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IED PRIVADO I - Caderno do 2º Semestre de Aurisvaldo

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IED PRIVADO I 
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira
DIREITO PÚBLICO – Abarca as áreas do Direito cujas normas regulam relações do poder. O Direito Público externo trata do Direito Internacional Público ( Estado – Estado), enquanto o Direito Público interno trata do Direito administrativo jurídicas entre estados ou entre o Estado e um particular, onde nesse caso , o Estado possui a supremacia, penal, constitucional e processual. 
 A relação entre Estado e um particular no direito público é uma relação verticalizada.
DIREITO PRIVADO – Abrangem as áreas do Direito cujas normas regulam relações jurídicas entre particulares ou entre um Estado e um particular, sendo que o Estado nesse caso atua despido de supremacia. O Direito Privado abarca o Direito empresarial, do trabalho (variável , depende do critério) , do consumidor, imobiliário e o direito civil.
 A relação entre o Estado e o particular no direito privado é uma relação horizontalizada.
DIREITO PRIVADO (GÊNERO) X DIREITO CIVIL (ESPÉCIE) – No início, o Direito Privado era o próprio Direito Civil (originado pelos romanos) , porém, com a especialização do direito privado, surgiram novas áreas como o direito do trabalho, empresarial e do consumidor com o intuito de defender o particular nas relações jurídicas, entretanto, caso as áreas específicas não resolvam a situação, ocorrerá o uso do Direito Civil.
-Exemplo 1: Concessionária – Consumidor = Direito do Consumidor
-Exemplo 2: Vendedor Ocasional – Consumidor = Direito Civil ( mais geral )
 Hoje , o direito civil tem uma função residual nas relações mais comuns do direito privado, ou seja , quando não há incidência nos ramos especializados, haverá incidência no direito civil, que trata das mais diversas áreas da vida das pessoas (familiar, personalidade, relações obrigacionais e reais , etc).
OBS: Nas relações jurídicas nos ramos especializados do direito privado, o direito civil atua de forma subsidiária/secundária , preenchendo as eventuais lacunas normativas.
FONTES DO DIREITO CIVIL
1 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL ( PRINCIPAL HIERARQUICAMENTE )
2 – CÓDIGO CIVIL – É a principal fonte sob o prisma de extensão do conteúdo. Tem como objetivo regular relações entre particulares, através das suas normas de caráter civil. Foi a Lei 10.406 que instituiu o Código Civil. 
 Reuniram em única lei, normas da mesma natureza segundo critérios sistemáticos. O Código Civil é organizado em uma parte geral e outra parte especial.
 A parte geral contém normas gerais e abstratas sobre os elementos (sujeito, objeto e fato propulsor) das relações jurídicas, sendo dividido em 3 livros: das pessoas , dos bens jurídicos e dos fatos jurídicos.
 A parte especial regula as relações jurídicas propriamente ditas , sendo dividida em 5 livros: do direito das obrigações, de empresa, das coisas , de família e das sucessões.Cada um dos livros são divididos em títulos, capítulos e seções ( que podem ter subseções) , sendo todos integrados por artigos.
3 – LEIS EXTRAVAGANTES AO CÓDIGO CIVIL – São todas as leis que não são do próprio Código Civil. Possuem a mesma finalidade daquelas presentes no código.
EVOLUÇÃO DO DIREITO CIVIL 
ORIGENS MAIS REMOTAS DO DIREITO CIVIL: O primeiro ramo do direito a ser organizado sistematicamente foi o direito civil, graças aos romanos. Depois de criado o Direito Civil tudo o que se fez foi atualizar as necessidades da sociedade em constante modificação. O Direito Civil atual tem suas origens mais remotas no direito romano. 
ORIGENS MAIS RECENTES: O grande filtro do direito romano está nas grandes codificações francesa (1804) e alemã (1900).
VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS CÓDIGOS: alguns dizem que eles fossilizam o direito. Normalmente todo código já nasce velho porque envolve muitos interesses e essa desatualização se acentua com o tempo. Os códigos estimulam o positivismo jurídico. Tem como vantagem a organização sistemática porque possibilitam o conhecimento do direito. 
CÓDIGO CIVIL FRANCÊS: Do ponto de vista ideológico espelha o ideário da revolução burguesa (liberdade, igualdade e fraternidade). A liberdade se expressava no âmbito econômico com a ausência do Estado das relações privadas, garantindo o mais amplo espaço para os agentes econômicos, livres de quaisquer limites. A igualdade era vista sob o enfoque meramente formal (todos são iguais desprezando as desigualdades reais); a liberdade era patrimonial. Não se preocupava com os valores essenciais da pessoa. Nosso código civil de 1916 e 2002 retrata esse ideal burguês (patrimonialista). O de 1916 mais que o de 2002. A maior crítica que se faz ao código francês é quanto a sua organização sistemática, que não é boa.
CÓDIGO CIVIL ALEMÃO: Não era tão exacerbadamente individualista e patrimonialista. Tinha preocupação com valores humanos, estranhos ao código francês. Politicamente foi resultante da unificação alemã. Houve a adoção do direito romano, através da recepção. Do ponto de vista jurídico o código alemão é resultado da Escola Pandectista (defende que um direito ou um código só prevalecerá se resultar de uma profunda investigação histórica do direito). Do ponto de vista ideológico o nosso Código Civil de 16 é mais influenciado pelo francês, sendo considerado tardiamente liberal. Do ponto de vista da organização sistemática, por outro lado, o nosso código reproduziu a estrutura do Código Civil Alemão. A legislação alemã é sintética. A francesa é analítica. A analítica procura prever as condutas e suas consequências. Já a sintética enuncia princípios que devem regular as diversas condutas.
A EVOLUÇÃO DO DIREITO CIVIL NO BRASIL
Período Colonial: No período colonial o nosso direito era o direito da metrópole. Vigoravam as ordenações (grandes compilações legislativas editadas em Portugal), um misto do direito romano e, sobretudo, do direito canônico. 
Codificação: CLÓVIS BEVILAQUA: Ele partiu dos trabalhos dos antecessores e em 6 meses o seu projeto estava preparado, mas levou 17 anos para ser aprovado. O código Bevilaqua é fortemente influenciado pelo direito francês. Já nasceu velho, anacrônico e incompatível com o momento histórico (liberalismo, quando o mundo já caminhava para o estado do bem estar). Do ponto de vista técnico não era ruim; apenas era anacrônico. 
Projeto Miguel Reale: junto com outros juristas elaboraram um anteprojeto, que em 1975 foi encaminhado ao Congresso Nacional. Em 1986 já estava aprovado o projeto quase todo. Mas havia um problema: iminência de uma nova constituição. Houve o temor de que fosse aprovado um código civil que fosse logo revogado pela nova constituição de 88. Embora aprovado não foi apreciado até que a nova constituição fosse aprovada.
CÓDIGO CIVIL DE 2002 (LEI 10.406): Após aprovada a nova constituição, Miguel Reale foi convidado para revisar o código. Fizeram a atualização e foi aprovado em jan de 2002. Também já nasceu velho. Há uma evolução, mas ainda é preponderantemente liberal. Essa defasagem temporal se dá em função dos grandes interesses envolvidos. 
DIREITO CIVIL CONSTITUCIONALIZADO – É a aplicação do direito civil sob as luzes e orientação dos princípios constitucionais. Não existe mais aquela dicotomia. Impõe-se uma unidade hermenêutica, cujo objetivo é superar a lógica da existência patrimonial humana pela da dignidade humana.
 
PERSONALIDADE JURÍDICA – Consiste numa aptidão genérica ( de todas as pessoas) para figurar como sujeito na relação jurídica e para contrair obrigações/deveres e adquirir direitos. Todos possuem personalidade, basta ser uma pessoa natural/física. Todas as pessoas, independentemente de sua capacidade, possuem personalidade jurídica (personalidade capacidade). É adquirida a partir do nascimento com vida, mas o direito tutela garantias para o nascituro (feto). Existem teorias que discutem a aquisição de personalidade jurídica do nascituro.
TEORIA NATALISTA: Diz que há um acerto na primeira parte do artigo e um equivoco na segunda parte. Defende que o nascituro não tem direito e sim expectativa de direito. 
Crítica: Existemdireitos inerentes que o nascituro desfruta, como direito a vida e a alimentação.
TEORIA CONCEPCIONISTA: Afirma que o erro estaria na primeira parte do artigo e não na segunda parte. Afirma que a personalidade vem com a concepção.
Crítica: Todos os embriões fertilizados em vítreo tem o direito a vida, portanto deveriam nascer, os concepcionistas defendem que só ocorre concepção no momento da nidação e concorda que o direito patrimonial só ocorre com a percepção da vida.
