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Aula 05

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Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS 
LINGUÍSTICOS DA LIBRAS 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Joana Melegari 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, prosseguimos avançando em nosso estudo. Verdade é que 
nossos estudos envolveram as duas línguas que percorrem nosso meio: a Libras 
e a Língua Portuguesa. Em meio às aulas, pudemos tecer comparações entre 
ambas as Línguas, observando se algo que ocorre em uma Língua ocorre na 
outra, e vice-versa, além de descobrir demais similariedades e distinções. 
Iniciamos de forma teórica, conhecendo os conceitos básicos 
relacionados à Linguística e, então, fomos descobrindo exemplos que auxiliaram 
na elucidação do que estava sendo trabalhado. Neste momento, estaremos 
caminhando por um campo que ainda envolve a Linguística1 das Línguas, como 
a Criatividade e a Produtividade. Em seguida, conheceremos outro campo 
presente e relacionado à Pessoas Surdas: os Métodos de Ensino para Surdos. 
Aqui, você estudará brevemente os ambientes em que a Educação de Surdos 
se deu, uma vez que os temas serão abordados de forma introdutória. 
À medida que avançamos em nossos conhecimentos, percebemos que 
os conteúdos tratados começam a se entrelaçar, e você passa a internalizar 
melhor o que está sendo trabalhado. Veremos, como dito, acerca da Criatividade 
e Produtividade das Línguas, que têm estreita relação com a Flexibilidade e 
Versatilidade das Línguas, em especial da Libras, nosso foco de estudo. 
Estudaremos as breves distinções e, então seguiremos, com maior enfoque no 
âmbito das aquisições da Linguagem e da Língua; perceba que retomamos aqui 
um conceito visto na primeira etapa acerca da Linguagem. A Linguagem está 
presente, por exemplo, em um dos Métodos de Ensino para Surdos, de forma 
enraizada, enquanto se faz menos presente em seu entendimento puro, em 
outros métodos. 
É interessante observar que: 
 
1 Optou-se, ao longo deste estudo, pelo uso maiúsculo da primeira letra de ‘Linguagem’, 
‘Linguística’ e ‘Língua’, de forma arbitrária, em certas ocasiões, no sentido de colocar esses 
conceitos como objeto de estudo em determinados momentos. A mesma coisa ocorrerá com 
outras palavras, assim como apresentado nas Aulas 1, 2, 3 e 4. 
 
 
3 
 
Essa representação é comum a você, ou causa-lhe estranheza? Vamos 
clarear suas ideias acerca dessa representação. A Linguagem é um campo 
científico que trabalha, basicamente, com diferentes representações do signos, 
como a dança, o teatro, a música... Entre esses signos, temos a Língua. 
Portanto, sim, a Língua é uma Linguagem. Por motivo de grande 
desconhecimento, erroneamente atribuem à Libras o status de Linguagem. 
“Mas Professora, você não acabou de dizer que a Língua é uma 
Linguagem, e entendendo que a Libras é uma Língua, logo, não seria uma 
Linguagem?” 
Sim, acabei de informar isso. Entretanto, equivocada não é a definição, e 
sim a intenção. A Libras foi vista (entendendo que hoje a ignorância está se 
desvanecendo) como Mímica, e até mesmo uma Pantomima (ver Aula 4), e 
essas são definitivamente Linguagens. O grande problema está no achismo de 
que a Libras se configura como um conjunto de gestos (também Linguagem!) e 
não tem status de Língua. Agora, se você entende bem as definições, entende 
que a Libras é uma Língua, possui gramática e estrutura próprias, e entende que 
toda Língua é uma Linguagem, então consegue entender que a Libras é uma 
Linguagem, mas de uma forma adequada. 
Sabendo realizar a distinção dessas definições, então, por fim: 
Figura 1 – Definições 
 
 
 
4 
Fuja dessas aberrações! São termos utilizados de forma equivocada, já 
que Libras não se trata de uma Moeda, tampouco de um Signo do Zodíaco. Você 
sabe como proceder ao se deparar com esses enganos. 
É com isso que iniciamos, então, nossa conversa acerca da Criatividade 
e Produtividade nas Línguas. 
TEMA 1 – CRIATIVIDADE NAS LÍNGUAS 
Como citado em nossa Conversa Inicial, a Criatividade e a Produtividade 
nas Línguas muito apresentam relação com a Flexibilidade e a Versatilidade. 
Inicialmente, aprendemos que a Libras, assim como demais Línguas utilizadas 
em diferentes territórios no mundo, pode expressar todo e qualquer conceito, 
desde o mais abstrato ao mais concreto, por meio do seu léxico. Aqui, temos que 
relembrar que as Expressões Não Manuais (ENM) que serão mais bem 
estudadas em nossa Aula 6, embora não se personifiquem em sinais, 
apresentam papel sintático. A Libras é flexível, maleável, versátil, multifacetada. 
 Assim como tivemos acesso às definições de Flexibilidade e 
Versatilidade, definamos Criatividade e Produtividade: 
Figura 2 – Criatividade e Produtividade 
 
 
Observe esses recortes de definição que foram retirados do mesmo 
dicionário online consultado na aula anterior, passando por adaptações para que 
fosse possível observarmos esses conceitos sob a ótica da Linguística. Veja que 
termos como ‘ouvido’, ‘pronunciado’ e ‘palavras’ surgem, remetendo às Línguas 
 
