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Unidade de Educação a Distância AUDITORIA FINANCEIRA Autor: Sérgio Rafacho Belo Horizonte / 2013 Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA REITOR JOÃO PAULO BARROS BELDI VICE-REITORA JULIANA SALVADOR FERREIRA DE MELLO EQUIPE DE PRODUÇÃO ANTÔNIO HENRIQUE RIBEIRO DALBEM LUCIANA REGINA VIEIRA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA MARIA LUIZA QUEIROZ BRAGA REGINA MARCIA DE JESUS PAREDES AUXILIAR ADMINISTRATIVO MARILIA APARECIDA OLIVEIRA BICALHO REVISORA DE TEXTO MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO SECRETARIA ACADÊMICA VIRTUAL LUANA DOS SANTOS ROSSI MARIA LUIZA AYRES ATENDIMENTO AO ALUNO POLO CARLOS LUZ 800 – BELO HORIZONTE MIRIÃ NERES PEREIRA FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS JAQUELINE MARA DE VARGAS MARCIA DE SOUZA PARREIRAS MOREIRA Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton Sumário Unidade 1: Introdução à Auditoria Financeira 5 Unidade 2: Controladoria 23 Unidade 3: Auditando os Estoques 44 Unidade 4: Auditando o Balanço Patrimonial - Ativo 63 Unidade 5: Auditando o Balanço Patrimonial - Passivo 86 Unidade 6: Auditando o Resultado 106 Unidade 7: Relatórios de Auditoria 131 Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton Ícones Comentários Reflexão Dica Lembrete Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 5| P á g i n a Unidade 1: Introdução à Auditoria Financeira 1. Nosso Tema Vamos apresentar nosso tema de estudo, utilizando um contexto bastante conhecido: A revolução industrial. A revolução industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, modificou de forma estrutural os processos produtivos da época. A chamada burguesia industrial, no intuito de obter maiores lucros, buscou a aceleração de sua produção utilizando-se as novas tecnologias emergentes, resultando em grandes transformações sociais e econômicas. Essas transformações evidenciaram o papel da contabilidade nas empresas, que passou a ser alvo de análises de diversos grupos de interesse. A confiabilidade das demonstrações contábeis apresentadas pelos contadores das companhias passou a ser fundamental tanto para a gestão, quanto para a captação de recursos para financiamento de projetos de expansão. Os investidores ou financiadores desses projetos de expansão passaram a utilizar a análise das demonstrações como fator determinante para a concessão de crédito ou para investimento dos recursos financeiros demandados. Devido à importância que os demonstrativos passaram a ter nesse contexto, a certificação sobre a exatidão dos dados apresentados ganhou muita importância. Essa “certificação” é conhecida como Auditoria. Para Refletir Imagine um investidor em ações que está analisando os demonstrativos contábeis de duas empresas, com o intuito de optar pela compra de ações de uma delas. É óbvio que os resultados apresentados nos demonstrativos serão imprescindíveis para sua decisão. Considerando esse contexto, como o investidor poderá ter a certeza de que os demonstrativos representam a realidade da empresa? Imagine também um diretor de uma grande empresa, que regulamentou e direcionou os procedimentos e rotinas dos diversos departamentos. Como ele poderá se assegurar de que as instruções estão sendo executadas corretamente? Em ambas as situações, a resposta está relacionada ao processo de Auditoria. Quer saber como? Pois é exatamente isso que estudaremos nesta unidade. Vamos ao trabalho! Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 6| P á g i n a 2. Conteúdo Didático Introdução à Auditoria Financeira A necessidade de ampliação estrutural e mercadológica das empresas para atender às demandas sociais no que diz respeito ao consumo de bens e serviços fez com que elas buscassem recursos financeiros em instituições financeiras (capital de terceiros) ou através da abertura de capital para novos acionistas (capital próprio). A partir do momento em que as empresas buscam novos investidores, eles necessitam de informações que justifiquem seus investimentos. Tais informações servem para que o investidor avalie aspectos referentes à segurança, à liquidez e à rentabilidade do investimento. Tais avaliações podem ser realizadas através da análise dos demonstrativos contábeis que são: Balanço Patrimonial (BP): Para Gitman (2002), o balanço patrimonial representa a demonstração resumida da posição financeira da empresa em determinada data. Essa demonstração confronta os ativos (o que a empresa possui) com os passivos (obrigações ou patrimônio líquido). No Brasil, o balanço patrimonial é representado conforme a seguir: Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 7| P á g i n a ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo Prazo Ativo Permanente Resultado de Exercícios Futuros Investimentos Patrimônio Líquido Imobilizado Capital Diferido Reservas de Capital Reservas de Reavaliação Reservas de Lucros Lucros ou Prejuízos Acumulados Fonte: ASSAF NETO, 2003, p. 79. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): A DRE ou Demonstração do Resultado do Exercício apresenta o resultado obtido pela empresa no período, ou seja, seu lucro ou prejuízo. Engloba as receitas, os custos, as despesas operacionais e não operacionais, os ganhos e as perdas do exercício, apurados por Regime de Competência, independentemente, portanto, de seus pagamentos e recebimentos. Esse relatório é de suma importância, pois, através dele, pode-se verificar a eficiência da empresa no controle de seus custos e despesas e na geração de seus lucros. Demonstração das mutações do Patrimônio Líquido: Esta demonstração demonstra parte das reservas de lucros que ainda não teve seu destino final determinado. Sua análise oferece informações sobre a forma dos eventuais aumentos de capital e a distribuição de dividendos. Segundo Assaf Neto (2003, p. 87), “a demonstração das mutações patrimoniais é a conciliação entre os saldos iniciais e finais do exercício social de todas as contas que compõem o patrimônio líquido.”. Nesse demonstrativo, portanto, será apresentado o saldo dos lucros ou prejuízos acumulados no período, ou seja, a explicação do queocorreu com esta conta durante o período do exercício social. Demonstrações das origens e aplicações de recursos (DOAR): A DOAR é um relatório que mostra a variação do capital circulante líquido, detalhando as fontes de recursos e as aplicações que afetaram esse capital. Segundo Assaf Neto (2003, p. 93), tem essa demonstração (DOAR) o objetivo de evidenciar de onde se originaram os valores que aumentaram capital circulante líquido da empresa e para onde foram os valores que o diminuíram. Trata-se de um fluxo financeiro que procura ampliar a utilidade das demonstrações contábeis, já que a Demonstração da Mutação Patrimonial fala apenas da evolução do patrimônio líquido, e a Demonstração do Resultado trata dos fluxos de receitas, despesas, ganhos e perdas do período, e considera inclusive as que não afetaram financeiramente o capital circulante líquido da empresa. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 8| P á g i n a Como a avaliação dos demonstrativos passou a ser fundamental para a decisão de investimento por partes dos novos investidores, eles passaram a exigir que um profissional independente, com reconhecida capacidade técnica, os examinasse, emitindo uma opinião a respeito deles. Esse profissional independente é conhecido como auditor externo. Com o crescimento do mercado mobiliário, a atuação do auditor externo no Brasil tem se expandido através do surgimento de diversas empresas de âmbito internacional. Investidores de outros países, principalmente dos Estados Unidos, ao investirem no Brasil, passaram a exigir que as empresas-alvo de seus investimentos fossem auditadas por profissionais independentes e qualificados. Essas exigências dos investidores internacionais contribuíram para o surgimento de novas parcerias entre empresas brasileiras e estrangeiras, resultando em uma forte mudança nas perspectivas e técnicas contábeis das empresas. 