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www.pneumoatual.com.br 
Tabagismo 
 
Autor(es) 
José Roberto Jardim1 
Júlio César Abreu de Oliveira2 
Mai-2011 
 
1 - Quais dados são interessantes na história do tabaco? 
Os dados mais antigos sobre o tabaco provêm da região da América Central, aonde era 
utilizado pelos índios em rituais religiosos, pelo menos mil anos antes de Cristo. Em relação ao 
uso do charuto, uma peça de cerâmica do século X dos índios Maias, da região do México, 
mostra um índio com um charuto na boca. Os primeiros europeus a terem contato com o 
tabaco foram os marujos da tripulação de Cristóvão Colombo, ao chegarem às Américas em 
1492. O primeiro europeu a plantar tabaco na Europa foi Jean Nicot, embaixador francês em 
Portugal. Na ocasião, ele tratava Caterina de Médici e seu filho, Rei Carlos IX, em Paris, de 
enxaqueca, usando o tabaco. Em 1570, o botânico Jean Liebault deu o nome de Herba 
Nicotiana ao tabaco, em homenagem a Jean Nicot, mas continuou a ser usado o nome tabaco 
para a planta. O nome cigarro é derivado da palavra indígena maia sikar, que significa fumaça. 
2 - Quantas pessoas fumam no Brasil? 
Os dados mais atuais sobre tabagismo no Brasil são os da Pesquisa Especial de Tabagismo 
(Petab), realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, com a atuação técnica do 
Instituto Nacional de Câncer (Inca), e aplicada a uma subamostra (cerca de 51 mil domicílios) 
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008. Os principais pontos desta 
pesquisa são: 
• 17,5% da população de 15 anos ou mais eram usuários de produtos derivados de 
tabaco (fumado ou não), o que correspondia a 25 milhões de pessoas. 
• Os percentuais de fumantes eram maiores entre os homens (21,6%), entre as pessoas 
de 45 a 64 anos de idade (22,7%), entre os moradores da região Sul do país (19,0%), 
entre os que viviam na área rural (20,4%), os menos escolarizados (25% entre os sem 
instrução ou com menos de um ano de estudo) e os de menor rendimento domiciliar 
per capita (19,9% entre os sem rendimento ou com menos de ¼ de salário mínimo). 
• Os ex-fumantes (26 milhões de pessoas) eram 18,2% da população de 15 anos ou 
mais de idade e 22,0% dos não fumantes, em 2008. Isto mostra que o percentual de 
ex-fumantes é maior do que o de fumantes. 
 
3 - Qual a proporção da população brasileira que pode ser considerada dependente da 
nicotina? 
São considerados dependentes de nicotina pelo CEBRID (Centro Brasileiro de Informação 
sobre Drogas Psicotrópicas) pessoas que apresentam mais de dois dos sinais/sintomas abaixo: 
• gastou grande parte do tempo para conseguir tabaco, para usá-lo ou para se recobrar 
do seu efeito; 
• usou nicotina em maior quantidade ou em maior frequência do que pretendia; 
• apresentou tolerância (mais quantidade para produzir os mesmos efeitos); 
• apresentou riscos físicos sob o efeito ou logo após o efeito do tabaco (por exemplo: 
dirigir, pilotar, usar máquinas, nadar etc); 
 
1 Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Reabilitação da UNIFESP; 
 Professor Livre-Docente da UNIFESP - Escola Paulista de Medicina; 
 Doutor em Pneumologia pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina. 
2 Chefe do Serviço de Pneumologia e da UTI do Hospital Universitário da Universidade 
Federal de Juiz de Fora; 
 Doutor em Pneumologia pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina; 
 Professor Associado da Universidade Federal de Juiz de Fora. 
 
 
www.pneumoatual.com.br 
• teve problemas pessoais por causa do tabaco (tais como: com familiares, com amigos, 
no trabalho, com a polícia, emocionais ou psicológicos); 
• teve desejo de diminuir ou de parar o seu uso. 
Em pesquisa na população brasileira em 2002, o sinal/sintoma que mais frequentemente 
apareceu foi o desejo de diminuir ou parar o uso, com 16,2%, seguido do uso da nicotina em 
maior quantidade ou em maior frequência do que pretendia com 8,2%. 
Na distribuição por faixas etárias, os resultados do número de dependentes foi o seguinte: 
• 12 e 17 anos, 2,2%; 
• 18 e 24 anos, 8,4%; 
• 25 e 34 anos, 9,9%; 
• Acima de 35 anos, 11,3%. 
No total geral da população acima de 12 anos, 9% são dependentes à nicotina. 
Deve-se considerar que esta classificação foi baseada no Manual Estatístico e Diagnóstico das 
Desordens Mentais (DMS-IV) e não no Teste de Fagerstrom. O DMS é um questionário que 
não é específico para nicotina, apesar de que sua edição IV já tem pergunta que aborda 
especificamente a nicotina. 
4 - Há dados com relação a crianças e adolescentes brasileiros que cursam o 1º e 2º 
graus em relação ao tabagismo? 
Sim. O CEBRID já realizou cinco levantamentos em capitais brasileiras: 1987, 1989, 1993, 
1997 e 2004. No levantamento mais recente foram avaliadas todas as 27 capitais brasileiras. A 
população alvo foi constituída por estudantes do ensino fundamental (a partir da quinta série) e 
médio. Foi utilizada a classificação da OMS quanto ao uso de drogas para definir o contato das 
crianças e adolescentes com o cigarro, subdividindo-os em 5 grupos: 
• Uso na vida: quando a pessoa fez uso de qualquer droga psicotrópica pelo menos uma 
vez na vida; 
• Uso no ano: quando a pessoa utilizou droga psicotrópica pelo menos uma vez nos 
doze meses que antecederam a pesquisa; 
• Uso no mês: quando a pessoa utilizou droga psicotrópica pelo menos uma vez nos 
trinta dias que antecederam a pesquisa; 
• Uso freqüente: quando a pessoa utilizou droga psicotrópica por seis ou mais vezes nos 
trinta dias que antecederam a pesquisa; 
• Uso pesado: quando a pessoa utilizou droga psicotrópica vinte ou mais vezes nos trinta 
dias que antecederam a pesquisa. 
O resultado, de acordo com as regiões, no ano de 2004, está demonstrado na tabela 1. 
Tabela 1. Crianças e adolescentes que já fizeram uso na vida ou fazem uso 
frequente de cigarro 
Região Uso na vida Uso frequente 
Norte 26,1% 3,7% 
Nordeste 23,9% 3,6% 
Centro-Oeste 22,4% 3,4% 
Sudeste 25,4% 4,1% 
Sul 27,7% 4,6% 
Brasil 24,4% 3,8% 
 
Os resultados do estudo em algumas capitais podem ser vistos na tabela 2. 
 
 
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Tabela 2. Crianças e adolescentes das principais capitais brasileiras que já fizeram 
uso na vida ou fazem uso frequente de cigarro 
Capitais brasileiras Uso na vida Uso frequente 
Belém 23,7% 3,1% 
Belo Horizonte 24,6% 4,9% 
Brasília 21,8% 4,2% 
Curitiba 25,1% 3,7% 
Fortaleza 30,1% 4,6% 
Porto Alegre 33,7% 7,3% 
Recife 26,8% 5,4% 
Rio de Janeiro 26,0% 3,7% 
Salvador 17,3% 2,0% 
São Paulo 26,3% 4,2% 
 
5 - Como é a prevalência de fumantes entre os pneumologistas brasileiros? 
Não temos dados recentes. Em 1995, em levantamento por questionário entre os sócios da 
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Hisbello Campos (Bol Pneum Sanit 
1995;3:47-55) mostrou que 8,7% eram fumantes e 20,8% ex-fumantes. O tabagismo foi 
equivalente entre os sexos e menor entre os mais jovens (menos que 31 anos). A média global 
de cigarros fumados por dia era 15,5, sendo pouco maior entre os homens. Ele também 
mostrou que 68% dos fumantes já haviam tentado parar de fumar, enquanto que os ex-
fumantes haviam tido uma média de 3,6 tentativas até pararem definitivamente. Um dado 
interessante é que 85% dos pneumologistas, em média, aconselham seus clientes a parar de 
fumar, mas esta porcentagem é menor entre os fumantes e ex-fumantes. 
6 - Em que se baseia a afirmação de que 50% dos fumantes irão falecer de alguma 
doença associada ao cigarro? 
Esta afirmação é baseada no acompanhamento de 34.439 médicos ingleses a partir de 1951 
por mais de 40 anos. Nos primeiros 20 anos morreram 10 mil médicos e outros 10 mil 
morreram nos 20 anos seguintes. Neste estudo, 24 causas de morte foram positivamente 
associadas com o cigarro. A taxa de morte entre os tabagistas ao longo de 20 e 40 anos de 
seguimento,comparados com os que nunca fumaram, foi aproximadamente três vezes maior 
entre as idades de 45 e 64 anos e duas vezes maior entre 65 e 84 anos. Esta maior 
mortalidade foi principalmente causada por doenças ligadas ao cigarro: câncer de boca, 
esôfago, faringe, laringe, pulmões, pâncreas e bexiga; doença pulmonar obstrutiva crônica e 
outras doenças respiratórias; doenças vasculares; úlcera péptica; e, talvez se confundindo pelo 
fator personalidade e álcool, cirrose, suicídio e envenenamento. Aqueles que pararam de fumar 
antes dos 35 anos de idade tiveram uma expectativa de vida igual aos que nunca fumaram 
(Doll. BMJ 1994;309:901-911). 
Atualmente, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), ocorrem, 
aproximadamente, cinco milhões de óbitos por ano no mundo, devido às doenças relacionadas 
ao tabagismo, o que corresponderia a seis mortes por segundo. As estimativas da OMS, desde 
que mantida a prevalência atual do tabagismo, são de que no ano de 2.025 ocorrerão 10 
milhões de mortes provocadas pelo cigarro. 
7 - Qual a taxa de impostos que está acoplada à venda do cigarro no Brasil? 
O Brasil tem uma das mais altas cargas de impostos sobre a venda de cigarro no mundo. O 
imposto incide sobre 74,7% do preço do cigarro: 
• IPI=41,3%; 
• ICMS da industrialização=22,2%; 
• ICMS de venda=2,8%; 
• imposto do selo=4%; 
• COFINS=3,5%; 
• PIS=0,9%. 
 
