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Liquidos Cavitários

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA 
PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA GVM 024 
 
 
 
 
ANÁLISE DOS LÍQUIDOS CAVITÁRIOS 
 (TRANSUDATOS E EXSUDATOS) 
 
 
 Professor: Dr. Antonio Vicente Mundim 
 
 
Uberlândia - MG 
(2014) 
 
 
 
 
2 
 
TRANSUDATOS E EXSUDATOS 
Em condições normais, as vísceras torácicas e abdominais são banhadas e 
lubrificadas por uma pequena quantidade de líquido, que é um ultrafiltrado do sangue. O volume 
deste nas cavidades é determinado por um equilíbrio entre fatores governando a produção e a 
reabsorção simultaneamente. 
Este fluido normalmente tem baixo teor de proteína, de fibrinogênio, densidade 
inferior a 1015, baixa celularidade, em termos de eletrólitos sua concentração é similar à dos 
fluidos intersticiais e usualmente não coagulam. 
Algumas doenças causam aumento na quantidade de fluidos presentes em uma 
cavidade. Tais animais são apresentados ao veterinário por causa da distensão abdominal, ou 
pelo desconforto causado pelo líquido. A presença da efusão muitas vezes é o primeiro achado 
clínico noticiado pelo veterinário, durante o exame clínico. A composição de uma efusão varia de 
acordo com o processo patológico que lhe deu origem. 
A principal finalidade do exame das efusões cavitárias é a diferenciação entre 
transudato e exsudato. 
 
I - TRANSUDATOS 
São derrames serosos, os mais frequentemente observados. Embora o transudato 
clássico possua todas as características físicas, químicas e citológicas do fluido seroso normal, 
raramente o encontramos na Medicina Veterinária. O achado mais comum consiste em um 
transudato modificado, o qual apresenta todas ou algumas características do exsudato. 
Como existem diversos fatores envolvidos no aumento da produção dos fluidos 
serosos, é óbvio que sua composição varie consideravelmente. 
A distribuição de líquidos entre o plasma, espaços intersticiais e células é comandada 
pelas chamadas “forças de Starling”. No polo arterial prevalece a pressão hidrostática intracapilar 
fazendo com que haja maior saída de líquido dos vasos para o interstício. Já no pólo venoso a 
pressão hidrostática cai, prevalecendo as forças inversas e a maior parte do líquido extravasado é 
reabsorvida pelo capilar, retornando para dentro dos vasos. Uma pequena quantidade de líquido 
remanescente no espaço intersticial é fisiologicamente reabsorvida pelos linfáticos juntamente 
com alguns colóides. 
Desta forma, na ausência de alterações dessas forças não se formará transudatos. 
 
 
 
3 
 
Esquema da microcirculação 
 
 PH = 22  PO = 15 (mmHg)  PO = 15  PH = 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Arteríolas Capilares Vênulas 
 
 
Pressão (mm Hg) Arteriolar Venular 
Hidrostática do plasma 30 17 
Hidrostática do tecido 8 8 
Oncótica do plasma 25 25 
Osmótica dos tecidos 10 10 
 
 Pressão de filtração: (30 - 8) - (25 - 10) = 7 mm Hg 
 Pressão de reabsorção: (17 - 8) - (25 - 10) = - 6 mmHg 
 
 
 
1. Mecanismos de formação dos transudatos 
 
1.1 - Alterações na permeabilidade da parede capilar 
Um dos mecanismos é o comprometimento da permeabilidade do endotélio capilar, com 
um aumento da sua permeabilidade, permitindo a passagem para fora dos vasos, além de água e 
 
 
4 
 
íons, das proteínas plasmáticas. As causas mais comuns de aumento da permeabilidade do 
endotélio capilar são: traumatismos, toxinas bacterianas, vasculites por hipersensibilidade 
(reações alérgicas), queimaduras, etc. 
 
1.2 - Diminuição da pressão oncótica 
Nas hipoproteinemias, principalmente hipoalbuminemia, ocorre uma queda na pressão 
osmótica coloidal do plasma (pressão oncótica), levando a uma predominância da pressão 
hidrostática, com saída de ions e água para o interstício e cavidades corporais. 
Dentre as principais causas de hipoproteinemias destacam-se: 
1. Deficiente ingestão de proteínas; 
2. Perdas protéicas por parasitismos, nefropatias avançadas; 
3. Deficiente absorção, síndromes de má absorção, enterites; 
4. Síntese deficiente pelo fígado, a qual ocorre nas hepatopatias graves, onde mais de 70% do 
parênquima hepático esteja comprometido. 
 