TEORIA CONDICIONAL: Mais flexível, diz que o nascituro tem personalidade condicional que se aperfeiçoam com o nascimento com vida. A teoria intermediária é a da personalidade condicional, dizendo que o nascituro possui personalidade jurídica condicional, mas não plena. É um meio termo.
OBS: Não se pode confundir PERSONALIDADE JURÍDICA com PESSOA JURÍDICA. São abstrações do direito. São entes sem existência física. São as empresas, sociedades, associações, autarquias, fundações, partidos políticos, organizações religiosas, e o próprio Estado. 
CAPACIDADE – Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
 A Capacidade de direito/gozo é a consequência da personalização, sendo genérica , pois todos adquirem ao nascer.
 A capacidade de fato/exercício é a capacidade de exercer por si só atos da vida civil (não é genérica).
 Quando o indivíduo reúne as 2 capacidades (de gozo e de exercício) ele é plenamente capaz.
INCAPACIDADE: É a ausência de capacidade de fato.
INCAPACIDADE ABSOLUTA: O individuo é privado de discernimento ( menor de 16 anos),nesse caso o ato não possui qualquer valor jurídico, é nulo(nulidade). Ocorrerá a representação que é quando a manifestação de vontade do representante substitui a do representado. O contrato SÓ será assinado pelo representante.
INCAPACIDADE RELATIVA: o indivíduo tem algum grau de discernimento que não é pleno. Ele pode praticar atos da vida civil, mas não poderá fazê-lo sozinha. Nesse caso ocorre o ato é anulável (anulabilidade). Ocorrerá a assistência, que é quando a manifestação de vontade do assistente NÃO substitui a do assistenciado. É necessário que simultaneamente manifestem as suas vontades do assistente e do assistenciado. O contrato deverá ser assinado simultaneamente.
OBS: Quando a capacidade deriva da menor idade o representante ou o assistente são os pais, se os mesmos não forem aptos fica um tutor.
 Quando for maior incapaz o titular será o curador . Atualmente não existe incapacidade por deficiência.
CASOS EM QUE HÁ INCAPACIDADE RELATIVA:
DEPOIS QUE SE COMPLETAR 16 ANOS E ANTES DOS 18.
VICIADOS EM ALCOOL OU EM DROGAS , CONTANTO QUE TENHA O DISCERNIMENTO COMPROMETIDO.
QUANDO NÃO SE CONSEGUE EXPRIMIR SUA VONTADE. EX:COMA.
PRÓDIGOS, PESSOAS QUE GASTAM DESORDENADAMENTE SEU PATRIMÔNIO PODENDO CHEGAR A POBREZA,CONSTITUINDO DESVIO DE CONDUTA, APENAS QUANDO HOUVER PERDA DE PATRIMÔNIO.
OBS: O código civil não regula a capacidade do índio.
-Índio isolado: Não tem contato com a nossa cultura.
-Índio em via de integração: Estão em contato com nossa cultura, porém conservam de maneira predominante sua cultura.
-Índio integrado: Dominam a cultura não indígena.
 Atos entre índios não integrados sem assistência da FUNAI são nulos. Não é expresso se a incapacidade se da relativamente ou absolutamente. 
LEGITIMAÇÃO – Requisito específico exigido por lei para que certas pessoas pratiquem determinados atos. Ausente a legitimação, o ato não pode ser praticado validamente. Legitimação também pode ser chamado de capacidade específica.
 A legitimação quanto às pessoas naturais se inicia ao nascimento com vida.
CÓDIGO CIVIL / Art. 2o - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
DIREITO CONDICIONAL: Direito subordinado a um futuro incerto, é diferente da expectativa de direito pois o primeiro tem uma proteção jurídica.
Entre os autores clássicos prevalece a teoria natalista , porém entre os contemporâneos prevalece a concepcionista.
Direito patrimonial só com a vida, de existência com a concepção. Essa é a visão que predomina.
EMANCIPAÇÃO - É a antecipação da capacidade civil para o menor de 18 anos. Só tem consequências na órbita civil.
VOLUNTÁRIA: É concedida pelos pais aos filhos após 16 anos. Hoje se entende que pode ser concedido pelo pai ou mãe, antes era exclusivamente pelo pai e só na ausência desse era concedida pela mãe. Se houver controvérsia entre os pais o judiciário precisará se manifestar, mas a emancipação nesse caso permanece sendo voluntária. O juiz só entra na discussão para decidir o que é melhor para o menor.
JUDICIAL: Tem esse nome porque depende de manifestação do juiz. Só ocorre em uma única hipótese: quando o menor está sob tutela (pais mortos ou destituídos do poder familiar). Então, o menor pode ir a juízo solicitar sua emancipação. 
LEGAL: Consiste na ocorrência de um fato ao qual a lei atribui a consequência de poder antecipar a plenitude da capacidade civil. Não depende nem de uma liberalidade dos pais, nem de decisão judicial. 
-Casamento: Uma vez realizado o casamento antes dos 16 anos, será realizada a emancipação. A cessação do casamento pelo divórcio não implicará retorno ao estado de incapacidade. Mas aquele que atuou de má fé terá a emancipação anulada, voltará o estado de incapacidade.
-Exercício de emprego público efetivo: Os concursos exigem a idade mínima de 18 anos para prestação de concurso público. O emprego tem de ser efetivo. Não se aceita função de confiança, emprego temporário para que se conceda a emancipação.
-Colação de grau em curso de ensino superior: Extremamente esvaziada. Colação de grau é formar-se e não apenas passar no vestibular ou ingressar no curso. Pode ocorrer com, por exemplo, os superdotados.
-Estabelecimento civil ou comercial: a existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Tem que exercer uma atividade civil e prover o próprio sustento.
EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL - A pessoa natural se extingue com a sua morte, o indivíduo deixa de ser sujeito de direitos. Com a morte, extinguem-se a personalidade jurídica; abre-se a sucessão (os seus herdeiros são chamados a suceder); extinguem-se os contratos personalíssimos; põe-se fim ao casamento. 
COMORIÊNCIA - É presunção de morte simultânea. Se é possível definir a ordem por qualquer que seja o meio (perícia, testemunha) não será usado o instituto da comoriência.
MORTE PRESUMIDA - é considerar morto alguém cuja morte é provável, mas que não pode ser provada. (Ex.: Ausente, que é alguém que estava em perigo de vida e desapareceu; outro exemplo é alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não encontrado até dois anos após o término da guerra).
AUSÊNCIA –(Artigos 26º - 39º) É um estado de fato de quem desaparece sem deixar notícia de seu paradeiro. O que se busca com a declaração da ausência é, principalmente, a proteção dos direitos patrimoniais do ausente. As etapas são:
CURATELA - Os interessados requerem a declaração de ausência; o juiz reconhece o estado de ausência e declara; arrecada os bens (relaciona os bens, arrola) e nomeia um curador. Esse curador será um administrador dos bens do ausente nessa fase. Ele não pode alienar os bens, dispor de forma alguma, sua única função é administrar e prestar contas dos bens. O curador será o cônjuge, os pais, os descendentes, qualquer pessoa à escolha de juiz, nessa ordem de prioridades. Se retornar o ausente, ele não perderá nada, tudo voltará para sua posse. Essa fase também pode ser chamada de Fase de Curadoria dos Bens do Ausente, não sendo eterna, mas sim temporária.
SUCESSÃO PROVISÓRIA – Se dá através de uma sentença que se pressupõe a um requerimento. A sucessão provisória pode ser requerida 1 ano após a arrecadação dos bens se o ausente não deixou procurador ou representante, ou 3 anos após a caracterização da ausência se o ausente deixou procurador ou representante, sendo possível requerer a aberturada sucessão provisória. Os herdeiros são chamados a suceder. Nesse momento eles recebem apenas a posse provisória (os herdeiros não podem vender os bens do ausente, apenas com uma autorização judicial alegando a ruína/perecidade do bem sendo convertido em outro bem ou garantido em títulos pelo Governo) e não a propriedade dos bens porque a qualquer momento que o ausente retorne os bens retornarão para ele no mesmo estado deixado pelo ausente. 
 Cônjuge, Ascendentes, Descendentes irão se apropriar da integralidade (100%) dos frutos e rendimentos. Se o ausente retornar, receberá o patrimônio no estado que se encontra e os frutos parciais. 
 OBS: Caso o herdeiro seja o irmão/amigo do ausente, que não é nem um ascendente, cônjuge ou descendente , ele precisará prestar uma garantia através da cessão de um bem de valor equivalente ou superior ao do ausente , para ter a posse provisória do bem do ausente, e receberá metade dos frutos e rendimentos. Se ele não quis prestar a garantia não será emitida sua posse, além disso, ele não receberá nada dos rendimentos, e caso ele não tivesse patrimônio para garantir o bem, ele recebe sua parte de frutos e rendimentos, não sendo emitida sua posse.
