Buscar

COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA.pptx

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
Texto: Esmeralda Negrão, Ana Scher & Evani Viotti
Ms. Silvio Luis da Silva	
1
O que se ensina na escola?
O falante de português vai à escola não para aprender a língua simplesmente, pois isso ele já sabe. O que, realmente o leva à escola é o aprendizado da decodificação e da representação gráfica da língua e, também, a se valer da construção de textos “mais bem aceitos”.
A finalidade é que o aluno use a língua mais adequadamente e para maior variedade de fins.
2
O que ele já sabe.
Tinha uma jaboticabeira no quintal da minha avó.
Obs: o aluno já sabe construir frases sem sujeito.
Havia uma jaboticabeira no quintal da minha avó.
Obs: O aluno aprende a se utilizar de variantes de sintagmas que possuem maior e melhor reconhecimento na sociedade.
3
Exercício prático:
Transforme a variante abaixo em uma “mais aceita” socialmente:
A gente fomos trabaiá na roça. Num guentamu o calô e si sentemu debaxo da árve. Dispois, vortemu pra labuta.
- Explique as alterações que fez e o porquê de tê-las feito.
4
Conhecimentos Linguísticos
É importante salientar que existe um conhecimento linguístico que se desenvolve independentemente dos ensinamentos escolares e outro que é aprendido na escola.
5
Gramática Universal - GU
A Gramática Gerativa assume que os seres humanos nascem dotados de uma faculdade da linguagem.
Toda criança, ao nascer, é considerada uniforme em relação a toda a espécie humana. O seu estado inicial vai se modificando à medida em que a criança vai sendo exposta a um determinado ambiente linguístico, o que lhes possibilita construir frases no idioma em que é exposta.
6
Pontos essenciais:
O conhecimento linguístico é adquirido somente por meio da participação da criança nas interações verbais entre os membros de sua comunidade.
O conhecimento se é adquirido por meio de memorização de listas das propriedades descritivas de construções da língua dada.
Seja qual for o ambiente linguístico a que a criança é exposta, seu estado inicial é o mesmo.
7
Princípios abertos e fechados
Os princípios abertos são chamados de parâmetros e seu valor é fixado ao longo do processo de aquisição a que a criança é exposta. Adquirir o conhecimento de uma língua consiste em atribuir os valores estabelecidos por essa determinada língua aos valores da Gramática Universal.
8
PROBLEMA NA CLAMBA
Naquele dia, depois de plomar, fui ver drão o Zé queria ou não ir comigo lá na clamba. Pensei melhor grulhar-lhe. Mas na hora de grulhar vi-o passando com a golipesta – então me dei conta de que ele já tinha outro programa. Então resolvi ir no tode. Até chegar na clamba tudo bem. Estacionei o zulpinho bem nacinho, pus a chave no bolso e desci correndo para aproveitar ao chinta aquele sol gostoso e o mar pli sulapente. Não parecia haver nem galpo na clamba. Tirei os grispes, pus a bangoula. Estava pli quieto ali que até me saltipou,. Mas esqueci logo das saltipações no prazer de nadar no tode, inclusive tirei a bagoula para ficar mais à vontade. Não sei quanto tempo fiquei nadando, siltando , corriscando, até estopando no mar. Foi no tode depois, na hora de voltar na clamba, que vi que nem os grispes nem a bangoula estavam mais onde eu tinha deixado. O que fazer ?
9
Classes de verbos
Observe as sentenças:
O residente custou para examinar a paciente do quarto 12.
O residente pretende examinar a paciente do quarto 12.
Agora, transforme-as em voz passiva: 
10
Na voz passiva, observe:
A paciente do quarto 12 custou para ser examinada pelo residente.
A paciente do quarto 12 pretende ser examinada pelo residente.
Pretende-se que, na transformação em voz passiva, a carga semântica da sentença não seja alterada. Isso acontece nas sentenças dada? Por quê?
11
Com a substituição de sentenças infinitivas por desenvolvidas temos:
Custou para que o residente examinasse a paciente do quarto 12.
Custou para que a paciente do quarto 12 fosse examinada pelo residente.
* Pretende que o residente examine a paciente do quarto 12.
* Pretende que a paciente do quarto 12 seja examinada pelo residente.
12
Argumentos dos verbos
Na verdade, os verbos são constituídos de “argumentos” que satisfazem as suas necessidades. No caso em questão, são o residente e a paciente do quarto 12, que satisfazem os argumentos de examinar. O fato de aparecerem como sujeitos de custar deve-se a outras razões que não a de satisfazer as exigências (os argumentos) desse verbo. 
No caso de pretender, ele próprio exige argumentos que preencham suas exigências.
13
Argumentos dos verbos
Para que as sentenças sejam aceitáveis em português é preciso satisfazer as necessidades tanto de pretender quanto de examinar, assim:
O residente pretende que o médico-chefe examine a paciente do quarto 12.
O residente pretende que a paciente do quarto 12 seja examinada pelo médico-chefe.
14
Parecer e tentar
O residente parece ter examinado a paciente do quarto 12.
O residente tentou examinar a paciente do quarto 12.
A paciente do quarto 12 parece ter sido examinada pelo residente.
A paciente do quarto 12 tentou ser examinada elo residente.
15
Estruturas sintáticas diferentes
Parece que o residente examinou a paciente do quarto 12.
* Tentou que o residente examine a paciente do quarto 12.
Os verbos custar e parecer possuem um único sujeito.
Os verbos pretender e tentar possuem dois sujeitos, uma da oração principal e outro da subordinada.