1.3 - Aumento da pressão hidrostática intracapilar 
Quando ocorre um aumento da pressão hidrostática intracapilar, ocorre uma maior saída 
de líquidos para fora dos vasos. 
 Causas de aumento da pressão hidrostática: 
1. Insuficiências cardíacas congestivas, tanto do lado direito como do lado direito e esquerdo 
simultaneamente; 
2. Hipertensão venosa portal em decorrência de infiltrados celulares ou neoplásicos, fibroses no 
parênquima hepático; 
3. Carcinomas abdominais; 
4. Compressão ou obstrução das veias cava caudal e hepática; 
5. Feocromocitoma (hipertensão simpática da adrenal); 
6. Fístula arteriovenosa. 
 
1.4 - Diminuição da drenagem linfática - obstrução linfática 
Os vasos linfáticos são responsáveis pela reabsorção do fluido remanescente 
extravasado dos capilares juntamente com os colóides. Quando os linfáticos estão obstruídos ou 
ausentes, ocorre o linfedema. 
 
 
 
5 
 
Causas de linfedema: 
1. Tumores linfáticos; 
2. Linfangites e linfadenites; 
3. Ablação cirúrgica da cadeia linfática; 
4. Eventual ruptura dos linfáticos maiores ou ducto torácico; 
5. Neoplasias mesoteliais e no mediastino cranial; 
6. Anomalias congênitas do ducto torácico. 
 
II - EXSUDATOS 
 São efusões de origem inflamatória, podendo variar de aquoso, mucoso a purulento, 
apresentam um teor protéico superior a 2,5 g/dL, usualmente opaco e com uma contagem celular 
elevada. Os exsudatos geralmente coagulam após a colheita, devido seu alto teor de fibrinogênio. 
A presença de fluidos exsudativos nas cavidades usualmente indica um processo inflamatório. 
A frequência da ocorrência de exsudatos nas cavidades varia com a espécie animal. Nos 
bovinos, está freqüentemente associado à reticulite traumática, nos cães a agentes bacterianos e 
fungos. Podendo ocorrer também secundariamente à ruptura do intestino, piometras, abcessos 
prostáticos, extensões de infecções adjacentes, peritonite infecciosa felina, ruptura de bexiga e 
vesícula biliar. 
 
 
 
6 
 
III - COLHEITA DO MATERIAL 
O material a ser analisado, deve ser colhido assepticamente e em quantidade 
suficiente para a realização das provas. Como os exsudatos geralmente coagulam, deve ser 
colhida uma porção em tubo contendo anticoagulantes como o EDTA. Em caso de necessidade 
de cultura, a colheita deve ser feita assepticamente em tubos estéreis. 
 
1. Na cavidade abdominal (Paracentese abdominal) 
Diversas técnicas têm sido propostas e descritas, embora as mais utilizadas e de mais 
fácil acesso são: 
a) Punção com agulha hipodérmica - muito utilizada em pequenos animais, o calibre da agulha 
varia com o porte do animal e com o tipo de líquido presente. 
 
b) Punção com cateter (trocater) - o diâmetro do cateter varia com o porte do animal. 
Em pequenos animais aconselha-se esvaziar a bexiga antes da punção, para reduzir as 
possibilidades de puncioná-la acidentalmente. 
O local indicado para a punção é a linha alba, 2,5 a 5 cm caudalmente à cartilagem 
xifóide, embora outros locais possam ser utilizados com sucesso. O local da punção deve ser 
selecionado tendo em vista evitar danos a órgãos abdominais como a bexiga, fígado e baço. 
Observado isto o local não é crítico. No local a ser puncionado deve ser feitasuma tricotomia e 
assepsia. 
 
