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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 2015 AGAPITO parter 1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 02
PROFESSOR AGAPITO MACHADO JÚNIOR
1. O PROCEDIMENTO
Sabendo que o Estado (juiz) juntamente com as partes, auxiliares e interessados deverão praticar uma série de atos para que ao final seja resolvido o conflito e se for o caso seja dada a tutela jurisdicional do direito do autor, é necessário que o Estado regule a forma como isso se dará. 
Ou seja, o Estado regulará em norma a forma como será o processo: a sequência dos atos; o momento em que serão praticados; quem os praticará; prazos; etc. - é o procedimento. 
O procedimento é, pois, a maneira de ser do processo descrita pelo legislador (é o processo em tese).
 
“O processo não é o procedimento, mas o resultado da soma de diversos fatores, um dos quais é exatamente o procedimento (e os outros são o contraditório e a relação jurídica processual)”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.151).
Rito é palavra usada como sinônimo de procedimento, mas também pode indicar o ritmo ou tempo do procedimento, ou seja, se o conjunto de atos é mais extenso (ordinário) ou mais enxuto (sumário e sumaríssimo).
A depender do tipo de tutela jurisdicional pretendida caberá ao legislador regular de forma distinta a sequência, a forma e o prazo dos atos, daí se falar em tipos distintos de procedimento.
O CPC de 1973 falava então em: procedimento comum e especial.
Os procedimentos especiais eram previstos no Livro IV do CPC de 1973 e também em leis especiais fora dele. 
O procedimento comum era adotado como regra, salvo quando a lei dissesse o contrário – art.271 do CPC de 1973. 
Contudo, no âmbito do procedimento comum havia 02 (dois) tipos de procedimentos, isso considerando o fator tempo e concentração dos atos processuais: o ordinário e o sumário (art.272 do CPC/73), sendo este último adotado somente nas hipóteses previstas em lei (art.275 do CPC/73).
O procedimento ordinário era adotado também de forma subsidiária quando não houvesse previsão legal no procedimento sumário e no procedimento especial (art.272, §2º, do CPC/1973).
O novo CPC de 2015 terminou eliminando o procedimento comum sumário (de pouca serventia na prática, pois restou um tanto esvaziado pelo rito sumaríssimo dos juizados especiais) e alguns ritos especiais, inclusive o rito das ações cautelares, acabando com o processo cautelar, já que agora a medida cautelar poderá ser obtida dentro do processo em que a tutela principal é pretendida.
Assim, segundo o Novo CPC só há procedimento comum (quase idêntico ao procedimento ordinário do antigo código) e especial, conforme se vê do art.318 do Novo CPC.
Ressalve-se que nos processos pendentes em que não houve ainda sentença até a vigência do Novo Código, deve-se seguir aplicando o rito sumário e procedimento especial, conforme se lê de seu §1º do art.1046.
Os procedimentos especiais regulados em outras leis fora do CPC serão por elas regulados, aplicando-se-lhes o Novo CPC apenas supletivamente - §2º do art.1.046 do CPC de 2015.
2. DA DEMANDA.
“E a demanda vem a ser, precisamente, este pedido que a parte formula ao Estado, por meio do juiz, para que este lhe preste tutela jurisdicional”. (DA SILVA, Ovídio Batista. Curso de Processo Civili, Volume I. 7ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005, p.211).
O direito de ação deflagra-se através da demanda (Princípio da Demanda), que traduz o pedido da tutela jurisdicional, rompendo a inércia da jurisdição (art.2º e 262 do CPC/73) e atual art.2º do CPC/2015.
2.1. DA PETIÇÃO INICIAL.
2.1.1. Conceito.
- É o ato processual que consubstancia a demanda. 
- Em regra, é peça escrita, podendo ser verbalizada e reduzida a termo.
- Pode se dar por meio eletrônico (Lei nº 11.419/2006).
- Uso obrigatório do vernáculo – art.156 do CPC/73 e art.192 do CPC/2015.
“A demanda é um ato jurídico solene, realizado através de um instrumento chamado petição inicial” (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.330).
2.1.2. Requisitos da petição inicial – art.319 e 320 do CPC-2015
Dada a solenidade do ato jurídico, a lei impõe requisitos para sua validade.
Requisitos Intrínsecos – dizem respeito à forma (corpo) da petição inicial e nela estão contidos (antigo art.282 do CPC/73) - art.319 do Novo CPC.
Art. 319.  A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
Devem ser observados pelo autor os critérios de competência a fim de que sua petição seja destinada ao juízo (órgão jurisdicional) apto a processar e julgar a causa (juiz natural).
Obs1. Se for vara única, dirige-se a petição ao juízo a ela correspondente. Agora se forem vários juízos competentes ao mesmo tempo, não se indicará a vara (far-se-á menção genérica do juízo), devendo se adotar a regra da distribuição.
Obs2. Se o autor indicar o órgão incompetente para a demanda, tal situação não ensejará o indeferimento da inicial, mas a remessa dos autos ao juízo competente.
Obs3: O nome da ação é requisito da petição inicial? Não. Isso não consta do rol do art.319 do CPC, não podendo o magistrado exigir na inicial.
“Há, nesta linha, de se asseverar que o nome que se dá à ação na petição inicial não a caracteriza. Por exemplo, tendo o autor deixado claro que pretendia a indenização estimada no pedido, pouco importa que tenha dado à ação o nome “ordinária de cobrança”, em nada ficando afetada sua pretensão”. (ALVIM, Arruda. 9ª edição. Manual de Direito Processual Civil, Volume 02. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p.202).
 II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
Devem ser identificadas dentro do possível as partes da relação processual (um dos elementos da ação), sem comprometer, contudo, o direito de ação.
No CPC de 1973 não se exigiam o CPF, CNPJ ou RG das partes, sendo estas exigências criadas por normas de Tribunais a fim de evitar casos de homônimos.
Ocorre que, apesar de serem oportunas as exigências, não podiam os tribunais limitar o protocolo judicial com tais exigências, pois, ferem a CF/88 formal (compete à União mediante lei regular matéria processual – art.22, I) e materialmente, pois desproporcional a medida, infirmando o acesso à justiça.
“É, porém, inconstitucional a exigência feita por mais de um tribunal através de ato administrativo, de exigir a indicação dos números do CPF e da carteira de identidade do demandante (pessoa natural), ou do CPNJ (quando se tratar de pessoa jurídica), para que se distribua uma petição inicial. Há, aí, uma inconstitucionalidade formal, já que os requisitos da petição inicial, matéria processual, só podem ser estabelecidos por lei federal. Há, além disso, uma flagrante inconstitucionalidade material, já que cria desarrazoados obstáculos ao acesso à justiça”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.331).
Agora com o Novo CPC, tal exigência, pelo menos o CPF ou CNPJ passa a ser requisito da petição inicial, estando superado qualquer vício formal.
 De toda sorte, a qualificação das partes não pode ser exigida a “ferro e fogo” de forma a frustrar o acesso à justiça, tendo o ovo CPC tratado se resolver a situação, seja possibilitando que o autor peça ao juiz providencias no sentido a obter determinado dado do réu ou, dada a natureza da situação, que a falta de tal dado não venha a causar o indeferimento da inicial. Eis os dispositivos do Novo CPC:
Art.319 § 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias à sua obtenção.
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refereo inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
A jurisprudência já endossava essa interpretação mais flexível:
PROCESSUAL. EMBARGOS A EXECUÇÃO DE DÍVIDA ATIVA NÃO TRIBUTÁRIA. MULTA IMPOSTA PELO CREA/ES. INDICAÇÃO DO CPF DO EXECUTADO. AUSÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE. 1) No que tange à questão da indicação do CPF do réu, de fato, a individualização das partes é necessária na petição inicial, entre outras coisas, para que a sentença possa obrigar pessoas certas. Mas quando não for possível, a menção da qualificação completa das partes pode se mostrar suficiente que se as individue. É o que comumente ocorre, por exemplo, em ações possessórias, em que nem sempre é viável a perfeita qualificação dos réus. Sendo possível a individuação, ainda que incompleta a qualificação, o requisito estará preenchido. 2) Com efeito, o art. 282 do Código Processual Civil elenca, numerus clausus, quais os requisitos da petição inicial, sendo vedado ao magistrado criar exigências que extrapolam aquela norma, dificultando o acesso à prestação jurisdicional. O art. 6º da Lei nº 6.830/80 também não exige tal informação (TRF 2a Região, AC 315091, DJ 10/10/03). 3) Dou provimento ao recurso.