 
5 
Orais, mas podem ser adaptados para as Línguas de Sinais, basta que façamos 
atribuições como ‘visto’, ‘sinalizado’ e ‘sinais’. Ao ler essas definições, parece-
me ser possível já criar certas ideias em mente. 
A Libras, enquanto Língua, é formada por sujeitos, substantivos e verbos, 
por exemplo, sendo possível o uso das Classes Gramaticais (mesmo que com 
equivalentes para o uso de Interjeições, por exemplo, que se baseiam em sons). 
O usuário da Língua, sabendo bem fazer uso da gramática, pode, por meio disso, 
começar a compreender que é possível realizar produções na Língua. 
Um exemplo clássico de ‘compreender enunciados sem nunca os ter 
ouvidos ou pronunciado...’ é o uso de “upload”, uma palavra em inglês que 
significa ‘carregar’, em uma tradução direta. Trata-se de um Estrangeirismo 
voltado para a área da Tecnologia, da Informática, que se trata de carregar algo, 
anexar algo, em algum lugar, isso quando não se estende para o uso de nuvem 
de dados, em que se carrega um conteúdo para uma ‘nuvem’, onde se ‘levanta’, 
‘sobe’ algo. Na Língua Portuguesa e, em especial, em jogos e afins (mas não 
apenas nesses meios), o termo “upload” passou por um processo de 
aportuguesamento, como observado a seguir: 
EXEMPLO 1: 
IREI REALIZAR O UPLOAD DOS ARQUIVOS QUE VOCÊ ME PEDIU. 
Obs.: uso do termo em sua língua original, a inglesa. 
IREI UPAR OS ARQUIVOS QUE VOCÊ ME PEDIU. 
Obs.: uso do termo após o aportuguesamento. 
 Perceba que houve uma contração e alteração em parte do termo, para 
aportuguesar algo que é de amplo conhecimento e uso. Esse é um aspecto 
criativo da Língua, uma vez que se estou habituada ao uso desses termos, logo 
entenderei o contexto, e entenderei o que está sendo dito. 
 Um outro exemplo comum em processos de Aquisição da Linguagem por 
crianças Ouvintes é o uso incorreto (claro, entendemos que se trata de estágios 
iniciais de produção, mas, ainda assim, segundo a gramática da Língua 
Portuguesa, incorreto) conjugação do verbo “GOSTAR”. 
EXEMPLO 2, A-1: 
EU GOSTI! 
Obs.: uso incorreto do verbo “GOSTAR”, no tempo verbal passado. 
EXEMPLO 2, A-2: 
EU GOSTEI! 
 
 
6 
Obs.: uso correto do verbo “GOSTAR”, no tempo verbal passado. 
EXEMPLO 2, B-1: 
EU GOSTI! 
Obs.: uso incorreto do verbo “GOSTAR2”. 
 
Link: <https://youtu.be/H4iKH5jqtZM>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
EXEMPLO 02, B-2: 
EU GOSTEI! 
Obs.: uso correto do verbo “GOSTAR2”. 
 
Link: <https://youtu.be/DYWfiZZnIwc>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
 
2 Nesse exemplo em Libras, suspendemos o uso do passado, uma vez que, nessa Língua, para 
o uso do passado, é necessário o acréscimo de algo que aponta para determinado tempo verbal. 
Claro, isso varia de contexto para contexto, mas neste momento, vamos desprezar o contexto e 
nos concentrar nos usos corretos e incorretos do verbo em si. Se possível, acessar a Aula 2 da 
Disciplina de Libras 2 para melhor entendimento dos tempos verbaisem Libras. 
 
 
7 
Ambos os exemplos são entendidos? São entendidos, mesmo sendo 
formados de forma diferente da correta. Essas questões também consistem em 
aspectos criativos da Língua. 
Um outro aspecto da Criatividade nas Línguas é o uso de Expressões 
Idiomáticas. As Expressões Idiomáticas dizem respeito às expressões nas 
Línguas cujo significado literal de seus elementos não pode ser levado em 
consideração, entendendo que se levados ao conhecido ‘pé da letra’, não fazem 
sentido algum. 
As expressões podem remeter a algo cultural de determinada região e, 
ainda assim, acabar sendo utilizado por diversas pessoas em outros ambientes. 
A Língua Portuguesa apresenta inúmeras Expressões Idiomáticas. 
EXEMPLO 3, A: 
EU LAVO AS MINHAS MÃOS. 
Veja que a expressão é muito conhecida, significando que a pessoa ‘está 
isenta de culpa, isenta de responsabilidade, de prejuízo’. Em Libras, a expressão 
citada assumiria a seguinte forma. 
EXEMPLO 3, B-1: 
EU LAVO AS MINHAS MÃOS. 
 
Link: <https://youtu.be/Yt3utqpFvdo>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
As Expressões Idiomáticas não podem ser entendidas literalmente. Em 
Libras, veja que a frase ‘EU LAVO AS MINHAS MÃOS’ acaba sendo entendida 
como um ato de higiene, por não se tratar de uma expressão da Língua. Sendo 
 
 
8 
assim, o EXEMPLO 3, B-1, trata-se de uma tradução direta de uma expressão 
presente na cultura brasileira (lembrando que se trata de uma expressão que 
pode estar presente em outros territórios). Veja que essa expressão tem origem 
bíblica, especificamente quanto às Tradições da Páscoa Judaica. O registro 
encontra-se no julgamento de Jesus Cristo, presidida pelo governador romano 
Pôncio Pilatos, que se isenta dessa responsabilidade, transmitindo-a ao povo. 
Esse registro se encontra em Mateus, 27:24 (NVI)3: 
Quando Pilatos percebeu que não estava obtendo nenhum resultado, 
mas, ao contrário, estava se iniciando um tumulto, mandou trazer água, 
lavou as mãos diante da multidão e disse: “Estou inocente do sangue 
deste homem; a responsabilidade é de vocês”. 
Qual seria, então, a melhor forma de expressar isso em Libras? 
EXEMPLO 3, B-2: 
EU LAVO AS MINHAS MÃOS. 
 