2. No saco pericárdio (Pericardiocentese) 
Raramente é feita a retirada de líquidos no saco pericárdico, a não ser para análise 
com fins de diagnóstico. Utilizar uma agulha de nº 18 ou 20 com 7,5 cm de comprimento. O 
animal deve ser sedado ou anestesiado, colocado em decúbito lateral direito. O local a ser 
puncionado deve ser depilado e feito uma assepsia. Antes de fazer a punção o clínico deve 
determinar a posição cardíaca por palpação do choque da ponta do coração. Após localizada a 
área do choque da ponta do coração, a agulha deve ser introduzida cuidadosamente rumo ao 
coração, acoplada a uma seringa com o êmbolo retraído, para manter uma pressão negativa 
constante no interior da seringa. Quando alcançado o saco pericárdico o líquido fluirá para dentro 
da seringa. Se a agulha avançar o suficiente para atingir a parede cardíaca, a agulha movimentará 
sincronicamente com os batimentos cardíacos, se a câmara cardíaca for atingida ou se houver 
danos aos vasos coronarianos, fluirá sangue coagulável para dentro da seringa. Caso isto ocorra, 
 
 
7 
 
a agulha deve ser recuada. Quando presente líquido avermelhado e não coagulado é indicativo da 
presença de sangue desfibrinado no saco pericárdico. 
 
3. Cavidade torácica (Toracocentese) 
 As efusões pleurais são usualmente abundantes e bilaterais. A coleta de líquido da 
cavidade torácica é feita com a finalidade de diferenciação entre hemotórax, hidrotórax, 
quilotórax e piotórax. 
Antes da punção o clínico deve fazer uma avaliação clínica, para determinar a 
extensão, a localização da efusão e o envolvimento pulmonar, através de radiografias e ultra-
sonografias. Se o líquido é compartimentalizado o local para punção é identificado pela 
radiografia ou ultra-sonografia. 
O local de eleição na maioria das espécies animais é entre o 7º e 8º espaços 
intercostais, ventralmente. A punção deve ser feita com uma agulha de calibre 14 a 16, de 2,5 a 
3,5 cm de comprimento para pequenos animais e de 5 a 6,5 cm para grandes animais, devendo 
ser feita no meio do espaço intercostal, para evitar danos aos nervos e vasos intercostais, que se 
situam caudalmente às costelas. O paciente pode estar de pé ou de decúbito esternal, contido 
mecanicamente. No local da punção deve ser feitas uma tricotomia e assepsia. Não existe 
necessidade de tranquilização ou anestesia na coleta de pequenas quantidades. No entanto, se 
grandes volumes de fluido forem drenados, uma tranquilização e/ou anestesia serão necessárias. 
Deve-se evitar ao máximo estresse em pacientes com grandes volumes de líquido pleural, para 
que não haja sufocação. 
Se o pulmão for atingido acidentalmente, sairá um líquido sanguinolento e 
espumoso. 
A introdução da agulha em sentido caudal poderá atingir o fígado. Se o sangue 
aparecer durante todo o processo de aspiração será um derrame hemorrágico. Se aparecer só em 
alguma etapa (início, final) é devido a danos a vasos, fígado ou pulmão. 
Em casos de contaminação do aspirado por sangue, devemos selecionar outro local e 
fazer nova aspiração. 
 
 
IV - ANÁLISE DO LÍQUIDO 
A análise dos líquidos cavitários pode ser dividida em: exame físico, químico, 
citológico e bacteriológico. 
 
 
8 
 
1. Exame Físico 
1.1 - Odor - normalmente os transudatos são inodoros enquanto que os exsudatos são fétidos e 
pútridos de acordo com o agente causador. 
 
1.2 - Cor - variável com o tipo de fluido encontrado. Os transudatos normalmente são incolores, 
amarelo palha ou amarelo citrino. Os exsudatos apresentam cor variando de amarelo, vermelho, 
brancacento ou acinzentado dependendo da causa. 
 
1.3 - Aspecto - normalmente os transudatos puros são límpidos enquanto que os exsudatos 
são turvos, espessos e viscosos. Os líquidos cavitários podem ser: 
 serosos: com poucas células; 
 mucosos: mais viscoso com maior número de células; 
 fibrinosos: coagula-se com maior facilidade; 
 purulentos: rico em leucócitos ou piócitos e odor variável com o germe causador; 
 quilosos: branco leitoso, com presença de glóbulos de gordura; 
 hemorrágicos: coloração avermelhada, rico em hemácias. 
Podem ocorrer aspectos mistos devido à associação de dois ou mais dos aspectos acima citados. 
1.4- Densidade - a densidade dos transudatos varia entre 1006 a 1018, enquanto que a dos 
exsudatos situa-se acima de 1018. 
 
1.5- Coagulação - os transudatos raramente coagulam-se, quando ela ocorre é bastante tênue, 
enquanto que os exsudatos na sua maioria coagulam-se devido seu alto teor de fibrinogênio e 
fibrina. Existem alguns casos que os exsudatos podem não se coagular, isto ocorre devido à 
destruição da fibrina por enzimas fibrinolíticas bacterianas e celulares. 
 
1.6 - Proteínas totais - a determinação do teor de proteína nos fluidos pode ser executada por 
várias técnicas, embora a mais prática e rápida seja a refratometria. 
 Os transudatos normalmente apresentam menos de 2,5 g% de proteínas, sendo a principal 
proteína presente à albumina. Os exsudatos apresentam mais de 2,5 g% de proteínas. 
 
2 - Exames Químicos 
2.1 - Reação (pH) - determinada com auxílio de papel universal de pH ou similar. 
 Os transudatos apresentam uma reação alcalina, enquanto que os exsudatos reação ácida. 
 
 
 
9 
 
2.2 - Dosagem de uréia e/ou creatinina - a determinação dos níveis de uréia e/ou creatinina no 
líquido é importante para diferenciar os transudatos de líquido por ruptura da bexiga. Quando se 
trata de transudatos o nível destes elementos no líquido é semelhante ao nível sérico, em se 
tratando de urina, apresentará um nível alto de uréia e creatinina. 
 
2.3 - Bilirrubina - a dosagem de bilirrubina no líquido cavitário é de grande valor no diagnóstico 
de peritonite por ruptura da vesícula biliar, onde os níveis de bilirrubina no líquido estarão 
elevados. 
 
3. Exame Citológico 
O exame citológico pode ser realizado nas amostras de fluidos rapidamente e a baixo custo. Ele é 
mais recompensado na avaliação de amostras de alta ou moderada celularidade como os 
transudatos modificados e exsudatos. 
Este exame inclui as seguintes determinações: 
3.1- Contagem total de células nucleadas - utiliza-se à técnica do hemocitômetro como para a 
contagem de células sanguíneas. Os transudatos apresentam baixa celularidade, enquanto que os 
exsudatos são ricos em células. 
 
3.2- Contagem diferencial ou específica - feita em esfregaços do líquido tal como foi colhido, 
ou do sedimento do mesmo após centrifugado. O esfregaço deve ser preparado o mais rápido 
possível, após a colheita do material, no sentido de minimizar degenerações celulares. 
Após confeccionado, o esfregaço deve ser corado utilizando as técnicas rotineiras 
para a hematologia ou o método de Papanicolau. Uma avaliação microscópica é feita no 
esfregaço corado, onde no mínimo 100 células são contadas e identificadas. 
Tipos de células normalmente detectadas: 
 
a) Neutrófilos: estão presentes na maioria das efusões, tendendo a predominar nas efusões 
associadas à inflamação (exsudativas). Eles podem aparecer degenerados ou não. Quando 
degenerados, indicam a presença de endotoxinas ou poderosas exotoxinas, as quais causam 
aumento da permeabilidade da membrana e subsequente degeneração hidrópica do neutrófilo. A 
presença de neutrófilos degenerados sugere infecção bacteriana. 
Os não degenerados aparecem idênticos aos do sangue circulante, podendo inclusive 
apresentar hipersegmentados, picnose e cariorrex podem também ser evidenciadas. Este tipo de 
 
 
10 
 
neutrófilo sugere que o fluido é asséptico. Agentes infecciososque não produzem toxinas 
poderosas como Actinomyces sp., Ehrlichia sp., Toxoplasma sp. e fungos também podem estar 
associados com neutrófilos não degenerados. 
As efusões podem conter também neutrófilos tóxicos, contendo corpúsculos de 
Döhle, granulações tóxicas difusas, basofilia citoplasmática e vacuolização citoplasmática ou 
combinações de vários destes elementos. 
 
b) Linfócitos - presentes em baixa concentração em muitas efusões, podendo ser o tipo 
predominante nas efusões quilosas e linfossarcomatosas. 
Nos linfossarcomas os linfócitos neoplásicos podem descamar para o fluido, sendo 
encontrados em grande número; usualmente a célula primária consiste de grandes linfoblastos 
imaturos. Nas efusões quilosas a célula predominante são os pequenos linfócitos maduros. 
Linfócitos maiores que os pequenos linfócitos, com uma moderada quantidade de 
citoplasma azul de aspecto plasmocitóide (linfócitos reacionais), são ocasionalmente vistos nas 
efusões inflamatórias. 
 