(AC 200150010037160, Desembargador Federal POUL ERIK DYRLUND, TRF2 - OITAVA TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Data::23/07/2007 - Página::215.)
REINTEGRAÇÃO DE POSSE - IMÓVEL DE AUTARQUIA OCUPADO -PESSOAS NÃO IDENTIFICADAS - INVASÃO. A exigência de que a petição inicial indique o nome e a qualificação de cada um dos réus sofre exceções, uma das quais é a hipótese dos autos: réus incertos e desconhecidos, que invadiram terreno da UFRJ, e que, pelas características da ocupação, não serão amigavelmente individualizados. Aplicação do disposto no artigo 231, inciso I, do CPC, que prevê a citação por edital. Reconhecimento de óbice real à identificação, pela Apelante, uma a uma, das pessoas que ocuparam o imóvel, cuja área total é superior a 140 mil metros quadrados. Erronia da sentença que indeferiu a inicial, à conta da ausência da identificação. Apelação provida.
(AC 200251010079562, Desembargador Federal GUILHERME COUTO, TRF2 - QUINTA TURMA ESPECIALIZADA, 23/03/2006)
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
Deve-se indicar a causa de pedir (Teoria da Substanciação), não sendo obrigatório indicar os fundamentos legais (o juiz conhece o direito – iura novit curia). É outro elemento da ação.
“É correto dizer que o autor deve afirmar um fato e apresentar o seu nexo com um efeito jurídico. O autor em outras palavras, narra o fato que constitui o direito por ele afirmado”. (MARINONI, Luiz Guilherme & ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de Conhecimento. 7ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.74).
IV - o pedido com as suas especificações;
É elemento da ação. É o objeto da causa ou o mérito propriamente dito.
“É o veículo da pretensão manifestada pelo autor”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.332).
V - o valor da causa;
O valor da causa é o conteúdo econômico da pretensão autoral no instante em que a demanda é apresentada em juízo, sendo ainda requisito da petição inicial. 
Ainda que não exista um conteúdo econômico à causa, deverá ser indicado um valor desde que não seja ridículo.
 
O Novo CPC cuida do assunto nos artigos 291 ao 293. 
“Os arts.259 e 260 do CPC encarregam-se de estabelecer critérios para que sejam fixados os valores de algumas causas. Na ausência de critérios legais para que seja fixado o valor da causa, o autor deve proceder por estimativa. O valor da causa sempre deve retratar o estado de fato e de direito que existe no momento da apresentação da petição inicial. Isto significa que qualquer alteração posterior à propositura da ação, que possa repercutir no valor atribuído à causa, não deve ser tomada em conta”. (MARINONI, Luiz Guilherme & ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de Conhecimento. 7ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.89).
O valor da causa serve de: a) base de cálculo para taxa judiciária, para multa por litigância de má-fé, entre outras; b) servia para definição do procedimento (ordinário ou sumário); c) definição de competência (Ex. juizados especiais).
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
O ideal seria o autor indicar na inicial cada prova que pretende vir a produzir durante o processo, relacionando a pertinência dela ao fato narrado.
Obs. Apesar disso tem-se aceitado o chamado protesto genérico por provas: “Protesta-se provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admissíveis”.
“É certo, porém, que tal comportamento acabou por gerar o costume de muitos magistrados de, após o encerramento da fase postulatória do procedimento, determinar às partes que especifiquem as provas que pretendem produzir, o que certamente se tornaria desnecessário (ao menos na maioria das vezes) se as partes tivessem no momento oportuno, especificado as provas com que pretendem demonstrara verdade de suas alegações”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.338).
PROCESSUAL CIVIL - PROVA - MOMENTO DE PRODUÇÃO - AUTOR - PETIÇÃO INICIAL E ESPECIFICAÇÃO DE PROVAS - PRECLUSÃO. - O requerimento de provas divide-se em duas fases: na primeira, vale o protesto genérico para futura especificação probatória (CPC, Art. 282, VI); na segunda, após a eventual contestação, o Juiz chama à especificação das provas, que será guiada pelos pontos controvertidos na defesa (CPC, Art. 324). - O silêncio da parte, em responder ao despacho de especificação de provas faz precluir do direito à produção probatória, implicando desistência do pedido genérico formulado na inicial.
(RESP 200100712659, HUMBERTO GOMES DE BARROS, STJ - TERCEIRA TURMA, 20/03/2006)
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO. EXTINÇÃO PROCESSO. CARÊNCIA DE AÇÃO SEM OITAVA DE TESTEMUNHAS. I - Não pode o juiz extinguir a ação em que se pleiteia aposentadoria mediante reconhecimento de tempo de serviço, por carência, sem permitir a produção de prova testemunhal cujo pedido genérico da petição inicial foi reiterado no momento processual próprio, quando o juiz determinou a especificação de provas. II - Sentença que se anula, para que, após a coleta de prova oral, seja julgado o mérito.
(AC 9301181053, JUIZ ANTÔNIO SÁVIO O. CHAVES (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, 21/02/2000)
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
Esta é uma das principais invocações do CPC de 2015.
Agora haverá em regra, logo após o deferimento da petição inicial, uma audiência de conciliação/mediação, numa tentativa de encerramento da discussão logo no início através da autocomposição – art.334 do CPC/2015.
Quando o autor expressa sua vontade em não querer a tal audiência e o réu da mesma forma a expressa, restará esta prejudicada - §§4º e 5º do art.334 do CPC/2015.
Obs1: E o requerimento para a citação do réu?
Consoante o CPC de 1973, constava como requisito da petição inicial o pedido de citação do réu, o que não veio na redação do art.319 do CPC de 2015.
A despeito disso, entende-se que agora o pedido de citação é implícito, sendo decorrente do fato de o autor mover pretensão contra o réu, indicando sua qualificação e endereço.
Outrossim, a citação do réu ainda é ônus processual do autor, não podendo ser determinada de ofício pelo magistrado, nem em nome da instrumentalidade processual. 
Inclusive o autor, além de pagar as custas para diligência (citação), deverá indicar corretamente o endereço do réu.
Obs2.: É também considerado pela doutrina como requisito intrínseco da petição inicial o art.106 , I do CPC de 2015 (antigo art.39, I, do CPC de 1973).Art. 106.  Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações;
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
§ 1o Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição.
§ 2o Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as intimações enviadas por carta registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos autos.
“Não é inepta a petição inicial que, na parte atinente à qualificação das partes, reporta-se ao instrumento de mandato, que contém a referida qualificação. O mesmo se diga, quanto à existência do art.39, I, do CPC, se o endereço do advogado já constar do instrumento de mandato”. (ALVIM, Arruda. 9ª edição. Manual de Direito Processual Civil, Volume 02. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p.224).
b) Requisitos Extrínsecos: documentos que acompanham a petição inicial, mas estão fora de seu corpo – art.320 do CPC de 2015 (antigo art.283 do CPC-1973)
Art.320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Obs. Quais são os documentos indispensáveis?
São aqueles sem os quais o processo será extinto sem resolução de mérito (Ex: procuração, atos constitutivos da pessoa jurídica, etc).
Art. 287 do Novo CPC.  A petição inicial deve vir acompanhada de procuração, que conterá os endereços do advogado, eletrônico e não eletrônico.
Parágrafo único.  Dispensa-se a juntada da procuração:
I - no caso previsto no art. 104;
II - se a parte estiver representada pela Defensoria Pública;
III - se a representação decorrer diretamente de norma prevista na Constituição Federal ou em lei
Não é considerado documento indispensável ao ajuizamento da ação aquele utilizado para comprovação da pretensão em si, ou seja, se o autor não comprovar o dano na ação indenizatória, por exemplo, o processo não será extinto sem resolução de mérito, mas, provavelmente não verá o mérito julgado a seu favor (improcedência do pedido).