Link: <https://youtu.be/YYOOSDHPJlM>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Perceba que essa forma expressa pelo EXEMPLO 3, B-2, é a mais 
adequada e, curiosamente, lembra o ‘lavar as mãos’, claro, com distinções 
quanto ao acréscimo de gestos ao fim da sinalização, e pelo uso das ENM. Essa 
é a correta “adequação” (Expressões Idiomáticas não são traduzidas!). Mas... há 
Expressões Idiomáticas originárias da Libras, das Línguas de Sinais? 
 
3 Sigla para Nova Versão Internacional, uma das traduções da Bíblia Sagrada. 
 
 
9 
 
EXEMPLO 3, C: 
OLHOS CAROS! 
 
Link: <https://youtu.be/8F7wS08wdWk>. Acesso em: 1º out. 2023 
Crédito: Katherine Fischer. 
Você sabe o que seriam “OLHOS CAROS”? Essa expressão na Libras 
significa que o usuário tem olhos bons no sentido de observadores, olhos que 
percebem detalhes, as minuciosidades. Na Comunidade Surda, essa expressão 
é vista até mesmo como elogio! 
Um outro aspecto relacionado à Criatividade nas Línguas de Sinais é a 
criação de sinais. Vamos excluir, neste momento, os processos de 
convencionalização de sinais, em que há uma incorporação neles em 
determinada Língua, já que esse processo não é o foco do nosso estudo. 
Estamos aqui para apontar a Criatividade no processo literal de criação, e a(s) 
motivação(ões) por trás das criações dos sinais. 
Quando você observa, na ficha técnica presente nos dicionários, ou então 
no seu verso, por exemplo, você terá o número (podendo ser aproximado) de 
verbetes contidos ali. Além disso, são diferentes os dicionários disponíveis em 
Língua Portuguesa. Para a Libras, temos o reconhecido trabalho enciclopédico 
de Fernando Cesar Capovilla e Walkiria Duarte Raphael (vide Aula 3), e outras 
publicações em paralelo, destacando-se o citado. 
 
https://youtu.be/8F7wS08wdWk
 
 
10 
Verdade é que, diferentemente do processo de categorização de Sinais 
Icônicos e Arbitrários (que sob a ótica da Professora, não é possível em um 
primeiro momento, considerando as subjetividades no processo de 
entendimento da Etimologia dos sinais), é possível verificar que há mais verbetes 
em Língua Portuguesa do que sinais na Libras. 
Vejamos, então, um exemplo de sinal criado em âmbito religioso, 
relacionado a um conceito fundamental relacionado ao meio. 
EXEMPLO 4: 
CONVERSÃO 
 
Link: <https://youtu.be/pDKPnG92ye8>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Esse é o sinal de “CONVERSÃO”, sendo sinalizado como “ACEITAR-
JESUS”, ou seja, sinalizado de acordo com o entendimento que se tem em torno 
desse conceito. Aos sinais que são criados, ou então, utilizados há algum tempo, 
que remetem ao seu conceito, damos o nome de Sinais Conceituais, o que 
ocorre com “ANTICONCEPCIONAL”. 
 
 
 
 
 
 
 
https://youtu.be/pDKPnG92ye8
 
 
11 
EXEMPLO 5: 
ANTICONCEPCIONAL 
 
Link: <https://youtu.be/DqTrHpbZJHA>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Veja que o sinal de “ANTICONCEPCIONAL” não é formado por apenas 
um sinal, mas por três: “REMÉDIO + EVITAR + GRAVIDEZ”. É um Sinal 
Conceitual, pois sua produção se dá pela sinalização do conceito. Observe que 
se houver uma frase do tipo “Um anticoncepcional é um remédio que evita a 
gravidez”, e você sinalizá-la, acabará sinalizando a mesma questão, duas vezes, 
por isso precisará se valer de outros artifícios, como uma provável datilologia da 
palavra, resultando nisso: “Um A-N-T-I-C-O-N-C-E-P-C-I-O-N-A-L é um remédio 
que evita a gravidez”. Sabemos que os anticoncepcionais também são utilizados 
para outros fins, mas trouxemos aqui um dos usos mais comuns. 
Voltando ao sinal de “CONVERSÃO”, o sinal era tido como um Sinal 
Conceitual. Hoje, temos uma outra opção para esse sinal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://youtu.be/DqTrHpbZJHA
 
 
12 
EXEMPLO 6: 
CONVERSÃO (2ª OPÇÃO) 
 
Link: <https://youtu.be/UGVXYwppOl0>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Essa segunda opção já trabalha melhor com o próprio conceito de 
“CONVERSÃO”. A palavra propriamente dita, quando usada no contexto de 
trânsito, significa virar, alterar o caminho, e o mesmo é utilizado no meio 
religioso, no sentido de que há uma mudança, no caso, de caminho, mudança 
essa que ocorre no coração. Curioso, não? 
Os Classificadores também são pontos considerados criativos na Língua, 
sendo considerados elementos linguísticos. Os Classificadores são morfemas 
(retome a Aula 2 para revisar esse conteúdo) que, por meio das Configurações 
de Mão (CM), formas que as mãos podem assumir para a produção dos sinais, 
são unidos, afixos a morfemas do tipo lexicais, os próprios sinais, a fim de 
apontar a classe à qual pertencem. 
Para que entendamos melhor quais são essas classes, podemos aqui, 
brevemente, citar os que são encontrados nas Línguas de Sinais (aqui não 
trabalharemos com os Classificadores das Línguas Orais), para que você os 
conheça melhor, para passar a enriquecer seu vocabulário, sinalização e até 
mesmo os reconhecer em outros meios. 
Classificador Descritivo e Especificador: como o nome diz, é a 
descrição de algo, seja um objeto, ser vivo e não vivo, sob a perspectiva de 
https://youtu.be/UGVXYwppOl0
 
