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Aula 04

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INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS 
LINGUÍSTICOS DA LIBRAS 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Joana Bonato Melegari 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Nesta abordagem, aprofundaremos nossos conhecimentos em relação à 
Linguística1, adentrando alguns tópicos que serão distribuídos entre as temáticas 
deste conteúdo. 
Na primeira abordagem, cujo direcionamento foi mais teórico, 
aprendemos questões referentes à Língua, Linguagem e Linguística. Outras 
subdivisões foram necessárias, como estudos acerca das Línguas Natural e 
Artificial, Língua Franca, tópicos que trataram do Purismo Linguístico, do 
Sistema Internacional (S. I.) e sua relação com o Gestuno. Aprendemos também, 
com linguistas como Saussure e Chomsky, acerca do estruturalismo e 
gerativismo, respectivamente. 
Na segunda abordagem, embarcamos rumo a conhecimentos 
provenientes das Divisões da Linguística, inicialmente, com a introdução à 
Fonética/Fonologia e Morfologia. É importante aqui apontar que, ao longo das 
abordagens 2 e 3, traçamos constantes comparações entre a Língua Portuguesa 
e a Libras; isso porque são ambas as línguas de conhecimento dos nossos 
estudantes, sejam eles Ouvintes ou Surdos, e salientamos a importância de 
entendermos como a Linguística é estudada nessas duas línguas. Aprendemos 
com conceitos e com exemplos, em especial, para elucidar o conhecimento 
introduzido. 
Por fim, na terceira abordagem, de forma similar à que ocorreu na 
segunda, aprendemos acerca das demais Divisões da Linguística, com a 
Sintaxe, Semântica e Pragmática, concluindo o que foi proposto. 
Até aqui, você já deve ter tido acesso a um leque de novos conceitos, 
aprendizados, exemplos, instrumentos e outras fontes que podem ser 
pesquisadas. Se você já trilha nosso caminho há mais tempo, provavelmente 
revisou o que conversamos até o momento. Prossigamos, agora, com outros 
tópicos: Flexibilidade e Versatilidade, Dupla Articulação, Arbitrariedade e 
Descontinuidade. 
Entretanto, como você sabe, antes de iniciarmos os estudos voltados para 
a nossa proposição para esta abordagem, há algo sobre o que queremos aqui 
conversar: acerca do desenvolvimento linguístico da pessoa Surda. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – O DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO DA PESSOA SURDA 
Libras é um artefato cultural – quanto ao termo “artefato”, não o considere 
estranho: estamos tratando de uma produção cultural. Você se lembra da 
primeira abordagem? Aprendemos que a Sociolinguística trata da aplicação da 
Língua em sociedade. A Libras é um meio de comunicação e de expressão, de 
uso corrente da Comunidade Surda do Brasil, conforme a Lei n. 10.436/2002 (a 
conhecida “Lei de Libras”). A Língua não é um bem material, mas imaterial, pelo 
fato de não ser palpável, o que lhe permite ser um [importante] quesito cultural. 
Por trás de todo artefato, temos toda uma cultura. É por meio das mãos que a 
Comunidade Surda, que é formada por pessoas unidas por um mesmo ideal, 
compartilhando do mesmo objetivo – no caso, pessoas Surdas e Ouvintes –, vê, 
sente e se comunica com o mundo. 
Entenda que a Libras é um dos holofotes da Comunidade Surda por conta 
de seu aspecto primordial. Curiosamente, caro(a), a Libras não é “única”, no 
sentido de “padronizada”, ou seja, ela não é sinalizada da mesma forma em 
todos os lugares, porque assim como as pessoas ouvintes, temos pessoas 
surdas de diferentes realidades que trazem consigo diferentes contatos e 
experiências com suas próprias línguas, em diferentes níveis. Para tanto, temos, 
como um dos exemplos, os Sinais Caseiros. 
Quadro 1 – Língua e Sinais Caseiros 
 
Fonte: Katherine Fischer. 
Os Sinais Caseiros são o que temos por Gestos ou Construções 
Simbólicas em que há uma convencionalização (processo de estabelecimento e 
uso, neste caso, de sinais) natural de referentes e sinais utilizados para 
comunicação, entre falantes de uma Língua, comumente originários de convívios 
distantes dos centros onde há circulação maior da Língua. 
 
1 Optou-se, ao longo do nosso estudo, pelo uso maiúsculo da primeira letra de Linguagem, 
Linguística e Língua, de forma arbitrária, em certas ocasiões, no sentido de colocar esses 
conceitos como objeto de estudo em determinados momentos. O mesmo ocorrerá com outras 
palavras, assim como apresentado nas abordagens 1, 2 e 3. 
 
 
4 
Exemplo 1a – Sinal de TÊNIS / 1b – Sinal caseiro de TÊNIS, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/wvo-EaM6an4>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Disponível em: <https://youtu.be/1cwKPmUS3s8>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Observe acima dois sinais, um em Libras, e outro, considerado caseiro. 
Não iremos entrar no mérito de se os Sinais Caseiros são, ou não, considerados 
sinais em Libras, a não ser por conta das características visuais. Muitos dos 
Sinais Caseiros tendem a ser considerados Icônicos, sinais que, de forma breve, 
traçam um paralelo com o referente visual que está sendo referido. No caso 
acima, coincidentemente, o Sinal Caseiro para TÊNIS não possui relação 
alguma com algum aspecto visual do objeto TÊNIS, sendo considerado um Sinal 
Arbitrário (ainda neste conteúdo trabalharemos com a Arbitrariedade da Libras). 
Ainda assim, internamente, é um sinal que possui significado dentro do seio 
familiar, por exemplo, embora o sinal convencionalizado socialmente para TÊNIS 
seja o que apresentado no Exemplo 1a. 
Figura 1 – Realidades Surdas2 
 
Crédito: Joana Bonato Melegari. 
 
2 O uso da expressão “Realidades Surdas” é totalmente arbitrário, no sentido de elucidar o que 
está sendo tratado no Tópico 1, não sendo utilizado com base em pesquisas, artigos e estudos 
afins. 
 
 
5 
Acima, temos um panorama de Realidades Surdas, ou seja, situações em 
que as pessoas Surdas se encontram. Claro, como dito, são diferentes as 
realidades, e as citadas acima são apenas exemplos para que reflitamos acerca 
do desenvolvimento linguístico dos indivíduos Surdos. Verdade é que a 
composição familiar enquanto identidade – Surda e/ou Ouvinte, e a(s) Língua(s) 
envolvida(s) nos processos de Aquisição da Linguagem são fatores importantes 
no desenvolvimento da criança Surda, resultando na construção de indivíduos 
que apresentam diferentes níveis de desenvolvimento na Língua, seja(m) 
qual(quais) for(em) a(s) escolhida(s) para comunicação. Não há diferenças nos 
processos de Aquisição da Linguagem entre crianças Surdas e Ouvintes, mas 
sim, no meio em que se encontram, com os recursos que lhes são dispensados, 
os inputs3 que geram outputs4. 
O honroso, quando falamos da Libras, é que, apesar de tantos percalços 
ao longo da história, percebemos que ela se manteve, sendo transmitida de 
geração a geração para mais pessoas. 
 Como você também deve saber (e falamos de forma introdutória na 
primeira abordagem), a Libras é uma Língua de modalidade visual-espacial, 
além disso, não é a mesma utilizada em outros espaços em que pessoas Surdas 
se comunicam. Isso quer dizer que em cada Comunidade Surda que é observada 
em diferentes partes do mundo, há uma Língua de Sinais sendo utilizada, 
diferente da Libras (Língua Brasileira de Sinais), pertencente a seu país, e 
diferente da Língua Majoritária do mesmo país. 
Quadro 2 – LSB e ASL 
 
Crédito: Katherine Fischer. 
Veja que a Libras é utilizada no Brasil, e a ASL5 é utilizada nos Estados 
Unidos. São duas Línguas de Sinais que são utilizadas em seus respectivos 
territórios, e que concomitantemente podem ser utilizadas em outros, assim 
como a Língua Inglesa é utilizada em diferentes partes do mundo; comum é que 
 
3 Em tradução livre, entradas, para este contexto de conteúdo. 
4 Em tradução livre, saídas ou produção, para este contexto de conteúdo. 
5 Sigla para American Sign Language, e sua tradução significa Língua Americana de Sinais. 
 
 
6 
muitos Surdos sinalizantes façam uso da ASL em encontros, eventos e afins, 
fora do Brasil. Você também deve ter observado o uso da sigla LSB pararepresentar a Libras, significando Língua de Sinais Brasileira, o que remete às 
demais siglas de convenção internacional, como a LSF6, por exemplo. 
Além disso, é importante apontar (e reforçar!) que a Libras não pode se 
comparar à Língua Portuguesa, por serem línguas de estruturas e gramáticas 
diferentes. Sendo assim, quando se tenta fazer uso de uma com a estrutura de 
outra, conhecemos então o Português Sinalizado, uma estrutura inadequada de 
uso de quaisquer uma das línguas. E, como bem sabemos, tanto a Libras quanto 
a Língua Portuguesa são línguas que passam por transformações, pelo simples 
fato de serem Língua, e se manifestam de forma diferenciada, sendo possível, 
no caso da Libras, a comunicação a distâncias diferentes, bastando ter bons 
olhos. 
Ao longo da história, as Línguas de Sinais como um todo resistiram a 
todas as intempéries, tornando-se cada vez mais difundidas, conhecidas e vistas 
como Línguas das Comunidades Surdas. 
TEMA 2 – FLEXIBILIDADE E VERSATILIDADE 
A Língua de Sinais, neste caso, a Libras, é uma língua que pode, 
absolutamente, representar por meio do seu léxico todas as coisas, indo do 
abstrato ao concreto, tecendo relações entre a Semântica (Significado) e a 
Pragmática (aplicação em um Contexto). 
Quadro 3 – Flexibilidade e Versatilidade 
 
 
Crédito: Katherine Fischer. 
 
6 Sigla para Língua de Sinais Francesa. 
 
 
7 
Perceba que ambas as definições disponíveis no dicionário apontam para 
as diferentes possibilidades em que uma língua se manifesta: é Flexível porque 
se reinventa sucessiva e repetidamente, e Versátil porque é cabível em 
diferentes Contextos. Esse é o caso da Libras. Observe algumas colocações 
possíveis. 
Exemplo 2 – Frase: EU GOSTO DE ESTUDAR., em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/J2MS8xTegGc>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Veja que a frase sinalizada acima é uma frase comum. Logicamente, 
como você já deve ter assimilado até o momento, não há necessidade da 
sinalização do de, pois, neste contexto, não possui função gramatical, em uma 
língua que não trabalha com esse exemplo de preposição. Portanto, nada mais 
é que uma frase comum, com sentido literal, ou seja, ela transmite exatamente 
o que deseja que seja entendido por quem está recebendo essa informação. 
Exemplo 3 – Frases: EL@7 FALTOU AO TRABALHO. VOCÊ ESTÁ FELIZ, NÃO 
É?!, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/aP4ymq08EW4>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
 
7 @: marcação de gênero. Isso significa que essa e as demais ocorrências do uso da “@” ao 
longo desta abordagem, e nas abordagens anteriores e posteriores, indicam que a palavra ou a 
frase apresentada podem ser sinalizadas fazendo uso dos gêneros masculino e feminino, desde 
que indicados pelos sinais de homem e mulher. Em nossos exemplos, não faremos uso de 
nenhum dos dois gêneros, deixando a seu cargo o uso conforme preferir. Para que a neutralidade 
seja possível, nesse contexto, faremos o uso de apontamento (dêitico), para indicar pessoas. 
 
 
8 
Essa frase já não é tão incomum para você. Quando estudamos a 
Semântica e a Pragmática, aprendemos sobre Significado e Contexto. O tom 
dessa pergunta remete a algo não necessariamente maldoso, mas revela algo a 
mais. Isso pode ser observado pelo uso da Expressão Facial (EF)8 de sorriso de 
canto, olhos semicerrados, virada semilateral da cabeça, além do uso da 
Expressão Corporal (EC), com uma das mãos na cintura e a outra fazendo uso 
de um gesto reconhecido como algo sapeca... veja quanto podemos perceber 
em meio a uma Sinalização! 
Exemplo 4a – Frase: EL@ FUGIU DE SUAS RESPONSABILIDADES., em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/qZeYn3rEzoI>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Este exemplo já trata de algo mais avançado. Ao sinalizar de forma literal, 
conseguimos sim transmitir a ideia de que houve uma fuga de determinadas 
responsabilidades, que não vêm ao caso. Veja outra forma de sinalizar essa 
mesma frase. 
Exemplo 4b – Frase: EL@ FUGIU DE SUAS RESPONSABILIDADES., em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/0fDiM0XZYkA>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
 
8 Vamos nos aprofundar quanto ao uso das Expressões Faciais e Corporais (EF/C) na 
abordagem 6, quando tratarmos dos Parâmetros da Libras. 
 
 
9 
Aqui, você consegue observar que houve uma reordenação de elementos 
na frase, como RESPONSABILIDADES, aqui inicial, quando, na frase original, 
temos a mesma palavra como último elemento. Essa forma de sinalizar traz de 
uma forma mais topicalizada9 a ação da frase. Havendo necessidade de se 
reordenar essa frase em Língua Portuguesa, nós a teríamos da seguinte forma: 
DESSA(S) RESPONSABILIDADE(S), EL@ FUGIU. 
Exemplo 4c – Frase: EL@ FUGIU DE SUAS RESPONSABILIDADES., em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/jGkRwR_nI3k>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Ainda acerca das formas de sinalizar essa frase em Libras, temos a 
apresentada, que “foge” totalmente dos Exemplos 4a e 4b. Isso ocorre porque 
temos total ausência de qualquer um dos elementos da frase original, utilizando-
se apenas um sinal que traz consigo todo um significado. Se reescrevêssemos 
essa frase em Língua Portuguesa, ela ficaria da seguinte forma: EL@ FICOU 
NA DEL@. Sim, um sinal em Libras, nesse contexto, pode significar essa frase 
há pouco citada, uma expressão da língua. Curioso, não? Ainda assim, o ato de 
FICAR NA DEL@ pode significar não ser responsável, uma vez que se está 
fugindo de algo, e, nesse caso, das RESPONSABILIDADES. 
Exemplos 5a e 5b – Frase: QUE PENA!, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/XDpB1_fD4rQ>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Disponível em: <https://youtu.be/Jfb7UkB-eMo>. Acesso em: 10 nov 2023. 
 
9 Para a retomada do conceito, acessar a terceira abordagem. 
 
 
10 
Crédito: Katherine Fischer. 
Aqui, temos mais um caso em que uma simples alteração da EF acaba 
dando outro sentido para a pequena frase, que antes era uma frase literal e 
passa a ser uma frase irônica. Mais uma vez: observe a importância do uso 
correto da EF, para não dar a entender algo diferente do que se propõe. 
Exemplo 6a – Sinal de BANHEIRO / 6b – Sinal de WC, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/7OpuAE1oVE4>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Disponível em: <https://youtu.be/TWRoZHt_V1M>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Veja que exemplos interessantes. No Exemplo 6a, temos o sinal de 
BANHEIRO, utilizado costumeiramente pelos usuários da Libras. No Exemplo 
6b, temos o sinal de WC10, um sinal que por vezes é utilizado em diferentes 
meios de conversação, por se tratar de um sinal mais reservado, para se referir 
a algo que é mais particular, como ir ao banheiro. Sim, a Polidez existe na Libras, 
também. 
Para que possamos findar o nosso entendimento acerca da Flexibilidade 
e da Versatilidade da Língua, temos aqui mais exemplos. 
Exemplo 7a – Sinal de VEZ / 7b – Sinal de VEZ, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/64V6z9p7sv8>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Disponível em: <https://youtu.be/MEldyH8cf5w>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
 
10 Em inglês, sigla para Water Closet, “Armário de Água”, em tradução livre. 
 
 
11 
Agora estamos diante de um caso mais complexo. À esquerda, temos o 
sinal de VEZ. Este sinal é utilizado em contextos em que se expresse VEZ, como 
em UMA VEZ, DUAS VEZES, acrescentando-se, nos casos, os números 1 e 2, 
resultando em 1+VEZ, 2+VEZ. Ainda assim, quando se utiliza este sinal de VEZ, 
utiliza-se em âmbito matemático, fazendo menção à operação de multiplicação. 
Mais uma vez: este sinal pode sim ser utilizado e contextos que não sejam 
matemáticos; quando ocorre, é com menos frequência. Para isso, temos o que 
está à direita, uma opção em relação à esquerda. A carga semântica desses dois 
sinais é praticamente a mesma. 
Por fim, temos um Sinal Conceitual.Observe: 
Exemplo 8 – Sinal de INFILTRAD@, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/GYflpUGMlwI>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Não temos conhecimento do sinal de INFILTRAD@. Entretanto, acima, 
temos uma sinalização que remete ao sinal de INFILTRAD@. Logo, trazemos, 
mesmo que de forma breve, o conceito de INFILTRAD@, por meio de 
PESSOA(CL)11-ENTRA-DISFARÇA – se pudéssemos transcrever a sinalização 
do Exemplo 8 em Língua Portuguesa. 
A Libras é uma Língua muito rica, não?! 
TEMA 3 – DUPLA ARTICULAÇÃO 
Seus conhecimentos em Sintaxe da Libras são de extrema importância 
para bem entender do que se trata a Dupla Articulação na Libras. Ao olhar a 
Dupla Articulação, do que você acredita que estejamos falando? Do fato de 
talvez trabalhar com uma língua com o uso de duas mãos? Não, porque nesse 
caso a Língua Portuguesa não apresentaria Dupla Articulação, o que é uma 
inverdade, já que se trata de um tópico existente nela também. 
 
11 CL: Classificador. No caso, Classificador de Pessoa. 
 
 
12 
A Dupla Articulação trabalha com dois planos. O primeiro plano expõe 
formas, no caso, Parâmetros, mas que, por si só, não apresentam significado. 
Já o segundo plano é a combinação desses Parâmetros, resultando em 
significados. 
 
Figura 2 – Configuração de mão (CM) em C, no Alfabeto Manual da Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/1cwKPmUS3s8>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Observou a CM em C? Trata-se de uma letra do alfabeto, mas que não 
apresenta significado, a não ser a própria letra C do Alfabeto Manual. 
Exemplo 09 – Sinal de MAÇÃ, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/VCsGoHFNsL8>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Veja que o sinal acima, o de MAÇÃ é uma combinação da CM em C, da 
Figura 2, em determinada localização, com determinado movimento. Essa 
combinação de três Parâmetros da Libras gera um sinal, no caso, o de MAÇÃ. 
Agora reveja MAÇÃ, mas identificando os Parâmetros citados, que serão mais 
bem discorridos na sexta abordagem. 
 
 
 
13 
Figura 3 – Sinal de MAÇÃ, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/1cwKPmUS3s8>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Você pode estar pensando acerca da Sintaxe, afinal, essa breve reflexão 
quanto ao sinal de MAÇÃ, remete à Fonologia e à Morfologia. Você bem deve 
saber que nosso aprendizado é sempre gradual, e sim, trata-se da Fonologia e 
da Morfologia; verdade é que a Sintaxe somente poderá ser entendida se essas 
outras Divisões da Linguística se tornarem claras para você. 
Os sinais, ao se formarem, apresentam Significado (Semântica), que, em 
um Contexto, ditarão a Pragmática do que está sendo dito. Não é pelo fato de a 
Libras se manifestar de forma visual, que os sinais podem ser produzidos de 
forma aleatória. Não. Não respeitar as regras de produção da Língua faz que as 
frases, as sentenças, se tornem Agramaticais. 
Exemplo 10 – Frase: Sinal realizado de forma equivocada de MAÇÃ, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/-CC5q5Htsgc>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
O aprendiz que está em processo de aprendizado da Libras precisa 
entender que regras existem. É preciso que haja um respeito quanto às regras 
de combinações, o que é conhecido por dependência estrutural, ou seja, tudo 
 
 
14 
aquilo que é produzido é resultado de estruturas dependentes, que permitem um 
entendimento daquilo que está sendo dito. 
Exemplo 11a – Frase: FESTA AMIGOS IR NÃO EU., em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/AooSiF8qiTM>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Perceba a forma equivocada de se expressar a frase acima, em Libras. 
Pode ser que você de fato entenda o que se está querendo dizer, mas dizer que 
“À festa de meus amigos, eu não vou.”, da forma como vemos na reprodução do 
Exemplo 11, não condiz com nenhuma estrutura sintática que pertença à Língua, 
pelo fato de elementos estarem localizados fora da estrutura, nem com a 
estrutura S-V-O (a mais comum), nem com a Topicalização, ou então, com a 
Tópico-Comentário. 
Exemplo 11b – Frase: FESTA AMIGOS EU IR NÃO., em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/TUEJnRNQ3QE>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
A frase acima, sim, está correta gramaticalmente, estabelecendo com o 
ALI a Topicalização da FESTA AMIGOS e, então, indicando o sujeito, a negação 
e o verbo, em Libras. A título de curiosidade, tanto o Exemplo 11a quanto o 
Exemplo 11b estão expressos por meio de glosa. Glosa, para nosso breve 
entendimento, se trata de um registro em determinada língua, no caso, a Língua 
 
 
15 
Portuguesa, de algo que está sendo expresso em outra língua, no caso, Libras; 
cada palavra que compõe ambas as frases apresentadas é equivalente aos 
sinais que estão sendo sinalizados. 
Aqui temos a Dupla Articulação: uma Língua, Libras, que trabalha com o 
plano composto pelos Parâmetros da Libras e com o plano composto pelos 
significados que os Parâmetros, juntos, constroem, ou seja, suas combinações. 
TEMA 4 – ARBITRARIEDADE 
A Arbitrariedade é um tópico um tanto delicado no sentido de que seu 
entendimento deve se dar de forma clara, para evitar quaisquer equívocos. Os 
conceitos de Iconicidade e Arbitrariedade nos são apresentados e traçados em 
paralelo, de forma, consideramos nós, indissociável. Indissociável em que 
sentido? No sentido de que, ao classificarmos (mesmo que não seja essa a 
intenção) os sinais de uma Língua Sinalizada, apontaremos ou, pelo menos, 
entenderemos as nuances que são a Iconicidade e a Arbitrariedade de uma 
Língua. 
Nosso foco, aqui, não será tratar sobre a Iconicidade, mas ela é um tanto 
necessária para traçarmos discussões acerca da Arbitrariedade. Tudo o que 
tratarmos aqui, envolvendo a Iconicidade, será de forma breve, para que você 
possa construir uma linha de raciocínio condizente com o que a Arbitrariedade 
pede. 
Você bem deve saber, a esta altura do campeonato, que Libras não é 
Mímica, e não é uma Pantomima (uma vertente da Mímica). É uma Língua, com 
estrutura gramatical própria. Partindo disso, e olhando para o Léxico da Língua, 
nós nos deparamos com os sinais. Os sinais podem apresentar características 
visuais que estão aliadas a perspectivas, a espaços territoriais, a experiências 
subjetivas. 
Exemplo 12 – Sinal de CASA, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/Ny57rXTFRyg>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
 
 
16 
Este é o sinal de CASA, em Libras, um sinal muito reconhecido pela 
Comunidade Surda e tido como um Sinal Icônico por conta de suas 
características visuais, com as mãos imitando o telhado de uma casa. 
Claramente, no sinal acima realizado, temos a seleção de um telhado específico, 
como demonstrado na imagem a seguir. 
Figura 4 – Telhado de uma casa 
 
Créditos: ParinPIX / Adobe Stock. 
Esse telhado representa os demais telhados das demais casas, ou seja, 
toda vez que esse sinal for realizado, ele se remeterá ao entendimento de que 
se trata de uma casa, justamente pela representação de uma parte sua, o 
telhado. É importante aqui colocar que não necessariamente Sinais Icônicos em 
Libras são também Sinais Icônicos em outras línguas. Estendemos também essa 
informação no sentido de que a Iconicidade se manifesta mais em determinadas 
línguas do que em outras; não é possível afirmar com exatidão se a Libras 
apresenta mais Sinais Icônicos que Arbitrários, e vice-versa. 
Entretanto, como foi explanado, não nos aprofundaremos na Iconicidade 
da Libras. De maneira objetiva, entenda que a Iconicidade está fortemente 
entrelaçada com características visuais que determinados sinais apresentam, 
passando pelo princípio da Convencionalidade, por exemplo, que é o uso 
decretado em certa Comunidade Linguística. Temos a palavra/sinal enquanto 
Significante, e a imagem enquanto conceito, enquanto Significado.17 
Quadro 4 – Significante e Significado 
 
Crédito: Katherine Fischer. 
É importante aqui colocar que Imagem Acústica faz referência não a uma 
imagem propriamente dita, como a conhecemos, mas sim à representação 
natural da palavra, ou então, do sinal, mas fora do contexto de fala e sinalização, 
respectivamente. 
Se de um lado temos a Iconicidade, e um de seus aspectos é a visualidade 
entre o referente e a forma em que é representado, neste caso, por meio de 
sinais, do outro lado temos a Arbitrariedade e um dos seus aspectos é 
justamente a ausência da visualidade entre o referente e a forma de 
representação. Aqui, temos a junção do Significante e do Significado 
definitivamente arbitrária, já que não há articulação manual que apresente uma 
referência a alguma imagem mental. 
Exemplo 13a – Sinal de CURSO / 13b – Sinal de TER, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/-qLeO4bBobA>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Disponível em: <https://youtu.be/FIoBK-bwcoA>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
O sinal de CURSO, acima. Não há representação imagética alguma em 
relação a CURSO. O mesmo ocorre em TER, no exemplo13b. Quando um sinal 
é Arbitrário, é considerado Abstrato ou então Sinal Opaco, pelo fato de não “se 
enxergar” a motivação do sinal. 
 