2.2. O PEDIDO ***
2.2.1. Classificação do pedido.
Pedido Imediato – provimento jurisdicional.
Pedido mediato – bem da vida.
2.2.2. Classificação da Cumulação dos Pedidos (Araken de Assis, Cumulação de Ações, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989, p.20):
I - Cumulação em sentido estrito admite-se procedência simultânea (o autor quer mais de um pedido), podendo ser: a) simples (pedidos independentes entre si) e b) sucessiva (análise do segundo pedido só se dará se o primeiro for deferido). 
Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação:
I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.
II – Cumulação em sentido amplo apenas um dos pedidos poderá ser ao final deferido (o autor só quer um dos pedidos), podendo ser eventual ou subsidiária (o pedido posterior só será apreciado se o primeiro for improcedente). Há ainda a chamada cumulação alternativa de pedidos (tanto faz deferir um ou outro pedido, não há preferências).
Obs1. “Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior”. É uma cumulação eventual ou subsidiária (o pedido posterior só será apreciado se o primeiro for improcedente).
Obs2. A cumulação em sentido amplo alternativa não se confunde com o pedido alternativo previsto no art.288, em que não há cumulação de demanda, há um só pedido que poderá ser implementado pelo devedor por mais de uma forma de acordo com o direito material (obrigação alternativa):
Art. 288. O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.
SE a obrigação é alternativa, mas a escolha competir ao autor, não se fala em pedido alternativo, devendo o autor indicar na petição inicial qual seu pedido (certo e determinado).
2.2.3. Requisitos do pedido.
Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
a) Pedido certo é aquele que é explicitado especificadamente pelo autor.
Obs. Os pedidos devem ser certos (explícitos) como regra. 
Obs2. Há, contudo, pedidos implícitos. Exemplos:
Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.
“Quer-se, com isto, evitar a necessidade de propositura de uma nova demanda a cada vencimento de prestação se é única a relação jurídica obrigacional”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.336).
Outros pedidos implícitos: os juros legais; a correção monetária (Lei nº 6.899/81); a condenação em sucumbência (art.20 do CPC); aplicação de multa (medida de efetivação – art.461, §5º do CPC).
Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais.
Súmula 254 do STF. INCLUEM-SE OS JUROS MORATÓRIOS NA LIQUIDAÇÃO, EMBORA OMISSO O PEDIDO INICIAL OU A CONDENAÇÃO
b) Pedido determinado é aquele dimensionado pelo gênero e quantidade pelo autor. 
Obs1. Pedido genérico é o oposto do pedido determinado, pois não dimensiona o pedido, sendo viável futura liquidação da sentença.
Obs2. Entende-se que apenas o pedido mediato é que poderá ser, nestes casos excepcionais, genérico, pois o pedido imediato sempre será certo e determinado.
3. DOS ATOS PROCESSUAIS INICIAIS: PROTOCOLO, REGISTRO, DISTRIBUIÇÃO E AUTUAÇÃO. 
O advogado, representando o seu cliente, dá entrada na petição inicial no protocolo do Fórum (setor administrativo), sendo documentada na própria petição ou em outro documento a hora, o dia e o lugar em que se deu entrada na peça processual, e lá, no setor administrativo atribui-se um número de registro (que depois será o número do processo).
Art. 284.  Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz.
Quando há mais de um órgão igualmente competente para processar e julgar a causa é necessário que haja um critério apto de escolher um deles, eis a distribuição.
A distribuição como regra é ordinária, sendo aleatória e equitativa, traduzindo-se em um verdadeiro sorteio informatizado, que poderá ser objeto de controle pelas partes e interessados, evitando-se assim a burla ao Princípio do Juiz Natural.
Art. 285.  A distribuição, que poderá ser eletrônica, será alternada e aleatória, obedecendo-se rigorosa igualdade.
Parágrafoúnico.  A lista de distribuição deverá ser publicada no Diário de Justiça.
Art. 286.  Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza:
I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;
II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda;
III - quando houver ajuizamento de ações nos termos do art. 55, § 3o, ao juízo prevento.
Parágrafo único.  Havendo intervenção de terceiro, reconvenção ou outra hipótese de ampliação objetiva do processo, o juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor.
Art. 288.  O juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, corrigirá o erro ou compensará a falta de distribuição.
Art. 289.  A distribuição poderá ser fiscalizada pela parte, por seu procurador, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública.
Art. 290.  Será cancelada a distribuição do feito se a parte, intimada na pessoa de seu advogado, não realizar o pagamento das custas e despesas de ingresso em 15 (quinze) dias.
c) AUTUAÇÃO – Na secretaria da vara (Diretor de Secretaria).
É a documentação dos atos do processo. Podem ser físicos ou virtuais.
d) CONCLUSÃO AO JUIZ PARA DESPACHO/DECISÃO INICIAL:
Os autos do processo seguem conclusos para exame do julgador pela primeira vez, devendo ele examinar se os requisitos da inicial estão presentes para adotar alguma das seguintes soluções:
Indeferimento (art.295 c/c art.267, I, do CPC) – quando falta algum requisitos essencial à petição e não é possível sanear o problema. O processo é extinto por sentença, sem resolução de mérito.
Emenda (art.284 do CPC) – verificando que falta algum requisitos à petição inicial e sendo ele sanável, o juiz antes de citar o réu deverá intimar o autor para corrigir o defeito em 10 dias.
Deferimento com julgamento antecipado da lide – aqui o juiz não só defere a petição inicial como de logo julga o mérito da causa - art.285-A do CPC (julgamento prima facie) e 295, IV c/c art.269, IV, do CPC (reconhecimento de decadência ou prescrição de ofício).
Deferimento – aqui o juiz defere a petição inicial mas ainda não tem como julgar o mérito da causa, devendo seguir com a citação do réu - art.285 do CPC (Cite-se).
Obs. Depois de deferida a petição inicial, não poderá o juiz indeferi-la, podendo, contudo, extinguir o feito sem resolução do mérito.
C) Da decisão inicial do juízo.
C.1. A petição está de acordo com o art.282 e 283 do CPC, seguirá com a citação do réu, podendo ser proferida sentença posteriormente (art.267 ou 269 do CPC):
Art. 285. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu, para responder; do mandado constará que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
C.2. A petição detém vício sanável, devendo ser emendada pelo autor:
Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
C.3. A petição não foi saneada ou detém vício insanável, devendo ser indeferida pelo julgador:
Obs1. As hipóteses de indeferimento da petição inicial estão no art.295 do CPC.
Obs2. O indeferimento importará a extinção do feito sem resolução do mérito (art.267, I, do CPC).
C.4. Não sendo indeferida a inicial, pode ocorrer o julgamento prima facie (sentença que julga o mérito antecipadamente, na forma do art.269, I, do CPC):
Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
§ 1o Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a sentença e determinar o prosseguimento da ação. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
§ 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
O julgamento prima facie. Matéria só de direito (fatos incontroversos).
“Trata-se de dispositivo que, a nosso juízo, é inconstitucional. Dizemos isto por ver, nesse dispositivo, uma violação do princípio constitucional da isonomia”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.341).
“É racional que o processo que objetiva decisão acerca da matéria de direito sobre a qual o juiz já firmou posição em processo anterior seja desde logo encerrado, evitando gasto de energia para a obtenção de decisão a respeito de “caso idêntico” ao já solucionado. Nesta perspectiva, o “processo repetitivo” constitui formalismo desnecessário, pois tramita somente para autorizar o juiz a expedir a decisão cujo conteúdo já foi definido no primeiro processo”. (MARINONI, Luiz Guilherme & ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de Conhecimento. 7ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.99).
2.0. DA CITAÇÃO (art.213 e 241 do CPC).
Após o juiz dar o despacho “cite-se o réu”, caberá à secretaria formalizar o ato de citação, o que poderá ser feito por formas diferentes.