 
13 
algumas características, como o tamanho e textura, por exemplo. Devemos nos 
ater, em especial neste material, em descrições visuais. 
EXEMPLO 7: 
CLASSIFICADOR DESCRITIVO E ESPECIFICADOR: PESSOA 
 
Link: <https://youtu.be/iUcGKJhbtJ4>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
 Veja que a sinalizante está realizando a descrição, e de forma específica, do 
comprimento e da textura do cabelo, referente à fotografia que se encontra à 
esquerda. Veja que é possível tratar do Classificador enquanto Descritivo e do 
Classificador enquanto Especificador.Aqui, para efeitos práticos, estamos com 
um exemplo de Classificador Descritivo e Especificador. 
Classificador de Plural: nesse Classificador, temos a repetição de 
determinada CM adotada para se referir a algo ou a alguém. 
EXEMPLO 8: 
CLASSIFICADOR DE PLURAL: LIVROS 
 
Link: <https://youtu.be/ehGUGbPPeyU>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
https://youtu.be/iUcGKJhbtJ4
https://youtu.be/ehGUGbPPeyU
 
 
14 
Veja que a sinalizante indica primeiro o sinal de “LIVRO” para fazer alusão 
à pilha e, então, utiliza o Classificador de empilhamento de livros, fazendo 
referência à fotografia que se encontra à esquerda. 
Classificador Instrumental: aqui, temos um dos Classificadores mais 
simples de se entender, o que ilustra o uso de determinado instrumento. 
EXEMPLO 9: 
CLASSIFICADOR INSTRUMENTAL: AÇÃO DE APAGAR COM UMA 
BORRACHA 
 
Link: <https://youtu.be/IrAU8xaRMto>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Perceba agora a intensidade no ato de apagar, distinguindo-se do ato de 
escrever, que é similar ao uso da borracha; o ato de segurar uma borracha se 
parece com o ato de se segurar um lápis e, consequentemente, escrever. 
Classificador de Corpo: aqui, como você bem pode presumir, temos o 
Classificador de representar ações de seres animados. 
EXEMPLO 10: 
CLASSIFICADOR DE CORPO: AÇÃO DE UM SER ANIMADO 
 
Link: <https://youtu.be/wKDketAipUM>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Mikkel Bigandt/Adobe Stock; Katherine Fischer. 
https://youtu.be/IrAU8xaRMto
https://youtu.be/wKDketAipUM
https://stock.adobe.com/br/contributor/203897308/mikkel-bigandt?load_type=author&prev_url=detail
https://stock.adobe.com/br/contributor/203897308/mikkel-bigandt?load_type=author&prev_url=detail
 
 
15 
Veja que a sinalizante representa, por meio de um Classificador de Corpo, 
o andar de um animal, um ser animado, no caso, o cachorro, até mesmo com a 
língua de fora, um detalhe que enriquece a sinalização. 
Para aprofundar seus conhecimentos, acesse o material que está 
disposto nas Referências Bibliográficas acerca dos Classificadores. Temos 
outros além dos que foram trazidos aqui, esses a título de curiosidade inicial, 
para ilustrar mais um aspecto da Criatividade nas Línguas. 
Por fim, para encerrarmos nossa conversa acerca da Criatividade, temos 
as Narrativas. Em Libras, assim como na Língua Portuguesa, temos diferentes 
Pessoas Surdas que produzem conteúdos online, claro, além dos que os 
produzem de forma presencial. Veja que, assim como aprendemos com a 
Flexibilidade e Versatilidade em nossa aula anterior, é possível unir esses 
conceitos anteriores com a Criatividade, havendo aplicação em diferentes meios 
e acerca de diferentes conteúdos. 
Tendo em vista que ainda discorreremos acerca de outros assuntos, é 
importante que você saiba que com a tecnologia que temos hoje, muitas Pessoas 
Surdas de renome estão disponíveis em diferentes meios, tratando de assuntos 
como Libras, Cultura Surda, Acessibilidade e vida em sociedade, bem como 
acerca de quaisquer outros conteúdos. 
Ao fim desta etapa, consulte as redes sociais, a própria internet por meio 
do seu navegador preferido, e procure por esses conteúdos. A Criatividade está 
presente nessas Narrativas, que se apresentam de diferentes formas. 
TEMA 2 – PRODUTIVIDADE NAS LÍNGUAS 
É apresentado a você, neste momento, um aspecto que poderia estar na 
Criatividade, mas foi mais bem posicionado enquanto Produtividade: Temas 
Complexos. 
Para que possamos entender Temas Complexos na Libras como 
Produtividade, é importante que entendamos alguns pontos que estão 
relacionados à Produtividade na Língua, como Fluência, Velocidade, 
Vocabulário, Coerência e Clareza e Tecnologia. Dessa vez, começaremos com 
exemplo e, então, o tendo como princípio, vamos melhor desenvolver nossos 
entendimentos em como podemos perceber a Produtividade em uma Língua. 
Nossas tratativas acerca da Criatividade foram extensas (que Língua rica 
a Libras!), portanto, vamos revisar a definição de Produtividade, tendo-a 
 