 
 
 
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8 - Como é a composição do cigarro? 
O cigarro contém mais de sete mil substâncias, sendo conhecidas em torno de 4700, 
distribuídas como fase gasosa e fase particulada. 
• O constituinte mais importante da fase gasosa é o nitrogênio, numa proporção de 55% 
a 72% do total; em seguida aparecem o oxigênio com 9,2% a 14,3%; o gás carbônico 
com 6,9% a 13,4% e o monóxido de carbono com 1,9% a 6,3%. Outras 500 
substâncias (benzeno, amônia, tolueno, acetaldeído, acroleína etc) encontram-se na 
fase gasosa do cigarro; 
• A fase particulada do cigarro contém, pelo menos, 3.500 outras substâncias (alcatrão, 
nicotina, colesterol, fenol, ácido fórmico, ácido acético, chumbo, cádmio, zinco, níquel 
etc). O tabaco contém, ainda, substâncias radioativas, tais como o rádio-226 e polônio-
210. Os fertilizantes fosfatados são a principal fonte destes radioelementos. 
 
9 - O que é a corrente principal e a corrente secundária da fumaça do cigarro e quais as 
suas importâncias? 
A corrente principal da fumaça do cigarro é a aquela que é filtrada pelo cigarro e diretamente 
inalada pelo fumante, enquanto a corrente secundária é a que sai da extremidade do cigarro 
aceso e se espalha diretamente no ar ambiente. A corrente secundária é o elemento principal 
como poluente do ar ambiente, por não ser filtrada e, consequentemente, ter altas 
concentrações dos materiais tóxicos gasosos e particulados do cigarro. 
10 - O cigarro realmente causa dependência? Qual a melhor maneira de se referir ao uso 
do cigarro? 
A Organização Mundial de Saúde considera que os termos adição, vício e hábito são 
imprecisos e deveriam ser abandonados. O melhor termo é simplesmente a palavra 
dependência, abandonando, do mesmo modo, os termos dependência física e dependência 
psicológica. 
Dependência a alguma substância é definida como um padrão de má adaptação ao seu uso, 
que leva a intenso prejuízo ou sofrimento, que se tornam aparentes pela ocorrência de, pelo 
menos, três dos seguintes critérios durante o mesmo período de 12 meses: 
Tolerabilidade 
• necessidade crescente da substância para alcançar a intoxicação ou o efeito desejado; 
• efeito grandemente diminuído com o uso da mesma quantidade da substância. 
Síndrome de abstinência 
• a síndrome de abstinência é característica para a substância; 
• a substância é usada para aliviar ou para evitar sintomas da síndrome de abstinência; 
• a substância é tomada em grandes quantidades ou por períodos de tempo mais longos 
do que foi inicialmente planejado. 
Desejo persistente (ou esforço mal sucedido para diminuir o uso da substância) 
• grande quantidade de tempo gasto em conseguir a substância, usar a substância ou 
recuperar-se dos seus efeitos; 
• importantes atividades sociais, ocupacionais ou de recreação são abandonadas ou 
reduzidas por causa do uso da substância; 
• o uso da substância continua, apesar do indivíduo saber que pode ter um problema 
persistente ou recorrente, físico ou psicológico, que provavelmente foi ou será causado 
pelo uso exacerbado da substância. 
 
11 - Qual é a escala prática para avaliação do grau de dependência à nicotina? 
A escala mais conhecida é a de Fagerström, que se baseia no número de pontos obtidos em 
seis perguntas (tabelas 3 e 4). 
 
 
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Tabela 3. Escala de Fagerström para caracterização da dependência à nicotina 
Questões Pontuação 
Quanto tempo após acordar você fuma o seu primeiro cigarro? 
Dentro de cinco 
minutos 
(3 pontos) 
Entre 6-30 
minutos 
(2 pontos) 
Entre 31-60 
minutos 
(1 ponto) 
Após 60 
minutos 
(0 ponto) 
 
Você acha difícil não fumar em lugares proibidos, como igrejas, bibliotecas, 
cinemas, ônibus etc? 
Sim (1 ponto) Não (0 ponto) 
 
Qual o cigarro do dia que te traz mais satisfação? 
O primeiro da manhã (1 ponto) Outros (0 ponto) 
 
Quantos cigarros você fuma por dia? 
Menos de 10 
(0 ponto) 
De 11 a 20 
(1 ponto) 
De 21 a 30 
(2 pontos) 
Mais de 31 
(3 pontos) 
 
Você fuma mais frequentemente pela manhã? 
Sim (1 ponto) Não (0 ponto) 
 
Você fuma mesmo doente, quando precisa ficar de cama a maior parte do 
tempo? 
Sim (1 ponto) Não (0 ponto) 
 
Total 
 
Tabela 4. Conclusão sobre o grau de dependência 
0 a 2 pontos Muito baixo 
3 a 4 pontos Baixo 
5 pontos Médio 
6 a 7 pontos Elevado 
8 a 10 pontos Muito elevado 
* Uma soma acima de 6 pontos indica que, provavelmente, o paciente sentirá desconforto 
(síndrome da abstinência) se deixar de fumar. 
 
12 - Quais as características da nicotina e qual o seu papel na dependência tabagística? 
A nicotina é um alcaloide vegetal básico lipossolúvel e hidrossolúvel. No cigarro ela é 
encontrada na forma ácida, o que a torna absorvível somente pelos alvéolos. Ao contrário, ela 
se encontra na forma básica na fumaça do charuto e do cachimbo, fazendo com que seja 
altamente absorvível pela mucosa oral. Uma vez no pulmão, a nicotina é rapidamente 
transportada pelo sangue aos mais diferentes órgãos, chegando ao cérebro em 7 a 20 
segundos. Um cigarro contém 0,6 a 1,1 mg de nicotina, absorvendo o fumante em torno de 0,1 
a 0,3 mg, por cigarro. 
13 - Como é a ação da nicotina nos receptores específicos? 
A nicotina possui propriedades neuro-psicofarmacológicas características ao se relacionar com 
os sistemas de neurotransmissão. Ela se une a receptores do tipo muscular (localizados na 
união neuromuscular) e do tipo neuronal (localizados nos gânglios autônomos, terminações 
nervosas sensitivas e em várias regiões do sistema nervoso central). A sua ação, em ambos os 
receptores, é a abertura dos canais iônicos e a despolarização das membranas: o efeito nos 
receptores musculares é a transmissão neuromuscular, enquanto que no neuronal, ocorre a 
transmissão ganglionar e a facilitação neurossináptica. Os agonistas para os receptores 
musculares são vários, sendo a acetilcolina o mais importante; nos neuronais, também a 
acetilcolina é um agonista, mas a nicotina tem uma participação importante. A dependência à 
nicotina e a síndrome de abstinência pela sua retirada estão intimamente associadas com as 
ações diretas sobre estes receptores e indiretas, pela sua ação sobre os sistemas de 
neurotransmissão dopaminérgico e noradrenérgico. 
14 - O que faz com que uma pessoa fume? 
Inicialmente, o adolescente fuma para parecer mais velho ou para se parecer com os amigos 
mais velhos, pais ou ídolos. Isso se associaà interferência direta da publicidade do cigarro que 
 