“Na forma da legislação atual, há dois meios de comunicação dos atos processuais: a citação e a intimação. A primeira é ato mais solene, inicial, em que se convoca o demandado a participar do processo. A segunda, mais informal, diz respeito a todos os demais atos do processo. Leis extravagantes (p.ex., art.7º, I, da Lei 1.533/51 – Lei do Mandado de Segurança) ainda aludem à notificação, como espécie distinta (assim como faz o Código de Processo Penal), em que se comunica à parte a necessidade de praticar ato futuro – reservando-se o termo “intimação” para a comunicação de ato já praticado no passado. A distinção, todavia, foi abolida pelo direito processual civil atual, perdendo seu sentido”. (MARINONI, Luiz Guilherme & ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de Conhecimento. 7ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.105).
Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
A relação jurídica já se forma entre autor e o Estado-Juiz sendo, contudo, é aperfeiçoada com a inclusão do réu, sem a participação do qual não se poderia deferir a tutela jurisdicional em proveito do autor, sob pena de ferir o contraditório e a ampla defesa.
2.1. A CITAÇÃO COMO PRESSUPOSTO PROCESSUAL.
Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973).
- É pressuposto processual de validade do processo, pois é instrumento que permite o réu a exercer o contraditório e a ampla defesa. 
- Há requisitos legais (forma) para prática do ato citatório, sem o que ensejará a nulidade do ato.
Art. 247. As citações e as intimações serão nulas, quando feitas sem observância das prescrições legais.
- É possível que tenha havido a citação do réu, mas ela tenha sido feita sem respeitar a forma legal, o que em tese representaria nulidade dos atos processuais posteriores por violação ao contraditório e ampla defesa. Outrossim, acaso o réu compareça em juízo poderá alegar a tal nulidade e assim, recuperará o prazo de defesa por completo a partir da publicação-intimação da decisão que reconhecer a nulidade, sem necessidade de nova citação.
Art.214, § 2o Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973).
- Há, contudo, situações em que mesmo sem o ato de citação não haverá nulidade, isto por conta do Princípio da Instrumentalidade:
Art..214, § 1o O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de citação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 244. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
2.2. DAS MODALIDES DE CITAÇÃO.
“O Código de Processo Civil concebe duas formas de citação: a pessoal e a ficta. A diferença essencial entre ambas está em que, na primeira, é certa a ciência do réu, quanto à propositura da ação, enquanto que, na segunda, incide mera presunção legal (ficção) de tal conhecimento, satisfazendo-se com isso o ordenamento processual”. (MARINONI, Luiz Guilherme & ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de Conhecimento. 7ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.107).
2.2.1. DA CITAÇÃO PESSOAL.
Art. 215 Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado.
Em regra, a citação se faz na pessoa do réu, podendo, em alguns casos, a lei dar poderes ao procurador (art.57 do CPC) ou ao representante legal (§3º do art.12 do CPC) para recebê-la, ou ainda, é possível, mediante poderes especiais em procuração (art.38 do CPC), o procurador recebê-la.
2.2..2. DA CITAÇÃO FICTA.
Obs. Como não há certeza do conhecimento da demanda por parte do réu, o legislador, acaso este seja revel, designou-lhe curador especial (art.9º, II, do CPC). Pode ser: citação via oficial de justiça com hora certa e por edital.
 2.3. A FORMALIZAÇÃO DO ATO CITATÓRIO.
Art. 221. A citação far-se-á:
I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - por edital.
IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).
A regra, é a citação via postal, a qual se aperfeiçoa com a juntada do AR (aviso de recebimento) aos autos.
Art. 223. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz, expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, comunicando, ainda, o prazo para a resposta e o juízo e cartório, com o respectivo endereço. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
Parágrafo único. A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu pessoa jurídica, será válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração. (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
Obs. Quando o réu é pessoa natural ela própria deverá assinar o mandado de citação. Quando for pessoa jurídica deverá receber e assinar o mandado o seu representante legal, administrador ou quem aparente ser o seu gestor (Teoria da Aparência).
O STJ entende que a citação via postal de pessoa física deverá ser feita exclusivamente na pessoa do citando, sob pena de nulidade.
Embargos de divergência. Corte Especial. Citação por AR. Pessoa física. Art. 223, parágrafo único, do Código de Processo Civil.
1. A citação de pessoa física pelo correio deve obedecer ao disposto no art. 223, parágrafo único, do Código de Processo Civil, necessária a entrega direta ao destinatário, de quem o carteiro deve colher o ciente.
2. Subscrito o aviso por outra pessoa que não o réu, o autor tem o ônus de provar que o réu, embora sem assinar o aviso, teve conhecimento da demanda que lhe foi ajuizada.
3. Embargos de divergência conhecidos e providos.
(EREsp 117949/SP, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, CORTE ESPECIAL, julgado em 03/08/2005, DJ 26/09/2005 p. 161)
Para a pessoa jurídica, o STJ admite que a citação (carta postal) seja recebida ou pelo representante legal da mesma ou por mero funcionário.
CITAÇÃO PELO CORREIO FEITA NA PESSOA DE EMPREGADO DA PESSOA JURÍDICA. ARGÜIÇÃO DE NULIDADE REPELIDA.
Segundo a jurisprudência dominante no STJ, é regular a citação de pessoa jurídica, por via postal, quando a correspondência é encaminhada ao estabelecimento da ré, sendo ali recebida por um seu funcionário. Desnecessário que o ato de comunicação processual recaia em pessoa ou pessoas que, instrumentalmente ou por delegação expressa, representem a sociedade. Precedentes.
Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 190690/RJ, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 14/12/1999, DJ 20/03/2000 p. 77).
 
3.0. DA RESPOSTA DO RÉU.
Como regra, é com a citação válida que o réu passa a integrar a relação processual, podendo a partir de então adotar alguma posição em relação ao desfecho da causa.
No Rito ou Procedimento Ordinário o prazo para o réu responder é de 15 dias, isso considerando os prazos do art.241 do CPC.
Obs. No Rito Sumário ou Juizados o prazo é aquele que vai da ciência do mandado até a data da primeira audiência (é na primeira audiência que o réu deverá apresentar resposta).
Obs.2. Algumas vezes o réu ainda não citado, é intimado a falar sobre o pedido de antecipação de tutela (o prazo é menor do que para contestar) ou já é intimado da própria liminar deferida para recorrer. 
UMA VEZ CITADO VALIDAMENTE, PODERÁ O RÉU:
3.1. RECONHECER A PRETENSÃO AUTORAL – ART.269, II, DO CPC.
É autocomposição onde o réu sede com ato inequívoco no todo ou em parte sua resistência, devendo o juiz homologar a vontade das partes por sentença e extinguir o processo com resolução de mérito.
É mais amplo que o efeito da revelia (que presume verdadeiros os fatos afirmados pelo autor), pois, além disso, entende verídicos os efeitos jurídicos pelos fatos gerados, importando em resolução de mérito. 
Obs. Quando o reconhecimento do pedido do autor é parcial, entende-se que poderá o juiz antecipar parte do pedido (art.273, §6º, do CPC).
3.2. TRANSACIONAR.
É autocomposição onde cada parte cede um pouco em seu interesse (há concessões mútuas). 
Pode ser extrajudicial ou judicial, neste último caso importará em resolução de mérito, por homologação do acordo via sentença (art.269, III, do CPC).
3.3. FICAR INERTE, NÃO CONTESTANDO – DANDO-SE A REVELIA.
O réu não tem o dever jurídico de se defender, sendo verdadeiro ônus processual.
A revelia é a ausência de contestação (situação fática – contumácia do réu), o que poderá ensejar os seguintes efeitos:
I - presunção da veracidade dos fatos afirmados pelo autor (verdade formal - presunção relativa). O que também não deve ser tomado a todo custo, pois o juiz deve buscar a verdade material:
Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.
Obs. O mandado citatório deve fazer constar a advertência deste efeito, sob pena de não ser adotado – art.285 do CPC.
II – deixar de ser intimado dos atos processuais (salvo da sentença e de certos atos pessoais, como o depoimento pessoal), se não tiver procurador nos autos, podendo voltar a ser intimado se ingressar no feito.
Art. 322. Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos independentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato decisório. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)
Parágrafo único O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)
Obs: Súmula 231 do STF: “O revel, em processo civil, pode produzir provas, desde que compareça em tempo oportuno”.
III – julgamento antecipado da lide – art.330, II, do CPC.
Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973).
(...) 