 
16 
enquanto “[...] aquilo que é produtivo, aquilo que gera produção, uso de certos 
padrões [...]”. 
À medida que você conhece a Comunidade Surda, maior acesso tem ao 
que com o tempo vai sendo criado, desenvolvido e difundido. Assim como nas 
Línguas Orais, nas Línguas Sinalizadas temos as variações linguísticas e 
regionais, ou seja, diferentes formas de se sinalizar, entendendo que uma 
sociedade é formada por diferentes pessoas, com costumes e tradições 
diferenciadas, podendo englobar diferentes culturas. Isso não significa que 
sinalizantes curitibanos não compreendem sinalizantes paraenses, e vice-versa, 
por exemplo, mas é perceptível, durante a produção, observar diferentes 
aspectos pertencentes às regiões, além do uso de diferentes léxicos para se 
referirem a determinados sinais. 
Para tratarmos acerca da Produtividade, vamos discutir o Vocabulário, a 
Fluência, a Coerência e a Clareza, bem como a Tecnologia. Para tanto, nos 
valeremos de um material produzido pelo Centro de Apoio ao Surdo e aos 
Profissionais da Educação de Surdos do Paraná (CAS Paraná), um órgão 
vinculado ao Departamento de Educação Inclusiva (DEIN) da Secretaria de 
Estado da Educação do Paraná (SEED-PR). O CAS Paraná tem como público-
alvo de seus atendimentos as Pessoas Surdas e Profissionais da Educação de 
Surdos. 
Um de seus Núcleos de Atuação, uma de suas frentes de trabalho, é o 
Núcleo de Apoio Didático-Pedagógico e Tecnológico (NADPT), que trabalha com 
a produção de materiais bilíngues. Os CAS Paraná, compostos por sete Centros 
(Apucarana, Cascavel, Curitiba, Francisco Beltrão, Guarapuava, Maringá e 
Umuarama), passaram a desenvolver, no ano de 2021, a tradução da Prova 
Paraná4, em Libras. 
A Prova Paraná é uma avaliação diagnóstica que identifica as dificuldades 
e habilidades que se encontram no processo de aprendizagem dos estudantes 
paranaenses. Como dito, a partir de 2021, iniciou-se, por meio de projeto piloto, 
a tradução da Prova, prova essa aplicada em cada um dos três trimestres do ano 
letivo. 
 
 
4 Para mais informações, acessar: <https://www.provaparana.pr.gov.br/>. Acesso em: 1º out. 
1012. 
 
 
17 
Figura 3 – Prova Paraná 
 
 Fonte: <https://www.provaparana.pr.gov.br>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Os estudos iniciais para o projeto piloto da Prova Paraná em Libras 
basearam-se no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em Libras, iniciativa 
(e aqui nos basearemos apenas no Exame para que possamos tratar sobre a 
Produtividade em Libras) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), para atender linguisticamente os 
candidatos Surdos e com Deficiência Auditiva, para realização do ENEM. Veja, 
temos um Exame Nacional sendo aplicado em Libras, por meio de videoprova. 
Figura 4 – Videoprova em Libras 
 
Fonte: <http://enemvideolibras.inep.gov.br/2017/videoprova.html?prova=p4>. Acesso em: 1º out. 
2023. 
O Enem em Libras conta com uma plataforma interativa, enquanto a Prova 
Paraná está, a cada ano, estudando melhorias para melhor atender os 
estudantes Surdos e com Deficiência Auditiva paranaenses. Com a aprovação 
 
 
18 
do projeto piloto, então a Prova tem seus Componentes Curriculares de Língua 
Portuguesa e Matemática, traduzidos, do 5º ano do ensino fundamental até a 3ª 
Série do ensino médio. 
Observe o vídeo a seguir, para então discutirmos os aspectos de 
Produtividade nas Línguas. 
 
Disponível em: <https://youtu.be/w3IlGeRw_Lk>. Acesso em: 1º out. 2023. 
 O vídeo que você visualizou apontou, de forma breve, apenas recortes da 
Prova em Libras, ou seja, o conteúdo de uma Prova que foi disponibilizada de 
forma física, agora, contando com tradução em Libras. 
A Prova tem tradução em seus Componentes Curriculares de Língua 
Portuguesa e Matemática, desde 2021, mas os recortes acima são da Prova do 
1º trimestre de 2023. 
Vamos para o primeiro aspectoacerca da Produtividade na Língua: o 
Vocabulário. 
• Vocabulário: todo Exame, Prova, seja em nível nacional, estadual e/ou 
municipal, tem toda uma construção com certo número de vocabulários 
utilizados. Em Libras, é necessário que haja um amplo conhecimento do 
léxico, dos sinais de uma Língua, uma vez que os gêneros textuais são 
variados, os conteúdos são variados, e para que todo o conteúdo fosse 
traduzido de forma adequada, equivalente e de forma integral, o 
Vocabulário se fez necessário, a fim de atender ao que está sendo 
proposto, sendo as ideias e conceitos transmitidos de forma completa; 
 