 
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passa a ideia de que fumar está relacionado a um estilo de vida alegre, saudável, esportivo e 
economicamente bem sucedido. 
O fumante de longa data fuma principalmente por três razões, entre outras várias: prazer, 
hábito e dependência. 
• Prazer: de um modo geral o fumante relata que fumar durante ou após o café ou as 
refeições é bastante prazeroso. O número de cigarros neste caso não deveria passar 
de 7 a 9 (café da manhã, café às 10 horas, almoço, outros cafés as 14 e 17 horas, 
jantar e um último cafezinho às 22 horas); 
• Hábito: o fumante, habitualmente, acende um cigarro assim que começa alguma ação 
específica: falar ao telefone, sentar à direção do automóvel, trabalhar no computador, 
participar de reunião. A ocorrência do hábito é constatada pelo relato comum dos 
fumantes de que algumas vezes acendem o cigarro e ao colocá-lo no cinzeiro notam 
que já havia outro cigarro aceso nele. O ato de acender o segundo cigarro foi 
automático, deflagrado pelo início de uma ação que está associada a ele; 
• Dependência: este é o componente mais importante. A nicotina liga-se às células 
cerebrais criando um mecanismo de satisfação. Sempre que a nicotinemia e a 
concentração de nicotina nas células cerebrais diminuem, há um estímulo forte para 
que a nicotina seja reposta. Caso não ocorra a reposição, mecanismos de insatisfação 
são iniciados e vários sintomas desagradáveis ocorrem, constituindo a síndrome da 
abstinência. A dependência da nicotina apresenta as manifestações próprias dos 
dependentes de qualquer outra droga, com a diferença que ela não gera manifestações 
psíquicas, como euforia e agressividade. O ato característico da alta dependência da 
nicotina é representado pela necessidade que o fumante tem de fumar logo após 
acordar de manhã, antes mesmo de tomar o café. Quanto menor esse tempo, maior é 
a sua dependência (lembrar que ele ficou várias horas sem fumar durante o sono, 
diminuindo a sua concentração de nicotina, desencadeando a síndrome de 
abstinência). 
 
15 - Existe algum componente genético que possa fazer com que o indivíduo fume ou 
tenha mais dificuldade de parar de fumar? 
Vários estudos desenvolvidos entre 1958 e 1995, em sete países, mostraram que há uma 
concordância de 74±1,5% para o tabagismo entre pares de gêmeos monozigóticos (MZ) e 
dizigóticos (DZ). O componente herdado para tornar-se fumante regular seria em torno de 50-
60%. Vários genes estão sendo estudados como possíveis candidatos à dependência à 
nicotina, incluindo enzimas que metabolizam a nicotina, subunidades de receptores de nicotina 
e receptores de dopamina que podem modular a resposta à nicotina. Discute-se se o fator 
genético poderia interagir com o fator ambiental, fazendo com que os predispostos 
geneticamente procurassem grupos de convivência mais semelhantes, aumentando a chance 
de se tornarem fumantes. Outra possibilidade é a dependência à nicotina estar associada à 
predisposição de origem psiquiátrica, como estado de depressão e ansiedade. 
A nicotina é metabolizada pela enzima CYP2A6. Existe a hipótese de que as pessoas que 
tenham pelo menos um alelo defeituoso desta enzima tornar-se-ão menos prováveis de serem 
fumantes porque, ao iniciarem com o cigarro, sofrerão mais intensamente os efeitos adversos 
da nicotina, pelo retardo do seu metabolismo. Um estudo americano (do Instituto M.D. 
Anderson Cancer Center, Houston, EUA) estudou pessoas com o gene específico DRD2, um 
receptor de dopamina, e concluíram que os portadores do gene DRD2, forma A1 (que é 
herdado do pai), têm mais dificuldade de parar de fumar; os portadores da forma A2 (herdada 
da mãe) respondem bem aos antidepressivos. 
16 - Há evidência que um só cigarro seja lesivo ao pulmão? 
Com o desenvolvimento de técnicas que medem as substâncias exaladas, pode-se constatar 
que há aumento significante do peróxido de hidrogênio no ar expirado após o uso de um único 
cigarro (Guatura. São Paulo Med J 2000;118:93-8). A fumaça de cigarro contém uma alta 
quantidade de radicais livres (da ordem de quatrilhões em cada tragada), os quais, ao entrarem 
em contato com a mucosa das vias aéreas geram radicais superóxidos e peróxido de 
hidrogênio. Estes radicais podem lesar a superfície das mucosas levando a peroxidação 
lipídica e estresse oxidativo. 
17 - É verdade que o fumante tem rugas mais precoces? 
 
 
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Em um trabalho de Kadunce (Ann Int Med 1991;114:840-44) mostrou-se que a prevalência de 
rugas precoces estava independentemente associada ao número de cigarros fumados e à 
exposição ao sol. Os fumantes com mais de 50 anos-maço tinham uma probabilidade de 4,7 
vezes mais do que os não fumantes de apresentarem rugas. A exposição ao sol de mais de 50 
mil horas aumentava a chance de aparecerem rugas em 3,1 vezes. A associação de exposição 
ao sol e o uso de cigarro era multiplicativo e a chance para o desenvolvimento de rugas era 12 
vezes. A razão para o aparecimento de rugas precoces nos fumantes seria a vasoconstrição 
cutânea causada pela nicotina e o monóxido de carbono, alterando a capacidade da pele 
produzir colágeno. Também poderia contribuir para a degradação do colágeno, a enzima 
metaloproteinase 1, habitualmente aumentada nos fumantes. 
Estudos posteriores vieram a confirmar que a intensidade das rugas está associado a maços-
ano fumados, independente da idade (Koh, Intern J Dermatol 2002). Mais recentemente (Patel, 
Thorax 2006) descreveu que as rugas tinham prevalência alta em pacientes com DPOC e que 
havia associação negativa entre VEF1 mais baixo e aumento de rugas. 
18 - Há alguma relação entre o sexo e a sensibilidade ao tabagismo para 
desenvolvimento da DPOC? 
Foi realizada uma análise em profundidade de dois estudos de base populacional 
(Copenhagen City Heart Study e o Glostrup Population Studies), com 13.897 e 4.814 
indivíduos, respectivamente, aonde se estudou não só o declínio do VEF1, mas também outros 
parâmetros que expressam um indicador mais sensível de morbidade e do impacto da doença, 
como a necessidade de hospitalização. Os homens apresentaram uma exposição e consumo 
superior de tabaco, com uma proporção maior de fumantes e de inaladores, assim como maior 
tempo fumando do que as mulheres. A análise de regressão de Cox, utilizando a exposição em 
anos/maço, mostrou um risco superior de hospitalização para as mulheres com qualquer 
consumo, embora sem alcançar significado estatístico, com uma razão de risco de mulher-
homem de 1,3 no grupo do Copenhagen City e de 1,9 no Glostrup. Outra análise que levou em 
conta a inalação, o consumo de tabaco e os anos fumando, novamente mostrou que as 
mulheres têm maior probabilidade de hospitalização: 1,5 no Copenhagen City e 3,6 no 
Glostrup. Os autores concluem que a condição de ser mulher confere um maior impacto do 
tabaco sobre a função pulmonar e maior risco de hospitalização por DPOC (Prescott. Eur 
Respir J 1997;10:822-7). 
19 - Que ações de intervenção no tabagismo podem ser adotadas nos consultórios e 
durante as consultas médicas? 
Na sala de espera: 
• exibir cartazes de "proibido fumar"; 
• retirar cinzeiros; 
• combinar com toda a equipe de saúde a proibição de fumar no ambiente médico; 
• criar oportunidades para que seu paciente peça ajuda para largar o cigarro, por 
exemplo, incluindo folhetos sobre o abandono do tabagismo entre os materiais de 
leitura da sala de espera ou exibindo filmes educativos em vídeo. 
Anamnese e exame físico: 
• incorporar perguntas sobre tabagismo, quais sejam: 
o número diário de cigarros; 
o número de anos fumando; 
o tentativas anteriores de abandono: tempo de abstinência, problemas 
enfrentados; 
• perguntar sobre os sintomas relacionados ao tabagismo, como: 
o tosse; 
o produção de catarro; 
o dificuldade respiratória; 
o infecções respiratóriasrecorrentes; 
• rever histórico familiar relacionado ao fumo, tais como: 
o doença coronariana; 
o doença pulmonar obstrutiva crônica; 
o câncer; 
• transformar o exame físico em intervenção: 
o dar mais ênfase ao exame cardiovascular e dos pulmões; 
o aferir a pressão arterial; 
 
 
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o explicar a relação entre tabagismo e esses sistemas; 
o relacionar sintomas detectados ao tabagismo; 
o discutir os benefícios físicos, em curto prazo, de parar de fumar. 
Exames laboratoriais: 
• utilizar exames laboratoriais para individualizar a mensagem, por exemplo: 
o medir o pico do fluxo expiratório; 
o medir a saturação de oxigênio; 
o realizar espirometria. 
Diagnóstico e plano de tratamento: 
• incorporar o abandono do tabagismo ao plano de tratamento: 
o quando um paciente tem diagnóstico de doenças relacionadas ao tabaco ou 
sua doença é exacerbada pelo fumo, enfatizar a importância do abandono do 
tabagismo para o tratamento da doença; 
o quando receitar algum medicamento que possa interagir com o fumo, informar 
o paciente sobre essas interações; 
o aproveitar os retornos para reforçar a importância em parar de fumar e para 
controlar o progresso do paciente que está largando o cigarro. 
 
20 - O que é a abordagem cognitivo-comportamental como método de cessação de 
fumar? 
Como o próprio nome indica, é transmitir conhecimentos ao fumante e ensiná-lo técnicas ou 
estratégias que possam modificar o seu comportamento. Os principais componentes desta 
abordagem são: 
• detectar as situações de risco de recaída; 
• o desenvolvimento de estratégias para enfrentar tais situações. Estas técnicas podem 
ser: automonitoração, controle de estímulos, relaxamento e técnicas aversivas. O que 
se pretende é que o próprio fumante se controle e consiga mudar seu comportamento. 
A mudança de comportamento é um processo dinâmico e um modelo foi criado, baseado no 
fato que o fumante deve passar por etapas: 
Pré-contemplação: o fumante não considera a possibilidade de uma mudança de 
comportamento e nem se preocupa com a questão; ele não considera a possibilidade de deixar 
de fumar nos próximos seis meses; 
Contemplação: admite que o tabagismo é um problema, pretende parar nos próximos seis 
meses, mas ainda é ambivalente; 
Ação: pretende efetivamente parar de fumar e neste período já são tomadas medidas para 
livrar-se do fumo, inclusive na mudança de condições ambientais; 
Manutenção: é uma fase que requer um trabalho contínuo por parte do fumante e do agente 
de saúde envolvido no processo, para diminuir a chance de recaída. Podem estar envolvidas 
mudanças de comportamento da pessoa, para que esta se mantenha sem fumar (como deixar 
de tomar café e iniciar exercício físico, por exemplo). A idéia por detrás deste esquema é que o 
indivíduo sempre seja estimulado a passar de um estágio a outro, focado no objetivo de cessar 
de fumar. 
21 - Existe comprovação científica de que os métodos cognitivos comportamentais 
aumentam o índice de cessação do tabagismo? 
Sim. Estudos mostram que quanto maior o tempo de abordagem, assim como o número de 
abordagens, maior o índice de sucesso de cessação do tabagismo. No entanto, abordagens 
com um tempo total maior que 90 minutos não levam a aumento adicional na taxa de 
abstinência (Fiore et al 2000). Quando comparadas situações em que nenhum aconselhamento 
é dado ao fumante e abordagens de menos de três minutos, há um aumento na cessação do 
tabagismo em 30%, a abordagem de 3 a 10 minutos aumenta em 60% e a abordagem de 10 
minutos aumenta em mais de 100%. 
22 - O que é o método PAPA preconizado pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer) como 
abordagem ao fumante? 
Esta sigla quer dizer Pergunte/Aconselhe/Prepare/Acompanhe. Esta abordagem não deverá 
tomar mais que 10 minutos e deveria ser parte integrante do atendimento de qualquer 
profissional da área de saúde (enfermeiro, fisioterapeuta, médico). 
 
 
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• Pergunte a todo paciente se ele já pensou em parar de fumar; se ele responder 
positivamente, colha todas as informações referentes à sua história tabagística, 
incluindo as tentativas anteriores; 
• Aconselhe, sempre, o paciente deixar de fumar, dizendo que como seu médico, 
fisioterapeuta, enfermeiro, você se importa com a sua saúde e que acha muito 
importante que ele deixe de fumar, de um modo que o paciente sinta o seu interesse 
particular nele. Prepare o fumante para deixar de fumar; marque uma data que esteja 
próxima, talvez coincidindo com uma data que seja importante para ele (aniversário de 
casamento, dia dos pais, dia das mães). Estimule-o a fazer exercícios (servem para 
diminuir o estresse, além de que adeptos de exercício estão mais preocupados com a 
saúde e tendem a não ter vícios), ler material de auto-ajuda, ter vida saudável, evitar os 
gatilhos que lhe faziam fumar e, acima de tudo, coloque-se à sua disposição; 
• Prepare o paciente para a cessação do tabagismo, sugerindo que ele marque uma 
data para parar de fumar. É importante explicar os sintomas da abstinência e sugerir 
estratégias para controlar a vontade de fumar (tomar água, chupar balas, mascar 
chicletes) e quebrar os estímulos associados ao fumo (restringir o uso de café e 
bebidas alcoólicas, desfazer-se de isqueiros, evitar situações de estresse e ambientes 
que estimulem o uso de cigarro); 
• Acompanhe todo o transcorrer do processo de cessação de fumar, marcando retornos 
para discutir o progresso e os problemas enfrentados que possam levar à recaída. A 
síndrome de abstinência é mais intensa nas duas primeiras semanas, portanto, marque 
um retorno neste período. 
 
23 - Quais informações devemos dar aos pacientes que estão deixando de fumar? 
Oriente em relação à síndrome de abstinência. Nas primeiras 24 horas podem ocorrer: desejo 
intenso por cigarros, irritabilidade, dificuldade de concentração, inquietação, insônia, cefaleia, 
tontura e distúrbios gastrintestinais. 
Os pacientes precisam saber também que: 
• os sintomas físicos da abstinência são passageiros, durando de uma a duas semanas; 
• eles terão apoio médico durante esse período difícil; 
• mesmo superando os sintomas de abstinência, ex-fumantes podem continuar sentindo 
desejo de fumar devido à dependência psicológica; 
• qualquer que seja o tratamento escolhido, ele terá apoio permanente; 
• recaídas acontecem e não devem ser tomadas como fracasso total; 
• algumas pessoas só deixam de fumar após sete tentativas ou mais. 
 
24 - Quais são as perguntas rotineiras sobre o consumo tabagístico que devem ser feitas 
ao paciente durante a consulta? 
• "Você fuma?" ou "Você continua fumando?"; 
• "Há quanto tempo?" ou "Com que idade começou?"; 
• "Quantos cigarros por dia você fuma em média?"; 
• "Quanto tempo após acordar você fuma seu primeiro cigarro?"; 
• "Você está interessado em parar de fumar?"; 
• "Você já tentou parar de fumar antes?", em caso afirmativo: "O que aconteceu?". 
 
25 - Quais são as perguntas a serem feitas se houver recaída? 
• "O que aconteceu?"; 
• "O que estava fazendo nessa hora?"; 
• "Como se sentiu ao fumar seu primeiro cigarro?"; 
• "Você já pensou em nova data para parar de fumar?". 
 
26 - O que mais se pode falar com o fumante durante a consulta que poderia estimulá-lo 
a deixar de fumar? 
• Para os adolescentes: 
o mau hálito; 
o vestes e cabelos impregnados pelo odor do fumo; 
o dores de garganta; 
o tosse; 
 
 
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o infecções respiratórias freqüentes; 
o falta de ar; 
o mau desempenho nas atividades esportivas; 
o despesas com cigarro; 
o perda da independência - "ser controlado pelo cigarro". 
• Para as mulheres grávidas: 
o risco aumentado de aborto espontâneo e morte fetal; 
o risco aumentado de imaturidade pulmonar do feto; 
o risco aumentado de recém-nascido com baixo peso ao nascer.• Para os pais: 
o bronquite, alergias e infecções respiratórias mais freqüentes entre crianças de 
pais fumantes; 
o mau exemplo para os filhos. 
• Para os adultos assintomáticos: 
o risco duplicado de doença cardíaca; 
o seis vezes maior o risco de enfisema pulmonar; 
o dez vezes maior o risco de câncer de pulmão; 
o esperança de vida encurtada de cinco a oito anos; 
o despesa aumentada com cigarros; 
o despesa aumentada com tratamento de doenças ligadas ao cigarro; 
o respiração difícil; 
o hábito socialmente inadequado por causar doenças naqueles que não fumam; 
o envelhecimento precoce com aparecimento de rugas; 
o dentes e pontas dos dedos escuros. 
• Para os adultos sintomáticos: 
o infecções das vias aéreas inferiores e superiores; 
o tosse; 
o dor de garganta; 
o doenças nas gengivas; 
o dispnéia; 
o úlcera do trato digestivo; 
o angina; 
o claudicação; 
o osteoporose; 
o esofagite; 
o impotência sexual; 
o redução do desempenho das atividades físicas. 
• Para os fumantes recentes: 
o mais fácil parar agora; 
o menos risco de adoecer. 
• Para qualquer fumante: 
o garantia de que outros não sejam afetados pelos males da sua fumaça; 
o economia de dinheiro; 
o melhora da resistência física para exercícios; 
o melhora da qualidade de vida; 
o sensação de bem estar e certeza de ter conquistado algo importante para si. 
 