SUCESSÃO DEFINITIVA - É necessário que transcorram 10 anos da sucessão provisória. Mas se o ausente já estiver com mais de oitenta anos, pode ser requerida a abertura da sucessão definitiva após 5 anos de caracterização da ausência. Quando se chega a esse momento (sucessão definitiva) é possível também que se requeira a declaração de morte presumida e, nesse momento, os herdeiros passam a ser proprietários, sendo os frutos e rendimentos integralmente deles, sendo o que estava capitalizado em parte do ausente (caso de um indivíduo que não é cônjuge, ascendente ou descendente) volta a ser do herdeiro, onde as garantias prestadas anteriormente se tornam cauções extintas após requerimento, não sendo mais necessário a prestação de garantias.
 A propriedade pertencente ao herdeiro é uma propriedade resolúvel , pois é passível a extinção da mesma. Se o ausente aparecer no período de 10 anos os bens retornarão para ele no estado em que se encontrarem, sem frutos. Depois desses 10 anos o ausente não recebe nada, onde tais situações se aplicam também ao morto presumido.
NOME DA PESSOA NATURAL – É a designação pela qual a pessoa é reconhecida e identificada na família e na sociedade que é o nome completo do indivíduo, que é formado por duas partículas, o prenome (partícula inicial) e o patronímico (ou sobrenome), tendo como a natureza jurídica (a categoria jurídica no Direito) do nome dividida em três teorias.
 O nome para a primeira teoria é um direito de propriedade, ou seja , o nome pertenceria ao indivíduo assim como um objeto pertence ao mesmo. É uma teoria não aceita no Brasil, pois o nome é indisponível pois o mesmo não pode ser renunciado ou transmitido
A segunda teoria afirma que o nome é um direito sui generis (de gênero próprio, sem igual), não pertencendo a nenhuma categoria jurídica, pois o nome é uma decorrência da necessidade de identificação.
 A terceira teoria afirma que o nome é um direito da personalidade, ou seja recaem sobre atributos físicos , psíquicos ou morais da pessoa, estando na mesma categoria do Direito à Vida, Moralidade , Personalidade, etc. É a teoria aceita no Brasil ,sendo que assim como você defende sua imagem , é possível defender também seu nome, sendo ele indisponível , daí se considerando que o nome.
 O Prenome é atribuído dos pais aos filhos, onde os pais tem amplas liberdades de atribuição, respeitando os poucos limites (não fiscalizados ou sancionados por ninguém, porém previstos nas Lei dos Registros Públicos) como o fato de que os irmãos não podem ter os mesmos pronomes; a grafia deve observar as regras da língua portuguesa , com exceção prenomes estrangeiros; o nome não pode expor a pessoa ao ridículo, onde o oficial civil pode recusar em todas as situações , onde os pais podem recorrer a revisão da recusa, porém nenhuma sanção é aplicada.
 O Sobrenome/Patronímico é a parte do nome que indica a família/ancestralidade da pessoa, podendo ser do pai , da mãe, da combinação de ambos ou de nomes de ancestrais cujos pais não possuem o sobrenome
 Caso haja o nome de duas pessoas da família com mesmo nome completo, é necessário a colocação de um Agnome (Filho , Júnior, Algarismo Romano,etc).
Cognome é a forma pela qual a pessoa é popularmente conhecida, diferentemente do apelido que tem dois sentidos: tanto sendo usado no sentido de Cognome , como sendo usado no sentido de família
Pseudônimo é o nome utilizado de uma pessoa no exercício de determinada atividade, podendo ter a mesma proteção jurídica que o nome registrado da pessoa , contanto que o mesmo pratique atividade lícita. Nome Artístico é um exemplo de Pseudônimo e nem todo cognome é pseudônimo , assim como nem todo pseudônimo é um cognome.
PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE DO NOME (IMUTABILIDADE RELATIVA): Como regra, o nome é imutável, tendo o intuito de manter e estabelecer a segurança jurídica , mas existem exceções que são: 
-Prenome :
1 - Evidente erro gráfico, permite-se a retificação do erro
2 - Exposição ao ridículo do portador, podendo ser anulado pelo oficial e trocado
3 - Adição/substituição de/por cognomes públicos e notórios (Ex: Lula, Xuxa)
4 - Quando a pessoa é testemunha/vítima de um crime , colaborando com a justiça e sofre ameaça, podendo requerer judicialmente a alteração e voltar, caso queira, a utilização do nome original
5 - Em casos jurisprudenciais, com o aportuguesamento de nomes estrangeiros.
6 - Com a adoção (prevista no ECA). É facultativo dos adotantes alterar o prenome do adotado
7 - Qualquer pessoa no primeiro ano do exercício de sua maioridade tem o direito de mudar seu prenome (Lei de Proteção)
8 - Em casos jurisprudenciais, quando há homônimos (mesmo nome) que haja algum tipo de prejuízo e/ou confusão;
 9 -Em casos jurisprudenciais quando o transexual é transgenitalizado , a mudança não é discutida. Quando não é, existe uma convergência, porém sem decisão do STF, havendo decisões contrárias e favoráveis nos tribunais estaduais.
-Sobrenome:
1 – Adição de sobrenome de ascendente, tendo que provar seu parentesco.
2 – Em casamentos , o que a lei permite a adição , mas não a substituição, da partícula que ela quiser.
3 – O adotado recebe o sobrenome dos adotantes, tendo o mesmo direito dos filhos biológicos.
4 – Reconhecimento do filho, onde o pai que reconhece o filho pode adicionar o seu sobrenome.
5 – Separação e divórcio: o cônjuge que adota o sobrenome do antigo parceiro , tem a faculdade de retirá-lo após o divórcio. 
OBS: O pronome tem previsão expressa para a alteração do prenome (Lei dos Registros Públicos e Lei de Proteção à Testemunha), sendo mais difícil a alteração do sobrenome , pois não há previsão expressa de sua alteração.
TUTELA JURÍDICA DO NOME - Pode-se defender o nome, impedindo que seu nome seja utilizado para fins comerciais ou a utilização em representações que exponha o portador ao ridículo. É em função do aspecto público que não se pode mudar o nome, mas o nome também é um direito da personalidade, por isso o direito da defesa do nome. Tutela quer dizer proteção do nome.
ESTADO DA PESSOA NATURAL – Compõe um conjunto de características juridicamente relevantes que permitem a identificação da pessoa. É uma noção técnica destinada a caracterizar a posição jurídica da pessoa no meio social. Foi uma herança dos romanos , que tinham 3 estados: civitates , que é o Estado Político, atualmente; familiare = Estado Familiar hoje em dia; libertatis (livres x escravos) = Estado Individual .
-Estado Político: Brasileiros ou estrangeiros, onde o Brasileiro pode ser naturalizado ou nato, não sendo regulado por normas do Direito Civil.
-Estado Familiar: No Código Civil de 1916 havia o desquite, que extinguia a sociedade conjugal ( separação de bens, e de coabitação) mas não era cancelado o casamento, onde apenas em 1977 houve a permissão deum divórcio. O Estado Familiar até hoje é regulado pelo Direito Civil, podendo ser visto pelo prisma do matrimônio e do parentesco.
 O Prisma Matrimonial possui 5 estados ( Solteira, Casada, Viúva, Divorciada e Separada Judicialmente).
 Sob o Prisma Do Parentesco há 2 Estados: o Consanguíneo (Em Linha Reta ascendente ou descendente ,como os netos e avôs, e em Linha Colateral/Transversal é de pessoas como irmãos e primos) e o Afim/Afinidade que é o vínculo que há entre uma pessoa e os consanguíneos do seu cônjuge (Em Linha Reta, ascendente ou descendente como sogras , e Em Linhas Colaterais, como os cunhados). A Linha Reta é infinita , mas em linha colateral vai até o 4º Grau em consanguinidade.
OBS:Definição de graus : Pai e Mãe (1º Grau) , Irmãos e Avôs (2º Grau) , Tio-Avô ( 3º Grau), Primo do Pai/Mãe (4º Grau).
OBS: A afinidade em Linha Reta não cessa com o fim do casamento.
-Estado Individual: É residual e revela aspectos relevantes do indivíduo que não se enquadra nos estados político e no familiar. Se dispõe em três aspectos: Idade, Sexo e Saúde.
 O aspecto da Saúde é relacionada à saúde mental (antes capacidade e incapacidade), onde o vínculo de capacidade se perdeu.
 O aspecto de Sexo quer dizer em relação ao gênero da pessoa (reconhecemos oficialmente apenas o Sexo Masculino ou Feminino no Brasil), onde , hoje em dia , a questão de capacidade não possui mais vínculos com o aspecto de sexo.
 O aspecto de Idade se relaciona com a idade biológica do indivíduo e se relaciona diretamente com a capacidade e incapacidade da Pessoa Natural.
CARACTERÍSTICAS DO ESTADO DA PESSOA NATURAL 
-Indisponibilidade: Em direito, dispor é se desfazer de algo, onde a disposição é feita pela alienação, que se dá através da venda e doação (transmitir a propriedade à outra pessoa), e renúncia (abrir mão do objeto sem transmitir especificamente para outra pessoa). 
 Portanto, podemos dizer que o Estado da Pessoa é Indisponível, não podendo alienar ou renunciar o seu Estado.
 -Indivisibilidade: quer dizer que a pessoa não pode ter Estados Contraditórios (não pode ser simultaneamente capaz e incapaz, solteira e casada) onde a única exceção é o Estado Político, onde a pessoa pode possuir dupla nacionalidade.
 -Imprescritibilidade: A prescrição consiste na perda/aquisição de direitos com o passar do tempo , onde na prescrição aquisitiva você adquire direitos .... a prescrição não atinge o Estado da Pessoa (ninguém perde o estado de filho, por exemplo). Ou seja, a imprescritibilidade é quando não há perda de pretensões pelo seu não exercício ao longo do tempo.
AÇÕES DE ESTADO - Ações judiciais que objetivam criar, modificar ou extinguir o estado da pessoa. (Ex.: divórcio, interdição, emancipação judicial, declaração de morte presumida). As ações de estado, em regra, são imprescritíveis, não possuindo prazo para serem exercidas. Diante da importância do estado da pessoa, o Ministério Público (art. 127, CF) é obrigado a intervir nas ações de estado. A função do MP é a defesa do interesse público. São personalíssimas pois são intentadas apenas pelo legitimador interessado.
PESSOA JURÍDICA – Pessoa Jurídica é o grupo humano ou acervo patrimonial, criado na forma da lei, dotado de personalidade jurídica própria, para a realização de fins determinados, onde tais fins devem estar previstos nos seus atos constitutivos (atos que criam e Pessoa Jurídica, Estatuto ou Contrato Social), podendo serem alterados ou ampliados, praticando atividades relacionadas com este fim. Com a atribuição da personalidade jurídica à Pessoa Jurídica, ocorre a autonomia patrimonial, ou seja , os direitos e deveres da Pessoa Jurídica não se confundem com os direitos e deveres que integram a Pessoa Jurídica.
NATUREZA JURÍDICA DA PESSOA JURÍDICA – Historicamente, surgiram duas grandes linhas doutrinárias, onde haviam as Teorias Negativistas e as Afirmativistas, que negavam ou afirmavam que as Pessoas Jurídicas possuem personalidade jurídica, sendo que hoje em dia, predomina quase que completamente a Teoria Afirmativistas.
-Teorias Negativistas: Uma afirmava que a Pessoa Jurídica era apenas uma propriedade coletiva, outra teoria afirmava que a PJ possuía apenas aparência de personalidade jurídica, negando a obtenção de personalidade jurídica pela PJ.
-Teorias Afirmativistas: 
 A Teoria da Ficção propõe que a PJ é uma mera abstração/criação do Direito.
 A Teoria da Realidade Objetiva é oposta a Teoria da Ficção, pois afirma que a existência da PJ é real, sendo que essa existência real não é física , mas sim social, ou seja , não foi o Direito que criou esses grupos humanos que se reúnem para alcançar objetivos em comum , não sendo assim uma abstração, podendo constatar a existência da PJ no plano social.
 A Teoria da Realidade Técnica é uma teoria eclética, reunindo aspectos da Realidade Objetiva e Ficção, onde a existência da PJ é real (não física, mas social), porém a contribuição do direito está na personalização, sendo a personalização uma obra do Direito.
 No Código Civil (Artigo 45) , boa parte dos juristas acreditam que a PJ é concebida no CC/2002 através das Teorias da Ficção e da Realidade Técnica.
REGISTROS DA PESSOA JURÍDICA – Existem dois tipos de registros da PJ, que são as Empresas Mercantis da PJ (Sociedades) e o Registro Civil de Pessoas Jurídicas (Associações e Fundações), dependendo da natureza jurídica da PJ.
 Para a Pessoa Natural, o registro de nascimento não cria sua personalidade , é apenas uma formalidade , mas para a PJ , o seu registro de nascimento é constitutivo, ou seja, a PJ só existe se obtiver registro. Algumas PJs necessitam antes do registro de uma autorização prévia de algum órgão regulador ,por exemplo, caso queira se criar um banco ou seguradora, é necessário um ato formal do Poder Executivo (Banco Central no caso), para permitir o registro da PJ, onde todo o processo de autorização deve ser averbado.
PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA – A PJ de Direito Privado não surge espontaneamente , ou seja as pessoas necessitam deliberar a criação da PJ, onde as observâncias legais para a sua criação são o registro (por excelência) e a licitude do objeto (toda PJ necessita que em seu ato constitutivo seja estabelecido seu fim , onde tal finalidade deverá ser lícita), onde caso a PJ possua objeto ilícito anteriormente ao seu registro, a mesma não será aceita, e caso seja superveniente, haverá a desconstituição da PJ.
SOCIEDADE IRREGULAR OU SOCIEDADE DE FATO - A Sociedade de Fato seria aquela que existiria independentemente de qualquer documento representativo de sua existência, já a Sociedade Irregular teria um documento representativo de existência , porém o mesmo não seria registrado, onde tal diferenciação serve apenas para conceitos teóricos.
 As consequências para as duas sociedades são a inexistência de personalidade jurídica, onde os sócios de fato respondem ilimitadamente pelas obrigações societárias. Os sócios que se obrigaram pela sociedade respondem solidariamente por ela/com ela, os que não se obrigaram respondem subsidiariamente pela empresa. 
ENTES DESPERSONALIZADOS – Também denominados entes de personalização anômala , não tendo camada jurídica e não sendo centro de direitos e deveres autônomos (não possuem personalidade jurídica) , entretanto têm personalidade judiciária , podendo ir a juízo na defesa de seus interesses.
ESPÓLIO - Significa patrimônio, isto é, todos os bens, direitos e obrigações deixadas por alguém que veio a falecer. É chamado juridicamente pelo termo “de cujus”. O espólio irá responder por todas as dívidas do falecido e até por alguma condenação anterior a sua morte, ou por qualquer ação, mas que seja de sua responsabilidade civil, sendo o espólio um ente despersonalizado, porém com personalidade judiciária, que é representado pelo inventariante, um dos herdeiros nomeados pelo juiz.
MASSA FALIDA – é o acervo de bens que integrava o patrimônio daquele cuja falência foi decretada, ou seja caso um empresário entre falência, todo o seu patrimônio se torna um ente despersonalizado chamado massa falida. A Massa Falida pode atuar contra o próprio falido (caso haja sonegação de bens) e é representada por um Sindico da Massa Falida, geralmente sendo um dos credores.
HERANÇA JACENTE – São os bens daquele indivíduo que falece sem ter deixado um herdeiro conhecido ou nenhum herdeiro. Caso haja ao menos um herdeiro , estes bens serão convertidos em espólio. A Herança Jacente é administrada por um Curador.
HERANÇA VACANTE – É o mesmo acervo patrimonial que compõe a herança jacente, depois de publicarem o edital, aguardarem os prazos e localizarem os herdeiros, onde caso nenhum herdeiro seja encontra, os bens irão para a Fazenda Pública do Estado (Municipal, Estado, União).
CONDOMÍNIO - Ocorre quando existe um domínio de mais de uma pessoa simultaneamente de um determinado bem, ou partes de um bem.
 Tecnicamente, e segundo a legislação brasileira, temos expressa que é a ideia do direito exercido por mais de uma pessoa sobre o mesmo objeto. No Brasil tem-se o condomínio, quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, e todas envolvidas têm igual direito, de forma ideal, sobre o todo e cada uma de suas partes. Sendo assim, o poder jurídico atribuído a todos na sua integralidade. Cada condômino tem assegurada uma fração, ou quota da coisa.
OBS: Alguns autores contemporâneos acreditam que a sociedade propriamente dita e a família podem ser exemplos de entes personalizados.
CAPACIDADE JURÍDICA DA PESSOA JURÍDICA – A PJ possui a chamada Capacidade Jurídica Especial, pois embora seja plena , a PJ não pode cometer quaisquer atos que não sejam compatíveis com seu ato constitutivo, a lei e qualquer ato que apenas Pessoas Físicas podem realizar. Toda PJ é plenamente capaz , não havendo incapacidade da PJ, enquanto o ser humano pode ser capaz, relativamente incapaz e absolutamente incapaz.
REPRESENTAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA – A PJ ela é representada através de um representante , havendo uma discussão de terminologia entre representação x apresentação, incumbido àquele designado pelo ato constitutivo, ou seja, o ato constitutivo é quem determina o(s) representantes da PJ. Caso não haja representação expressa, o representante será determinado pela Diretoria, e caso a mesma seja colegiada, a decisão será tomada pela maioria.
CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS – As PJs podem ser PJ de Direito Público Interno/Externo ou PJ de Direito Privado.
PJ DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO - As PJs Direito Público Externo são todas os Estados estrangeiros (Vaticano, EUA , França , Argentina, etc), assim como todas PJ reguladas pelo Direito Internacional Público (OMS, ONU, Santa Sé, etc)
PJ DE DIREITO PÚBLICO INTERNO - As PJs de Direito Público Interno são a União, os Estados e Distrito Federal , os Municípios, as Autarquias (Universidades Federais e Estaduais, Banco Central, OAB, sendo instituições que servem para agilizar a atuação do Estado, com o intuito de descentralizar o poder, podendo atuar nos âmbitos municipais, federais e estaduais) e as demais entidades de caráter público criadas por lei, sendo as fundações e associações públicas.
OBS: Caso um indivíduo queira entrar em uma ação contra um órgão como o Banco Central, o mesmo entrará em uma ação contra o Estado . Caso seja uma ação contra a UFBA, ele entrará em uma ação contra a Autarquia UFBA.
OBS: O Ministério da Justiça e o STF não possuem personalidade jurídica , pois fazem parte do corpo que compõe a União.
PJ DE DIREITO PRIVADO – São as Associações , Fundações, Sociedades, organizações religiosas, partidos políticos e empresa individual de responsabilidade limitada.
-Associações (Artigos 53-61 do CC/02): Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos, com finalidades educacionais, beneficentes , lúdicas, científicas, sindicais, esportiva, etc. O ato constitutivo da Associação é o estatuto¸ que deve ser registrado no cartório.
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais.
Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
        
 Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.
 Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral
I – destituir os administradores;         (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
II – alterar o estatuto.        (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores.
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la.         (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
§ 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação.
§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.
-Fundações (Artigos 62-69 do CC/02) : É um acervo patrimonial dotado de personalidade jurídica para a realização de fins determinados de caráter social. As associações e sociedades são PJs formadas através da união de pessoas, sendo assim denominadas de corporações. Já as fundações são formadas por um patrimônio afetado/destinado a uma determinada função de cunho social. A fundação não possui dono ou proprietário, tendo apenas administradores, onde os bens da fundação não integram o patrimônio do instituidor (pode ser instituído por apenas uma pessoa). O patrimônio é um elemento essencial da fundação e os fins são imutáveis.
 
 A instituição de uma fundação será dada através de Escritura Pública quando o instituidor estiver vivo e através de Testamento caso seja após a morte do instituidor. Os bens são o substrato de uma fundação, sendo suficientes para perseguira finalidade pretendida pelo instituidor, devendo estar livres (sem estar como garantia para pagamentos de dívidas em penhoras ou hipotecas).
 
 Antes de instituída a fundação, fala-se de Dotação (que é a reserva do patrimônio para a própria criação do patrimônio) e após sua instituição fala-se em Doação (deve ser feita entre dois entes). A dotação e a afetação de finalidades (caso a finalidade seja extinta, a instituição será também extinta) devem ser feito no momento de criação da fundação, onde não é obrigatório no primeiro momento que o instituidor defina a forma de administração da fundação, podendo elaborar seu estatuto de forma Direta (por ele mesmo, estabelecendo o prazo de elaboração) ou Fiduciária (onde o instituidor confia a elaboração do estatuto à outro administrador). 
 O estatuto pode ser elaborado pelo instituidor , por um terceiro ou pelo Ministério Público, caso esse segundo não cumpra o prazo de elaboração do estatuto, seguindo para a sua aprovação no MP (caso seja elaborado pelo Ministério Público, deve ser autorizado por uma autoridade jurídica). O Ministério Público pode rejeitar ou aprovar o estatuto, onde as correções poderão ser feitas através de uma diligência. Após a aprovação , temos a fase de registro, que faz com que a fundação possua enfim existência legal.
 
 As fundações são as únicas Pessoas Jurídicas sistematicamente fiscalizadas pelo Ministério Público, havendo uma fiscalização durante todo o período de existência da fundação, tendo como objetivo velar pela vontade do instituidor. 
 
 A extinção da fundação só ocorre em hipóteses determinadas que é quando o objeto se torna ilícito ou inócuo , ou quando os bens não se tornam suficientes para manter a fundação, onde esses bens serão incorporados para uma fundação com fins semelhantes.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
 Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:        (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
I – assistência social;        (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;        (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
III – educação;        (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
IV – saúde;        (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
V – segurança alimentar e nutricional;        (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;        (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;        (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;        (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
IX – atividades religiosas; e        (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.        (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.           (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
-Sociedade (Artigos 981-985 do CC/02): A sociedade é espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica própria, e instituída por meio de um contrato social, com o precípuo escopo de exercer atividade econômica, visando fins lucrativos. Assim como as Associações ,as Sociedades são PJs formadas a partir da união de Pessoas Naturais.
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.
Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo.
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária.
Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação.
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
RESPONSABILIDADE PENAL, CIVIL E ADMINISTRATIVA DA PJ DE DIREITO PRIVADO – Responsabilidade em Direito está vinculado a consequência de atos praticados pelo indivíduo. A Responsabilidade Civilé a prática de dano a um indivíduo que tem como consequência a reparação do dano causado. Já a Responsabilidade Penal é a prática de uma infração penal e a consequente aplicação de um sanção penal. Por fim, a Responsabilidade Administrativa tem como pressuposto a prática de uma infração administrativa (excesso de velocidade ) e tem como consequência uma sanção administrativa (multa).
 Enquanto a Responsabilidade Civil é reparatória, as Responsabilidades Penal e Administrativa são sancionatórias , podendo estar interligadas em apenas uma ação.
 Do ponto da Responsabilidade Civil e Administrativa , não há distinção entre Pessoa Natural e Pessoa Jurídica (Quando um indivíduo avança com excesso de velocidade com seu carro ou com o carro de uma PJ).
 Só responde penalmente a Pessoa Jurídica pelos crimes ambientais, onde os outros crimes serão respondidos pela Pessoa Natural que exerceu o crime. 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA PJ - . Com a atribuição da personalidade jurídica à Pessoa Jurídica, ocorre a autonomia patrimonial, ou seja , os direitos e deveres da Pessoa Jurídica não se confundem com os direitos e deveres que integram a Pessoa Jurídica.  Constata-se que a autonomia patrimonial não é absoluta, admitindo-se em hipóteses especificas a desconsideração da personalidade jurídica, de modo a atingir o patrimônio de seus sócios constituintes. A desconsideração da personalidade jurídica é uma prática no direito civil e no direito do consumidor de, em certos casos, desconsiderar a separação patrimonial existente entre o capital de uma empresa e o patrimônio de seus sócios para os efeitos de determinadas obrigações, com a finalidade de evitar sua utilização de forma indevida, ou quando este for obstáculo ao ressarcimento de dano causado ao consumidor. Ocorre quando há uso de má fé do princípio da separação dos bens entre a Pessoa Jurídica e os seus sócios. Desconsidera-se a personalidade (suspende-se o principio) pra que o patrimônio dos sócios seja atingido. Sem que haja dívida , não ocorre desconsideração.
DESCONSIDERAÇÃO DIRETA - A desconsideração direta consiste fazer recair sobre os sócios e administradores a relação de obrigação da Pessoa Jurídica 
DESCONSIDERAÇÃO INVERSA - A desconsideração inversa consiste em fazer recair sobre a PJ relação de obrigação do seu sócio/administrador.
TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO – Utilizada pelo Código de Defesa do Consumidor, Direito Trabalhista e Direito Administrativo, porque nesses ramos do Direito existem previsões específicas relacionas à Teoria Menor da Desconsideração. Estabelece como requisitos para a desconsideração: as relações de obrigação e a insuficiência patrimonial (não sendo possível quitar a dívida com o credor).
TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO – Adotada pelo Código Civil (Expressa e prevista no Artigo 50 do CC/02), estabelece como requisitos para a desconsideração assim como na teoria menor as relações de obrigação e a insuficiência patrimonial , porém é mais restritiva, pois possui outro requisito , que é o abuso da personalidade jurídica da Pessoa Jurídica, que se expressa pelo desvio de finalidade (Equivale ao emprego/atuação da PJ contrariando a lei ou o seu ato constitutivo) e/ou pela confusão patrimonial (É quando há a mistura/indistinção dos patrimônios da Pessoa Jurídica e de quem compõe a PJ).