 
19 
• Fluência: definamos Fluência, aqui, enquanto produção de uma Língua, 
sem esforço, de forma suave e em velocidade adequada para 
entendimento. Não é nosso foco aqui nos aprofundarmos acerca da 
Fluência, mas é importante que brevemente entendamos a sua relação 
com o item anterior, o do Vocabulário. O Vocabulário é fator importante 
para a Fluência. O Vocabulário foi o primeiro item apontado aqui porque 
sem ele, a Fluência não se dá de forma efetiva. Se os envolvidos na Prova 
Sinalizada não se mostrarem fluentes na Língua, provavelmente não têm 
Vocabulário suficiente para sinalizar o que está sendo explanado. Para 
sua curiosidade, a Proficiência de uma Língua é diferente da Fluência. 
Enquanto a Fluência é o uso da Língua em sociedade, uso na 
comunicação, a Proficiência é o uso instrumental da Língua, ou seja, o 
trabalho, o manejo dela, com competência, habilidade. Um sinalizante 
pode ser fluente e ainda assim não ser proficiente; mas enquanto 
proficiente, um sinalizante certamente também é fluente; 
• Coerência e Clareza: a Clareza na Sinalização deve estar presente 
independente do meio em que está sendo produzida, e claramente, em 
especial, em Provas. A Coerência diz respeito à organização de ideias, e 
nesse caso, por meio espacial, para que a mensagem inicial seja a 
mesma entendida enquanto mensagem final, sem se cometer equívocos 
e sem a presença de ideias dúbias que reverberem em prejuízo ou em 
dupla compreensão. Nesse caso, sendo uma Prova, a Coerência se faz 
extremamente necessária, e ela se dá por meio da Clareza; 
• Tecnologia: quando pensamos em Libras, a Tecnologia logo é associada, 
pois está presente no meio digital. Hoje é muito comum encontrar 
conteúdo em Libras, em redes sociais, sites e afins, onde a circulação de 
conteúdo ocorre de forma ágil e gradual. Uma prova Sinalizada conta com 
a Tecnologia desde o momento de gravação, passando pela edição, que 
também é bem estudada para que a estética seja confortável aos olhos, 
no sentido de boa visualização e clareza, atendendo à Acessibilidade, 
permitindo boa produção e boa recepção por parte dos Estudantes Surdos 
e com Deficiência Auditiva. 
Esses aspectos apresentados resultam na Produtividade da Língua, de 
forma eficiente, objetiva e completa. Aqui, encerramos os aspectos de 
 
 
20 
Criatividade e Produtividade na Língua. Mais uma vez, destacamos a riqueza da 
Libras, valorosa (literalmente!) aos olhos. 
TEMA 3 – MÉTODOS DE ENSINO PARA SURDOS: COMUNICAÇÃO TOTAL 
Conheçamos, agora, os Métodos de Ensino voltados para Surdos. Nesta 
etapa, apresentaremos três dos mais conhecidos e faremos uma breve 
introdução. O nosso primeiro Método é o da Comunicação Total. 
SINAL DE “COMUNICAÇÃO TOTAL”, EM LIBRAS 
 
Link: <https://youtu.be/voTgMwLbfcA>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
A Comunicação Total pode ser utilizada entre Pessoas Surdas, Pessoas 
Surdas e Ouvintes e até mesmo entre Pessoas Ouvintes, mas sendo nosso foco 
as Pessoas Surdas, vamos estabelecer esse campo para reflexão. 
Assim como o Oralismo (nosso Tópico 4), há uma certa preocupação 
voltada para a oralidade, que se acredita ser necessária para a criança Surda, 
na qual deve haver estímulos sociais, por exemplo, para que a Língua Falada 
seja desenvolvida. 
Engana-se quem pensa que a Comunicação Total foca apenas na 
oralidade, uma vez que essa é objeto principal do Oralismo. A Comunicação 
Total também faz uso de recursos visuais, mas não faz par com o Bilinguismo, 
por exemplo. Como o próprio nome tende a apontar, a Comunicação Total faz 
uso de muitos recursos linguísticos, em suas mais variadas formas, tendo em 
vista a necessidade da comunicação. O foco é o estabelecimento da 
https://youtu.be/voTgMwLbfcA
 
 
21 
comunicação, seja ela por meio da própria Libras, seja pela Língua Falada, no 
caso, a Língua Portuguesa, e de outros recursos como a leitura labial (que será 
fortemente apontada no Oralismo), dos gestos (diferentes dos sinais!) que são 
gesticulações que comunicam algo, o trabalho com som, leitura e escrita. Esses 
são os principais focos de atenção. 
Estando presente no Brasil no final da década de 1970, a Comunicação 
Total se opõe ao Oralismo, no sentido de que acredita que a criança Surda não 
deve ser exposta apenas à oralidade, acreditando que esse é o caminho para o 
seu desenvolvimento. Mais que isso, a Comunicação Total enxerga além da 
patologia enquanto Deficiência Auditiva, enxergando a criança Surda enquanto 
indivíduo que precisa desenvolver o afetivo e o cognitivo. 
É importante colocar aqui que há profissionais adeptos desse Método de 
Ensino para Surdos, profissionais esses que defendem a necessidade da 
comunicação, como já colocado, mas também a interação, ou seja, não basta 
apenas que a criança tenha uma Língua, aprenda uma Língua, mas, sim, que 
haja o contato com seus pares (outras crianças Surdas) e com os demais. Por 
fim, entende-se esse Método como uma ligação direta entre a aquisição e a 
construção de vocabulários e o seu uso, para que a comunicação seja possível 
e atinja seus objetivos. Portanto, muito mais que a Língua, muito mais que a 
gramática e muito antes da sua produção, temos a Linguagem, no sentido de 
que toda criança Surda deve ser inserida no ambiente em que esteja, 
comunicando-se da forma que for possível, e não necessariamente se dando por 
meio de uma Língua. 
A Comunicação Total também vê o Bimodalismo como uma forma de 
comunicação aceita entre crianças Surdas, sendo ele utilizado por indivíduos de 
diferentes idades. Destacam-se aqui as crianças, por serem elas as que são 
expostas à diferentes Métodos, desde a tenra idade. 
Figura 5 – Bimodalismo 
 
 
 
22 
O Bimodalismo requer certa habilidade em sua produção, entendendo que 
são necessárias duas Línguas que são produzidas juntas, em que duas 
gramáticas se sobressaem uma em relação à outra. Sem o seu uso consciente 
e adequado, há ocorrência do Português Sinalizado. 
Figura 6 – Português sinalizado 
 