II - quando ocorrer a revelia (art. 319). (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
- APESAR DA REVELIA NÃO OCORREM OS EFEITOS DA REVELIA:
Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
I - se, havendo pluralidadede réus, algum deles contestar a ação;
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova do ato.
TRIBUTÁRIO, PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – FAZENDA PÚBLICA – DIREITOS INDISPONÍVEIS – INAPLICABILIDADE DOS EFEITOS DA REVELIA – ART. 320, INCISO II, DO CPC – IPTU – LANÇAMENTO – ATO ADMINISTRATIVO – PRESUNÇÃO DE VERACIDADE – MODIFICAÇÃO POR LAUDO TÉCNICO UNILATERAL – IMPOSSIBILIDADE – PROVA INEQUÍVOCA.
1. Não se aplicam os efeitos da revelia contra a Fazenda Pública uma vez que indisponíveis os interesses em jogo.
2. O ato administrativo goza da presunção de legalidade que, para ser afastada, requer a produção de prova inequívoca cujo valor probatório não pode ter sido produzido unilateralmente - pelo interessado.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1137177/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/02/2010, DJe 02/03/2010). Grifei.
3.4. DEFENDER-SE – aqui o réu resolve resistir a pretensão autoral, podendo fazê-lo através de instrumentos diferentes.
Obs. A palavra EXCEÇÃO pode ser usada em três sentidos: 
a) como defesa em sentido amplo (qualquer meio de defesa); 
b) como técnica específica de defesa (incidente processual) para impugnar a incompetência relativa, a suspeição e o impedimento do juiz; 
c) como matéria de defesa que tem que ser alegada pela parte sob pena de preclusão (o que é o oposto das objeções que podem ser examinadas de ofício).
Em tese, existem vários meios de defesa na relação processual: contestação, exceção (incompetência relativa, suspeição e impedimento), reconvenção, embargos do devedor, ação declaratória incidental, impugnação ao valor da causa, etc.
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.
Obs: Termo inicial do prazo de defesa.
Art. 241. Começa a correr o prazo: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida; (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
Obs. Na hipótese do art.241, III, acaso o autor resolva desistir de acionar o último réu ainda não citado, deverá o prazo para os demais iniciar com a decisão de exclusão daquele (parágrafo único do art.298 do CPC).
3.4.1. CLASSIFICAÇÃO DAS DEFESAS:
A) Defesas Processuais: afeta a relação processual que pode vir a ser sustada ou extinta. Busca-se impedir ou dificultar o exame da relação de direito material (o mérito).
Podem ser: dilatórias (postergam a análise do mérito. Ex. exceções) e peremptórias (provocam a extinção do feito sem análise do mérito – art.267 do CPC).
B) Defesas Materiais: busca-se terminar a discussão infirmando o próprio mérito. 
Podem ser indiretas (alega-se fato novo modificativo, extintivo ou impeditivo do direito do autor) e diretas (negando os fatos constitutivos do direito do autor ou negando os efeitos jurídicos dos mesmos).
3.4.2. DA CONTESTAÇÃO.
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.
Obs. Prazo: de 15 dias. Podendo ser adotado prazos especiais tais como os dos art.188 e 191 do CPC.
Matérias a serem alegadas na contestação:
Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.
- É a peça de defesa por excelência, aquela que comporta a maior quantidade de matérias de resistência à pretensão autoral.
- Em regra é escrita, podendo, também ser verbal e reduzida a termo (art.278 do CPC e nos Juizados Especiais).
- Adotará os requisitos da petição inicial compatíveis com a situação de defesa, por exemplo, não se pede a citação, nem se deve atribuir valor à causa.
“A petição da contestação deve, à semelhança do que ocorre com a petição inicial - e por sua natural similaridade com essa peça -, obedecer no que for cabível aos requisitos traçados pelo art.282 do CPC”. (MARINONI, Luiz Guilherme & ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de Conhecimento. 7ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.136).
“Relativamente à contestação, impõe-se-lhe a disciplina de obediência a certos requisitos, ou seja, os dos incs. III e VI do art.282 (arts. 300 e 396)”. (ALVIM, Arruda. 9ª edição. Manual de Direito Processual Civil, Volume 02. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p.202).
Das questões preliminares:
Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973).
I - inexistência ou nulidade da citação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - incompetência absoluta; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - inépcia da petição inicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - perempção;   (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - litispendência;   (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Vl - coisa julgada;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
VII - conexão;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IX - convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)
X - carência de ação;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. (Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Princípio da Eventualidade – art.300 do CPC – toda e qualquer defesa o réu deverá mover na contestação, sob pena de preclusão, salvo se a matéria for objeto de exceção (suspeição, impedimento ou incompetência relativa) ou se a matéria for de ordem pública (§3º, do art.267 e §4º do art.301 do CPC) ou se for fato novo.
“Toda a matéria de defesa deve ser alegada na contestação, tanto as matérias de fato como as de direito. Deve ser observado, aqui, o princípio da eventualidade. (...) Tal princípio significa que todas as alegações da parte devem ser produzidas de uma só vez, na primeira oportunidade que ela tenha para se manifestar, ainda que contraditórias entre si”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.344).
Há questões que se não forem alegadas na contestação (no prazo) sofrem preclusão (preclusivas) e aquelas que podem ser alegadas a qualquer tempo e examinada de ofício pelo juiz (objeções). No caso do art.301, só há uma matéria que sofrerá preclusão:
§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Obs. A convenção de arbitragem deverá ser alegada pela parte interessada no prazo da contestação, o que ensejaria a extinção do feito na forma do art.267, VII, do CPC, sob pena presumir revogada a convenção de arbitragem, podendo o juiz julgar o mérito. Agora se já há sentença arbitral, esta equivaleria à decisão judicial de mérito transitada em julgado, devendo o julgador (acaso tome conhecimento) decretar a extinção do feito sem análise do mérito (art.267, V, do CPC). 
Art.303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.
Princípio da Impugnação Especificada dos Fatos:
Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:
I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato;
III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.
“Conseqüência do ônus da impugnação especificada dos fatos é a inadmissibilidade da “contestação por negação geral”, aquela em que o réu se limita a afirmar que todas as alegações do autor são inverídicas, ou que sua pretensão é improcedente”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.345). 
3.4.3. DAS EXCEÇÕES.
- Veículo específico e autônomo para três defesas processuais dilatórias (a incompetência relativa e a imparcialidade do juiz). 
- Trata-se de incidente processual a ser autuado e apensado ao processo. 
Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).
Obs: O STJ tem mitigado a exigência legal e aceitado a alegação via contestação.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ARGÜIÇÃO DE INCOMPETÊNCIA RELATIVA. PRELIMINAR EM CONTESTAÇÃO. POSSIBILIDADE, DESDE QUE NÃO HAJA PREJUÍZO.
1. A teor do Art. 112 CPC, a incompetência relativa deve ser argüida por exceção, cuja ausência conduz à prorrogação da competência (Art.114, CPC).
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça mitigou o rigor técnico da norma e passou a admitir a argüição de incompetência relativa em preliminar de contestação, sob o argumento de que o defeito não passa de mera irregularidade, a ser convalidada com base no princípio da instrumentalidade.
3. Embora se trate de simples irregularidade, a argüição de incompetência relativa em preliminar de contestação só pode ser convalidada com base na regra da instrumentalidade se não resultar prejuízo à parte contrária.
(CC 86.962/RO, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/02/2008, DJe 03/03/2008)
- Prazo de forma de alegação:
Art. 305. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição, cabendo à parte oferecer exceção, no prazo de 15 (quinze) dias, contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição.
Parágrafo único. Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a petição pode ser protocolizada no juízo de domicílio do réu, com requerimento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação.  (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)
Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que seja definitivamente julgada.
- A incompetência relativa ou a parcialidade do julgador são motivos para sustar o processo sob pena de se praticar atos inválidos.
Obs. O impedimento poderá ser alegado posteriormente pela parte (não mais pela via da exceção), inclusive em ação rescisória (art.485, II, do CPC), diferentemente da suspeição que se não alegada não poderá a parte invocá-la posteriormente. O julgador, porém, poderá se declarar suspeito (art.135, par. único, do CPC). O julgador poderá de ofício se reconhecer impedido.