c) Eosinófilos - são achados ocasionais nas efusões. Moderado ou elevado número de eosinófilos 
são vistos nas efusões associadas com tumores de mastócitos, nas infecções por vermes 
cardíacos, síndrome hipereosinofílica e granulomatose eosinofílica pulmonar. Raramente alto 
número de eosinófilos é encontrado nas efusões quilosas. 
 
d) Basófilos - são raramente vistos nos fluidos, não tendo reconhecida significância. 
 
e) Células mesoteliais - elas revestem as cavidades pleurais, peritoneal e visceral. Estão 
presentes em número variado na maioria das efusões. Elas sofrem hipertrofia quando acumuladas 
nos líquidos cavitários. Nos fluidos normais e transudatos estão comumente separadas, nos 
transudatos modificados e exsudatos estão na maioria das vezes agrupadas. 
São redondas e geralmente com um único núcleo, embora a multinucleação possa ser 
vista. A célula mesotelial ativada tem um fino padrão reticular de cromatina nuclear e o nucléolo 
pode ser visível. Elas são vistas nos transudatos modificados e exsudatos. A célula mesotelial 
ativada pode ser confundida com célula neoplásica. 
 
 
11 
 
f) Macrófagos - geralmente possuem um único e bem formado núcleo, embora a multinucleação 
possa ocorrer. Seu citoplasma é frequentemente vacuolado, podendo conter restos celulares 
fagocitados. 
 
g) Mastócitos - vistos ocasionalmente, são facilmente identificados pelos seus grânulos 
vermelho-púrpura. São vistos nas efusões em cães e gatos em conseqüência de várias doenças 
inflamatórias. 
 
h) Células neoplásicas - vistas nas efusões causadas por neoplasias intracavitárias. Seu 
reconhecimento depende do grau de malignidade do tumor. 
 
i) Eritrócitos - são vistos nas efusões secundárias a diapedese, hemorragias ou contaminação 
com sangue periférico. A diferenciação entre a contaminação e hemorragias cavitárias, pode ser 
feita pela presença de plaquetas, ausência de eritrofagocitose e sinais clínicos. 
 
j) Plaquetas - são vistas nas efusões em consequência a uma verdadeira e recente hemorragia. Se 
a hemorragia é mais antiga as plaquetas desaparecem devido sua lise. 
 
4. Exame bacteriológico 
Pode ser feito esfregaços do sedimento do líquido após centrifugação e corá-los pelo 
Ziehl-Neelsen e gram. Quando necessário à identificação de microorganismos, fazer a cultura em 
meios apropriados, obedecendo todos os cuidados de assepsia no momento da colheita. 
Os transudatos não contêm bactérias, enquanto nos exsudatos elas estão presentes. 
 
 
4. CLASSIFICAÇÃO DAS EFUSÕES CAVITÁRIAS 
 
Os líquidos cavitários podem ser classificados em: transudatos, transudatos 
modificados e exsudatos, com base na concentração de células nucleadas, teor de proteínas, 
reação, etc. A classificação das efusões auxilia na determinação do mecanismo geral de sua 
acumulação. 
 
 
 
 
12 
 
5.1.- Transudatos puros 
 São claros, baixa coloração, baixa celularidade (<1000 cels/µL) e baixa 
concentração protéica. A maioria dos transudatos tem concentração protéica inferior a 1,5 g/dL, 
entretanto, são aceitos como transudatos até 2,5 g/dL. Os transudatos contêm neutrófilos não 
degenerados, células mesoteliais e macrófagos em pequena concentração. Ocorrem 
freqüentemente associados a uma hipoalbuminemia, queda da pressão oncótica e acúmulo de 
fluidos nas cavidades. Para que ocorra a transudação a albumina sérica deve estar inferior a 1 
g/dL. Entretanto nas hipertensões ocorre transudação com a albumina sérica em níveis superior a 
1 g/dL. 
 
5.2. Transudatos modificados 
Tem baixa a moderada celularidade, moderada a elevada taxa de proteínas totais (2,5 
a 6,0 g/dL). Sua cor varia de âmbar, branco a vermelho, tendo ligeira a moderada turbidez. 
Neutrófilos não degenerados, macrófagos, células mesoteliais, pequenos linfócitos ou células 
neoplásicas podem predominar, dependendo da causa desencadeante. 
É o menos específico dos três tipos de fluidos, podendo se desenvolver secundário a 
muitas desordens não específicas, em determinadas ocasiões representa um estágio de transição 
de um transudato para exsudato. Os transudatos modificados podem ocorrer em conseqüência de: 
doenças cardiovasculares, neoplasias, hemorragias intracavitárias, hepatites, esplenites, efusões 
quilosas, pseudoquilosas, torsão pulmonar. 
Os transudatos modificados são raramente vistos nas peritonites ou pleurites 
bacterianas a não ser que o animal esteja severamente leucopênico. 
 