16
Relações entre léxico e sintaxe
Verbos com um sujeito e com um objeto direto podem, segundo a gramática tradicional, ser passivisados, assim:
João quebrou o vaso.
O vaso foi quebrado pelo João.
Porém:
João quebrou a perna.
*A perna foi quebrada pelo João.
17
Considerações:
É importante lembrar que nós, falantes de português, entendemos a peculiaridade do verbo quebrar (e de outros) e não nos utilizemos de frases “sem sentido” para nós, a despeito das prescrições da gramática normativa:
João perdeu o amigo.
* O amigo foi perdido pelo João.
João perdeu a carona.
* A carona foi perdida pelo João.
18
Passiva sintática e passiva adjetiva
Os filhos são amados pelos pais.
* Os filhos ficam amados pelos pais.
Os professores são respeitados pelos alunos.
* Os professores ficam respeitados pelos alunos.
*Os moradores foram chateados pelos feirantes.
Os moradores ficaram chateados com os feirantes.
Os amigos foram preocupados pelo João.
Os amigos ficaram preocupados com o João.
19
Sistematicidade entre léxico e sintaxe
Sujeito, OD e OI:
João deu um livro para Pedro.
Sujeito e OD:
Paulo adorou o filme.
Sujeito e OI:
O conferencista argumentou contra a proposta da diretoria.
Apenas um Sujeito:
João trabalha muito.
Verbos sem sujeito e sem objeto:
Choveu muito.
20
Verbos monoargumentais
Alguns alunos riem à toa.
*Riem alguns alunos à toa.
Muitos amigos meus correm todos os dias.
* Correm muitos amigos meus todos os dias.
Os professores trabalham duro.
* Trabalham os professores duro.
A ordem verbo-sujeito não é permitida em português brasileiro.
21
Agora, observe:
O livro chegou ontem.
Chegou o livro ontem.
Vários brasileiros morreram na tragédia.
Morreram vários brasileiros na tragédia.
	Nestes casos a ordem verbo-sujeito é possível.
22
Porém, construções com o particípio absoluto:
* Uma vez ridos os alunos, todos foram impedidos de terminar a prova.
* Uma vez corridos os amigos, todos foram celebrar no bar da esquina.
* Uma vez andadas várias pessoas, os dirigentes do arque fecharam os portões.
Uma vez chegado o livro, dei início à leitura.
Uma vez mortos vários brasileiros, o Itamarati teve de tomar providências.
23
Existem portanto, DUAS classes de verbos monoargumentais:
O que sugere que a classificação dos verbos feita pela quantidade de argumentos que possui não satisfaz completamente as exigências semânticas que implicam na sua utilização correta.
O falante de português, porém, tem consciência desse fenômeno sem ter de passar pelo ensino escolar, mas, evidentemente, na escola – especialmente na
universidade – essas informações devem ser problematizadas.
24
Verbos ora mono, ora com dois argumentos:
O Pedro quebrou/destruiu a jarra de água.
A jarra de água quebrou/destruiu.
Quebrou/Destruiu a jarra de água.
Depois de quebrada/destruída a jarra ...
Os porteiros já abriram/escancararam as portas do cinema.
As portas do cinema já abriram/escancararam.
Já abriram/escancararam as portas do cinema.
Depois de abertas/escancaradas as portas do cinema ...
25
Conclusão:
As relações entre sintaxe e semântica são, sim, determinantes para a realização de sentenças do português aceitáveis e a generalização de informações a respeito dos verbos deve ser questionada.
Ademais, as relações semânticas fornecem possibilidades múltiplas de interpretação e possibilitam que os falantes se comuniquem a partir de intenções, não de simples regras.
26
Por quê?
Percebemos que a alternância se dá com determinados OD, que, em certos casos, não permitem que algo semelhante ocorra. Observe:
 O Pedro quebrou a promessa.
* A promessa quebrou.
* Quebrou a promessa.
27
Expressões nominais:
A Joana não gosta de si mesma.
A Joana não gosta dela.
A expressão “si mesma” só ode se referir à Joana, elemento sintático da sentença, ao passo que “dela” pode referir-se a algo no mundo e não na sentença. Observe:
*Si mesmo correu.
Ele correu.
A expressão nominal si mesmo precisa de um antecedente, ao passo que os pronomes ele/ela não...
28
Assim:
* O irmão da Joana não gosta de si mesma.
O irmão da Joana não gosta dela.
O irmão de Joana não gosta de si mesmo.
O irmão de Joana não gosta dele.
Percebemos, com isso que as expressões nominais podem se referenciar a elementos da sentença ou a elementos do mundo, mas isso se dá em razões que são mais semânticas do que sintáticas.
29
Interrogativas:
O Juca comprou o carro em 12 parcelas.
Quem comprou o carro em 12 parcelas?
O que o Juca comprou em 12 parcelas.
Como o Juca comprou o carro?
O que acontece aqui é uma alteração/mudança do foco da pergunta, um forma de deslocamento, que é uma propriedade natural das línguas.
30
Mas com verbos como perguntar...
O Rui perguntou onde o Juca comprou o carro em 12 parcelas.
* Quem que o Rui perguntou onde comprou o carro em 12 parcelas?
* O que o Rui perguntou onde o Juca comprou o carro em 12 parcelas?
* Como que o Rui perguntou onde o Juca comprou o carro?
As extrações de sujeito, objeto e adjunto são inaceitáveis.
31
Competência e desempenho
Observamos, no uso das possibilidades sintático e semânticas do português, que os falantes possuem a competência para fazê-lo, de forma a produzir sentenças aceitáveis ou não, dependendo de seu conhecimento.
A elaboração mais apurada de organizações sintáticas e semânticas depende, por sua vez, do desempenho, que diz respeito às capacidades dos sujeitos de fazerem uso das possibilidades da língua.
32

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais