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Direito Administrativo I - Luciano Chaves - Faculdade Baiana de Direito

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Direito Administrativo I
Professor: Luciano Chaves 
lucianochaves@hotmail.com
Livros: curso de direito administrativo – alexandre santos de Aragão 
Manual de direito administrativo – jose dos santos carvalho filho 
Curso de direito administrativo – celso antonio bandeira de melo 
Prova: 15/09 24/11
SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
Relacionamento com a organização do Estado
Intimamente relacionado com a organização do Estado, a necessidade de compreender o funcionamento do fenômeno estatal, século XVI, 1532. 
Surgimento anterior ao conhecimento
Quando o estado passa se organizar é que surge a disciplina, O Direito Administrativo se dá a partir da formação do Estado como uma sociedade política permanente, a partir da obra ‘O Príncipe’ de Maquiavel. O Direito Administrativo está umbilicalmente relacionado à organização do Estado.
Inexistência do direito administrativo na idade media
 O Estado na Idade Média era o Estado Absolutista, e neste ambiente em que a vontade do monarca era predominante, o Direito Administrativo não existia, pois não havia segurança jurídica, ex: Luiz XIV “ o estado sou eu”. Não havia segurança jurídica para sistematizar as instituições estatais. A Idade Média não encontrou ambiente propício para o desenvolvimento do Direito Administrativo, já que existiam monarquias absolutistas e que a vontade do soberano era a lei.
Formação do Estado de Direito
 O Direito Administrativo surge com a consolidação do Estado de Direito. Estado de Direito é aquele que ao mesmo tempo que cria as regras, se submete as estas mesmas regras por ele criadas. A base do Estado de Direito é o princípio da legalidade (a lei vale para todos inclusive para os governantes). A formação do direito administrativo tem sua origem juntamente com a o direito constitucional e outros ramos do direito público, a partir do Estado Moderno, quando começou a se desenvolver a ideia de estado de direito, estruturando no princípio da legalidade e sobre a separação de poderes, objetivando resguardar as relações entre particulares e entre os particulares e o Estado.
 
Surgimento com as revoluções 
Os Estados de Direito surgem a partir das revoluções do final do século XVI, principalmente a partir da Revolução Americana e da Revolução Francesa, que puseram fim ao velho regime absolutista, estabelecendo uma fase de transição entre o Estado Absolutista e o Estado de Direito. 
Teoria da separação dos poderes 
Ele tem um impulso decisivo com a teoria da separação dos poderes para a consolidação do Direito Administrativo. A partir do momento em que as funções do Estado são segregadas, a função Executiva (administrativa) ganha destaque. A função Administrativa foi atribuída ao Poder Executivo, e houve a necessidade de estudar este fenômeno de modo sistemático e aprofundado. Diferentemente das funções legislativa e judiciária, a função administrativa é mais complexa, se consolida uma ciência jurídica para se estudar sistematicamente as funções administrativas do poder estatal.
 1.6.1Moldura Constitucional: A Separação de Poderes é princípio fundamental da República Federativa (art. 2°, CF). A Constituição Federal de 1988 considera o princípio da Separação de Poderes como uma cláusula pétrea (art.60 parágrafo 4°), não podem ser abolidos, podem existir reformas (emendas constitucionais)
1.6.2 Forma Tripartite
 É a positivação da Teoria da Separação de Poderes. A forma tripartite foi consagrada a partir da obra de Montesquieu. Na realidade brasileira existe outros três órgãos que tem papel de poderes: MP’s, TC’s e DP’s. 
1.6.3 Evolução da Concepção Clássica 
Aristoteles, antes de Montesquieu que consagrou, idealizou a separação. Se restringe à concepção de que a Teoria da Separação de Poderes serviu para segregar funções, criar poderes, e atribuir a cada um desses poderes Criados, respectivas funções. O Estado cumpriria melhor as suas atividades a partir da especialização. Esta concepção é arcaica, e não condiz efetivamente com o núcleo da teoria da separação dos poderes.
1.6.4 Núcleo do princípio
 O núcleo da Princípio da Separação de Poderes é a existência de controles recíprocos entre os poderes, ou seja, do sistema de freios e contrapesos (“checks and balances”) equilíbrio entre poderes, situado em diversas passagens constitucionais (ex: STF).
1.6.7 Ideia fundamental
 A ideia fundamental da Teoria da Separação dos Poderes é evitar a concentração de poderes, e consequentemente, o exercício despótico deste.
Nascimento na França
 Costuma-se associar a origem do Direito Administrativo a França por dois motivos: Foi na França que ocorreu a Revolução Francesa e, além disto, existia e ainda existe, um conselho de Estado francês, que exerce a jurisdição administrativa. A jurisdição administrativa é uma das espécies dos mecanismos de controle de atos. 
1.8 sistemas administrativos (mecanismo de controle de atos).
1.8.1Definição
 São regimes adotados pelos Estados para a correção de atos administrativos ilegais ou ilegítimos
1.8.2 Dois Modelos
 Existem dois tipos de sistemas administrativos
Modelo Inglês: É o modelo da jurisdição una, havendo somente uma única esfera de poder para decidir definitivamente sobre os atos ilegais. Só existe uma instância de poder para produzir coisa julgada. O poder judiciário exerce sobre a administração pública o mesmo controle que exerce sobre os particulares – na Inglaterra e nos EUA havia receio acerca do Poder Executivo por parte dos revolucionários. 