“O fato de haver preclusão, tendo em vista a possibilidade de a parte usar da exceção de suspeição, não inibe o juiz, se a parte não tiver feito, de se dar por suspeito (parágrafo único do art.135), a qualquer tempo”. (ALVIM, Arruda. 9ª edição. Manual de Direito Processual Civil, Volume 02. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p.275).
Obs2. A não alegação da incompetência relativa em momento oportuno prorrogará tacitamente a competência.
Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa. (...)
Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)
3.4.3.1. Da Incompetência Relativa.
Este incidente processual é processado e julgado pelo próprio julgador supostamente incompetente, podendo de sua decisão caber recurso (agravo) para o Tribunal:
Art. 307. O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamentada e devidamente instruída, indicando o juízo para o qual declina.
Art. 308. Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o excepto dentro em 10 (dez) dias e decidindo em igual prazo.
Art. 309. Havendo necessidade de prova testemunhal, o juiz designará audiência de instrução, decidindo dentro de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 310. O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifestamente improcedente. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz competente.
3.4.3.2. Do Impedimento e da Suspeição
Aqui se ataca a parcialidade do julgador, não ficando a decisão ao seu cargo e sim do tribunal:
Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição, especificando o motivo da recusa (arts. 134 e 135). A petição, dirigida ao juiz da causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente fundar a alegação e conterá o rol de testemunhas.
- O próprio autor poderá mover exceção de impedimento ou de suspeição do julgador.
Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em caso contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos autos ao tribunal.
- Note-se que se o julgador se convence de sua parcialidade ele decide a respeito repassando a causa ao seu substituto legal. Agora se ele discorda, ele passa a ser a parte contrária do incidente que será julgado pelo Tribunal.
Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal determinará o seu arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal.
3.4.4. DA RECONVENÇÃO.
- Verdadeira ação incidental do réu da ação inicial contra o autor da mesma, a qual correrá na mesma relação processual, evitando-se assim os gastos e as contradições de duas ações autônomas (dois processos).
Art. 109. O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a ação declaratória incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao terceiro interveniente.
Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em peças autônomas; a exceção será processada em apenso aos autos principais.
Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem. (§ 1º renumerado pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
“Assim é que, por esta regra, a reconvenção só pode ser oferecida pelo réu em face do autor se estes ocuparem, na demanda reconvencional, a mesma qualidade jurídica que ostentam na demanda principal”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.355).
Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias.
- Não há citação do autor-reconvindo,dando-se mera intimação, na pessoa de seu procurador.
“Entretanto, apesar de se tratar de intimação e não de citação, esta circunstância só diz respeito a aspectos da forma de se levar a efeito o ato de comunicação, pois que o os efeitos produzidos pela “intimação” ao reconvindo são, em princípio, os elencados no art.219, que se refere especificamente à citação”. (ALVIM, Arruda. 9ª edição. Manual de Direito Processual Civil, Volume 02. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p.278).
Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção.
Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.
Haverá uma só sentença resolvendo duas demandas.
No rito sumário não cabe reconvenção, podendo, contudo, o réu mover pretensão contra o autor na própria contestação (pedido contraposto) – art.278, §1º do CPC.
4. DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES.
Após a resposta do réu, normalmente finda a fase postulatória e passa-se à fase notadamente saneadora (ART.323).
A depender da situação, após a resposta do réu, poderá o juiz adotar ou não as seguintes providências preliminares:
4.1. INTIMAR O AUTOR PARA ESPECIFICAR PROVAS – ART.324.
Note-se que aqui, a despeito de ter havido a revelia (ausência de defesa do réu), não ocorreu o efeito da revelia, ou seja, os fatos afirmados pelo autor em sua petição inicial não são presumidos verdadeiros, razão pelo que o juiz o intimará a especificar prova dos mesmos.
Obs: Se tivesse ocorrido o efeito da revelia, seria o caso de serem presumidos os fatos alegados pelo autor, devendo, conforme o estado do processo, haver o julgamento antecipado da lide (art.330, II).
4.2. ADMITIR A AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL PROPOSTA PELO AUTOR – ART.325.
A ação declaratória incidental (art.5o do CPC) consiste na pretensão de obter uma sentença declarando a existência ou não de certa relação jurídica ou de fato a qual se dá incidentalmente a uma ação já ajuizada. 
Tal situação ocorre quando se tornar controvertida a situação de fato ou de direito que seja prejudicial da questão principal (mérito), sendo que, a questão prejudicial em si não faz coisa julgada, sendo mero fundamento da decisão. 
Assim, quando o réu ou o autor quiserem, a fim de garantir que no mesmo processo seja resolvida de vez a discussão da questão prejudicial, podem apresentar a ação declaratória incidental, fazendo a decisão coisa julgada sobre isto.
No caso, após a defesa, a questão se torna controvertida, o que habilita o juiz a intimar o autor sobre a possibilidade de ajuizar a ação declaratória incidental.
Para o réu, o prazo para ajuizar a ação declaratória incidental é o mesmo da contestação. Para o autor o prazo será de 10 dias, conforme o art.325. 
4.3. OUVIR O AUTOR SOBRE FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DO AUTOR – ART.326.
Se com a defesa o réu, apesar de não refutar os fatos constitutivos da pretensão do autor terminar por alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (defesa indireta de mérito), este deverá ser ouvido sobre isto, pois surge algo novo não tratado pelo autor na inicial, o qual em nome do contraditório e da ampla defesa deverá se pronunciar.
Obs. É o que se costuma chamar de réplica, apesar de não haver este nome constando do CPC. O prazo para réplica é de 10 dias, não sendo contado em dobro ou em quádruplo para Fazenda Pública, pois não se trata recurso ou de contestação.
4.4. OUVIR O AUTOR QUANDO O RÉU ALEGAR ALGUMA MATÉRIA PRELIMINAR AO MÉRITO (ART.301) – 327.
Idêntica à situação anterior, sendo distinta apenas a matéria alegada pelo réu. Aqui novamente se dará a réplica, pois o autor em nome do contraditório e da ampla defesa deverá se pronunciar sobre tais aspectos novos vindos com a defesa do réu.
5.0. JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO.
Cumpridas ou não as providências preliminares, o juiz poderá proferir o julgamento conforme o estado do processo.
A depender da situação pode ocorrer:
5.1. EXTINÇÃO DO PROCESSO – ART.329 
Dá-se nos casos de decisão sem resolução do mérito (art.267) e nos casos em que ocorre resolução de mérito (art.269, II ao V). 
Veja que na resolução do mérito não se incluiu o art.269, I, pois somente nesta hipótese o juiz realmente resolve o conflito, pois nas demais as próprias partes resolvem o conflito (o juiz só homologa) ou ocorre a decisão por decadência ou prescrição (aqui o juiz também não diz quem tem razão – ou seja – é julgamento do mérito por equiparação). 
5.2. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE – ART.330.
Aqui o juiz julga o mérito (art.269, I) só que o faz imediatamente, pois não há mais dúvida quanto a matéria fática, sendo desnecessária a audiência de instrução ou a produção de provas posteriores. 
Ocorre quando a questão a ser tratada for apenas de direito (ou seja, a matéria fática restar incontroversa) ou sendo questão de fato e de direito, a parte fática já estiver suficientemente provada nos autos, ou ainda, quando ocorrer o efeito da revelia (ou seja, ocorrer a presunção da veracidade dos fatos alegados pelo autor).
5.3. SANEAMENTO DO PROCESSO – ART.331.
Após as providências preliminares, e acaso o processo não tenha sido julgado prematuramente, o juiz fará o saneamento do mesmo:
Art. 331 - Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir. (Alterado pela L-010.444-2002)
- Após a fase de resposta do reú (ainda na Fase Postulatória) e adotadas, se for o caso, as providências preliminares constantes dos artigos 323 ao 328, se não for o caso de extinção do processo na forma do art.267 e 269 do II ao V (art.329 do CPC) ou de julgamento antecipado da lide (art.330 do CPC), e o direito pretendido admitir transação será designada audiência preliminar no prazo de 30 dias.