27 - Quais são as principais doenças associadas ao uso do cigarro? 
• Câncer: 30% de todos os cânceres são relacionados ao cigarro. Os principais são os 
cânceres de pulmão (o cigarro é o responsável em 85% dos casos), boca, laringe, 
faringe, estômago, pâncreas, rim, bexiga e colo do útero; 
• Doenças coronárias: responsável por 25% dos infartos e anginas; 
• Doença pulmonar obstrutiva crônica: 85% dos pacientes com bronquite crônica e 
enfisema são fumantes; 
• Acidente vascular cerebral: 25% das ocorrências de derrame cerebral; 
• O cigarro ainda está bastante relacionado ao desenvolvimento de úlceras 
gastroduodenais e infecções respiratórias. 
 
28 - O charuto também causa câncer, doença coronariana e DPOC? 
 
 
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Sim. Publicação do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos chegou às seguintes 
conclusões: 
• fumar charuto causa câncer de pulmão e o risco está diretamente relacionado ao 
número de charutos fumados por dia e à profundidade com que a fumaça é tragada; 
• os riscos para câncer de boca e de faringe são semelhantes aos do fumante de cigarro 
(7 a 10 vezes mais altos do que os de não fumantes); 
• câncer de laringe é elevado entre os fumantes de charuto, aproximando-se do risco 
dos fumantes de cigarro para os que fumam 5 ou mais charutos por dia ou que tragam 
a fumaça; 
• câncer de esôfago é várias vezes mais freqüente nos fumantes de charuto do que 
entre os não fumantes; 
• não há dados suficientes para se chegar a alguma conclusão sobre a incidência do 
câncer de bexiga; 
• a taxa de câncer pancreático é mais elevada e está diretamente relacionada ao número 
de charutos fumados por dia. 
Ainda segundo o relatório do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, os estudos 
demonstram que há risco aumentado para doenças coronarianas para os fumadores de 
charutos, estando essa taxa diretamente relacionada ao número de charutos fumados por dia e 
à profundidade com que o indivíduo traga a fumaça. Quanto a DPOC, o seu aparecimento está 
mais relacionado ao volume de fumaça tragada. 
29 - O que é tabagismo passivo? 
Este termo refere-se à inalação da fumaça do cigarro por pessoas não fumantes e que estão 
no ambiente em que pessoas estão fumando. A quantidade de fumaça inalada depende do 
tamanho do ambiente, da ventilação e do número de cigarros fumados pelas pessoas. O 
cigarro é considerado como o maior poluente doméstico ambiental pela Organização Mundial 
da Saúde, tendo em vista que 80% do tempo as pessoas passam em ambiente fechado. 
Nestes ambientes fechados nos quais se fuma, tem-se um número muito elevado de partículas, 
bem acima do nível aceitável de poluição ambiental, que é em torno de 60 mcg/cm³ de 
partículas suspensas respiradas: ambientes de festa, 200 mcg/cm³; bar e restaurantes, 400 
mcg/cm³; sala de jogos, 600 mcg/cm³. 
Em relação ao monóxido de carbono, é considerado como boa qualidade do ar, quando existe 
uma concentração de 9 partes por milhão (9 ppm); a concentração máxima permitida no ar 
ambiente é de 30 ppm e no trabalho é de 50ppm. Quando o ar das cidades alcança uma 
concentração de 40 ppm de CO, medidas urgentes e adequadas para o controle de poluição 
têm que ser acionadas. Em um ambiente de 1000 metros quadrados, com 25 fumantes 
consumindo 4 cigarros/hora cada um, a concentração de monóxido de carbono chega a 100 
ppm. Deve-se lembrar que experimentos de indução de enfisema em ratos são realizados 
fazendo-os inalar fumaça de cigarro por 2 horas com concentração de 50 ppm de monóxido de 
carbono, por 2 meses (Falando sobre tabagismo, INCA 1996). 
30 - Que comprovação existe de que as pessoas não fumantes estão inalando a fumaça 
do ambiente? 
A dosagem de cotinina (um metabólito da nicotina) na urina, quando a pessoa convive com um 
a cinco fumantes no trabalho, pode chegar a 0,6 mcg/mg Cr, em contraste com o valor próximo 
de zero quando não há nenhum fumante em casa ou no trabalho. Quando há pessoas na casa 
que fumam uma grande quantidade de cigarro e há mais de seis fumantes no ambiente de 
trabalho, a concentração de cotinina urinária alcança 1,2 mcg/mg Cr (esta concentração 
equivale a 1 ou 2 cigarros "fumados"). 
Há alguns anos atrás, o grupo de anti-tabagismo da Universidade Federal da São Paulo mediu 
a concentração de monóxido de carbono no ar exalado e a concentração de nicotina na saliva 
de garçons, não fumantes, no início e no final da jornada de trabalho. Houve um aumento de 
mais de cinco vezes em ambas as medidas (São Paulo Medical J 2000;118:89-92). Uma outra 
pesquisa realizada no berçário dos filhos de funcionários da UNIFESP (Ribeiro e col, São Paulo 
Medical J 2001) mostrou, claramente, que os filhos de pais fumantes tinham muito mais 
infecções respiratórias. 
31 - As crianças são afetadas pelo tabagismo passivo de uma forma particular? 
 
 
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Sim, antes e após o nascimento. Hoje está comprovado que filhos de mães fumantes nascem 
com menos peso e estatura mais baixa. Além disso, ocorrem mais abortamentos espontâneos, 
há mais nascimentos prematuros, mais complicações placentárias e maior incidência de 
hemorragia. 
Quanto às crianças até um ano de idade, as infecções respiratórias (pneumonias, bronquites e 
bronquiolites) praticamente dobram a frequência (de 15% para 30%) quando há um fumante na 
residência; as infecções acometem 40% das crianças quando há dois fumantes e chegam a 
50% se há mais de dois fumantes no domicílio. Recentemente o grupo de anti-tabagismo da 
Universidade Federal de São Paulo fez um levantamento entre as crianças do berçário da 
Escola Paulistinha, onde ficam os filhos de funcionários da Unifesp, e encontrou resultados 
muito semelhantes, demonstrando a importância negativa dos pais fumantes nos domicílios 
aonde co-habitam crianças pequenas. 
32 - É verdade que as pessoas que deixam de fumar sempre ganham peso? 
Realmente, não é incomum que as pessoas que deixam de fumar ganhem certo peso. Estima-
se que 80% dos ex-fumantes aumentem de peso, sendo este aumento médio de 2,5 Kg em um 
ano; um terço dos ex-fumantes pode ganhar até 8 kg. Não se sabe, exatamente, porque os ex-
fumantes ganham peso, mas eles relatam um aumento da vontade de comer hidratos de 
carbono. Acredita-se que este desejo esteja associado a alguma alteração do metabolismo do 
sistema dopamina-serotonina-noradrenalina. O uso da bupropiona, que age nesta via 
metabólica como uma medicação adjuvante no processo de deixar defumar, pode diminuir 
este desejo, o que não deixa de ser um fator positivo. Desde o inicio do tratamento, os 
fumantes deveriam ser orientados a terem uma dieta mais adequada a esta fase e estimulados 
a realizar exercício físico. Estas simples medidas poderiam ajudá-los a não ganhar peso. 
33 - Qual farmacoterapia está disponível para uso no tratamento do tabagismo? 
As bases da terapia contra o tabagismo são as medidas cognitivo-comportamentais. Contudo, 
algumas medicações são eficazes em auxiliar o indivíduo que quer parar de fumar, e podem 
ser divididas em medicamentos nicotínicos e não-nicotínicos. 
• Medicamentos nicotínicos: ou terapia de reposição de nicotina (TRN). Consiste em 
formas de liberação lenta (adesivos) e rápida (aerossol, inalador) de nicotina. As 
formas de liberação rápida ainda não são disponíveis no nosso mercado. Entretanto, a 
goma de mascar pode ser reconhecida como de liberação rápida de nicotina, mas não 
tão rápida quanto as formas inalatórias, e por isto é utilizada para uso quando o 
paciente sente vontade de fumar; 
• Medicamentos não-nicotínicos: são os antidepressivos bupropiona e nortriptilina, o anti-
hipertensivo clonidina e a vareniclina, desenvolvida exclusivamente para o tratamento 
do tabagismo. 
 
34 - Quais os critérios para utilização da farmacoterapia? 
A terapia de reposição de nicotina, a bupropiona e a vareniclina são consideradas drogas de 1ª 
linha e devem ser usadas preferencialmente. A nortriptilina e a clonidina são medicamentos de 
2ª linha e somente são indicadas após insucesso das medicações de 1ª linha. 
Para a prescrição de medicação, o Ministério da Saúde e o INCA recomendam que o indivíduo 
se enquadre em pelo menos uma das categorias abaixo: 
• fumantes, com história de 20 ou mais cigarros ao dia; 
• fumantes de mais de 10 cigarros ao dia no mínimo, mas que fumam o 1º cigarro até 30 
minutos após acordar; 
• fumantes com escore de Fageström igual ou maior que 5, ou avaliação individual, a 
critério do profissional; 
• fumantes que já tentaram parar de fumar anteriormente apenas com a abordagem 
cognitivo-comportamental, mas não obtiveram êxito devido aos sintomas da síndrome 
de abstinência; 
• não haver contra-indicações clinicas (condição obrigatória). 
Inicialmente deve-se optar por uma medicação de 1ª linha, sendo a escolha de acordo com a 
avaliação individual do paciente pelo profissional de saúde. Em caso de falha, a associação de 
goma de mascar ou adesivo com a bupropiona ou com a vareniclina, ou até mesmo de goma 
 
 
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de mascar com adesivo de nicotina aumenta as taxas de sucesso. Deve ser lembrado que a 
associação de bupropiona com terapia de reposição de nicotina pode levar a hipertensão 
arterial. Nestes casos a pressão deve ser monitorizada e, em caso de hipertensos, a 
associação de duas formas de reposição de nicotina ou vareniclina pode ser preferível. 
Devido os efeitos colaterais e poucos estudos científicos, a clonidina e a nortriptilina só devem 
ser usadas em caso de falha da medicação de primeira linha e sob supervisão médica. 
 