5.3 - Exsudatos 
Podem ser âmbar, branco ou vermelho e são turvos. Tem alta concentração protéica 
(< 2,5 g/dL) e mais de 5000 células nucleadas/µL. Compostos principalmente de neutrófilos com 
menor número de macrófagos e linfócitos, reação ácida, coagulam in vitro e in vivo. A presença 
de substâncias irritantes tóxicas (bactérias) causa saída de substâncias vasoativas e quimiotáxicas 
dentro da cavidade. As substâncias vasoativas causam aumento da permeabilidade vascular e 
efusão de fluidos protéico para a cavidade, enquanto os quimiotactantes atraem células 
inflamatórias para a cavidade. 
Os exsudatos podem ser classificados em: 
 
 
 
13 
 
a) Exsudatos sépticos: 
São causados por uma grande variedade de microorganismos irritantes e tóxicas para 
os neutrófilos. Eles comumente contêm numerosos neutrófilos degenerados e um número 
variável de macrófagos. Bactérias intra ou extracelulares normalmente são detectadas. 
Os exsudatos causados por Actynomices sp., Nocardia sp., Toxoplasma sp., Ehrlichia 
sp., têm características especiais, com menor número de neutrófilos degenerados devido não 
serem produtores de toxinas. 
 
b) Exsudatos assépticos: 
São oriundos de uma inflamação causada por substâncias irritantes, porém não 
tóxicas para os neutrófilos. Pode ser causados por ruptura da vesícula biliar, bexiga urinária, 
corpos estranhos estéreis, peritonite infecciosa felina, podendo derivar-se de causas de 
transudatos modificados como quilotórax e neoplasias. 
É um líquido viscoso, turvo, podendo conter raias de fibrina, rico em proteínas, 
contém elevado número de células nucleadas/µL. Entre as células presentes destacam-se 
neutrófilos não degenerados, variado número de macrófagos, eritrócitos e linfócitos. Pequeno 
número de células com núcleo picnótico ou cariorrético pode ser vistas. 
 
5.4 - Efusões neoplásicas 
Neoplasias abdominais e torácicas causam ocasionalmente efusões com moderado a 
elevado teor protéico, devido ao aumento da permeabilidade do endotélio vascular, associado 
com o tecido neoplásico. Uma alta concentração de células nucleada é observada, devido à 
descamação excessiva. Grande número de células com proeminentes critérios de malignidade são 
vistas nas efusões, suficientementepara ser dado o diagnóstico de neoplasia maligna. 
 
5.5 - Efusões quilosas e pseudoquilosas 
A linfa é um fluido opaco, branco leitoso, o qual forma freqüentemente uma camada 
cremosa quando em repouso. Seu teor protéico varia de 2,5 a 6,0 g/dL e apresenta um variado 
número de células. Os pequenos linfócitos predominam, embora neutrófilos e macrófagos 
possam predominar nas efusões quilosas crônicas. 
As efusões quilosas ocorrem em cães e gatos, sendo mais freqüente no tórax e 
geralmente bilateral, embora possam ocorrer ocasionalmente no abdome. Elas podem ser devido 
a doenças cardíacas, traumas com ruptura do ducto torácico (causa mais comum nos cães), 
 
 
14 
 
linfadenites, neoplasias no mediastino cranial, cirurgias torácicas, anomalias congênitas do ducto 
torácico e causas idiopáticas. 
As efusões pseudoquilosas, usualmente pleurais, são vistas com maior freqüência em 
gatos com cardiomiopatias ou doenças cardíacas. Geralmente o líquido é rico em colesterol, 
lecitina e quilomicrons. Nos felinos as causas mais comuns são as cardiomiopatias e doenças 
cardíacas, já nos cães são os traumas e neoplasias. 
 
