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Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ADPF nº 54 Material Produzido para Seminário de Direito Constitucional III. Autores: Eurico Neto e Jessinalva Araújo. Alunos do Bacharelado em Direito – FTC Feira de Santana Introdução Luís Roberto Barroso CNTS – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde. ANIS- Instituto de Bioética, Direito Humanos e Gênero. Deborah Duprat, Procuradora da Republica. AGU “(...) o debate “só pode ser discutido a partir de argumentos jurídicos, éticos e científicos, devendo-se evitar, porque incabível neste sede, qualquer argumentação de cunho religioso. Num Estado laico e pluralista, (…) as questões jurídicas submetidas ao crivo do Poder Judiciário não podem ser equacionadas, de forma explícita ou inconfessada, com base em dogmas de fé, mas apenas a partir de razões públicas, cuja aceitação não dependa da adesão a pré- compreensões teológicas ou metafísicas determinadas”. Deborah Duprat Considerações acerca da Petição Inicial Sobre a legitimidade da CNTS; Sobre o cabimento da ADPF; Preceitos Constitucionais Vulnerados; Ato do Poder Público Causador da Lesão; Preenchimento dos três principais pressupostos; Requerimento Principal “que essa Egrégia Corte, procedendo a uma interpretação conforme a Constituição dos arts. 124, 126 e 128, I e II, do Código Penal (Decreto-Lei n. 2.848/40), declare inconstitucional, com eficácia erga omnes e efeito vinculante, a interpretação de tais dispositivos como impeditivos da antecipação terapêutica do parto em casos de gravidez do feto anencefálico, diagnosticados por médico habilitado, reconhecendo-se o direito subjetivo da gestante de se submeter a tal procedimento sem a necessidade de apresentação prévia de autorização judicial ou qualquer outra forma de permissão específica do Estado”. Principais argumentos da CNTS Como o feto anencéfalo não desenvolveu o cérebro, ele não teria qualquer condição de sobrevivência extrauterina; Perdurar a gestação por meses seria apenas prolongar o sofrimento da mãe considerando que a morte da criança ao nascer, ou mesmo antes do parto, seria cientificamente inevitável; Rigorosamente, não haveria nem mesmo aborto porque o feto anencéfalo é desprovido de cérebro e, segundo a Lei n.º 9.434/1997, o marco legislativo para se aferir a morte de uma pessoa ocorre no momento em que se dá sua morte cerebral Principais indagações da CNBB O feto anencefálico é ser humano ou é uma "coisa"? Dizem que é um "ser não-vivo". O que é esse ser não-vivo? É ser dotado de uma essencial dignidade e merecedor de uma especial proteção ou é um sub-humano, uma coisa em forma humana? A proteção ao nascituro, desde a concepção, é letra morta do nosso Código Civil? A vida só deve ser protegida se útil? Quem são os úteis para viver? Os avanços da medicina e da ciência devem atropelar as concepções éticas de uma sociedade? O feto anencefálico não tem o direito de morrer naturalmente? O pedido Liminar Uma história Severina Art. 5º, §1º da Lei 9882 de 1999 Audiência Pública CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Igreja Universal do Reino de Deus; Conselho Federal de Medicina; Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; ANIS - Instituto de Biotécnica, Direitos Humanos e Gênero. Figura 1: O bebê normal tem cérebro, crânio, cerebelo e tronco cerebral. O bebê anencéfalo tem tronco cerebral. Números: 1 em cada 1.600 crianças tem anencefalia, destas 40% a 60% nascem vivos e 8% sobrevivem mais de uma semana. 1% sobrevive de 1 a 3 meses. Fonte: (REZENDE, 1998). Direito comparado ! Brasil Antes da ADPF 54; Estatísticas : Abortos de forma ilegal e índice de morte de gestantes. Questão de saúde pública; Depois da ADPF 54. Outros países Países que permitem: Estados Unidos, França, Itália e Bélgica. Países que não permitem: México – a frente dos demais países no numero de fetos anencéfalos. Chile e Paraguai. Votos Marco Aurélio, relator. "Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida em potencial. No caso do anencéfalo, não existe vida possível. O feto anencéfalo é biologicamente vivo, por ser formado por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal. [...] O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa. Em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte segura. Anencefalia é incompatível com a vida." Gilmar Mendes "O aborto de fetos anencéfalos está compreendido entre as duas causas excludentes já prevista no Código Penal [estupro e risco de morte para mãe], não citada pelo legislador de 1940 até pelas limitações tecnológicas, imagino. [...] Não parece tolerável que se imponha à mulher esse tamanho ônus à falta de um modelo institucional adequado para resolver esta questão. [...] A falta de modelo adequado contribui para essa verdadeira tortura psíquica e física causando danos talvez indeléveis na alma dessas pessoas. Celso de Mello "O crime de aborto pressupõe gravidez em curso e que o feto esteja vivo. E mais, a morte do feto vivo tem que ser resultado direto e imediato das manobras abortivas. [...] A interrupção da gravidez em decorrência da anencefalia não satisfaz esses elementos. [...] A interrupção da gravidez é atípica e não pode ser taxada de aborto, criminoso ou não." Ricardo Lewandowsky "Não é lícito ao maior órgão judicante do país envergar as vestes de legislador criando normas legais. [...] Não é dado aos integrantes do Poder Judiciário promover inovações no ordenamento normativo como se parlamentares eleitos fossem." Cezar Peluso "O anencéfalo morre, e só morre porque está vivo (...).“ “a vida humana tem valor supremo assegurado pela ordem constitucional, sobrepondo-se a qualquer outro bem jurídico; não há sofrimento psíquico, pois o sofrimento em si não degrada a dignidade humana, é elemento inerente ao homem, bem como os direitos à autonomia da vontade e liberdade de escolha da mulher”. Síntese dos Votos Resumo: Votos a favor: 8 Votos Votos contra: 2 Votos Referências BRASIL. Código Penal. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Vade mecum. São Paulo: Saraiva, 2016. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54. Disponível em:<www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADPF54.pdf> Acesso em: 31/10/2012. GUASQUE, Adriane. Aborto de anencéfalos: direito a vida e impacto sucessório. Disponível em:. Acesso: 17 nov. 2016. PESSINI, Léo, BARCHIFONTAINE, Chistian de Paul. Problemas Atuais de Bioética. São Paulo: Loyola, 2000, p. 213. REGIS PRADO, Luiz. Curso de Direito Penal Brasileiro. Volume 1.11ª edição revista, atualizada e ampliada. Editora Revista dos Tribunais.
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