 
35 - Como funciona a bupropiona? 
A bupropiona foi desenvolvida como um medicamento antidepressivo, mas ao longo do tempo 
constatou-se que as pessoas que faziam uso dela diminuíam muito a vontade de fumar. 
Atualmente, a sua indicação é, basicamente, como adjuvante para o tratamento antitabagismo. 
O mecanismo exato de como a bupropiona age diminuindo a vontade de fumar não é 
totalmente conhecido. Este medicamento é um inibidor da recaptação da norepinefrina, da 
serotonina e da dopamina pelas células nervosas, fazendo crer, portanto, que seu mecanismo 
de ação esteja associado aos sistemas dopaminérgicos ou noradrenérgicos. Estudos em ratos 
expostos por longo tempo à bupropiona mostraram uma concentração aumentada de 
dopamina no interstício do nucleus accumbens. Este aumento de dopamina é um componente 
da via de "recompensa" e poderia ser responsável pela diminuição da vontade de fumar que é 
associada ao vício da nicotina. Por outro lado, já se demonstrou que a bupropiona diminui a 
ativação dos neurônios noradrenérgicos no locus ceruleus de ratos, que seria a responsável 
pela diminuição dos sintomas da síndrome da abstinência. 
36 - Existem contra-indicações para o uso de bupropiona? 
A bupropiona está indicada para fumantes acima de 18 anos. Ela está contra-indicada em 
pacientes que têm história de convulsão, doenças cérebro-vasculares, tumor do sistema 
nervoso central, convulsão febril na infância, alcoólatra em fase de retirada do álcool, anorexia 
nervosa e bulimia. Há um risco maior que o normal destes indivíduos apresentarem convulsões 
com o uso da bupropiona. Como a incidência de convulsões é diretamente relacionada à dose 
de bupropiona, os fumantes em uso de qualquer outro medicamento que tenha bupropiona em 
sua fórmula deveriam utilizar outro método para o tratamento antitabagístico.. Não se deve 
administrar bupropiona a pacientes que estão recebendo ou receberam, há menos de 15 dias, 
inibidores da monoaminooxidase (IMAO). 
Em casos de hipertensão arterial, não há contra-indicação, apenas um maior rigor no controle 
da pressão deve ser adotado devido ao risco da elevação ser maior. 
37 - Como se usa a bupropiona? 
A bupropiona é vendida em caixas de 60 comprimidos de 150 mg. Do primeiro ao terceiro dia 
de tratamento deve ser prescrito um comprimido ao dia; a partir do quarto dia altera-se a 
posologia para dois comprimidos diários com intervalo mínimo de oito horas entre as doses. 
Deve-se evitar tomar a medicação próxima à hora de dormir, pois ela pode precipitar insônia. A 
partir do oitavo dia de tratamento o paciente deve interromper completamente o tabagismo. 
As vantagens da bupropiona são o seu uso oral, que traz maior aderência ao tratamento, e a 
não reposição de nicotina. A sua desvantagem é justamente a não reposição da nicotina, que é 
a responsável pela dependência física e a causadora da síndrome de abstinência. 
A associação dos dois medicamentos é recomendável, de acordo com a observação da 
evolução dos pacientes. Deve-se ter sempre em mente que o deixar de fumar é bastante 
desagradável para a maioria dos fumantes e não há razão em deixá-los sofrer. Com certeza, o 
uso da bupropiona e a reposição de nicotina tornam muito mais aceitável o ato de cessar de 
fumar. 
38 - O que é uma terapêutica de reposição de nicotina? 
É aquela que tem por objetivo diminuir o quadro da síndrome de abstinência, aumentando a 
aderência do paciente ao seu propósito de parar de fumar. O uso de qualquer um dos modos 
de reposição de nicotina dobra o índice de sucesso ao longo do tempo, em relação ao uso de 
placebo. 
 
 
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39 - Como se usa a terapêutica de reposição de nicotina? 
No nosso meio, há dois modos para se repor a nicotina, o adesivo transcutâneo e a goma de 
mascar. 
Adesivo transcutâneo: os adesivos do mercado contêm 21, 14 ou 7 mg de nicotina. Eles são 
colocados sobre a pele uma vez ao dia e liberam a nicotina lenta e constantemente durante as 
24 horas. Ao contrário do cigarro, que promove um pico de alta concentração no sangue 
arterial e cérebro, a concentração plasmática de nicotina pelo adesivo sobe menos 
rapidamente e não alcança o mesmo pico, mantendo a concentração estável durante o dia. 
Goma de mascar: a goma é apresentada na forma de tabletes mastigáveis, tendo como 
componente ativo 2 mg de nicotina na forma de resinato. A concentração plasmática de 
nicotina por uso de goma de mascar é mais baixa que a do adesivo e o seu pico é alcançado 
em um tempo mais longo que o do adesivo. A absorção é diminuída com bebidas e café. 
O grupo que mais se beneficia com a reposição de nicotina é o de fumantes de mais de 15 
cigarros ao dia (não se tem um bom termo, alguns chamam de fumantes pesados, que não 
achamos que seja adequado)e os pacientes que já tentaram parar anteriormente e tiveram 
dificuldade pela síndrome da abstinência. 
Deve-se lembrar que 80 a 90% das pessoas que deixam de fumar o fazem por decisão própria 
e sem auxílio de qualquer droga. No entanto, é nossa opinião que, uma vez existindo no 
mercado métodos de reposição de nicotina, eles sempre deveriam ser utilizados para abrandar 
os sintomas de síndrome de abstinência. Por outro lado, deve ficar claro que a terapia de 
reposição de nicotina não é milagrosa e o seu sucesso aumenta muito com aconselhamento e 
acompanhamento por um profissional com experiência na área cognitivo-comportamental. 
40 - Como deve ser usada a goma de mascar de nicotina e quais as suas vantagens? 
O tablete deve ser colocado na boca e mastigado até que se sinta um gosto amargo de 
nicotina ou formigamento na boca. Neste momento a nicotina está sendo liberada e o fumante 
deve parar de mastigar e acomodar o tablete entre a gengiva e a bochecha. No momento em 
que o sabor ou o formigamento desaparece, ele deve voltar a mastigar o tablete até sentir o 
mesmo efeito. Este procedimento deve-se repetir por 25-30 minutos. Um tablete deveria ser 
utilizado a cada uma ou duas horas, ou de acordo com a necessidade. O uso pode ser 
programado para ser decrescente ao longo de três meses. Uma proposta do Ministério da 
Saúde e do INCA é a seguinte: 
• pacientes que fumam até 20 cigarros/dia e fumam seu 1º cigarro nos primeiros 30 
minutos após acordar: 
o semana 1 a 4: 1 tablete 2 mg a cada 1 a 2 horas; 
o semana 5 a 8: 1 tablete 2 mg a cada 2 a 4 horas; 
o semana 9 a 12: 1 tablete 2 mg a cada 4 a 8 horas. 
• pacientes que fumam mais de 20 cigarros/dia: 
o semana 1 a 4: 2 tabletes 2 mg a cada 1 a 2 horas; 
o semana 5 a 8: 1 tablete 2 mg a cada 2 a 4 horas; 
o semana 9 a 12: 1 tablete 2mg a cada 4 a 8 horas. 
A grande vantagem da goma é que ela é usada de forma específica, o fumante masca quando 
sente necessidade. 
41 - O fumante pode ficar viciado no uso da goma de mascar com nicotina? 
Pode. Há relatos que até 10% dos que utilizam esse método podem ter dificuldade em deixar a 
goma. É difícil saber se o fumante criou uma nova dependência ou se está mantendo sua 
dependência à nicotina. De qualquer modo, a concentração plasmática que é alcançada com o 
uso do tablete com nicotina é bem mais baixa que a alcançada pelo uso do cigarro e, além 
disso, deve-se sempre pensar na vantagem de que o tablete não possui as outras 4.700 
substâncias que o cigarro tem, incluindo as 40 a 60 substâncias que causam câncer. 
42 - Há contra-indicações do uso de goma de mascar de nicotina? 
Sim. Incapacidade de mascar, úlcera péptica, período de 15 dias após episódio de infarto 
agudo do miocárdio. Em caso de gestantes, é preferível usar a goma que o adesivo, devido ao 
nível contínuo de nicotina proporcionado pelo adesivo. 
 
 
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43 - Como deve ser utilizado o adesivo transcutâneo de nicotina na terapêutica de 
reposição e quais as suas vantagens e desvantagens? 
O adesivo é colocado diariamente, pela manhã, e trocado a cada 24 horas. Há uma absorção 
de 0,9 mg de nicotina por hora. Deve ser aplicado em uma região do corpo sem pêlos, para 
que possa ficar bem aderido e o local deve ser trocado a cada dia para evitar irritação cutânea. 
O efeito adverso mais comum é o prurido local, que é frequente nos primeiros dias e tende a se 
abrandar e desaparecer logo após as primeiras aplicações. É incomum que o paciente não 
suporte seu uso diário. Efeitos colaterais menos frequentes são insônia e pesadelos. O fumante 
deveria ser recomendado, explicitamente, para não fumar durante o uso do adesivo para não 
ocorrer superconcentração plasmática de nicotina. Deve-se começar com adesivo de 
concentração mais alta e trocar para o adesivo com concentração abaixo a cada quatro 
semanas. O tratamento deve durar, em média, doze semanas. O uso mais prolongado pode 
ser mantido se houver necessidade. 
A vantagem do adesivo é sua liberação contínua, sem o inconveniente de se ter que mastigar o 
tablete (pode-se estar no meio de uma reunião ou em algum outro local que não seja possível 
o seu uso). Por outro lado, a concentração constante promovida pelo adesivo não reflete as 
flutuações da concentração plasmática pelo uso do cigarro, que parece ser um fator de 
satisfação, o que a goma consegue mimetizar. 
44 - Qual a posologia do adesivo transcutâneo e suas contra-indicações? 
Pacientes com escore de Fageström entre 8 e 10, e/ou fumante de mais de 20 cigarros por dia, 
utilizar: 
• semana 1 a 4: adesivo de 21 mg a cada 24horas; 
• semana 5 a 8: adesivo de 14 mg a cada 24horas; 
• semana 9 a 12: adesivo de 7 mg a cada 24horas. 
Pacientes com escore de Fageström entre 5 a 7, e/ou fumantes de 10 a 20 cigarros por dia e 
que fumam seu primeiro cigarro nos 30 primeiros minutos após acordar, utilizar: 
• semana 1 a 4: adesivo de 14 mg a cada 24horas; 
• semana 5 a 8: adesivo de 7 mg a cada 24horas. 
O adesivo é contra-indicado em casos de doenças dermatológicas que impeçam sua aplicação, 
período de 15 dias após episódio de infarto agudo do miocárdio, gestação e amamentação. 
45 - Como age a vareniclina no tratamento do tabagismo? 
A vareniclina é um agonista parcial dos receptores nicotínicos colinérgicos subtipo α4β2, 
localizados no sistema nervoso central (SNC). Os efeitos da nicotina responsáveis pelo 
desenvolvimento da dependência parecem ser mediados em parte pela ação agonista da droga 
sobre esses receptores. A ativação dos receptores α4β2 pela nicotina aumenta a liberação de 
dopamina no nucleus accumbens e no córtex pré-frontal, efeito comum à maioria das 
substâncias que geram dependência, embora a via neurotransmissora seja distinta. A 
vareniclina apresenta alta afinidade para esses receptores, porém os ativa apenas 
parcialmente, ou seja, promove a liberação de apenas 30 a 60% da quantidade de dopamina 
que normalmente é liberada pela estimulação da nicotina. A cessação do tabagismo gera 
redução significativa de dopamina no sistema límbico, situação que tem sido associada à 
vontade de fumar e à síndrome de abstinência, levando o indivíduo a buscar o cigarro. Assim, o 
aumento sustentado e moderado de dopamina no SNC alcançado com a vareniclina seria 
capaz de contrabalançar esses efeitos negativos da queda de dopamina no SNC. 
Adicionalmente, a vareniclina ao se ligar aos receptores α4β2 compete com a nicotina, 
bloqueando a sua ação sobre esses receptores colinérgicos, de tal maneira que a nicotina não 
produziria elevação dos níveis de dopamina e, conseqüentemente, o cigarro deixaria de 
provocar a sensação de prazer habitualmente experimentada por quem fuma. 
46 - Quais são os resultados dos estudos clínicos envolvendo a vareniclina no 
tratamento do tabagismo? 
A eficácia e segurança da vareniclina foram testadas em diversos estudos clínicos envolvendo 
mais de cinco mil indivíduos tabagistas. 
 
 
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Em estudo randômico, duplo-cego, controlado por placebo, Oncken e colaboradores avaliaram 
a eficácia de diferentes esquemas posológicos com vareniclina. Seiscentos e quarenta e sete 
fumantes participaram do estudo, sendo que os resultados mostraram que a parcela de 
pacientes que se absteve totalmente do tabaco no período compreendido entre a 9ª e 12ª 
semana de tratamento foi significativamente maior no grupo que recebeu a vareniclina quando 
comparado com o grupo placebo (p < 0,001); 40 semanas após o tratamento, a taxa de 
indivíduos que permaneceram abstinentes também foi maior nos grupos de vareniclina (p < 
0,001). 
Dois grandes estudos randômicos, duplo-cegos e controlados por placebo compararam a 
eficácia da vareniclina e da bupropiona em relação á cessação do tabagismo. Gonzáles e 
Jorenby avaliaram respectivamente 1.025 e 1.027 tabagistas. Os pacientes receberam o 
tratamento medicamentoso por12 semanas, e foram acompanhados por mais 40 semanas 
após o término da farmacoterapia. Em ambos os estudos a vareniclina foi significativamente 
mais eficaz do que o placebo em relação á cessação do tabagismo, independente do período 
avaliado. Quando comparada com a bupropiona, as taxas de abstinência do tabagismo, nos 
períodos compreendidos entre a 9ª e 12ª semanas e entre a 9ª e 24ª semanas, foram 
estatisticamente superiores no grupo de pacientes que receberam a vareniclina em ambos os 
estudos. Quando se avaliou todo o período de acompanhamento, ou seja, entre a 9ª e 52ª 
semana, os resultados mostraram que as taxas de abstinência do tabagismo foram superiores 
entre os pacientes tratados com a vareniclina, embora a significância estatística somente foi 
atingida no estudo de Jorenby (23% com a vareniclina vs 14,6% com a bupropiona, p= 0,004). 
47 - Quais são os eventos adversos relacionados ao uso da vareniclina? 
Os estudos mostraram que a vareniclina foi uma droga segura e geralmente bem tolerada. Os 
eventos adversos que ocorreram com maior frequência entre os pacientes tratados com a 
vareniclina foram: náuseas, insônia, cefaleia e sonhos anormais. A tabela 5 mostra os eventos 
adversos que ocorreram com frequência superior a 5%, entre os pacientes que receberam 
vareniclina, no estudo de Gonzáles: 
As náuseas foram classificadas, de acordo com a sua intensidade, em leve/moderada na 
grande maioria dos pacientes que receberam a vareniclina, além de apresentar caráter 
transitório (predominaram nas primeiras duas semanas de tratamento). A descontinuação do 
tratamento com vareniclina devido às náuseas variou de 2,3% a 4,0% nos diferentes estudos. 
Quando se avaliou a descontinuação do tratamento devido a qualquer evento adverso, 
verificou-se que tal fato foi mais frequente entre os pacientes que receberam bupropiona do 
que naqueles que receberam vareniclina. 
Foi descrita a possibilidade do aparecimento de ideias suicidas em pacientes em uso de 
vareniclina. Avaliação minuciosa destes indivíduos mostrou que a maioria deles já tinham 
passado psiquiátrico de depressão e mesmo tentativa de suicídio. Em um estudo de mais de 2 
mil fumantes recebendo vareniclina e acompanhados na vida real, observou-se que a 
incidência de indivíduos que apresentavam estas reações era menos de 2%, sendo novamente 
observado que eles já apresentavam este comportamento anterior ao tratamento. A conclusão 
do estudo é que ao se prescrever vareniclina deve-se avaliar muito bem o paciente e, caso ele 
apresente algum grau de depressão, pode-se prescrever a vareniclina, mas o seguimento deve 
ser mais frequente. 
Tabela 5. Eventos adversos mais frequentes entre pacientes tratados com 
vareniclina. 
Evento adverso Grupo vareniclina Grupo bupropiona Grupo placebo 
Gastrintestinal 
Náusea 28,1% 12,5% 8,4% 
Boca seca 6,6% 8,8% 5,5% 
Flatulência 5,7% 4,3% 2,9% 
Constipação 5,4% 7,0% 3,8% 
Psiquiátrico 
Insônia 14,0% 21,9% 12,8% 
Sonhos anormais 10,3% 5,5% 5,5% 
Irritabilidade 6,0% 5,2% 5,8% 
Distúrbio do sono 5,7% 4,0% 3,8% 
 