- Audiência Preliminar: “Trata-se, em verdade, de ato processual de tríplice finalidade: conciliação – saneamento – organização da instrução”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.377).
- As partes podem ser representadas em audiência por procurador ou por preposto com poderes para transação. 
- A ausência da parte ou do procurador ou do preposto com poderes para transacionar importará na impossibilidade de conciliação, mas não frustrará os demais objetivos.
§ 1º - Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. (Acrescentado pela L-008.952-1994)
- Apesar de a conciliação poder ser efetivada a qualquer tempo antes da sentença a importar o art.269, II, III, ou V, do CPC, a lei designa este momento processual adequado para tal objetivo.
§ 2º - Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. (Acrescentado pela L-008.952-1994)
- Despacho Saneador – verdadeira decisão interlocutória, portanto, passível de agravo, proferida dentro da audiência preliminar (ficando as partes intimadas na audiência), quando restar frustrada a conciliação.
- Dentro do despacho saneador o juiz:
a) Decidirá as questões processuais pendentes (saneamento);
- Apesar de o juiz sanear o processo desde o início (com a análise da inicial – e depois com o art.329), esse é o momento previsto em lei para declarar o saneamento, certo de que é proveitoso o julgador considerar superadas as pendências antes da audiência de instrução e da sentença. 
-Apesar disso, as matérias de ordem pública (art.267, §3º, do CPC) poderão ser examinadas depois do despacho saneador.
“O saneamento do processo é, emverdade, uma decisão interlocutória que nada saneia, mas tão-somente declara saneado o processo, ou seja, o declara livre de quaisquer vícios que possam impedir seu regular prosseguimento”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.378).
b) Fixará os pontos controvertidos (os fatos já comprovados não ensejam audiência para produção de provas); 
- Deverá o julgador analisar e determinar os pontos controvertidos (aqueles em que há controvérsia entre autor e réu) a fim de, se for o caso, organizar a possível instrução:
i) isso porque os pontos incontroversos não demandam mais provas, sendo desnecessária audiência de instrução;
ii) havendo ponto controvertido haverá necessidade de produção de prova, devendo ser verificado se o ponto envolve fato constitutivo do direito do autor (ônus da prova é do autor – art.333, I) ou é fato modificativo, extintivo ou impeditivo do direito do autor (ônus da prova é do réu – art.333, II). Aqui também se decidirá se haverá inversão do ônus da prova.
- O art.451 do CPC foi derrogado pelo art.331, certo de que agora os pontos controvertidos serão fixados na audiência preliminar e não mais na audiência de instrução e julgamento.
c) Determinará as provas a serem produzidas;
Exatamente porque os pontos controvertidos foram fixados, poderá o julgador avaliar a pertinência das provas já requeridas pelas partes e a necessidade de prova a serem determinadas pelo juízo, momento em que o julgador irá deferir ou indeferir a produção de provas.
d) Designará a audiência de instrução e julgamento.
- Havendo necessidade de produção de prova, no caso a prova oral, a mesma será colhida em audiência de instrução e julgamento. 
- Não havendo necessidade de prova oral, não se cogita audiência de instrução e julgamento.
 § 3º Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova, nos termos do § 2º. (Acrescentado pela L-010.444-2002)
- Se não houver possibilidade de transação pela indisponibilidade do direito pretendido ou as circunstâncias da causa evidenciarem sua impossibilidade não será designada audiência preliminar, devendo o juiz adotar o §3º do art.331 (despacho saneador) fora da audiência, devendo intimar as partes de seus teor.
Obs. “Mas, na verdade, diante da nova disposição contida no §3º do art.331, quando as circunstâncias da causa evidenciarem ser improvável a obtenção de conciliação, o juiz deverá consultar as partes sobre a intenção de conciliação. Ao juiz não se pode dar a possibilidade de dispensa da audiência preliminar com base na simples “impressão subjetiva das circunstâncias da causa””. (MARINONI, Luiz Guilherme & ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de Conhecimento. 7ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.190).
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AUDIÊNCIA PRELIMINAR. DESNECESSIDADE. DIREITOS INDISPONÍVEIS. AUSÊNCIA DE FASE DE SANEAMENTO. FUNDAMENTO INATACADO DO ACÓRDÃO COMBATIDO. SÚMULA 283/STF. ASSINATURA DE TODOS OS MAGISTRADOS NO ACÓRDÃO. PRESCINDIBILIDADE. ART. 164 DO CPC. ATO ILÍCITO. COMPROVAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. ART. 538 DO CPC. MULTA. AFASTAMENTO.
1. Em ações que versam sobre a responsabilidade civil do Estado por ato ilícito, não há necessidade de realização de audiência preliminar, já que o direito discutido é indisponível e, portanto, não é passível de transação. Precedente.
2. Não houve efetiva impugnação do fundamento do acórdão guerreado relativo à preclusão do direito do recorrente de insurgir-se contra a inexistência de despacho saneador, motivação suficiente à manutenção do julgado neste ponto, o que atrai a aplicação da Súmula 283/STF.
(...)
7. Recurso especial conhecido em parte e provido também em parte.
(REsp 819.734/RR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/05/2008, DJe 13/08/2008)
6. TEORIA GERAL DAS PROVAS.
A despeito de se falar em uma fase de instrução no processo, em verdade, os atos probatórios não se concentram exclusivamente nesta fase, podendo ocorrer durante toda a tramitação do processo.
“Todavia, é na etapa que vai da decisão de saneamento (oral, no caso de conciliação frustrada em audiência preliminar: art.331, § 2º, na redação dada pela Lei nº 8.952; cf. supra, §6º, nº I, 1) até a audiência de instrução e julgamento que normalmente se realizam, em sua maioria, os atos de produção de prova. Daí reservar-se a essa, feitas as ressalvas cabíveis, a denominação de fase instrutória, porque nela é que principalmente se procede à atividade de instrução”. (MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro. 25ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p.54).
“Parece-nos que as normas sobre prova têm natureza processual, pois regulam o meio pelo qual o juiz formará sua convicção, a fim de exercer a função jurisdicional. (...) Há, porém, no Código de 2002 disposições que, não obstante postas no título “da prova” tratam da forma do ato jurídico, como, por exemplo, os parágrafos do art.215, que tratam dos requisitos formais da escritura pública. Mais criticável do que isso, todavia, é a própria inclusão de regras sobre prova no Código Civil. Ainda que se admita a idéia de que a prova é instituto de natureza mista, com aspectos processuais e substanciais, é o Código de Processo Civil a sede adequada de sua regulamentação”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.410/411).
CONCEITO.
 
Prova – “é todo elemento que contribui para formação da convicção do juiz a respeito de um dado fato. (...) Por este motivo, preferimos afirmar que o objeto da prova é constituído pelas alegações das partes a respeito de fatos”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.409 e 413).
“No primeiro sentido, diz-se que a parte produziu a prova, para significar que ela, através da exibição de algum elemento indicador da existência do fato que se pretende provar, fez chegar ao juiz certa circunstância capaz de convencê-lo da veracidade da sua afirmação. No segundo sentido, a palavra prova é empregada para significar não mais a ação de provar, mas o próprio instrumento utilizado, ou o meio com que a prova se faz (...). Pode-se empregar o mesmo vocábulo prova para significar o convencimento que se adquire a respeito da existência de um determinado fato”. (DA SILVA, Ovídio Batista. Curso de Processo Civil, Volume I. 7ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005, p.320).
- O art.332 do CPC utiliza a expressão “prova” como meio de prova.
6.2. CLASSIFICAÇÃO:
6.2.1. Quanto ao seu objeto ou ao fato:
a) Prova Direta – refere-se ao próprio fato a ser provado.
Ex: Testemunha que viu o fato.
b) Prova Indireta – refere-se a fato que por sua vez relaciona-se ao fato a ser provado.
Ex: Testemunha que ouviu de alguém que o fato ocorreu. Indícios.
6.2.2. Quanto à fonte ou ao sujeito:
a) Prova Pessoal – a revelação do fato se dá através da pessoa humana.
Ex: Testemunha.
b) Prova Real – a revelação do fato se dá através de determinada coisa ou objeto. 
Ex: Fotografia.
6.2.3. Quanto à sua formação.
a) Causal – aquela produzida no processo.