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA –A PJ , quando extinta , entra numa fase terminal chamada de liquidação, onde o ato que determina a dissolução é registrado, fazendo que a PJ exista apenas para fins de liquidação (não pode praticar atos incompatíveis com a liquidação) , que consiste em refinanciar seus créditos, quitação de suas dívidas e pagamentos de seus débitos. Com o fim da fase de liquidação, há o cancelamento do registro e a eventual extinção da Pessoa Jurídica. Existem 3 formas de extinção da PJ: 
-Convencional: Os próprios membros da PJ concordam em extinguir a Pessoa Jurídica. Tal tipo de extinção ocorre com qualquer PJ, exceto com as fundações.
-Administrativa: É determinada pelo Poder Administrativo/Executivo.
-Judicialmente: É quando o Poder Judiciário é responsável pela dissolução da PJ. Qualquer pessoa jurídica pode ser extinta judicialmente. As fundações, por exemplo, só podem ser extintas judicialmente. Qualquer outra pessoa jurídica pode ser extinta judicialmente quando se tornar ilícito o seu objeto, uma vez que esse é um dos requisitos para a criação de uma pessoa jurídica. 
DOMICÍLIO – É o terceiro elemento que identifica a Pessoa, sendo a sede das atividades habituais da pessoa, sendo ela ali encontrada. Há uma serie de consequências jurídicas relevantes na identificação do domicílio de alguém (o casamento mesmo efetuado fora do país será com o tipo de comunhão de bens aplicado no território onde há o domicílio dos cônjuges).
OBS: O Direito Eleitoral é o único ramo que diferencia a noção de domicílio do que é conceituado no Direito Civil.
ORIGEM DO CONCEITO - Os romanos foram os primeiros a se preocupar com o domicílio da pessoa, onde a noção de domicílio era a de residência do indivíduo. Mais tarde, os franceses diversificaram o conceito, acreditando que além da residência deve haver uma relação do indivíduo com o domicílio/ânimo definitivo (aluguel por tempo indeterminado, local de trabalho, trazer a família para habitar o domicílio) onde no Direito Brasileiro, o conceito francês está presente no Artigo 70 do CC/02.
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. (Ânimo Definitivo não é perpétuo)
PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS - Enquanto os romanos admitiam a pluralidade dos domicílios, os franceses não aceitavam essa pluralidade domiciliar porque acreditam que a pessoa só possuirá ânimo definitivo com um domicílio. Apesar de seguirmos o conceito francês de domicílio, o Direito Brasileiro aceita a pluralidade de domicílios.
-Exemplos de pluralidade de domicílios da Pessoa Natural: é quando a pessoa possui múltiplas residências onde alternadamente vive (Uma pessoa que passa a semana em Salvador e o fim de semana em Guarajuba/Camaçari, sendo domiciliada em Salvador e Camaçari), ou quando a pessoa natural exerce sua atividade profissional em local distinto do da sua residência (quem trabalha em Camaçari e reside em Salvador: Camaçari é o Domicílio Profissional da pessoa, onde só será domicilio para questões relacionadas à atividade profissional e Salvador será seu Domicílio Geral para todas as relações jurídicas)
OBS: Uma pessoa nômade terá como domicílio o lugar onde a mesma for encontrada.
MORADA – É o lugar onde a pessoa se estabelece, ainda que de forma temporária/provisória (tanto a casa, como um hotel é uma morada).
RESIDÊNCIA - É o local em que a pessoa se estabelece habitualmente, porém sem demonstrar a intenção de que irá permanecer permanentemente.
MUDANÇA DE DOMICÍLIO – A mera ausência de uma pessoa do seu domicílio não implica a mudança do domicílio, como está previsto no Artigo 74 do Código Civil de 2002, a não ser que haja a intenção do indivíduo. Não há uma declaração intencional expressa por parte do indivíduo mas é pelas circunstâncias que se define a mudança de domicílio.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
DOMICÍLIO VOLUNTÁRIO – Quando o domicílio é definido pela vontade da Pessoa (Todas as situações citadas acima fazem parte do conceitode Domicílio Voluntário).
DOMICÍLIO NECESSÁRIO/LEGAL – Pode ser aplicado ao incapaz, servidor público, militares, marítimos e presos
-O Domicílio Necessário/Legal Do Incapaz: é o mesmo dos seus representantes, apesar de estabelecer residência em ânimo definitivo em outra localidade (Uma pessoa de 17 anos que estuda e mora em Salvador, porém seus pais estão domiciliados em Vitória da Conquista). 
-Servidor Público:, mesmo que o servidor tenha que se estabelecer temporariamente em outro local, seu domicílio continuará na residência que possui ânimo definitivo. 
-Militar: É domiciliado onde ele servir e caso seja do Exército ou da Marinha seu domicílio será na base/sede do Comando onde o mesmo estará servindo/subordinado no momento.
-Marítimo: Será domiciliado onde sua embarcação estiver matriculada (no Brasil, as embarcações são matriculadas nas várias Capitanias de Portos).
-Preso: Será domiciliado onde estiver cumprindo sua pena.
OBS: O Domicílio de Eleição ou de Foro só vale em um contrato e para aquele contrato , onde nos contratos de consumo e nos de adesão o domicílio de eleição não pode prejudicar a situação do consumidor ou do aderente.
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO – Será domiciliada na sede indicada em seu ato constitutivo, onde caso não haja indicação no ato constitutivo, será onde ocorrer a diretoria ou a administração da pessoa jurídica. Pode haver pluralidade de domicílios, onde cada estabelecimento será seu domicílio para os atos neles praticados.
 Se a PJ de Direito Privado Estrangeira querer praticar atos empresariais dentro do território Brasileiro, a mesma terá que agir dentro do Direito Brasileiro, não possuindo um domicílio geral no Brasil, tendo vários estabelecimentos que serão domicílio apenas para atividades específicas.
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO - Já a PJ de Direito Público brasileira como a União, Estados e Municípios tem seus domicílios, respectivamente, no Distrito Federal (porém têm competência sobre todo o território Brasileiro), nas capitais dos Estados (apesar de ter competência sobre todo o Estado) e nos edifícios de administração municipal, de acordo com as Leis Orgânicas do Município (não se deve confundir competência com domicílio).
DIREITOS DA PERSONALIDADE – O Direito Civil só se ocupou com os direitos patrimoniais por muito tempo, relegando a um patamar inferior os direitos que não tinham relação com o patrimônio (Direito de imagem, a vida, a honra, a integridade física). Esses direitos começaram a ser tutelados na órbita do Direito Constitucional. 
 Então podemos concluir que Direitos da Personalidade são os direitos que recaem sobre atributos psíquicos, físicos e morais da pessoa (Direito de imagem, à vida, à honra, à integridade física), não possuindo um valor econômico intrínseco, porém, quando ocorre a violação, é necessário quantificá-la para viabilizar a reparação, sob o título de Danos Morais (são aqueles decorrentes da violação dos direitos da personalidade), onde leva-se em consideração para a definição do valor a repercussão do fato, o bem jurídico prejudicado (ofensa ao Direito À Vida possui maior valor do que a ofensa ao Direito À Honra), a vítima que foi lesionada, etc.
 Tecnicamente, não devemos usar o termo indenização, mas sim reparação dos Danos Morais, pois serve como uma compensação ao dano sofrido pelo indivíduo.
OBS: O objeto dos Direitos da Personalidade não são propriamente a pessoa em si, mas sim extensões ou parte do indivíduo.
FUNDAMENTOS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
A Corrente Positivista afirma que os direitos da personalidade decorrem da lei, ou seja, só a lei que é capaz de consagrar o direito da personalidade, citando o exemplo do Direito Comparado (Mutilação genital feminina, alegando que a integridade física feminina não é tutelada a esse nível, sendo algo previsto em lei e não intrínseco à pessoa), não acreditando nos Direitos Humanos Universais, alegando que os “Direitos Humanos” dependem de cada cultura.
Já a Corrente Jusnaturalista afirmam que os direitos da personalidade são intrínsecos a pessoa, inseparáveis e inerentes ao indivíduo.
TITULARES DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE - Os titulares do Direito da Personalidade é o ser humano (Titular Nato), sendo o nascituro também destinatário desses direitos (Direito à Imagem, por exemplo), onde há direitos da personalidade incompatíveis com a condição de nascituro (Direito à liberdade).
 Hoje se entende, com ampla maioria que as Pessoas Jurídicas titularizam os Direitos da Personalidade que sejam compatíveis com a sua condição de existência (Honra subjetiva, integridade física, liberdade de locomoção são exemplos de Direitos da Personalidade incompatíveis com a PJ), estando previsto na lei na CF/88
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DA PERSONALIDADE
-Absolutos: São absolutos em sentido técnico, diferentemente do sentido comum (inafastável, onde o Direito à vida não é inafastável, como por exemplo a pena de morte em casos de guerra e a legítima defesa) porque são exercitados em Erga Omnes (para todos), sendo um sujeito indeterminável, onde é exigido de todas as pessoas o cumprimento do dever jurídico. Direitos Subjetivos Relativos são os direitos que recaem sobre apenas uma pessoa específica, um sujeito passivo determinado que há de cumprir o dever jurídico.