5.6 - Derrames hemorrágicos ou efusões hemorrágicas 
 Geralmente ocorrem em consequência de defeitos hemostáticos, traumas com ruptura 
de órgãos cavitários como o fígado, baço, cirurgias, infecções por vermes cardíacos, 
neoplasias 
Geralmente ocorrem em consequência de defeitos hemostáticos, traumas com ruptura 
de órgãos cavitários como o fígado, baço, cirurgias, infecções por vermes cardíacos, neoplasias 
como angiomas e angiossarcomas hepáticos. 
Se a hemorragia é recente (aguda) observam-se os eritrócitos intactos, leucócitos com 
morfologia e distribuição semelhantes a do sangue circulante, agregados plaquetários. Quando 
em repouso ou centrifugado o líquido, a parte sobrenadante é clara e o sedimento vermelho. 
Se o derrame é mais antigo, em resolução, observam-se eritrócitos distorcidos e 
leucócitos envelhecidos (hipersegmentados). A parte sobrenadante do líquido estará rósea devido 
à hemólise, as plaquetas estão ausente devido sua lise, eritrofagocitose e macrófagos contendo 
hemossiderina fagocitada são observados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS DERRAMES CAVITÁRIOS 
Tipo de 
efusão 
Aparência Proteínas 
 (g/dL) 
Nº de células 
nucleadas (µL) 
Tipo celular 
Exsudato Opaco, 
serossanguinolento 
 
> 2,5 
 
>5000 
Neutrófilos, macrófagos 
e células mesoteliais ou 
neoplásicas 
 
Transudato 
puro 
límpido, aquoso 
< 2,5 
 
< 1000 
Ocasionais neutrófilos, 
macrófagos ou células 
mesoteliais 
 
Transudato 
modificado 
Serossanguinolento 
2,5 a 6,0 
 
250 a 20.000 
Macrófagos, células 
mesoteliais, neoplásicas 
e neutrófilos 
 
Quilosa Leitoso 2,5 a 6,0 250 a 20.000 Linfócitos, neutrófilos 
e macrófagos 
 
Hemorrágica Vermelho 
sanguinolento 
 
3,5 a 7,5 
 
1000 a 20.000 
Eritrócitos, neutrófilos, 
macrófagos, células 
mesoteliais ou células 
neoplásicas 
Fonte: King e Gelens (1992). 
 
 
6. NOMENCLATURA PARA OS LÍQUIDOS CAVITÁRIOS DE ACORDO COM SUA 
LOCALIZAÇÃO 
Nomenclatura para os transudatos puros: 
Localização Classificação 
1. Cavidade abdominal Hidroperitônio ou ascite 
2. Cavidade pleural ou torácica Hidrotórax 
3. Pericárdio Hidropericárdio 
4. Cavidade articular Hidroartrose 
5. Bolsa escrotal Hidrocele 
6. Espaço subaracnóide Hidrocéfalo, líquor ou líquido céfalorraquidiano 
7. Tecido conjuntivo Edema 
 
Nomenclatura para os transudatos modificados: 
 Localização Classificação 
1. Cavidade abdominal Hemoperitônio, uroperitônio, quiloperitônio 
2. Cavidade pleural ou torácica Hemotórax, quilotórax 
3. Pericárdio Hemopericárdio 
4. Cavidade articular Hemartrose 
5. Bolsa escrotal Hemocele 
Efusão ou derrame: qualquer acúmulo patológico de líquidos (cavidade serosa). 
 
 
 
16 
 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
 
COLES, E.H. Patologia clínica veterinária. 3 ed., São Paulo: Manole Ltda., 1984, 566 p. 
 
DUNCAN, J.R., PRASSE, K.W. Patologia clínica veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan S/A, 1982, 217 p. 
 
KING, L.G., GELENS, H.C.J. Ascites. Comp. Cont. Educ. Pract. Vet., v. 14, n. 8, p. 1063-
1075, 1992. 
 
MATOS, M.S., MATOS, P.F. Laboratório clínico médico-veterinário. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Atheneu, 1988, 238 p. 
 
MEADOWS, R.L., MacWILLIAMS, P.S. Chylous effusions reviseted. Vet. Clin. Pathol. v. 
23, n. 2, p. 54-62, 1994. 
 
MEYER, D.J., COLES, E.H., RICH, L.J. Medicina de laboratório veterinária: interpretação 
e diagnóstico. São Paulo: Roca Ltda., 1995, 308 p. 
 
TYLER, D.R., COWELL, R.L. Evaluation of pleural and peritoneal effusions. Vet. Clin. Nort. 
Amer.: Small Anim. Pract. v. 19, n. 4, p. 743-769, 1989. 
 
 
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