Ex: Testemunhal.
b) Pre-constituída - aquela produzida antes do processo, já vindo com a petição inicial.
Ex. Documento.
6.3. ÔNUS DA PROVA (ART.333)
a) Conceito.
Ônus subjetivo (art.333) – quem deve provar o quê.
Ônus objetivo – regra de julgamento – como julgar.
“Em outras palavras, provados todos os fatos da causa, o juiz não dará qualquer aplicação às regras de distribuição do ônus da prova. Se, porém, a investigação probatória for negativa, ou seja, quando os fatos não estiverem integralmente provados, aí sim as regrasde distribuição do ônus da prova produzirão seus regulares efeitos. Esta visão objetiva do ônus da prova liga-se, pois, a vedação do non liquet, ou seja, à impossibilidade de o juiz se eximir de julgar por qualquer motivo”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.417).
“Se a dúvida paira sobre a alegação de fato constitutivo, essa deve ser paga pelo demandante, tendo o juiz de julgar improcedente o seu pedido, ocorrendo o contrário em relação às demais alegações de fato”. (MARINONI, Luiz Guilherme & MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.336).
b) Quem tem o ônus de provar (subjetivo)?
“Se o réu limitar-se a simples negativa, sem afirmar, por sua vez, a existência de outros fatos que possam elidir as conseqüências pretendidas pelo autor, nenhum ônus de prova lhe caberá; se, no entanto, também afirmar fatos tendentes a invalidar os fatos alegados por seu adversário, então incumbir-lhe-á o ônus de prová-los. (DA SILVA, Ovídio Batista. Curso de Processo Civil, Volume I. 7ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005, p.327).
c) Inversão do ônus da prova.
- Não há uma necessidade de manter a regra fixa do art.333 do CPC, certo de que pelo art.5º, XXXV, da CF, e, por autorização legal, diante do caso concreto, é possível julgador flexibilizar o ônus da prova atribuindo-o à parte que tem melhores condições de provar o fato.
Ex1: Nas causas de consumo, pode-se adotar o art.6º, VIII, do CDC para inversão do ônus probatório.
Ex2. Recusa a exame de DNA (art.231 e 232 do CC).
Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa.
        
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE – PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE PASSIVA E COISA JULGADA APRECIADAS EM AGRAVO DE INSTRUMENTO TRANSITADO EM JULGADO – RECUSA DO RÉU EM SUBMETER-SE AO EXAME DE DNA – PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS FATOS ALEGADOS NA INICIAL - RECURSO ESPECIAL – AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO – FUNDAMENTO SUFICIENTE – SÚMULA 283/STF.
I – Improsperável o recurso especial, se o recorrente deixa de impugnar fundamento suficiente à manutenção do acórdão recorrido.Aplicação do enunciado n.º 283 da Súmula do Supremo Tribunal Federal.
II - Segundo a jurisprudência desta Corte, a recusa da parte em submeter-se ao exame de DNA constitui presunção desfavorável contra quem o resultado, em tese, beneficiaria. Recurso especial não conhecido.
(REsp 460.302/PR, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 28/10/2003, DJ 17/11/2003 p. 320). Grifei.
Enunciado da Súmula 301 do STJ: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”.
- Deve o julgador ao inverter o ônus da prova intimar as partes a respeito da decisão tomada – esta decisão virá na forma do art.331 do CPC.
d) A inversão do ônus da prova quando ao fato negativo.
É possível provar o fato negativo?
“Por isso, diz-se, atualmente, que somente os fatos absolutamente negativos (negativas absolutas/indefinidas) são insusceptíveis de prova – e não pela sua negatividade, mas, sim, pela sua indefinição, como se verá”. (DIDIER JR. Fredie. Curso de Direito Processual Civil, volume 2, Jus Podivm, 2007, p.59).
Em regra, caberá adotar o artigo 333 do CPC no que diz respeito à prova do fato negativo. Contudo, a depender do caso, caberá a parte contrária provar o fato positivo, invertendo-se o ônus da prova do fato negativo.
Ex: Eu alego que não estive em sua residência àquela noite, caberá a você prova que eu estive. 
6.4. PRINCÍPIO DA COMUNHÃO DAS PROVAS.
“As provas, uma vez requeridas e admitidas pelo juiz, deixam de pertencer à parte que as propôs, para constituir elemento comum ao processo, de que somente por acordo das partes se pode desistir, ressalvada ainda a hipóteses de insistir o próprio magistrado na inquirição da testemunha, o que ele sempre poderá fazer de seu próprio ofício”. (DA SILVA, Ovídio Batista. Curso de Processo Civil, Volume I. 7ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005, p.357).
6.5. O OBJETO DA PROVA:
Os fatos relevantes para a demanda (art.302 do CPC).
6.5.1. Não precisam ser provados (art.334).
Fato notório – “Observe-se que o fato notório não precisa ser do conhecimento de todos aqueles que vivem no país em que o juiz exerce a jurisdição, bastando que seja conhecido por aqueles que estão na região em que o fato teria ocorrido”. (MARINONI, Luiz Guilherme & MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.339).
Ex: A Presidenta Dilma foi reeleita em 2014.
6.5.2. O direito, via de regra, não precisa ser comprovado, salvo na hipótese do art.332 e 337.
“A prova do direito municipal e estadual pode ser feita através da juntada do diário oficial onde foi publicada a norma jurídica ou através de certidão do órgão legislativo (Câmara de Vereadores ou Assembléia Legislativa) onde se ateste o teor e a vigência da lei indicada”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.413).
6.5.3. O juiz poderá usar as regras de experiência comum e técnicas para julgar, as quais agregarão às demais provas.
Obs> Quando o fato demandar prova técnica, deverá ser deferida a prova pericial.
6.6. DO DEVER DE CONTRIBUIR COM A VERDADE.
Qualquer PESSOA tem o dever de contribuir com a verdade (art.339 do CPC), seja a parte (art.340) ou terceiro (art.341), podendo ser conduzido coercitivamente pelo magistrado. Lembrando, contudo, que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo ou ferir o sigilo profissional.
6.7. DO PROCEDIMENTO PROBATÓRIO.
A fase de instrução segue uma sequência de atos, os quais podem ser agrupados em fases menores.
6.7.1. PROPOSIÇÃO – é o requerimento das provas.
- O autor deverá indicar as provas na inicial (art.282, VI, do CPC) e o réu com a contestação (art.300, do CPC).
- Na prática forense, admite-se que após a fase postulatória o juiz indague as partes se ainda tem provas a produzir, só havendo preclusão após tal despacho.
- O juiz pode determinar de ofício a realização de provas que julgue necessárias (art.130 do CPC).
Art. 130.  Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
6.6.2. ADMISSÃO – o juiz defere ou indefere a prova pretendida. A admissão deve se dar no “despacho saneador”, conforme art.331, parágrafos 2º e 3º, do CPC. 
6.6.3. PRODUÇÃO – momento em que a prova é produzida em juízo. De regra, ocorre na audiência de instrução (art.336), podendo ocorrer em outro momento.
6.6.4. VALORAÇÃO - o juiz aprecia as provas e dá a elas o valor que merecem para julgar a demanda.
Sistemas de avaliação da prova:
a) Prova legal ou tarifada.
“Segundo este sistema, cada prova tem um valor inalterável e constante, previamente estabelecido pela lei, não sendo lícito ao juiz valorar cada prova segundo critérios pessoais e subjetivos de convencimento, de modo diverso daquele que lhe tenha sido determinado por lei”. (DA SILVA, Ovídio Batista. Curso de Processo Civil, Volume I. 7ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005, p.330).
Ex: art.401 do CPC e 227 do CC.
b) Livre apreciação da prova ou Íntima Convicção.
- “O juiz é soberano e livre para formar a sua convicção a respeito dos fatos da causa (...). Segundo este princípio, não deverá haver limitação quanto aos meios de prova de que o juiz se possa valer, nem restrições especiais quanto à origem ou qualidade de certas provas”. (DA SILVA, Ovídio Batista. Curso de Processo Civil, Volume I. 7ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005, p.321).
“O juiz não fica, por este sistema, vinculado às provas produzidas,

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