-Generalidade: Todas as Pessoas Naturais igualmente titularizam os Direitos da Personalidade na mesma medida, enquanto as PJs irão titular
-Extrapatrimonialidade: Os Direitos da Personalidade não são suscetíveis a mensuração em dinheiro, já que os bens não possuem valor intrínseco. No entanto, tem efeitos econômicos. Não é ação de reparação e sim de compensação de danos.
-Indisponibilidade: É indisponível porque é intransmissível e irrenunciável. A indisponibilidade deve ser vista com cautela diante dos chamados Direitos Híbridos. Há direitos da personalidade que possuem indisponibilidade absoluta (como o Direito à Vida) e indisponibilidade relativa (Direito à Imagem e o Nome, não sendo total ou permanente).
OBS: Há Direitos da Personalidade que são híbridos, sendo direitos da personalidade e Direitos Patrimoniais, como o Direito Autoral Moral (Direito da Personalidade, é extrapatrimonial e indisponível) e o Direito Autoral Patrimonial (Disponível e Patrimonial) 
-Imprescritibilidade: Não se perde um direito da personalidade em razão do passar do tempo, não afetando os Direitos da Personalidade, é quando não há perda de pretensões pelo seu não exercício ao longo do tempo.
-Impenhorabilidade: Eles são impenhoráveis, ou seja, não se perdem por dívida.
-Vitaliciedade: Os Direitos da Personalidade nascem com o indivíduo e perduram durante toda a sua vida, onde alguns autores acreditam que alguns direitos (Direito à honra do falecido) são titularizados pelo indivíduo mesmo após a sua morte, enquanto outros acreditam que tal direito pertencerão a sociedade ou a família do falecido.
DIREITO À VIDA – O Direito à Vida, Direito da Personalidade de extrema relevância, está previsto no Artigo 5º da CF/88 e em acordos internacionais, como no pacto de San José. É o direito a viver, e não o direito sobre a vida.
 Há casos onde o Direito à Vida é afastado, como em situações de aborto por estupro, onde é afastado o direito à vida do nascituro.
 Em relação a Eutanásia (morte por piedade) há dois tipos de morte por piedade. A eutanásia ativa é quando algo é feito para antecipar a morte do indivíduo (injeção letal), e na eutanásia passiva é quando não é feito algo para retardar a morte do indivíduo (não usar o desfribilador), sendo ambos os tipos considerados crimes e práticas não admitidas pelo Direito Brasileiro.
DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA – Consiste no Direito da higidez corpórea (inteireza do corpo do indivíduo). Não existe direito sobre a integridade física, mas à integridade física, havendo uma exceção, que está prevista no Artigo 15 do Código Civil.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervençãocirúrgica.
 Em casos de transfusão de sangue para Testemunhas de Jeová, jurisprudencialmente, quando o indivíduo for incapaz, não se admite a recusa a transfusão de sangue, mas, caso a pessoa seja capaz, a maioria dos juristas admite a recusa de transfusão do sangue. Em relação às autolesões, quando as mesmas forem leves (piercings, tatuagens elas serão toleradas, as graves e gravíssimas estão presentes no Artigo 129 do CP), e as lesões consentidas leves, aquelas oriundas de atividades sadomasoquistas também serão toleradas, pois assim também respeitaria a intimidade das pessoas.
 Em relação a castigos físicos e psicológicos aos filhos e crianças, tal conduta não é mais admitida, onde o castigo físico não é tolerado em nenhuma situação e o psicológico deve ser moderado.
DIREITO AO CORPO VIVO – É o direito às partes do corpo. Se admite, entretanto, a doação de órgãos específicos a títulos gratuitos (apenas o cabelo pode ser vendido) e em casos específicos a fim de transplante. A cirurgia de transgenitalização/redesignação sexual é admitida, apesar de haver um conflito entre o Direito ao Corpo Vivo e o Direito à Dignidade Humana, prevalecendo o da dignidade humana.
DIREITO AO CORPO MORTO – É o direito ao cadáver, que é inviolável, onde a disposição e venda do corpo morto é crime, tendo como exceção a disposição gratuita e não onerosa para fins de transplante e estudo científico. É possível haver a prova de violação do cadáver através da necropsia e a exumação de cadáver para fins de identificação de paternidade.
DIREITO À LIBERDADE – É um direito multifacetado, mas como todo direito, o direito à liberdade possui limites em prol de um direito jurídico mais importante, como por exemplo a CF/88, onde é possibilitado o direito de reunião, porém sem que os indivíduos estejam armados. O que não pode haver é limites a liberdade sem fundamento razoável.
DIREITO A CRIAÇÃO INTELECTUAL – Corresponde ao chamado Direito Autoral, que recai sobre o produto do gênio/intelecto humano, não sendo um Direito da Personalidade puro, mas sim híbrido. Só é direito da personalidade o Direito Autoral Moral (Artigo 27, Lei 9610/98), que consiste no vínculo existente entre a obra e o autor, enquanto o Direito Autoral Patrimonial (Artigo 49, Lei 9610/98) é o direito de auferir ganhos com a utilização da obra, sendo um Direito Patrimonial e não da personalidade.
Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis. 
Art. 49. Os direitos de autor poderão ser total ou parcialmente transferidos a terceiros
DIREITO À PRIVACIDADE – Consiste no direito de impedir que certas informações a nosso respeito cheguem ao conhecimento de terceiros. Dentro da ideia de privacidade estão os sigilos (fiscal, bancário, telefônico, de dados, postal) havendo previsão expressa na lei tratando dos tipos específicos de sigilos. Ainda que não haja uma previsão expressa, a privacidade é um objeto de tutela. Dentro da privacidade há a intimidade, que são informações da pessoa que não devem chegar ao conhecimento de pessoas que compartilham da sua privacidade.
DIREITO À HONRA - Se manifesta de duas formas: Honra Subjetiva, que corresponde a autoestima da pessoa e a Honra Objetiva, que corresponde a reputação da pessoa. É comum haver violação da honra subjetiva sem violar a honra objetiva, porém é mais difícil violar a honra objetiva sem ferir a honra subjetiva (Pessoas Jurídicas ou quando a pessoa está em coma), onde a violação de ambas as honras ocasionam em danos morais.
DIREITO À IMAGEM - É o direito que recai sobre a projeção plástica do indivíduo, do que é perceptível pela visão. A mesma proteção concedida a imagem da pessoa também vale para a voz do indivíduo, já que a voz é uma extensão do direito à imagem. Alguns autores creem que a imagem se manifesta de duas formas: Imagem Retrato, que é o que foi citado acima e Imagem Atributo, que se relaciona diretamente e intrinsecamente com Honra Objetiva, havendo uma discussão terminológica entre Imagem Atributo e honra objetiva.
A proteção ao direito da personalidade, no ponto de vista do Direito Civil, no aspecto preventivo, consiste numa imposição de uma abstenção ao autor, e uma vez que a violação tenha ocorrido surge o aspecto repressivo, onde na órbita civil tem como consequência a condenação por danos morais. 
BENS JURÍDICOS - Toda utilidade física ou ideal que seja objeto de um direito subjetivo (relação jurídica). Pode ter existência tangível ou não (ex. programa de computador). Pode ter expressão econômica ou não (ex. vida, honra, liberdade, direitos da personalidade). 
DIFERENÇA ENTRE BEM JURÍDICO E COISA: 
-Posição De Orlando Gomes: Bem jurídico é o gênero e coisa a espécie. Tudo o que pode ser objeto de relação jurídica é bem jurídico. Coisa é aquele bem jurídico que tem existência física e expressão econômica. 
-Posição De Maria Helena Diniz: Coisa é o gênero e bem é a espécie. Tudo que existe no universo, exceto o ser humano, é coisa. Bem jurídico é apenas aquilo que pode ser objeto de relação jurídica. *Aquilo que é insuscetível de apropriação ou cuja apropriação não é de interesse, embora seja coisa, não é bem jurídico. 
EX: sol, por existir no universo e não ser o ser humano, é coisa. Por não poder ser apropriado, não é objeto de relação jurídica. 
-Posição De Caio Mario De Silva Pereira: Bem é o gênero, coisa é a espécie. Tudo que pode ser objeto de relação jurídica é bem jurídico. Coisa é apenas o bem que tem existência física. Não exige economicidade. Posição predominante. 
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS JURÍDICOS:
BENS CONSIDERADOS EM SI MESMO: Leva em consideração características intrínsecas (Internas) dos bens. 
- Bens Corpóreos X Bens Incorpóreos: corpóreo é o mesmo que tangível e material (aquilo que tem existência física). A transmissão onerosa do bem corpóreo se faz através de contrato de compra e venda. Já a transmissão onerosa ou não do bem incorpóreo, se faz através do contrato de seção. 