 
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Neurológico 
Cefaleia 15,5% 14,3% 12,2% 
Vertigem 6,0% 5,8% 5,8% 
 
48 - Como se prescreve a vareniclina para o tratamento do tabagismo? 
Em maio de 2006, o FDA (órgão dos EUA que é responsável, entre outras coisas, pela 
vigilância farmacológica) aprovou a vareniclina para o tratamento do tabagismo, com a seguinte 
posologia: 
• Dias 1 a 3: 0,5 mg uma vez ao dia; 
• Dias 4 a 7: 0,5 mg duas vezes ao dia; 
• A partir do 8º dia até o fim do tratamento: 1,0 mg duas vezes ao dia. 
O paciente deve ser orientado a interromper com o cigarro no oitavo dia de tratamento. Os 
pacientes que apresentam eventos adversos mais intensos podem ter a posologia reduzida 
temporariamente para 0,5 mg duas vezes ao dia. A duração do tratamento na maioria dos 
estudos foi de 12 semanas, sendo que em um ensaio clínico desenvolvido por Tonstad a 
extensão do tratamento por mais 12 semanas reduziu a taxa de recaída após um ano do início 
da terapêutica. 
49 - Como age a nortriptilina? 
A nortriptilina é um medicamento considerado de segunda linha no tratamento do tabagismo. 
Ele é um antidepressivo tricíclico que bloqueia a recaptação de noradrenalina na pré-sinapse 
aumentando sua concentração na fenda sináptica. Como outros agentes antidepressivos, pode 
haver a necessidade de 3 a 4 semanas para se conseguir o platô terapêutico. A dose inicila é 
de 25 mg via oral, em uma só tomada e pode-se aumentar até 75 a 100 mg. 
50 - Qual o mecanismo da clonidina? 
A clonidina é um medicamento anti-hipertensivo com ação adrenoreceptor α2 com ação 
central, e que na cessação do tabagismo age com a diminuição dos sintomas habituais da 
síndrome de abstinência. Esquema terapêuntico preconiza iniciar com a dose de 100 mcg ao 
dia, podendo-se aumentar a dose para controle da abstinência até 400 mcg. 
51 - Como proceder nos casos de gestantes e nutrizes que fumam? 
As gestantes devem ter atenção especial na abordagem cognitivo comportamental. Em casos 
de falha, devem ser pesados o malefício do cigarro e o uso de medicações para a cessação do 
tabagismo. A farmacoterapia traz riscos para o feto. A terapia de reposição de nicotina com 
goma de mascar deve ser preferida, devido aos níveis mais baixos de nicotina, ao contrário dos 
níveis séricos mais altos e constantes dos adesivos transcutâneos. 
52 - Existe algum estudo sobre o uso de "vacina" antifumo? 
Um desenvolvimento futuro, e que não está longínquo, é a imunoterapia. Ela baseia-se na 
propriedade que esta “vacina” estimula a produção de anticorpos que se acoplam à molécula 
de nicotina. Esta associação, pelo seu maior tamanho do que a nicotina isolada, não permite 
que ela passe a barreira hematoencefálica. As principais vacinas, Nic,Vax, Nic Qb e a TA-NIC, 
encontram-se em estudos já nas fases II/III. 
53 - Os cigarros light são menos nocivos à saúde? 
Os cigarros light têm concentração mais baixa de nicotina, alcatrão e monóxido de carbono e, 
teoricamente, poderiam ser menos nocivos aos fumantes. No entanto, o que faz a pessoa 
dependente fumar é a necessidade de manter uma determinada concentração de nicotina 
plasmática. Assim, os fumadores de cigarros light tendem a fumar um maior número de 
cigarros ou a inalar mais profundamente a fumaça. Além disto, mesmo sendo cigarros ditos 
light ainda permanecem na fumaça todas as substâncias cancerígenas. 
54 - O que é a Convenção Quadro para Controle do Tabaco? 
Convenção Quadro para Controle do Tabaco é o primeiro internacional da história sobre saúde 
pública. É uma iniciativa da (OMS), negociada por 194 países durante quatro anos (1999-
 
 
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2003), motivada por pelo amplo reconhecimento dos graves danos sanitários, sociais e 
econômicos decorrente do uso do . 
Trata-se de um compromisso internacional pela adoção de medidas de restrição ao consumo 
de e outros produtos derivados do tabaco. Os países membros tiveram a primeira reunião 
(fevereiro de ) com outros países interessados na convenção, onde se estabeleceu os 
protocolos internacionais que viseram encontrar culturas alternativas de plantio para os 
produtores de fumo e assim garantir a atividade econômica dessa população. 
A Convenção Quadro contém outras iniciativas para controlar o : proibição da ; educação e 
conscientização da população; proibição de fumar em ambientes fechados; controle do de 
cigarros; tratamento da dependência da nicotina; inserção de mensagens de advertências 
sanitárias fortes e contundentes nas embalagens dos produtos de tabaco; regulação dos 
produtos de tabaco quanto aos seus conteúdos e emissões, entre outras. 
55 - O que são as leis de proibição em locais públicos? 
Há três anos o Estado de São Paulo aprovou, após intenso debate, uma lei que proibe fumar 
em qualquer local público. Esta lei tem sido pouquissimamentecontestada ou infringida, 
segundo relatos do governo. A sua aprovação, isto é, a obediência, é bem acima de 90%. 
Vários outros estados e/ou municípios já aprovaram lei semelhante. No momento, discute-se 
no Congresso projeto de lei que tornaria proibido fumar em local público em todo o território 
nacional. Lei com este teor já existe em vários países da Europa. Em 1 de abril de 2011 entrou 
em vigor lei semelhante na Venezuela. 
56 - Existem grupos especiais que necessitam considerações ou abordagem específica? 
Mulher: Estudos demonstram que a mulher parece ser mais susceptível aos males do 
tabagismo do que os homens, tendo mais chances de desenvolverem DPOC, câncer de 
pulmão e doenças coronarianas. De um modo geral, as mulheres apresentam mais depressão 
do que os homens, o que dificulta mais a elas do que aos homens deixar de fumar. 
Gestantes: Filhos de gestantes fumantes nascem com menor peso, em média de 200 gramas, 
e têm maior risco de prematuridade. O ideal é que as mulheres deixassem de fumar antes de 
se engravidarem. É comum que as mulheres deixem de fumar durante a gestação, atestando a 
preocupação das mães com seus filhos; a gestação deveria ser aproveitada para a 
conscientização da mãe gestante sobre deixar de fumar definitivamente. 
57 - Leitura recomendada 
Anderson JE et al. Treating tobacco use and dependence. An evidence-based clinical practice 
guideline for tobacco cessation. Chest 2002;121:932-941. 
Benowitz NL. N Engl J Med 2010;362:2295-303. 
Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer – INCA. Coordenação de Prevenção e 
Vigilância (CONPREV). Abordagem e tratamento do fumante – Consenso 2001. Rio de Janeiro: 
INCA, 2001 38p. 
Coe JW, Brooks PR, Vetelino MG et al. Varenicline: an alfa4beta2 nicotinic receptor partial 
agonist for smoking cessation. J Med Chem 2005;48:3474-3477. 
Doll, R., Peto, R., Wheatley, K. e col. Mortality in relation to smoking: 40 years' observations on 
male British doctors. BMJ 1994,309:901-911. 
Gonzales D, Rennard SI, Nides M et al. Verenicline, an alfa4beta2 nicotinic acetylcholine 
receptor partial agonist, vs sustained-release bupropion and placebo for smoking cessation. A 
randomized controlled trial. JAMA 2006;296:47-55. 
Jorenby DE et al. Efficacy of varenicline na alfa4beta2 nicotinic acetylcholine receptor partial 
agonist, vs placebo or sustained-release bupropion for smoking cessation. A randomized 
controlled trial. JAMA 2006;296:56-63. 
Jorenby DE et al. A controlled trial of sustained-release bupropion, and nicotine patch, or both 
for smoking cessation. N Eng J Med 1999,340:685-691. 
 
 
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Laniado-Laborín R. Postgrad Med 2010;122:74-82. 
Raw M et al. Smoking cessation guidelines for health professionals. Thorax 1998,53:S1-S38. 
Rigotti NA. Treatment of tobacco use and dependence. N. Engl. J. Med. 2002;346:506-512. 
Schane RE et al. Circulation 2010;121:1518-22. 
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes para cessação do tabagismo. J 
Bras Pneumol 2004;30(Supl 2):S1-S76. 
Tang J L et al. How effective replacement therapy in helping people to stop smoking? BMJ 
1994,308:21-26. 
Tashkin DP et al. Chest 2011;139:591-9. 
Tonstad S, Tonnesen P, Hajek P et al. Effect of maintenance therapy with varenicline on 
smoking cessation. A randomized controlled trial. JAMA 2006;296:64-71.

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