2.1. Controle Interno Ao se iniciar um processo de auditoria, o controle interno feito pela empresa deve ser considerado. A qualidade dos processos de controle interno da empresa a ser auditada, reflete diretamente no trabalho do auditor. Ao se avaliar o controle interno de uma organização, devem-se observar as normas de trabalho, a organização dos controles, os processos envolvidos e principalmente a capacidade de esse controle identificar erros e irregularidades. Segundo Almeida (2008, p. 63), “o controle interno representa em uma organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa.” Segundo Attie (1984), a importância do controle interno pode ser resumida considerando-se os seguintes fatores: Quanto maior é a entidade social, mais complexa é a sua organização estrutural. Para controlar as operações eficientemente, a administração necessita de relatórios e análises concisos, que reflitam a situação da companhia; Quanto melhor o controle, mais segurança o auditor terá na realização do trabalho. Por outro lado, quanto menor for o controle, maior será o cuidado que o auditor deve ter para executar sua função. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 9| P á g i n a A responsabilidade pela salvaguarda dos ativos da companhia e pela prevenção ou descoberta de erros ou fraudes é da administração. A manutenção de um sistema de controle interno adequado é indispensável para a execução correta dessa responsabilidade. Um sistema de controle interno que funcione adequadamente constitui a melhor proteção, para a companhia, contra as fraquezas humanas. As rotinas de verificação e revisão são características de um bom controle interno, que reduzem a possibilidade de que erros ou tentativas fraudulentas permaneçam encobertos por muito tempo e permitem à administração possuir maior confiança na adequação dos dados. No conceito de controle interno, podem-se diferenciar os controles contábeis, que são os procedimentos relacionados ao registro do patrimônio e dos eventos contábeis; dos controles administrativos, que são os procedimentos relacionados às operações da empresa, executadas de acordo com suas estratégias de manutenção e crescimento no mercado. Com o avanço tecnológico, os softwares ERP´s (Enterprise Resource Planning) ou SIGE (Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, no Brasil) têm contribuído para a otimização dos processos de controle das empresas, pois facilitam a integração dos diversos setores dela (marketing, finanças, recursos humanos, logística, compras, produção, armazenagem, etc). Para implantar um software ERP, a empresa deve normatizar procedimentos e capacitar seus colaboradores para atender as exigências do software, resultando em procedimentos que devem ser avaliados pelo auditor, para verificação da eficácia dos controles executados. Algumas empresas necessitam de controle permanente de suas atividades, no que diz respeito a verificar se os procedimentos executados estão de acordo com as normas pré-estabelecidas. Nesses casos, está presente nelas a figura do “Auditor Interno”, que é um funcionário da empresa, responsável por essa verificação. No tópico 2.4 desta unidade, veremos com mais detalhes as principais diferenças entre o auditor interno e o auditor externo. 2.2. A observância dos princípios contábeis na auditoria Imagine a dificuldade dos profissionais de auditoria externa se a cada demonstrativo contábil a ser analisado, ele encontrasse um padrão de registro que considerasse critérios distintos. Por exemplo, se em determinado período uma empresa utilizasse relatórios bienais para análise de seus dados e Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 10| P á g i n a em outro período passasse a utilizar relatórios semestrais. A comparação e a análise dos dados entre esses dois momentos da história da empresa ficariam dificultadas. Não somente o auditor, mas todos os profissionais cujas funções estão relacionadas à verificação e à análise dos registros contábeis das organizações devem ter a preocupação em adotar um mesmo critério para efetuar tais registros. Para atender a essa necessidade, são adotados os princípios contábeis. Os princípios contábeis têm como objetivo estabelecer critérios no registro de ocorrências nas organizações, para que haja um padrão de uniformidade na realização dele. A Resolução do Conselho Federal de Contabilidade, CFC Nº 750 de dezembro de 1993, dispõe sobre os princípios fundamentais de contabilidade. Veja, nos subtópicos a seguir, como a resolução do CFC apresenta esses princípios. Para saber mais sobre as resoluções do Conselho Federal de Contabilidade, acesse o link: http://www.crc.org.br/publicacoes/principios_e_normas/res750.asp 2.2.1. Princípio da Entidade O Princípio da Entidade considera que o patrimônio da organização (entidade) não se confunde como de seus sócios ou acionistas. O texto da resolução que trata deste princípio é o seguinte: Art. 4° O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único. O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 11| P á g i n a 2.2.2. Princípio da Continuidade O Princípio da Continuidade considera que a organização manterá ou não suas atividades operacionais de forma contínua por tempo indeterminado e por isso as demonstrações financeiras de determinado período estão vinculadas aos períodos anteriores e subseqüentes. O artigo 5º da resolução trata deste princípio. Vejamos: Art. 5° A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas. § 1° A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou previsível. § 2° A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado. 2.2.3. Princípio da Oportunidade O Princípio da Oportunidade considera a necessidade imediata (oportunidade) de registro dos ativos e passivos, mesmo que não haja uma documentação associada ao registro. A resolução do CFC trata deste princípio em seu 6° artigo: Art. 6° O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram. Parágrafo único. Como resultado da observância do Princípio da OPORTUNIDADE: I - desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência; II - o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos físicos e monetários; Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 12| P á g i n a III - o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em um período de tempo determinado, base necessária para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão. 2.2.4. Princípio do Registro pelo Valor Original O registro dos eventos, considerando o valor original de entrada dos bens e direitos, é o objeto deste Princípio. Esse valor deve ser mantido enquanto o item associado ao valor permanecer no patrimônio da organização. Cabe ressaltar o item IV deste artigo, que se refere à Correção Monetária. Veja o artigo 7° da resolução do CFC: Art. 7° Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE. Parágrafo único. Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta: I - a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes; II - uma vez integrado no patrimônio, o bem, direito ou obrigação não poderão ter alterados seus valores intrínsecos, admitindo-se, tão-somente, sua decomposição em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais; III - o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando da saída deste; IV - os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e mantém atualizado o valor de entrada; V - o uso da moeda do País na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui imperativo de homogeneização quantitativa dos mesmos. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 13| P á g i n a 2.2.5. Princípio da atualização monetária A perda do poder aquisitivo da moeda devido a inflação deve ser considerado no trabalho de auditoria. A intenção deste Princípio é eliminar as distorções decorrentes do processo inflacionário. Vejamos: Art. 8° Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis através do ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. Parágrafo único. São resultantes da adoção do Princípio da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA: I - a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II - para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais (art. 7°), é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por conseqüência, o do patrimônio líquido; III - a atualização monetária não representa nova avaliação, mas, tão-somente, o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores, ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período. 2.2.6. Princípio da Competência Imagine uma nota fiscal de venda emitida no dia 31 de janeiro com prazo de recebimento do cliente para 60 dias. Qual seria a data do registro contábil? O Princípio da Competência considera que o evento deve ser registrado no período em que o fato gerador (nesse caso, a venda) acontece. Portanto, esse evento “compete” ao mês de janeiro. O artigo 9° trata deste assunto: Art. 9° As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. § 1° O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivoresultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE. § 2° O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 14| P á g i n a § 3° As receitas consideram-se realizadas: I - nas transações com terceiros, quando efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à ENTI- DADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados; II - quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; III - pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; IV - no recebimento efetivo de doações e subvenções. § 4° Consideram-se incorridas as despesas: I - quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro; II - pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; III - pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. 2.2.7. Princípio da Prudência Este Princípio visa à prudência no registro dos eventos contábeis no que diz respeito à consideração do menor valor para os itens do ativo e de receita e do maior valor para os itens do passivo e despesa. Por exemplo, se determinado ativo tem um valor de mercado diferente do valor de custo, o menor entre os dois valores deve ser considerado. O artigo 10 apresenta o seguinte texto: Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 15| P á g i n a § 1° O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de Contabilidade. § 2° Observado o disposto no art. 7°, o Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPE- TÊNCIA. § 3° A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável. O auditor deve se certificar de que as demonstrações financeiras foram elaboradas considerando a observância dos princípios de contabilidade. Através dessa certificação, ficará assegurada a comparabilidade entre demonstrações financeiras de períodos distintos. Caso o auditor encontre uma situação em que foram adotados padrões distintos para registro de ocorrências, ele deve considerar os efeitos dessa falta de padrão em suas análises, registrando todas as distorções. Uma vez assegurado que os princípios de auditoria estão presentes no processo, o planejamento da auditoria deve ser realizado de forma a garantir que o trabalho será executado em um alto nível de qualidade e confiabilidade. Após estudar os princípios de contabilidade abordados neste tópico, faça uma revisão de cada um, procurando identificar como eles se aplicam à empresa em que você trabalha ou se relaciona profissionalmente. 2.3. Planejando a auditoria A elaboração de um Plano de Auditoria (ou programa de auditoria) é responsável pelo estabelecimento de objetivos e metas a serem alcançadas para que se garanta que todo o trabalho de auditoria foi realizado com alto padrão de qualidade e o menor custo possível. Segundo Sá (1998, p. 130), um bom plano de auditoria deve ter as seguintes características: 1. Clareza; 2. Capacidade de distribuição (a fim de não acumular demasiadamente certo número de funcionários com prejuízo sensível para o desempenho das tarefas); 3. Capacidade de síntese (a fim de que os trabalhos de sondagem possam apresentar conclusões); 4. Segurança (contra erros e fraudes). Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 16| P á g i n a Veja, na sua aula on-line, como a elaboração do Plano de Auditoria traz inúmeras vantagens para o auditor e um exemplo de levantamento de horas e estimativa de preços para uma proposta de serviços de auditoria. Para a elaboração do plano de auditoria, o auditor externo deve procurar conhecer os processos e registros de todas as áreas da empresa, sendo que, em cada uma delas, as suas especificidades e os profissionais que farão parte da equipe devem ser identificados. Almeida (2008, p. 161) apresenta um quadro sobre o planejamento de horas de acordo com as características técnicas exigidas da equipe responsável pela auditoria. Exemplo de Planejamento de horas (ALMEIDA, 2008, p.161) Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 17| P á g i n a É importante ressaltar que o planejamento da auditoria deve ser adequado à realidade da empresa que está sendo auditada. Baseado na estrutura do trabalho e nas características do segmento de atuação da empresa, tanto o planejamento da equipe quanto da carga horária demandada pelo trabalho devem ser adequados no sentido de que a qualidade do trabalho não fique comprometida. O auditor que será responsável pelo planejamento da auditoria, deve se concentrar nesses aspectos e procurando executar a auditoria dentro dos limites de tempo e custos estabelecidos. No tópico seguinte, estudaremos os principais pontos a serem considerados pelo auditor em seu trabalho. 2.4. O papel do auditor O trabalho do auditor deve estar baseado em princípios éticos, sempre sendo apoiado por dois aspectos essenciais para o desenvolvimento do trabalho: a confidencialidade e a independência. A confidencialidade é importante, pois o auditor tem acesso a um volume enorme de informações ligadas não somente à administração da empresa, mas também às suas operações e estratégias de expansão. As informações obtidas não podem ser divulgadas nem utilizadas pelo auditor para benefício próprio. A independência está relacionada à desvinculação do trabalho de auditoria a interesses pessoais que possam ser associados ao auditor. Todo seu trabalho pode cair em descrédito, caso fique comprovado que, por algum interesse próprio ou de alguma pessoa de seu relacionamento, o auditor inclua ou exclua fatos relevantes para a qualidade e clareza do trabalho. Ao contratar um serviço de auditoria, a diretoria de determinadaempresa pode optar por uma empresa especializada, que desenvolverá o trabalho com profissionais de sua própria equipe, apresentando, ao final do trabalho, relatórios que devem refletir a realidade dos registros da empresa. Uma outra forma de realizar o serviço de auditoria é através da contratação de um auditor interno. O auditor interno é um funcionário da própria empresa, que deve ter atuação independente das demais funções contábeis da empresa. Ao ser contratado, o auditor interno tem função de apoio ao administrador da empresa, passando a verificar se os procedimentos implantados pela administração da empresa estão sendo executados da maneira estabelecida. Ele deve atuar de forma objetiva, planejando, supervisionando e controlando todas as suas atividades e emitindo relatórios que atendam às expectativas da alta administração da organização. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 18| P á g i n a Em termos organizacionais, não deve estar subordinado àqueles cujo trabalho irá examinar. Vejamos um exemplo de uma estrutura hierárquica organizacional, que mantém um departamento de auditoria interna: Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 19| P á g i n a Auditor Interno e Auditor Externo Enquanto o auditor interno é um funcionário da empresa, o auditor externo não tem vínculo empregatício com a empresa que será auditada. Segundo Attie (1984, p. 53), o auditor interno é um empregado da companhia, que tem como objetivo verificar os dados contábeis, revisar o sistema contábil e de controle interno, aconselhar e auxiliar a administração, conquanto o auditor externo é um elemento independente com firma própria que se coloca à disposição da companhia que deseja um exame imparcial de suas demonstrações financeiras. O trabalho de auditoria interna deve ser planejado e executado com as mesmas exigências técnicas e de qualidade existentes na auditoria externa. A existência de um departamento interno de auditoria não elimina uma possível necessidade de auditoria externa. O auditor externo deve visualizar o auditor interno como uma forma de fortalecimento do controle interno das organizações. Vá à seção Exemplos Práticos da sua aula on-line e saiba como uma organização procede para contratar um processo de auditoria. Vejamos o seguinte quadro sinótico apresentado por Attie (1984, p. 55) em relação às diferenças entre a auditoria interna e a auditoria externa: Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 20| P á g i n a Independentemente de ser realizado de forma interna ou externa, o sucesso da auditoria está diretamente ligado à atuação do auditor, no que diz respeito à sua dedicação e qualificação técnica. Portanto, a escolha do auditor que executará o trabalho deve ser realizada pela empresa contratante de forma clara e criteriosa. Sendo executada de forma interna ou externa em uma empresa, a auditoria é fundamental para que haja confiabilidade em relação aos demonstrativos apresentados. Sempre que essa confiabilidade for alcançada, resultará em maior segurança para os interesses de seus sócios, investidores, fornecedores, credores e demais parceiros. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 21| P á g i n a 3. Teoria na Prática O caso Parmalat Um caso mundialmente conhecido com grande repercussão no Brasil foi o da empresa multinacional italiana Parmalat. Fundada na Itália na década de 60, a partir da década seguinte passou a atuar internacionalmente inclusive se instalando no Brasil nesta mesma década com fábricas em diversos estados brasileiros e investimentos na ordem de US$ 500 milhões. Em 2003, ao passar por um processo de auditoria, teve um de seus projetos de investimento nas Ilhas Caimans contestado e questionado pela empresa responsável pela auditoria. Após este questionamento as ações da empresa sofreram queda acentuada, passando a preocupar intensamente os investidores e credores da empresa. Pressionada, a direção da empresa apresentou um documento que afirmava existir uma conta com aproximadamente 4 bilhões de Euros no Bank of América, nas Ilhas Caimans. O banco, por sua vez, afirmou ser falso o documento o que fez com que mais de 100 mil investidores e pequenos poupadores perdessem aproximadamente 11 bilhões de Euros. Considerações: Podemos perceber a importância da independência dos auditores e da qualidade do processo de auditoria no caso Parmalat. Essa atuação assertiva foi fundamental para que a fraude fosse descoberta e para evitar que o prejuízo dos investidores e credores fosse ainda maior. Tanto no Brasil quanto na Itália, a empresa passou por intervenções dos respectivos governos que criaram “planos de salvamento” para ela, evitando perdas de milhares de empregos. Caso a fraude não fosse descoberta a tempo, os problemas da empresa poderiam ter chegado a um patamar irreversível. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 22| P á g i n a 4. Recapitulando Nesta unidade, abordamos diversos assuntos importantes em relação ao processo de auditoria. O objetivo principal desta unidade é apresentar a auditoria aos leitores através da exposição do contexto em que ela ocorre, dos processos envolvidos, as regulamentações e as condições de trabalho do auditor. Após a introdução, a unidade foi dividida em quatro tópicos principais: - Controle Interno: no qual vimos a importância dos procedimentos internos das empresas que serão auditadas para o trabalho de auditoria. - A observância dos princípios contábeis na auditoria: neste tópico, abordamos informações importantes para que o trabalho do auditor seja realizado em conformidade com as exigências do Conselho Federal de Contabilidade. - Planejando a Auditoria: o tópico apresenta a importância do planejamento do processo de auditoria antes do início do trabalho. Todas as atividades, os procedimentos a serem executados e os responsáveis por sua execução devem ser previamente definidos. - O papel do auditor: A importância do papel do auditor foi abordada neste tópico. Aprendemos a diferença entre o auditor interno e o auditor externo, suas particularidades e características de atuação. Partimos para a unidade 2! Vamos continuar nos dedicando aos estudos! Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 23|P á g i n a Unidade 2: Controladoria 1. Nosso Tema Nesta unidade, vamos estudar uma importante atividade dentro das organizações: A Controladoria. Ela é responsável pelo controle orçamentário, operacional, contábil e financeiro da organização. Exerce um papel de assessoria à alta administração da empresa, fornecendo informações sobre a situação atual, perspectivas e direções a serem tomadas para alcançar os planos organizacionais definidos no seu planejamento estratégico. O sucesso de uma organização depende em grande parte de sua eficiência e de sua eficácia em produzir bens e serviços. Pela visão moderna, a controladoria tem uma função ativa em relação à visão tradicional, pois pode influenciar os resultados da empresa. Portanto, é fundamental que compreendamos a sua função dentro das organizações. Para Refletir Trabalhando como consultor e como orientador de estágio de alunos em conclusão do curso de Administração de Empresas, tenho percebido uma realidade que figura na maioria das pequenas e médias empresas brasileiras: a falta de informações aos gestores. Na maioria dos casos, essa situação ocorre por falta de prioridade na elaboração dos relatórios por parte desses mesmos gestores. Muitas empresas não fecharam porque são altamente lucrativas. Caso contrário, fariam parte das estatísticas que indicam um alto percentual de falência em empresas recém-criadas. Esse contexto está relacionado ao papel da Controladoria nas organizações. Qual será, então, a importância dessa função tão abrangente e de reconhecida eficácia nas empresas? Estudando esta unidade, esperamos que você compreenda tanto o papel quanto a importância da Controladoria para o sucesso das organizações. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 24| P á g i n a 2. Conteúdo Didático No meio empresarial, é comum a associação entre Contabilidade e Controladoria. Ambas são ciências que interagem entre si, porém com papéis distintos. Essa associação deve-se ao fato de que a Controladoria utiliza de forma maciça as informações fornecidas pela contabilidade. Segundo Padoveze (2003, p.33), “a controladoria é a unidade administrativa dentro da empresa que, através da Ciência Contábil e do Sistema de Informação de Controladoria, é responsável pela coordenação da gestão econômica do sistema empresa”. Cabe à Controladoria a definição de metas e objetivos a serem alcançados pela organização, bem como as formas de mensuração dos resultados obtidos, ou seja, é responsável pelo processo de tomada de decisão e pela avaliação da eficácia das decisões tomadas. Já a contabilidade é responsável pelo controle e registro dos fatos e das ações empresariais com conseqüente análise dos resultados econômicos e financeiros, sendo que eles refletem a eficácia ou não das ações da alta administração em relação ao alcance dos objetivos predefinidos pela organização. A seguir, estudaremos aspectos importantes sobre a Controladoria e seu relacionamento com a Contabilidade, para, enfim, compreendermos a Controladoria de forma mais abrangente. 2.1. Visão Sistêmica da Empresa Um conceito de Sistema utilizado em diversas áreas de conhecimento é o seguinte: um Sistema é um conjunto de elementos ou componentes que interagem para atingir objetivos. Os próprios componentes do sistema e as interações entre eles determinam o funcionamento dele. Os sistemas têm entradas, processamentos, saídas e feedback. Vejamos uma ilustração: Fonte: próprio autor Os sistemas podem ser classificados de acordo com suas características e interações. Veja: Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 25| P á g i n a Fonte: próprio autor A empresa é considerada um sistema aberto e dinâmico. Catelli (2001, p. 38-39) diz que “como um sistema aberto, a empresa encontra-se permanentemente interagindo com seu ambiente. Como um sistema dinâmico, realiza uma atividade ou um conjunto de atividades, que a mantém em constante mutação e requer que seja constantemente orientada ou reorientada para sua finalidade principal”. As empresas são responsáveis pela transformação dos recursos disponibilizados em produtos e serviços que são oferecidos à sociedade. Todos os seus processos devem estar focados no alcance de objetivos. A ilustração a seguir, apresentada por Catelli (2001, p. 39), mostra a relação entre a empresa, suas subdivisões e processos e o ambiente em que atua: Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 26| P á g i n a Visão sistêmica da empresa - Catelli (2001, p. 39) É imprescindível que tanto a alta administração da empresa quanto a Controladoria, que tem funções de assessoria a essa gestão no que diz respeito à execução de suas estratégias, tenham conhecimento da visão sistêmica da empresa em relação ao seu ambiente de atuação. 2.2. A Controladoria nas organizações O Papel da Controladoria em uma organização é auxiliar o processo de decisão empresarial. Segundo Peléias (1991, p.65), “Dessa forma, podemos explicitar a missão da controladoria: dar suporte à gestão de negócios da empresa, de modo a assegurar que ela atinja seus objetivos, cumprindo assim sua missão”. A Controladoria fornece informações da situação atual da organização, ao mesmo tempo em que fornece um direcionamento para as ações que serão tomadas. Sua principal função é dar suporte à gestão dos negócios da empresa através do fornecimento de informações contábeis e gerenciais ao responsável pelas decisões, favorecendo a execução das estratégias organizacionais, através do alcance dos objetivos predeterminados. O conhecimento da visão (percepção das necessidades do mercado e de como a organização vai atender a elas) e da missão (declaração das intenções e aspirações) da empresa, é fundamental para Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 27| P á g i n a que a Controladoria consiga exercer sua função de apoio ao processo de tomada de decisões com eficácia. Todo processo de tomada de decisões deve ser embasado por informações gerenciais contínuas e em tempo real. Caggiano e Figueiredo (1992, p.30) dizem que “o ponto de partida de uma administração eficiente pode, desse modo, ser visto pela habilidade de especificar corretamente as necessidades informacionais, e essa habilidade é propriamente função da definição dos objetivos, traduzidos no planejamento, na capacidade de controle e nas determinações organizacionais satisfatórias”. As principais funções da Controladoria estão associadas ao controle financeiro, operacional, patrimonial e contábil das organizações, bem como o controle do sistema orçamentário. Tem o papel de assessorar a alta administração da empresa, disponibilizando informações atravésde relatórios periódicos para o processo de tomada de decisões. 2.2.1. Funções da Controladoria Já aprendemos que a empresa é um sistema em contínua operação com seu ambiente e que o papel da Controladoria é auxiliar o processo de tomada de decisões, induzindo ou direcionando as ações dos gestores para que os objetivos da empresa sejam alcançados. Para exercer esse papel, é necessário que o departamento de Controladoria da empresa tenha uma visão clara de todo o ambiente, tendo uma missão específica. Catelli (2001, p. 346) define a missão da Controladoria da seguinte maneira: Cabe, então, à Controladoria, por ser a única área com uma visão ampla e possuidora de instrumentos adequados à promoção da otimização do todo, a responsabilidade pelo cumprimento de uma missão muito especial. A missão da Controladoria será: assegurar a Otimização do Resultado Econômico da Organização. Como um sistema complexo, a empresa é composta por diversos subsistemas com funções e objetivos específicos, sendo que todos eles devem convergir para o objetivo geral dela. A Controladoria é uma unidade administrativa da empresa, cujas funções estão associadas à adaptação da gestão empresarial às necessidades e às especificidades de seu ambiente. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 28| P á g i n a A Controladoria na Organização – Padoveze (2003, p.34) Cada um desses subsistemas tem suas funções definidas de acordo com o produto e/ou serviço produzido. Em relação ao departamento de Controladoria, sua principal função está ligada à coordenação das informações de gestão operacional, financeira, econômica e patrimonial da organização. Segundo Catelli (2001, p.347), “a Controladoria, ao contribuir como área de responsabilidade e conjuntamente com as demais para o cumprimento da missão e continuidade da organização, terá como filosofia de atuação: ■ coordenação de esforços visando à sinergia das ações; ■ participação ativa do processo de planejamento; ■ interação e apoio às áreas operacionais; ■ indução às melhores decisões para a empresa como um todo; ■ credibilidade, persuasão e motivação.” Além do apoio ao processo de decisão da empresa, cabe à Controladoria a monitoração de todo o processo de Planejamento e Controle Orçamentário, tendo em vista a certificação de que o alcance dos objetivos mercadológicos, operacionais e financeiros previstos no orçamento irá assegurar o sucesso da gestão econômica da empresa. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 29| P á g i n a 2.2.2. Sistemas de Informação de Controladoria Para que consiga cumprir sua missão nas organizações, é fundamental que a Controladoria tenha à sua disposição um sistema de informações. Segundo Laudon & Laudon (1999, p. 4): um sistema de informação (SI) pode ser definido como um conjunto de componentes inter- relacionados trabalhando juntos para coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir informação com a finalidade de facilitar o planejamento, o controle, a coordenação, a análise e o processo decisório em empresas e outras organizações. Atividades dos Sistemas de Informação - Laudon & Laudon ( 1999, p.4) Padoveze (2003, p. 43) define um sistema de informação como “um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma seqüência lógica para o processamento dos dados e tradução em informações para o seu produto, permitindo às organizações o cumprimento de seus objetivos principais”. Sabe-se que os dados são os fatos em sua forma primária e que a informação é resultado da transformação deles. Em uma empresa, podemos identificar, como exemplo de dados, a quantidade produzida, o número de horas trabalhadas, a quantidade de produtos em estoque, os pedidos de vendas, as vendas efetuadas, e assim por diante. A principal finalidade do sistema de informações é transformar todos os registros de fatos e eventos econômicos e sociais relacionados à empresa em informações que possibilitem a análise de seus gestores para a conseqüente tomada de decisões, que podem ser expressas através de valores monetários, físicos ou de qualidade. Em nosso cotidiano, encontramos diversos sistemas de informações em funcionamento, e a maioria das pessoas os acessam como usuários finais, ou seja, aquele usuário que apenas insere dados nos sistemas para posterior processamento. Porém, em toda empresa organizada em termos de Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 30| P á g i n a gerenciamento de informações, encontramos profissionais responsáveis pela análise desses dados já processados e apresentados em forma de relatório. Conforme a origem dos dados, as informações gerenciais podem ser classificadas de duas maneiras: Informações externas São aquelas extraídas do contexto econômico, social e político do ambiente em que a empresa atua. O processo de globalização e a “diminuição das distâncias” possibilitada pelo avanço dos recursos tecnológicos têm alargado as fronteiras mercadológicas das empresas e, conseqüentemente, ampliado a abrangência das informações a serem coletadas. Como exemplo, podemos citar o fato de que, atualmente, os Estados Unidos da América (EUA) consomem aproximadamente um terço do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Uma crise econômica que afete o consumo nos EUA terá reflexos tanto no Brasil quanto na China e em outros países da Europa e África. Portanto, as tendências políticas, econômicas e sociais mundiais exercem influência em empresas instaladas em países de todos os continentes. Informações internas São resultado do processamento dos dados internos das organizações e podem ser classificadas de acordo com sua natureza. Segundo Ronchi (1977, p. 147), as informações gerenciais podem ser classificadas de acordo com os aspectos da vida empresarial: 1. o aspecto financeiro: em relação aos fundos líquidos disponíveis; 2. o aspecto econômico, em relação aos lucros e às perdas do período e aos resultados de determinados setores e produções; 3. o aspecto patrimonial, em relação ao valor de vários elementos componentes do capital da empresa; 4. o aspecto comercial, referente às vendas e à situação do mercado; 5. o aspecto técnico-produtivo, referente às atividades de produção de bens e serviços pela empresa. Analisando dois dos principais relatórios contábeis utilizados pelas empresas, podemos identificar esses aspectos das informações apresentados, fundamentais para o processo de tomada de decisões. Esses dois relatórios são o Demonstrativo do Resultado em Exercício e o Balanço Patrimonial: Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 31| P á g i n a Fonte: próprio autorFonte: próprio autor Ainda segundo Ronchi (1977, p. 150): um sistema de escrituração identifica-se com o objetivo ao qual está dirigido (por ex. : consistência patrimonial ou lucro do exercício). Não obstante, cada sistema é composto de um conjunto de contas destinadas aos elementos que descrevem e caracterizam o objeto a ser acompanhado (elementos patrimoniais ou componentes do lucro). Os sistemas de escrituração de maior utilização são o Sistema Patrimonial e o Sistema de lucro. A seguir, é apresentada uma ilustração de um fluxo de valores na contabilidade de uma empresa industrial: Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 32| P á g i n a Fluxo dos valores no sistema patrimonial (sistema único) – Ronchi (1997, p. 153) As regras para elaboração e apresentação dos relatórios contábeis seguem orientações instituídas pela legislação vigente do país em que a empresa está instalada, porém existem diversos métodos de análise que exigem que as informações contidas nesses relatórios sejam reagrupadas, otimizando o processo de análise e refletindo no processo de tomada de decisões. 2.2.3. O Papel do Controller Todo departamento de controladoria da empresa é liderado pelo profissional conhecido como Controller. Hoji (2008) diz que o Controller moderno deve ampliar seu envolvimento com atividades estratégicas, procurando visualizar o futuro e identificando novas oportunidades de negócios. Também deve passar a apoiar as atividades comerciais e industriais das empresas a partir de uma visão global abrangente do negócio. o controller moderno, além de exercer suas funções tradicionais, está mais envolvido em atividades estratégicas, procurando visualizar o futuro e identificando novas oportunidades de negócios. Além disso, ele passou a apoiar as atividades comerciais e industriais das empresas a partir de uma visão global e abrangente do negócio (aspectos financeiro, tributário, contábil e operacional). Segundo J. B. Heckert e J. D. Wilson (apud TUNG, 1993, p. 34): Ao controller não compete o comando do navio, tarefa que cabe ao principal executivo; o controller representa na empresa o navegador que cuida dos mapas da navegação. Sua função é manter informado o comandante quanto à distância percorrida pela embarcação, ao local em que se encontra, à sua velocidade, à resistência que encontra, aos desvios da rota, Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 33| P á g i n a aos recifes perigosos e aos caminhos traçados nos mapas, para que todos cheguem ao destino final... Em suma, podemos dizer que o Controller é o principal executivo da área de contabilidade administrativa da empresa, sendo responsável pela elaboração de relatórios e interpretação de resultados, exercendo influência no processo decisório executado pela gestão das organizações. 2.3. O Processo de Gestão A identificação do processo de gestão dentro da organização é fundamental para o sucesso do departamento de Controladoria. Os processos de gestão são julgados por diversos grupos com diferentes interesses, havendo, portanto, conflitos sobre a sua aprovação ou não. Diante desse contexto, os responsáveis pela gestão devem priorizar critérios relativos aos objetivos organizacionais, que, por definição, estão subordinados à missão da empresa. Catelli (2001, p. 58-59) identifica o processo de gestão da seguinte forma: Essencialmente, o processo de gestão deve assegurar que a dinâmica das decisões tomadas na empresa conduzam-na efetivamente ao cumprimento de sua missão, garantindo-lhe a adaptabilidade e o equilíbrio necessários para sua continuidade. Com esse propósito, o processo de gestão deve: ● ser estruturado com base na lógica do processo decisório (identificação, avaliação e escolha de alternativas); ● contemplar, analiticamente, as fases de planejamento, execução e controle das atividades da empresa; ● ser suportado por sistemas de informações que subsidiem as decisões que ocorrem em cada uma dessas fases Nesse sentido, o processo de gestão econômica estrutura-se nas fases de planejamento estratégico, planejamento operacional, execução e controle, contemplando um conjunto de definições básicas sobre os objetivos, os produtos e os requisitos de cada uma dessas fases. Já Padoveze (2003, p.27) : Também denominado de processo decisório, é um conjunto de processos decisórios e consiste e compreende as fases do planejamento, execução e controle da empresa, de suas áreas e atividades. Por processo entende-se a sucessão de estados de um sistema, que possibilita a transformação das entradas do sistema nas saídas objetivas pelo mesmo sistema. Processo de gestão – visão resumida – Padoveze (2003, p. 29) Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 34| P á g i n a De forma geral, podemos considerar que o processo de gestão é constituído por três funções principais: Planejamento, Execução, Controle. 