/conteúdos da educação formal e a família se dedicava à educação informal: o que podia­se definir como o ensinamento de valores, atitudes e hábitos. No mundo moderno, a educação passa também a ser objeto de atenção das famílias, que, apesar de se preocuparem com  a  qualidade  do  ensino,  transferem  a  escola  competências  que  deveriam  ser  suas  tão somente.  Não  veem  a  escola  como  segunda  etapa  da  educação, mas  criam  nela  toda  a expectativa  de que será responsável, a  vida toda,  pela  educação  de seus filhos. E, em muitas vezes, se esquecem de fazer sua parte (FREITAS, 2011).
Apesar de ambas as instituições terem papel importantíssimo no crescimento e desenvolvimento das crianças, devemos saber  que  cada  uma  possui  o  seu  próprio  papel  nesse  processo de educá-las, daí a importância de se ter uma boa relação entre  ambas  as  partes,  com  as duas instituições cumprindo seus papéis, tanto escola quanto família terão maiores chances de conseguirem um melhor desempenho em seus papéis.
Destaco que o papel da família na formação e nas aprendizagens das crianças e jovens é impar. Nenhuma escola por melhor que seja, consegue substituir a família. Por outro lado, destaco também que a função da escola na vida da criança é igualmente impar. Mesmo que as famílias se esmerem em serem educadoras, o aspecto socializador do conhecimento e das relações não é adequadamente contemplado em ambientes domésticos. (PAROLIN, 2008, p.01).
Ariés (2006) aborda mais uma função da família: a proteção. A sociedade,longe da família, para quem não está preparado, pode ser muito desafiadora. A família deve preparar o indivíduo para viver fora dela, ou seja, a família tem a função de educar para a vida. 
A educação deve orientar a formação do homem para ele poder ser o que é da melhor forma possível, sem mistificações, sem deformações, em sentido de aceitação social. Assim, a ação educativa deve incidir sobre a realidade pessoal do educando, tendo em vista explicitar suas possibilidades, em função das autênticas necessidades das pessoas e da sociedade [...] A influência da Família, no entanto, é básica e fundamental no processo educativo do imaturo e nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la. [...] A educação para ser autêntica, tem de descer à individualização, à apreensão da essência humana de cada educando, em busca de suas fraquezas e temores, de suas fortalezas e aspirações. [...] O processo educativo deve conduzir à responsabilidade, liberdade, crítica e participação. Educar, não como sinônimo de instruir, mas de formar, de ter consciência de seus próprios atos. De todo geral, instruir é dizer o que uma coisa é, e educar e dar o sentido moral e social do uso desta coisa". (NÉRICI, 1972, p.12)
A escola constitui um contexto diversificado de desenvolvimento e aprendizagem, isto é, um local que reúne diversidade de conhecimentos, atividades, regras e valores e que é permeado por conflitos, problemas e diferenças (MAHONEY, 2002). É nesse espaço físico, psicológico, social e cultural que os indivíduos processam o seu desenvolvimento global, mediante as atividades programadas e realizadas em sala de aula e fora dela (REGO, 2003). A escola emerge, portanto, como uma instituição fundamental para o indivíduo e sua constituição, assim como para a evolução da sociedade e da humanidade (DAVIES &COLS., 1997; REGO, 2003). Uma de suas tarefas mais importantes, embora difícil de ser implementada, é preparar tanto alunos como professores e pais para viverem e superarem as dificuldades em um mundo de mudanças rápidas e de conflitos interpessoais, contribuindo para o processo de desenvolvimento do indivíduo.
Outro aspecto limitante dessa relação é o pouco espaço dado ás famílias na construção das práticas educativas da escola. Na maioria das vezes as famílias são chamadas apenas para a entrega das notas ou porque existem algum problema com seus filhos ressalta. Não existe, acrescenta ela, por parte das famílias – mais ainda se situadas em áreas de alta vulnerabilidade social - uma “cultura de reivindicação” que permita saber não apenas o que seu filho está aprendendo, mas também como são as relações sociais, o cotidiano e o clima no ambiente escolar. (Lyra,
Para Mello (2009), umas das consequências é a configuração familiar moderna, pais ansiosos por compensar sua falta, dando aos filhos uma liberdade sem fronteiras, deixando as crianças sem paramentos entre o que é correto e o que não é. Muitos desses filhos acabam desenvolvendo uma baixa tolerância à frustração e chega à escola, muitas vezes o único lugar onde podem expressar-se, com dificuldades em aceitar regras. 
Para que os pais possam trabalhar pela aprendizagem da criança, a comunicação entre escola e família precisa ser eficiente. Vale se desarmar de preconceitos e melhorar os momentos de contato pessoal e as mensagens escritas (SALLA, 2013).
Documentos de aparato legal também aborda a função da família e dentre esses se encontra na Constituição Federal de 1988, que descreve em seu Art. 227 o dever da família em oferecer o cuidado, a proteção, a educação, e, dentre outros, o direito à vida. É importante destacar que o dever da família é definido dentro da lei nacional, deste modo, cabe a ela cumprir com suas funções, dentre essas o dever de pais/responsáveis em matricular seus filhos menores na instituição escolar. A relação entre a instituição familiar e a instituição escolar acontece dentro da perspectiva em atender a tal função.
 O papel da instituição escolar e da instituição familiar se torna imprescindíveis para o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo do aluno. O papel de cada instituição supracitada é diferente, porém se complementam. Sendo assim: 
As práticas educativas divergem quanto ao grau de controle que os pais exercem sobre o comportamento dos filhos. Essa dimensão é crucial ao desenvolvimento da pessoa, desde que, mediante a orientação e controle os outros exercem, aprendem a controlar e a regular a nossa conduta de maneira autônoma (SALVADOR, 1999, p. 165).