 
18 
Há alguns outros processos envolvidos nos estudos relativos à 
Arbitrariedade, como os Sinais Relativamente Motivados. 
Exemplo 14 – Sinal de MULHER, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/U3oRg3goAoM>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
O sinal acima é o de MULHER. Dois entendimentos são possíveis quanto 
a esse sinal: o primeiro entendimento é a “ausência de pelos na face”, enquanto 
o segundo entendimento se refere a fitas laterais dos chapéus utilizados pelas 
mulheres de outrora. Veja que não se trata imediatamente de um Sinal Icônico, 
mas de um Sinal Relativamente Motivado, porque se entende a motivação por 
trás. O sinal de MULHER em Libras é fortemente tido como Sinal Relativamente 
Motivado, quando se entende o sinal de HOMEM. Quando ambos são 
ensinados, um precedido do outro, iniciando-se por HOMEM (é um Sinal Icônico, 
fazendo-se menção à barba), entende-se o porquê. 
Exemplo 15 – Sinal de HOMEM, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/A92F9UgtD30>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
 
 
19 
Quem visualiza o sinal de HOMEM, fazendo menção à barba, logo 
entende que MULHER é quem não possui barba, por isso, consegue entender 
ainda melhor a motivação do sinal. 
Não é com precisão que podemos afirmar se determinada Língua 
Sinalizada é composta, em sua maioria, por Sinais Icônicos ou Sinais Arbitrários, 
uma vez que quantificar esses dados depende de diferentes aspectos. Veja que, 
por vezes, de forma subjetiva, um sinal que antes era tido como Arbitrário, pode 
se tornar Icônico. 
Exemplo 16 – Sinal de FERRO, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/ilqHyHliduo>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
O sinal de FERRO, em Libras, em um primeiro momento pode parecer 
Icônico. Veja como é possível que se torne um Sinal Arbitrário para você. O sinal 
realizado em Y imita um martelo. De que forma? Observe, agora, com atenção, 
a mão em Y. É a forma da cabeça do martelo, no formato de um Classificador 
(CL), que imita a forma do objeto, enquanto o braço seria o cabo do martelo. O 
sinal de FERRO é o “martelo sendo brandido em direção a uma chapa”. 
Para você, FERRO agora se classifica como um Sinal Icônico? Observe 
que até a subjetividade é um ponto que dificulta a categorização de exata de 
Sinais em Icônicos e em Arbitrários. Isso também ocorre em relação à 
quantidade: se determinada língua é composta, em sua maioria, por 
representações Icônicas ou Arbitrárias. 
TEMA 5 – DESCONTINUIDADE 
Por fim, temos a Descontinuidade na Libras. Você, como aprendiz da 
língua, deve ter observado que, no começo do seu aprendizado em relação ao 
 
 
20 
vocabulário, ou até mesmo já com bom nível de conhecimento, há sinais que 
podem causar confusão. Isso quando nós mesmos não acabamos realizando 
trocas de significados de sinais que possuem significados distintos. Essa 
aparente confusão de sinais, essa troca de sinais, se dá por uma breve alteração 
na forma do sinal, alteração essa que será mais bem estudada na sexta 
abordagem, quando trataremos dos Parâmetros da Libras. Você deve se lembrar 
dos Pares Mínimos, que são exemplos de Descontinuidade, ou seja, havendo 
alguma alteração nos Parâmetros, altera-se o significado, significado este que é 
distinto do sinal anterior, antes de sofrer alteração. 
Exemplo 17a – Sinal de LARANJA / 17b – Sinal de SÁBADO, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/LjJ7jiOR2eM>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Disponível em: <https://youtu.be/uQhQXiFy34Y>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Veja que os sinais acima são similares, mas, quando o Parâmetro do 
Ponto de Articulação (PA)12 ou da Locação (L)12 é levemente alterado, 
deslocando-se para baixo, há alteração no significado, uma vez que tínhamos 
uma LARANJA, e agora temos SÁBADO, nitidamente distintos em significado, a 
não ser que se considere que “sábado é dia de fazer feira... e na feira há 
laranjas”. Talvez seja essa a maior proximidade em relação aos significados. 
Como então diferenciar esses dois sinais quando estão em uso? Pelo 
contexto. O contexto indicará essa possibilidade, uma vez que “Eu irei descansar 
na LARANJA” e “Eu irei comer um SÁBADO” não produzem sentido correto, não 
é mesmo? 
 
 
12 Termos sinônimos, equivalentes, para referência ao terceiro Parâmetro da Libras (ordem 
arbitrária colocada pela Autora). 
 
 
21 
Figura 5a – Fotografia de parte do sinal de LARANJA / 5b – Fotografia de parte 
do sinal de SÁBADO, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/wvo-EaM6an4>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Disponível em: <https://youtu.be/1cwKPmUS3s8>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
A título de curiosidade, há outras espécies de Descontinuidade que 
ocorrem na Libras. Veremos essas espécies neste conteúdo, e você poderá 
comparar os exemplos apresentados com a própria Língua Portuguesa, para se 
familiarizar com o conteúdo. Em Libras, assim como na Língua Portuguesa, a 
Descontinuidade pode se manifestar enquanto pausa, interrupção na 
sinalização. Isso ocorre por motivos como conceitos complexos e falta de 
conhecimento relativo a sinais específicos, por exemplo. Esses são pontos 
encontrados em quaisquer Línguas, pois estão relacionados a limitações de 
vocabulário, falta de familiaridade e até mesmo de fluência. 
Como forma de compensar essas situações de comunicação, 
substituições de sinais podem ocorrer, além de repetições. É importante apontar 
que são situações totalmente naturais que ocorrem com todo e qualquer 
sinalizante. Por serem naturais, não são consideradas inadequações na 
comunicação. 
Hesitação: este processo se caracteriza por pausas momentâneas na 
forma como se sinaliza, podendo indicar pensamentos ou até mesmo o 
processamento do que se entendeu e/ou do que está se querendo dizer. 
 