O Português Sinalizado é uma forma de produção e comunicação comum 
a aprendizes em uma Língua, quando já se tem uma Língua e, então, se passa 
a aprender outra. É comum a recorrência do uso de termos de uma Língua, tendo 
como base a sua própria Língua. É aceitável no início do processo de 
aprendizagem de uma Língua em sujeitos adultos, mas é impraticável em 
crianças, uma vez que suas bases, no que tange à Aquisição da Linguagem, 
passam a não ser bem fundadas. 
Figura 7 – Comunicação total 
 
Esse foi o nosso acesso ao primeiro Método de Ensino para Surdos. 
TEMA 4 – MÉTODOS DE ENSINO PARA SURDOS: ORALISMO 
Agora, vamos abordar o Oralismo, outro Método de Ensino para Surdos. 
O Oralismo, de forma mais “posicionada”, por assim dizer, trazia que a Língua 
Oral, a Língua Falada, devia ser ensinada em detrimento das Línguas de Sinais, 
totalmente rejeitadas. Entenda-se “posicionada” no sentido de defender uma 
única perspectiva. Um dos expoentes do Oralismo, chamado de “Pai do Oralismo 
Puro”, foi Samuel Heinicke (1727-1790), educador alemão. Heinicke foi fundador 
da primeira escola voltada para crianças Surdas, sob a perspectiva do Oralismo, 
do ensino da Oralidade. 
 
 
23 
O Oralismo, quando trazido para ambientes de debate, sempre foi visto 
de forma polemizada quandodo olhar de Surdos Sinalizantes, estes defendendo 
o uso de Línguas Sinalizadas para o desenvolvimento de forma integral do 
sujeito Surdo. 
O Oralismo tornou-se o Método de Ensino mais difundido para a 
Educação de Surdos, a partir do momento em que no conhecido “Congresso de 
Milão” houve a impetração da Oralismo após uma votação entre educadores 
surdos, em sua grande e derrocada maioria, compostos por educadores 
Ouvintes. Além da defesa da oralidade, é importante apontar que o treinamento 
auditivo era fortemente pautado como o que possibilitaria o desenvolvimento da 
fala e da Linguagem, sendo o uso da Leitura Labial necessária para melhor 
possibilitar o desenvolvimento do aparelho fonador, responsável pela execução 
da fala. Aqui, houve a exclusão quanto ao uso das Línguas de Sinais. 
SINAL DE “ORALISMO”, EM LIBRAS 
 
Link: <https://youtu.be/zGklz-5Nqck>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Por trás da oralidade, entende-se que a fala é o principal e mais 
importante recurso para comunicação. Uma outra intenção observada é a 
aceitação da criança Surda enquanto “normal”, podendo conviver com os demais 
(é necessário aqui colocar que a criança com Surdez é vista como normal, mas 
o Oralismo, uma vez afirmando que era necessário restabelecer a criança Surda 
à normalidade, acaba reafirmando que ser Surdo era ser anormal). Aqui, 
excluem-se questões identitárias (Surdo se reconhecendo como Surdo), 
havendo um destaque maior em direção à patologia, observando o Surdo 
enquanto Deficiente Auditivo, e reforçando a terapia da fala, também em 
https://youtu.be/zGklz-5Nqck
 
 
24 
detrimento de questões pedagógicas: era mais importante construir, ou então, 
restabelecer a audição, a fala, e não necessariamente educar a criança Surda 
nas diferentes Ciências. 
Precisamos dizer que há crianças Surdas que bem se desenvolveram 
mediante a fala, por isso, de toda forma, não pode ser considerada danosa. Esse 
desenvolvimento é possível por características do próprio nível de perda do 
sujeito, por exemplo, a observação da estrutura interna do ouvido (no caso da 
audição) e das condições do aparelho fonador (no caso da fala). Não traçamos 
relação direta entre audição e fala no sentido de entender que se não há audição, 
não há fala, pois cada caso é um caso, e exceções sempre são vistas. 
Figura 8 – Aparelhos 
 
 
Na figura anterior, você observa dois dispositivos presentes quando 
falamos em Oralismo, pois são formas de buscar ouvir melhor. De um lado, 
temos um aparelho que pode ser colocado na parte externa e interna da orelha, 
trabalhando com a ampliação de sons. De outro, temos um aparelho que, 
embora visível na parte externa da orelha, é implantado (por isso o nome) por 
meio cirúrgico na parte sua óssea. 
Figura 9 – Oralismo 
 
Aqui, temos então o segundo Método de Ensino para Surdos. 
 
 
25 
TEMA 5 – MÉTODOS DE ENSINO PARA SURDOS: BILINGUISMO 
Por fim, enquanto último Método a ser abordado nesta etapa, temos o 
Bilinguismo. Você conhecerá, em nossa Aula 6, a pesquisadora Lucinda 
Ferreira-Brito. De forma posterior ao advento do Oralismo, temos o surgimento 
de um Método voltado para as Línguas Sinalizadas, antes excluídas. Aqui, temos 
o envolvimento de dois aspectos que eram englobados pela Comunicação Total, 
as Línguas Orais e Sinalizadas. 
Diferentemente do Oralismo, temos a Língua Oral presente, no caso, a 
Língua Portuguesa, mas não em sua modalidade oral, mas, sim, escrita. 
SINAL DE “BILINGUISMO”, EM LIBRAS 
 
Link: <https://youtu.be/z1aB_1ZG4jg>. Acesso em: 1º out. 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
No Bilinguismo, temos: 
Figura 10 – Bilinguismo 
 
Como pode ser visto, o Bilinguismo trabalha com duas Línguas, 
acreditando que, em relação a crianças Surdas, é de extrema importância o 
primeiro contato com a Libras, desenvolvendo essa Língua como Primeira 
Língua para, então, passar a ter contato com a Língua Majoritária no país, no 
https://youtu.be/z1aB_1ZG4jg
 
 
26 
caso, a Língua Portuguesa. Essas Línguas inicialmente não são ensinadas em 
conjunto, até mesmo para que haja uma sobreposição e, consequentemente, 
ocasione em um processo prejudicial no processo de Aquisição da Linguagem 
da criança Surda. Ainda assim, há casos em que as duas Línguas são 
trabalhadas em conjunto, em momentos diferentes. Isso pode variar de acordo 
com o perfil do estudante, do contexto familiar e até mesmo do meio em que ele 
se encontra. 
Como citado em meio aos estudos do Oralismo, no Bilinguismo, a criança 
Surda é vista enquanto Surda, e questões patológicas, clínicas, um olhar para a 
Surdez em si é deixada em patamar secundário, pois o quesito pedagógico é 
levado totalmente em consideração. A exposição das crianças Surdas à Libras 
faz com que haja um entendimento interno de quem são, em sociedade, e como 
se comunicam linguisticamente. Claro que, inicialmente, não é algo consciente, 
mas essas significações são necessárias para a construção de suas identidades. 
O Bilinguismo é observado, hoje, no meio educacional, presente em 
instituições de ensino bilíngues, nos quais a comunicação se dá por meio da 
Libras e da Língua Portuguesa na modalidade escrita, por meio de profissionais 
sinalizantes, estando presente também em instituições inclusivas, por meio de 
profissionais Tradutores e Intérpretes de Libras – Língua Portuguesa (TILS), mas 
não fazendo uso do Bilinguismo “clássico”, digamos assi. 
Isso acontece porque o aprendizado do conteúdo se dá por meio da 
interpretação do TILS, mas ministrado em Língua Portuguesa, pelos 
professores. 
Figura 11 – Bilinguismo 
 
Aqui, findamos o terceiro Método de Ensino para Surdos. 
 
 
 
27 
NA PRÁTICA 
Depois de termos tido acesso a tantos conhecimentos acerca da Libras e 
das Línguas como um todo, tanto as Orais quanto as Sinalizadas, vamos replicar 
o que foi aprendido, de modo a ser facilmente consultado em casos em que você 
sentir necessidade. 
Quadro 1 – Resumo 
CRIATIVIDADE 
Qualidade de criativo, capacidade de criar ou inventar, capacidade de 
produzir e compreender um número enorme de enunciados em sua Língua, 
mesmo nunca antes tendo ouvido ou pronunciado. 
PRODUTIVIDADE 
Qualidade ou condição do que é produtivo, potencial para produção, 
frequência de uso de certos padrões ou elementos na geração de novas 
palavras. 
COMUNICAÇÃO TOTAL 
USO SIMULTÂNEO DE DIFERENTES RECURSOS LINGUÍSTICOS PARA 
COMUNICAÇÃO. 
ORALISMO 
Treinamento da audição para a fala, fazendo uso de Leitura Labial. 
BILINGUISMO 
Adquirimento da Libras enquanto L1 e da Língua Portuguesa (na modalidade 
escrita) como L2, de modo a se comunicar tanto com a Comunidade Surda 
quanto com a Comunidade Ouvinte. 
É importante que você conclua esta aula tendo entendido os conceitos 
dispostos no quadro 1 e, então, seus desdobramentos, atendendo à proposta 
inicial desta aula. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, tivemos acesso a outros aspectos das línguas, como o da 
Criatividade e da Produtividade, bem como conhecemos Métodos de Ensino 
para Surdos. Para que possamos findar nosso estudo, avançaremos agora para 
a Aula 6. 
 
 
28 
REFERÊNCIAS 
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Disponível em: <https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-
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COMO FUNCIONAM as Expressões Idiomáticas na Libras? Uníntese. Youtube. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fH1fX84OZoQ>. Acesso 
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CUNHA, M. A. F. da.; CEZARIO, M. M.; Conhecimento, Criatividade e 
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PIZZIO, A. L. et al. Língua Brasileira de Sinais III. Universidade Federal de 
Santa Catarina – Licenciatura em Letras-Libras na Modalidade a Distância. 
Florianópolis, 2009. 
QUADROS, R. M. de.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos 
linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. 
 
	CONVERSA INICIAL
	Essa representação é comum a você, ou causa-lhe estranheza? Vamos clarear suas ideias acerca dessa representação. A Linguagem é um campo científico que trabalha, basicamente, com diferentes representações do signos, como a dança, o teatro, a música......
	“Mas Professora, você não acabou de dizer que a Língua é uma Linguagem, e entendendo que a Libras é uma Língua, logo, não seria uma Linguagem?”
	Sim, acabei de informar isso. Entretanto, equivocada não é a definição, e sim a intenção. A Libras foi vista (entendendo que hoje a ignorância está se desvanecendo) como Mímica, e até mesmo uma Pantomima (ver Aula 4), e essas são definitivamente Lingu...
	Sabendo realizar a distinção dessas definições, então, por fim:
	Figura 1 – Definições
	Fuja dessas aberrações! São termos utilizados de forma equivocada, já que Libras não se trata de uma Moeda, tampouco de um Signo do Zodíaco. Você sabe como proceder ao se deparar com esses enganos.
	É com isso que iniciamos, então, nossa conversa acerca da Criatividade e Produtividade nas Línguas.

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