A escola precisa criar interações entre as partes família/escola, não como uma forma de troca de favores, mas como um complemente do que se estabelece no ambiente familiar. As proximidades entre ambas as partes não é uma tarefa fácil, exige confiança e criar estratégias para atrair a família. Embora, seja uma obrigação matricular seu filho na instituição escolar, a família precisa compreender que essa obrigação não a faz outra instituição, a não ser a família, aquela que cuida que ensina valores, amor, carinho, atenção. (BRASIL, 2002).
7. ANÁLISE E DISCUSSÃO
A análise do conteúdo encontrada na revisão bibliográfica servirá como base para discutir nossa percepção sobre a efetiva integração dos pais no ambiente escolar e sua influência no mesmo.
Segundo Campos apud Berelson (2004) a análise de conteúdo é uma técnica de pesquisa que tem por objetivo uma descrição do conteúdo manifesto de comunicação de maneira clara, sistemática e quantitativa.
Para Campos apud Bardin (2004) a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicações, que utiliza procedimentos claros e objetivos da descrição do conteúdo das mensagens, ela acrescenta que a intenção é a inferência de conhecimentos relativos ás condições de produção (ou recepção), sendo esta inferência de forma quantitativa ou não.
8. Referências Bibliográficas
ARIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2º Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1977.
BASSEDAS, Huguet, Marrodan, Olivan, Planas,Rosseli, Seguer e Villela. Intervenção e Diagnóstico Psicopedagógico. São Paulo, Artmed. 2009.
BERELSON, B. Content analysis in communication research. New York: Hafner; 1984.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. Disponível em: http://www. planalto. gov. br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao. html. Acesso em: 19 de junho de 2016.
BRASIL, Estatuto da criança e do adolescente – ECA. Brasília, Distrito Federal: Senado, 1990.
BRASIL. Ministério da educação. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei nº 8.069, de 13-7-1990. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 
CABRAL, Karina Melissa; GIORGI, Cristiano Amaral Garboggini Di. O direito á qualidade da Educação Básica no Brasil: uma análise da legislação pertinente e das definições pedagógicas necessárias para uma demanda judicial. Educação, Porto Alegre, V. 35, nº 1, p.116-128, jan./abr.2012.
CAMPOS, Claudinei José Gomes. Método de Análise de Conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília (DF), set/out; V. 57(5): págs. 611-4,2004.
DAVIES, D.; MARQUES, R.; SILVA, P. Os professores e as famílias: A colaboração Possível. 2º Ed. Lisboa: Livros Horizontes, 1997. 
DESSEN, Maria Auxiliadora; POLÔNIA, Ana da Costa. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paideia, vol. 17(36), págs. 21-32, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 11ªed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
FREITAS,  Ivete  Abbade.  Família  e  Escola:  A  Parceria  Necessária  na  Educação  Infantil.  Presidente  Prudente: Unoeste, 2006.
Interação Entre Escola e Família no Processo de Ensino e Aprendizagem da Criança  Disponível em: Brasil Escola  ­ http: //monografias. brasilescola. uol. com. br/ educação /interação ­entre­escola­familia­no­processoensino­aprendizagem.htm – Acesso em 23/10/2016.JARDIM, A. P. Relação entre Família e Escola: Proposta de Ação no Processo Ensino  Aprendizagem. Presidente Prudente: Unoeste, 2006.
MAHONEY, A. A. Contribuições de H. Wallon para a reflexão sobre as questões educacionais. Psicologia & Educação: Revendo contribuições (pp. 9-32). São Paulo: Placco, 2002.
MALDONADO, M. T. Comunicação entre Pais e Filhos: a linguagem do sentir. São Paulo: Saraiva 2002.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MELLO, Eloci de. Família e escola na questão da indisciplina. O x da educação. 04 mar 2009. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/oxdaeducacao/19, 0,2426233,Familia-e-escola-naquestao-da-indisciplina.html. Acesso em 30/08/2016. 
NÉRICI, Imídeo Giuseppe. Lar escola e educação. São Paulo: Atlas, 1972. 
 OSORIO, Luiz Carlos. Família Hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
PAROLIN, Isabel. Relação Família e Escola: Revista atividades e experiências. Positivo, 2008.
PIAGET, J. Para onde vai a Educação. Rio de Janeiro: Jose Olympio, 1972­2000.
ROCHA, C.S MACEDO, C.R. Relação Família & Escola. Belem: Unama, 2002. (www.nead.unama.br/site/bibdigital/.../escola_e_familia.pdf). Acesso em 05/07/2016.
ROSSETTI, Regina. Interação Versus Integração: Linguagem e Comunicação em Bergson. Dossiê Comunicação e Filosofia – V. 16, nº 1, p. 59-75, jan./abr. 2013.
SALLA, Fernanda. Todos juntos. Nova escola. Ano XXVIII, n° 263. Jun/jul, p.36. 2013. 
SALVADOR, C. C. et al. (org.). Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 
SILVEIRA, Adriana Aparecida Dragone. Direito à educação e o ministério público: uma análise da atuação de duas promotorias de justiça da infância e juventude do interior paulista. 2006. 263p. Dissertação (mestrado). Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo, São Paulo. 
SOUSA, Jacqueline Pereira de. A importância da família no processo de desenvolvimento da aprendizagem da criança. Artigo apresentado á Universidade Estadual Vale do Acaraú para obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Fortaleza, 2012.
TIBA, Içami. Disciplina Limite na medida certa novos paradigmas. São Paulo: Integrare Editora, 2006.
TIBA, Içami. Pais e educadores de alta performance . São Paulo: Integrare Editora, 2012.
�PAGE \* MERGEFORMAT�1�

Continue navegando