2.3.1. Planejamento O planejamento consiste na definição dos objetivos geral e específicos de uma organização, no estabelecimento das estratégias necessárias para o alcance de objetivos, e na definição dos projetos, ações e contratações inerentes aos processos que serão executados. O Planejamento das organizações pode ser subdividido em dois planos distintos: Planejamento Estratégico e Planejamento Operacional. Planejamento Estratégico: O Planejamento Estratégico expõe um direcionamento a ser seguido pela organização, definindo sua forma de atuação mercadológica. Todas as interações da empresa com o ambiente em que irá atuar devem estar previstas. Consiste na construção de cenários com base nas diretrizes organizacionais e na avaliação da influência das variáveis externas (ameaças e oportunidades) e internas (pontos fortes e pontos fracos). Planejamento Operacional: Partindo dos objetivos predeterminados pela organização, o Planejamento Operacional é responsável pelo dimensionamento e pela definição dos recursos que serão utilizados para a execução das estratégias empresariais. Como etapa final desse planejamento, é importante que um Plano de Metas por área seja apresentado à alta administração para aprovação, antes do início de sua execução. 2.3.2. Execução O sucesso da execução de uma estratégia está diretamente relacionado à qualidade do planejamento que foi realizado. Existindo metas a serem alcançadas que não refletem a realidade da empresa, o alcance delas se tornará inviável. A execução consiste em colocar em prática todos os procedimentos que foram previamente definidos dentro dos padrões estruturais e de recursos determinados pela empresa. Tais planos devem considerar os seguintes fatores: Fator No Planejamento Execução Estrutura Definição da estrutura organizacional da empresa; definição de lideranças, cargos e funções; relações hierárquicas; delegações e responsabilidades. Delineação da estrutura organizacional da empresa; definição das lideranças, tarefas e açõesa executar; adequação da hierarquia; definição da autoridade formal e das alçadas para decisões. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 35| P á g i n a Sistemas envolvidos Definição das políticas, normas e procedimentos formais como sistemas de custeio e precificação de produtos e/ou serviços; planejamento orçamentário; análise de investimentos. Aplicação das normas e procedimentos que serão utilizados durante as operações; incluindo treinamento e demais ações necessárias para implantação. Logística e Operações Definição de todo o processo operacional da empresa, incluindo a relação com parcerias, colaboradores, fornecedores e clientes, formas de recebimento de matérias primas e/ou produtos e processos de distribuição. Contratação dos recursos (humanos e patrimoniais) a serem disponibilizados para execução dos processos da organização; definição de parcerias e associações. A dimensão temporal utilizada durante o Planejamento Estratégico e Operacional deve ser considerada pelos responsáveis como a execução dos planos propostos. As metas a curto, médio e longo prazos devem ser perseguidas para que os objetivos sejam alcançados. Cabe dizer que, em todo planejamento empresarial, e, portanto, em toda execução, existem variáveis controláveis (internas) e não controláveis (externas). Variações nas previsões de fatores externos com impactos pouco significativos estão previstos em processos de planejamento elaborados corretamente, porém mudanças bruscas que tenham reflexos significativos nos resultados da organização merecem atenção especial por parte da alta gestão da empresa. Há casos em que, devido ao elevado grau de mudanças no ambiente externo, todo o planejamento deve ser adaptado para atender às novas tendências do mercado e ao ajuste das expectativas da organização. 2.3.3. Controle O controle é um complemento do planejamento, pois, por mais bem elaborado que ele tenha sido, sem o controle e as intervenções corretivas necessárias, não terá atingido seus principais objetivos. O controle deve ser realizado paralelamente à execução das atividades, pois de que adiantaria descobrir que os principais objetivos da organização não foram alcançados após o encerramento do período previsto para o alcance das metas organizacionais. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 36| P á g i n a Assim, de acordo com seus objetivos, a organização poderá desenvolver planos anuais e de longo prazo, que devem ser acompanhados e controlados. Esse processo de acompanhamento e controle deve fornecer feedback constante, a fim de que os gestores possam analisar o desempenho real, comparando-o com o previsto e fazendo as correções necessárias e, se necessário, a revisão dos planos originais. Caggiano e Figueiredo (1992, p.188) apresentam um panorama amplo sobre o processo de controle nas organizações. O processo de controle possibilita que as metas alcançadas sejam comparadas com as desejadas pela organização, decidindo assim se novas metas e objetivos devem ser formulados. O modelo de controle estabelece a natureza multidivisional do processo de controle e a coincidência do processo de controle com o processo de planejamento. É esta coincidência que possibilita que os processos de planejamento e controle sejam integrados dentro de um único processo, focalizando os objetivos da organização e as metas derivadas destes objetivos. O processo de controle deve envolver todos os aspectos da organização relacionados aos resultados esperados. Sua origem deve estar associada aos objetivos da organização, que servem de base para os planos desenvolvidos. Vejamos a ilustração a seguir: Ciclo de Controle - Caggiano e Figueiredo (1992, p.188) A função de Controle nas organizações está diretamente associada à função de Planejamento, uma vez que seu principal objetivo é verificar que os processos da organização estão sendo Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 37| P á g i n a desempenhados conforme previstos durante o planejamento. Para que seja possível essa verificação contínua, é fundamental que a Controladoria se assegure de que o sistema de informações gerenciais esteja funcionando de forma correta e de acordo com as necessidades gerenciais da organização. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 38| P á g i n a 2.4 Mensuração e análise de resultados A controladoria tem a missão de assegurar a viabilidade econômica e financeira da empresa através da otimização de seus processos. Para apuração da eficácia tanto da organização quanto do papel da Controladoria, é necessário que sejam escolhidos indicadores econômicos e financeiros. Existem diversos modelos de avaliação de desempenho que se utilizam de índices de rentabilidade sobre o capital próprio da empresa, para mensurar os resultados da organização. De forma geral, esses resultados são analisados de forma relativa, ou seja, para se apurar a eficácia da gestão econômica da organização. Os ganhos de capital obtidos na empresa são comparados à rentabilidade de outros ativos existentes no mercado. Para se medir o desempenho real de uma organização, diversas fontes de informação são utilizadas, como observação pessoal, relatórios gerenciais e estatísticos, informes verbais. A Controladoria deve utilizar fontes múltiplas de informação. Como os resultados de cada um dos subsistemas existentes contribuirão para o resultado de toda a organização, percebe-se que a tarefa de mensuração torna-se mais árdua. Considerando esse contexto organizacional, para que a eficácia gerencial seja alcançada, continuamente deve ser feito um acompanhamento sobre o andamento de todas as metas estabelecidas para os diversos departamentos e, quando necessário, medidas corretivas devem ser tomadas para corrigir possíveis distorções. Para sobreviverem no mercado e alcançarem crescimento, as empresas necessitam obter lucros. Para aumentar as possibilidades de se obterem ganhos satisfatórios sobre o capital investidos, as organizações implantam controles financeiros que permitem tanto as projeções quanto o acompanhamento da posição financeira da empresa. Dentre os controles financeiros implantados, indubitavelmente um dos principais é o Orçamento Empresarial, também chamado por alguns autores de Planejamento e Controle de Resultados. O Orçamento Empresarial é um instrumento utilizado para o planejamento e controle econômico- financeiro da organização, a curto, médio e longo prazo. É um plano de alocação de recursos para atividades que serão desempenhadas no decorrer do período contemplado no orçamento. Segundo Welsch (1989, p. 24-25): a geração contínua de lucros por meio da manipulaçãodos fluxos de entrada e saída pela administração é a essência do planejamento e controle de resultados. Essas relações são apresentadas de maneira simplificada na ilustração a seguir. Nessa figura é possível observar que os fluxos de entrada essenciais são os de recursos humanos, capital e matérias-primas, e que eles geralmente representam custos para a organização. Por outro lado, os fluxos de saída planejados são os de produtos, serviços e contribuições da empresa para a sociedade. Os Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 39| P á g i n a fluxos de produtos e serviços geram receitas, enquanto os de contribuições à sociedade tendem a implicar custos, pelo menos a curto prazo. A figura, a seguir, ilustra como as entradas planejadas de recursos são direcionadas para a maximização dos lucros da empresa, através da comercialização de produtos e serviços e demais contribuições à sociedade: Planejamento e controle de entradas e saídas para maximizar lucros - Welsch (1989, p. 24) Como todos os empreendimentos são financiados seja por capital próprio e/ou capital de terceiros, o grande desafio dos gestores é criar valor o suficiente para que os custos desse financiamento sejam cobertos, sejam eles referentes à captação de recursos através de instituições financeiras e/ou referentes ao custo de oportunidade, que é definido pelas expectativas dos acionistas. Padoveze (2003, p. 428) apresenta a importância do processo de avaliação de resultado e desempenho da seguinte forma: Os conceitos de avaliação de resultados e a avaliação de desempenho podem ser visualizados, dentro do modelo básico de mensuração, sob o conceito de margem de contribuição. Além da avaliação de resultado e desempenho, cabe também à Controladoria o desenvolvimento de modelos de decisão, mensuração e informação para avaliação de qualquer investimento da empresa, bem como do valor da própria empresa. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 40| P á g i n a Processo de avaliação de resultados e desempenho - Padoveze (2003, p. 428) As organizações que desenvolvem atividades empresariais e não empresarias devem elaborar e perseguir metas e objetivos de acordo com suas possibilidades e com o mercado em que estão inseridas. A eficácia de um empreendimento sempre será mensurada através da análise dos resultados obtidos em relação às possibilidades da organização. A gestão de uma organização pode ser definida como esforço global em determinado empreendimento, envolvendo o processo de tomada de decisões, a alocação de recursos, a aplicação de técnicas e conceitos administrativos e a motivação dos colaboradores envolvidos com os objetivos da organização. Todo esse esforço deve ser satisfatório para os grupos de interesse que detêm expectativas em relação ao empreendimento. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 41| P á g i n a 3. Teoria na Prática Um caso que reflete a importância do Planejamento e Controle de Resultados Há alguns meses, um representante de uma indústria multinacional de medicamentos, que tinha a função de visitar médicos plantonistas em hospitais de Belo Horizonte (MG), recebeu a informação de que haveria um evento comemorativo no hospital, percebendo a importância para as aspirações comerciais de sua empresa, que esta participasse do evento através do patrocínio de alguns dos itens do evento. Imediatamente, o representante contatou seu supervisor imediato e foi surpreendido pela resposta obtida : “parabéns pela atuação; concordamos com sua percepção comercial do fato; mas infelizmente neste mês as verbas destinadas para este tipo de patrocínio já se esgotaram e, desta vez não poderemos participar”. Considerações: Através do Planejamento Orçamentário, é possivel que as organizações projetem suas “Entradas e Saídas financeiras” e, conseqüentemente, apurem seus resultados projetados. Isso implica que, se a empresa conseguir alcançar suas metas mercadológicas previstas no período orçamentário e mantiver um rigoroso controle sobre seus desembolsos, conseguirá atingir seus objetivos financeiros em termos de lucratividade. E foi exatamente isso que ocorreu no caso citado acima, ou seja, a indústria de medicamentos mantém um rigoroso controle de seus gastos, não permitindo excessos e, se as demais previsões se mantiverem em níveis aceitáveis de variação, ela conseguirá atingir suas metas de lucratividade. Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 42| P á g i n a 4. Recapitulando Quantas informações relevantes assimilamos nesta unidade! Estudamos o papel da Controladoria dentro das organizações e passamos a compreender melhor a importância do Planejamento e do Controle para o sucesso das organizações, sejam elas comerciais ou não. Esta unidade foi dividida em quatro aspectos para a Controladoria: Visão Sistêmica da Empresa: inicialmente, conceituamos o termo “Sistema” e, em seguida, abordamos a empresa como um Sistema produtivo que interage com seu ambiente de atuação. A Controladoria nas Organizações: estudamos as funções da Controladoria dentro das empresas; a importância dos Sistemas de Informação para a Controladoria; e, por fim, estudamos o papel do Controller, que é o principal executivo da área de Contabilidade dentro das organizações. O Processo de Gestão: abordamos aspectos importantes relacionados ao processo de gestão das empresas, conceituando e analisando as etapas pertencentes ao processo de gestão. Mensuração e análise de resultados: Neste tópico da unidade, visualizamos conceitos importantes em relação à apuração e à análise dos resultados empresarias, sempre considerando a necessidade de se alcançar um grau elevado de eficiência e eficácia empresarial. Vencemos mais uma etapa de nosso curso! Vamos continuar... Disciplina: Auditoria Financeira Autor: Sérgio Rafacho Unidade de Educação a Distância | Newton 43| P á g i n a 5. Referências ALMEIDA, M. C. de. Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas, 1996. ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003. ATTIE, W. Auditoria: Conceito e Aplicações. São Paulo: Atlas, 1984. CATELLI, Armando. Controladoria – uma abordagem da Gestão Econômica – GECON. São Paulo: Atlas, 2001. FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo César. Controladoria: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 1992. GITMAN, Lawrence J. Princípios da administração financeira. Tradução de: Jean Jacques Silva e João Carlos Douat. 7ª ed. São
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