- Bens Móveis X Bens Imóveis: Legislador considera que as relações jurídicas concernentes aos bens imóveis devem revestir-se de mais rigor e formalidade. Ex. compra e venda de um bem móvel pode ocorrer por qualquer meio, já imóvel somente mediante escritura pública. 
 Bens Imóveis: o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
 Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Classificação dos bens imóveis: 
-Imóveis Por Sua Própria Natureza: o solo e tudo aquilo que é naturalmente incorporado a ele. Ex. subsolos, cursos d’água etc. 
-Imóveis Por Acessão Física: tudo aquilo que o homem incorpora ao solo. Ex. árvores plantadas, edificações. 
-Imóveis Por Determinação Legal: não levam em consideração o aspecto naturalístico e sim a disciplina legal. Esses bens naturalisticamente não são considerados nem móveis nem imóveis, pois são imateriais. Apenas a lei determina que eles sejam considerados imóveis a fim de que as relações jurídicas se revistam do mesmo rigor. São eles: 
Direitos reais sobre imóvel: hipoteca (direito real de garantia que recai sobre um bem imóvel, é o direito que o credor tem de garantia). 
Direito à sucessão aberta: no momento da morte, abre-se a sucessão. Nesse momento, os herdeiros tem uma quota parte da herança. Independe dos bens que compõe o acervo sucessório, ainda que eles sejam exclusivamente móveis, o direito à sucessão aberta é considerado um bem imóvel. 
OBS: A doutrina majoritária, diz que não existem mais os bens imóveis por acessão intelectual (tudo aquilo que o proprietário mantinha intencionalmente empregado a um bem móvel, para a sua exploração industrial, aformoseamento ou comodidade). Ex. aparelho de ar condicionado embutido por comodidade. Não existe mais no NCC.Art. 81, incisos I e II: 
Edificações – as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local não perdem a condição de imóveis. Se um cônjuge quiser venderuma edificação como essa precisa da autorização do outro cônjuge. 
Materiais de construção: antes de empregados, são móveis. Depois de integrados, serão parte integrante. Se forem retirados do bem para serem reintegrados no mesmo bem, mesmo destacados não perdem a condição de imóveis. Mas se a retirada for a titulo de demolição (não há reintegração), esse readquire a condição de móvel. 
Bens Móveis: art. 82 e 83. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Classificação dos bens móveis:
-Móveis Por Sua Própria Natureza: aqueles suscetíveis de remoção por força alheia. Sem alteração da substância ou da destinação econômico social. Se para transportar precisar destruir, não se trata de bem móvel. 
-Semovente: Que tem movimento próprio. São eles os animais. 
-Moveis Por Determinação Legal: não se leva em consideração o aspecto naturalístico, já que são intangíveis. São eles: energias que tem valor econômico (elétrica), direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes (penhor – no Brasil, é monopólio da Caixa Econômica) e direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações (de débito e crédito). 
-Móveis por antecipação: não está prevista na lei, doutrina cria. Bens que, embora incorporados ao solo, se destinam a certeiro destacados, a fim de serem objetos de relações jurídicas autônomas. Ex: produção de eucalipto está no solo, mas se destina ser destacada a fim de ser objeto de venda, os toros de eucalipto serão vendidos sem que se venda também o solo. Esses pés, enquanto ainda incorporados ao solo são considerados antecipadamente móveis. Feito para facilitar o negócio jurídico (não precisa do rigor dos imóveis, autorização do cônjuge, etc.)
-Bens Fungíveis X Bens Infungíveis: Fungíveis são bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (características que individualizam os bens). Os bens imóveis são sempre infungíveis.
 Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis. A infugibilidade decorre de uma característica qualquer que torna o singular (raridade, antiguidade, emocional). 
 Um bem que é naturalmente fungível pode ser tornado infungível pela vontade das partes. O empréstimo de um bem infungível se faz pelo contrato de comodato. O empréstimo de bem fungível é o contrato de mútuo.
 
-Bens Consumíveis X Bens Inconsumíveis: bens consumíveis podem ser naturais ou jurídicos.
 Os bens naturalmente consumíveis (Consumibilidade Natural) são aqueles cuja utilização importa imediata destruição da sua substância. Os bens naturalmente inconsumíveis são aqueles que suportam repetidas utilizações. Os bens consumíveis juridicamente (Consumibilidade jurídica) são todos aqueles destinados a alienação, enquanto estiver com essa finalidade. Ex. Um relógio é, enquanto esteve na loja, juridicamente consumível. 
- Bens Divisíveis X Bens Indivisíveis: 
ART. 87. Bens divisíveis são aqueles que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. No bem divisível, cada parte conserva as propriedades do todo, ainda que em uma fração menor. 
Três espécies de indivisibilidade:
Por sua própria natureza: tudo acima é relacionado ao bem por sua própria natureza. 
Determinação legal: a lei pode determinar a indivisibilidade de um bem que é divisível naturalmente
Convenção das partes: partes podem convencionar a indivisibilidade. 
- Bens Singulares X Bens Coletivos: tem pouca repercussão prática. Bens singulares são aqueles que são vistos na sua individualidade, mesmo que junto a outros. Os coletivos são uma pluralidade de bens singulares. Ex. livro, bem singular. Biblioteca é um bem coletivo. 
Os singulares podem ser simples (coesão das partes integrantes retira a funcionalidade de cada parte senão em função do bem) e composto (coesão das partes integrantes não retira a funcionalidade de cada parte, elas permanecem com idêntica funcionalidade ainda que usada em outro bem). 
Os bens coletivos pode ser universalidade de fato (instituída pelo próprio proprietário dos bens, o proprietário pode desfazer a qualquer momento) e universalidade de direito (a coletivização é determinada pela lei, o desfazimento do bem coletivo deve obedecer também a lei, ex. espólio). 
BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS: Leva em consideração a existência de eventuais vínculos existentes entre diferentes bens, que se possa concluir que um é bem principal e o outro acessório. Incidência da gravitação jurídica, acessório segue o principal. 
Bens Quanto Ao Titular Do Domínio: Quer saber se o bem é público ou particular. 
Bens reciprocamente considerados: classificação 
Bens principais: autonomia estrutural, existe sobre si 
Bens acessórios: bem cuja existência supõe existência do bem principal: princípio da gravitação jurídica. Classificados em:
Pertenças: art. 93. “São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro”. Ex. livros de uma faculdade. Se submete a um regime jurídico diferente dos demais acessórios (não se aplica o princípio de gravitação) art. 94. Por isso, alguns autores afirmam que as pertenças não são acessórias, já que o que a caracteriza é a incidência do princípio da gravitação. 
*Partes integrantes: código não diz, doutrina define com o direito comparado – “integrante tudo que, de acordo com o uso local, constitui um elemento essencial da coisa e não pode ser separado dela sem a destruir, deteriorar ou alterar”. Ex: parte elétrica, portas, etc. Não são acessórios, são o próprio bem principal (a porta faz parte da sala). 
Frutos: utilidades produzidas periodicamente pelo bem principal e cuja percepção (retirada) não altera a substância do bem principal. Ex. manga X mangueira. Classificados quando a sua natureza: 
Naturais: desenvolvimento orgânico. Ex. cria do animal
Industriais: decorrente da atividade industrial humana. Ex. produção de presunto em uma fábrica. 
Civil: possibilita a percepção de uma renda, que se traduz em dinheiro imediato. Ex. mangas vendidas não são frutos civis, já que o dinheiro não se dá na árvore. 
Classificação quanto a ligação com o bem principal:
Colhidos ou percebidos: aqueles que já foram destacados do bem principal. Se subdividem em consumidos (não existe mais) ou estantes (quando estiver armazenado)
Pendentes: aquele que não foi colhido, mas já poderia tê-lo sido.
Percipiendos: não foi ainda colhido, pois ainda não chegou o momento. 
Produtos: utilidades produzidas pelo bem principal cuja percepção altera a substancia do bem principal. Ex. minérios de uma jazida, já que vai se esgotando com o tempo. 
OBS: não confundir com fruto industrial. 
Benfeitorias: obras realizadas na estrutura de um bem principal preexistente. Não resultam de um bem novo, mas são realizadas em uma estrutura de um bem que já existe. Em caso de surgir um bem novo é chamado de acessão. Ex. armário embutido
Classificadas em: art. 96. 
Voluptuárias: as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou seja de elevado valor. Ex. piscina 
Úteis: que aumentam ou facilitam o uso do bem. Ex. cobertura na garagem descoberta. Rampa para um cadeirante na casa. 
Necessárias: têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Ex. pintura para evitar a deterioração. 
OBS: As circunstâncias podem alterar a classificação da benfeitoria. Ex: piscina em uma academia é útil, em uma casa é voluptuária. 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem

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