 
 
 
 
22 
Exemplo 18 – Frase: AH, EU ACHO QUE SIM., em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/B9OXSWamyIA>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Perceba a expressão do rosto (Expressão Não-Manual – ENM) e o 
movimento da cabeça, juntamente com o movimento do corpo, expressando 
uma espécie de cuidado na sinalização. 
Repetição: como o próprio nome diz, trata-se da repetição, no nosso 
caso, de sinais, para dar enfoque a algo. Geralmente a repetição está atrelada à 
busca de clareza. 
Exemplo 19 – Frase: EU ESTOU APRENDENDO LIBRAS. APRENDENDO..., 
em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/WUQ5btrLS5I>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Aqui, temos a repetição de APRENDENDO, de uma forma clara, para 
destacar que o aprendizadoda Libras está ocorrendo (este é o exemplo), mas 
que, neste momento mesmo, está ocorrendo. Temos então uma repetição da 
informação. 
 
 
23 
Substituição: aqui, temos o uso de um sinal que inicialmente não foi bem 
compreendido, por se tratar possivelmente de um termo mais específico ou de 
menor uso. Para sanar essa falta de compreensão, substitui-se o sinal que 
causou dúvida por outro. Por vezes, acaba sendo uma espécie de explicação, 
uma vez que pode não haver um sinal que possa substituir o que foi sinalizado. 
Exemplo 20 – Frase: EU GOSTO DE FILMES DE FICÇÃO... FILMES QUE NÃO 
SÃO REAIS, SABE?, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/RCS7CU1iy1U>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Ali houve o uso do sinal de FICÇÃO, mas em um contexto em que o sinal 
não é conhecido, sendo necessária a explicação dele como “[...] não é de 
verdade”. 
Seleção de Vocabulário: necessidade de se fazer uso de algum sinal 
específico ou até mesmo adequado para que a comunicação se dê de forma 
correta, podendo haver pausas para a seleção de vocabulário. 
Exemplo 21 – Frase: EL@ DISSE QUE É MEIO QUE INCÔMODO VIR AQUI., 
em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/5J51IGOGQRY>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
 
 
24 
Perceba que, ao escolher, ao fazer a seleção de vocabulário, a sinalizante 
reduz até mesmo a velocidade da sinalização, não necessariamente realizando 
pausas, pois a frase que está sinalizando pede cuidado. Por isso a necessidade 
de escolher o vocabulário de forma correta, entendendo-se que o contexto é 
delicado. 
Erros Gramaticais: como o nome diz, são erros que ocorrem em 
qualquer língua, como, por exemplo, a ordem incorreta dos sinais, uso 
inadequado de elementos da Libras, no caso, e até mesmo de concordância. 
Exemplo 22a e 22b – Frase: O MEU COPO CAIU, em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/04G86EYsVig>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Disponível em: <https://youtu.be/d0geHhndFvk>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Aqui, há algo que precisamos entender de forma clara. O verbo CAIR se 
manifesta de diferentes formas, uma vez que faz referência ao que está caindo. 
No Exemplo 22, como se observa à esquerda, o verbo CAIR faz menção à 
pessoa, e não ao COPO. Veja que a mão assume a forma de uma pessoa 
caindo, logo após o sinal de COPO ser realizado. Para que fosse sinalizado de 
forma correta, seria necessário que o próprio sinal de COPO, que é um 
substantivo, fosse realizado com um movimento de queda, tornando-se, o 
próprio COPO, um VERBO, como se vê à direita. 
Falta de Fluência: dificuldade apresentada na produção de uma língua, 
no caso, Libras. A fluência está atrelada à habilidade na comunicação, sabendo-
se aliar conhecimento gramatical, vocabulário, conhecimentos culturais, 
expressões, e afins, podendo-se expressar ideias simples e complexas, de forma 
clara, além de se apresentar coerência na fala, em diferentes meios e espaços. 
Erros são menos frequentes. A falta de fluência provoca pausas excessivas e 
inadequadas, ou até mesmo uma produção mais lenta. 
 
 
25 
Exemplo 23 – Frase: MEU SINAL É KATHERINE. K-A-T-H-E-R-I-N-E., em Libras 
 
Disponível em: <https://youtu.be/B1GDNyD57LQ>. Acesso em: 10 nov 2023. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Aqui, é perceptível que a sinalizante sabe o que está sinalizando e é 
possível verificar o que está querendo comunicar. Entretanto, percebe-se uma 
certa redução na velocidade, além de uma expansão dos sinais selecionados 
para comunicação, em especial quando apresenta seu sinal, e, em seguida, ao 
realizar a datilologia do seu nome. 
Veja que o estudo da Descontinuidade, em especial na Libras, é curioso, 
porque é possível perceber nas Línguas Sinalizadas o que também se observa 
nas Línguas Orais, mas se manifestando de forma visual. Mais uma vez, 
destacamos aqui a riqueza da Libras. 
NA PRÁTICA 
Certamente este conteúdo se tornou mais denso. Entretanto, para poder 
revisar os assuntos desta abordagem, você pode consultar o material, ainda que 
de forma condensada, do que foi aprendido, para refrescar seu aprendizado até 
neste momento. 
Quadro 5 – Revisão 
SINAIS 
Língua é: 
Língua (gramática, contexto, léxico e afins). 
 
SINAIS CASEIROS 
“Língua” é composta de: 
Gestos/Construções Simbólicas. 
 
FLEXIBILIDADE 
 
 
26 
Língua é: 
Flexível, Maleável. 
 
VERSATILIDADE 
Língua é: 
Multifacetada. 
 
DUPLA ARTICULAÇÃO 
Língua é: 
trabalhada com dois planos. 
Formas (Parâmetros) e Combinação dos Parâmetros. 
 
ARBITRARIEDADE 
Na Língua é: 
a ausência da visualidade entre o referente e a forma de representação. 
 
DESCONTINUIDADE 
Língua sofre: 
breves alterações nos Parâmetros, que alteram os Sinais, que resultam em 
alteração nos Significados. 
Crédito: Katherine Fischer. 
Dessa forma, é possível relembrar os assuntos desta abordagem, de 
forma breve e assertiva. É importante que, havendo possibilidade, o conteúdo 
seja sempre revisado para que você o internalize e passe a observá-lo nos 
diferentes meios de comunicação, passando a traçar a teoria com a realidade. 
FINALIZANDO 
Nesta abordagem, estudamos outros aspectos relacionados à Língua 
Libras, assim como fizemos nas abordagens anteriores. Mais adiante, 
estudaremos outros aspectos, como Criatividade e Produtividade nas Línguas, 
além de conhecer e diferenciar Métodos de Ensino para Surdos. 
 
 
 
27 
REFERÊNCIAS 
Bibliografia básica 
QUADROS, R. M. de.; KARNOPP, L. B. Língua de Sinais Brasileira: estudos 
linguísticos. Reimp. 2007. Porto Alegre: Artmed, 2004, 224 p. 
STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. 4. ed. 1. reimp. 
Florianópolis: Ed. da UFSC, 2018, 146 p. 
Bibliografia complementar 
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ – Secretaria da Educação. Escola 
Estadual de Educação Profissional – EEEP: Ensino Médio Integrado à 
Educação Profissional – Curso Técnico de Libras. Ceará: Fortaleza, 2012, 40 p. 
Demais fontes 
BRASIL. Lei n 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira 
de Sinais – Libras e dá outras providências. Brasília, 2002. 
FLEXIBILIDADE. In: Dicionário Michaelis. Disponível em: 
<https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/flexibilidade/>. Acesso em: 5 set. 2023. 
GUIMARÃES, A. R. G. de P. O signo e as imagens: sobre representar e 
desvendar. Interfaces, vol. 9, n. 2 (jul./ago./set. 2018), p. 163-171. Acesso em: 
5 set. 2023. 
MELEGARI, J. B. Libras II: Rota de Aprendizagem 01. Curitiba: Uninter, 2023. 
19 p. 
VERSATILIDADE. In: Dicionário Michaelis. Disponível em: 
<https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/versatilidade/>. Acesso em: 5 set. 2023. 
 
	CONVERSA INICIAL
	Nesta abordagem, aprofundaremos nossos conhecimentos em relação à Linguística0F , adentrando alguns tópicos que serão distribuídos entre as temáticas deste conteúdo.
	Na primeira abordagem, cujo direcionamento foi mais teórico, aprendemos questões referentes à Língua, Linguagem e Linguística. Outras subdivisões foram necessárias, como estudos acerca das Línguas Natural e Artificial, Língua Franca, tópicos que trata...
	Na segunda abordagem, embarcamos rumo a conhecimentos provenientes das Divisões da Linguística, inicialmente, com a introdução à Fonética/Fonologia e Morfologia. É importante aqui apontar que, ao longo das abordagens 2 e 3, traçamos constantes compara...
	Por fim, na terceira abordagem, de forma similar à que ocorreu na segunda, aprendemos acerca das demais Divisões da Linguística, com a Sintaxe, Semântica e Pragmática, concluindo o que foi proposto.
	Até aqui, você já deve ter tido acesso a um leque de novos conceitos, aprendizados, exemplos, instrumentos e outras fontes que podem ser pesquisadas. Se você já trilha nosso caminho há mais tempo, provavelmente revisou o que conversamos até o momento....
	Entretanto, como você sabe, antes de iniciarmos os estudos voltados para a nossa proposiçãopara esta abordagem, há algo sobre o que queremos aqui conversar: acerca do desenvolvimento linguístico da pessoa Surda.
	QUADROS, R. M. de.; KARNOPP, L. B. Língua de Sinais Brasileira: estudos linguísticos. Reimp. 2007. Porto Alegre: Artmed, 2004, 224 p.
	STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. 4. ed. 1. reimp. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2018, 146 p.
	GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ – Secretaria da Educação. Escola Estadual de Educação Profissional – EEEP: Ensino Médio Integrado à Educação Profissional – Curso Técnico de Libras. Ceará: Fortaleza, 2012, 40 p.

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