Modelo Francês: É um modelo dual, em que há uma jurisdição paralela e autônoma à jurisdição comum. É a chamada jurisdição administrativa. A jurisdição administrativa, realizada pelo Conselho de Estado Francês, resolve os conflitos relacionados à administração pública, portanto, na França existe a jurisdição dúplice, também chamado de contencioso administrativo. O Conselho de Estado Francês possui a prerrogativa de decidir definitivamente as questões que envolvam o Estado Francês. O processo já se inicia na jurisdição administrativa. Alguns processos que envolvem a administração são julgados pela justiça comum (exemplo: direitos da personalidade, direito sobre a propriedade, etc.). Por conta da desconfiança em relação aos juízes do velho regime e do apego à separação de poderes, ocorreu na França a criação da jurisdição administrativa (contencioso administrativo) e da jurisdição comum. A jurisdição administrativa era realizada pelo Conselho de Estado Francês, em questões que envolvessem a administração pública (exceto alguns temas, como propriedade, direitos da personalidade). O direito administrativo francês é em grande parte não legislativo. Porque formulado pelo juiz. O direito francês é um dos pioneiros na elaboração doutrinária do direito administrativo e na colocação do mesmo como matéria universitária. Há a rejeição das normas do Código Civil (caso Blanco) nas questões de Direito Administrativo.
1.8.3 modelo brasileiro
 O modelo brasileiro segue o modelo inglês, da jurisdição una, desde 1891. Dentro do poder judiciário teremos uma resposta definitiva para qualquer ato (ex: STF).
1.8.4 direito fundamental a inafastabilidade pelo poder judiciário (art.5 XXXV): 
Se o poder judiciário foi acionado ele vai propor uma resposta definitiva a questão, tudo pode ser levado ao judiciário. 
1.8.5 direito incondicionado
 Não há exigência de implemento de condição prévia para o exercício do direito fundamental à inafastabilidade da apreciação pelo poder judiciário.
 1.8.6 exceção
 duas exceções a incondicionalidade, que são remédios constitucionais, habeas data (acesso a informação que o cidadão não está tendo) e art 217 parágrafo 1° (causas desportivas, podem ser levadas ao judiciário, mas tendo exaurimento das instancias administrativas (STJD e TJD)
1.8.7 a jurisdição única não veda o controle pela própria administração
 No ordenamento jurídico brasileiro existem várias formas de corrigir os atos da administraçãopública. Qualquer forma de controle do poder administrativo brasileiro será passível de recurso, porém, a decisão final tende sempre a ser do Poder Judiciário. As outras formas de controle não inibem a jurisdição.
1.8.8 As consequências da jurisdição administrativa
 Os produtos iniciais do Direito Administrativo surgiram de forma parcial, inclusive, o Conselho de Estado Francês não possuía nenhuma forma de processo seletivo imparcial. O próprio presidente indicava os membros do conselho, funcionava como protetor do Estado, por causa disso nos meados do século XX tirou-se da mão do Estado certas causas e colocando a competência no judiciário, 
1.9 Data do nascimento do DA (lei francêsa de 1800 e o decreto imperial 608/1851 – instalação obrigatória das cadeiras)
 A Lei Francesa de 1800 estabeleceu a organização administrativa no Estado francês (tratando dos institutos do direito administrativo). A partir desta lei, percebeu-se a necessidade da inserção do direito administrativo como uma disciplina do curso de direito, estabeleceu inovações, diversos institutos. No Brasil, em 1851, o direito administrativo foi estabelecido como disciplina obrigatória nos cursos jurídicos, pelo Decreto Imperial 608, por D.Pedro II, em São Paulo e em Recife.
1.10 Características principais do Direito Administrativo
 É uma disciplina nova, possuindo menos de 200 anos no Brasil. É uma disciplina em formação – os institutos da disciplina ainda estão se consolidado. É um direito multável – muda com a alteração das normas e com a alteração da administração pública. 
2. Estado, Poder e Administração Pública
Associação dos 3 elementos para a formação do direito administrativo. Impossível falar do direito administrativo sem falar destes elementos, o Estado utiliza seus poderes através da administração pública. 
2.1. A associação dos três elementos para definição do Direito Administrativo
Esses elementos se associam para definir e influenciar o direito administrativo.
2.2. Estado:
Noção geral: O Estado é uma ficção jurídica, um fenômeno político que decorreu da experiência de diversos povos do mundo. A sociedade enxergou no Estado algo fundamental para a convivência. O Estado seria o regulador das relações sociais.
2.2.2 Teorias justificadoras
 Existem algumas teorias que justificam o nascedouro do Estado.
2.2.3 Definição de Estado
 É um núcleo social, politicamente organizado e ordenado, com Poder soberano, exercido em um território, com um povo, para cumprimento de finalidades específicas.
2.2.4 Elementos do Estado
Soberania (elemento condutor entre povo e território), território (espaçamento geográfico onde ocorre a tutela específica) e povo (componente humano). Todos os elementos devem estar presentes obrigatoriamente.
2.2.5 formas de Estado no Brasil
 Federativa. A federação brasileira é sui generis (sem gênero-peculiar), pois é uma federação multifacetada (União, estados, distrito federal e municípios – todos possuem autonomia). Forma de governo: República. Sistema de governo: Presidencialismo. Sistema político: Democracia.
2.2.6 forma centrípeda (agregação) e forma centrifuga (segregação)
 A agregação ocorreu no Estado Federado Norte-Americano. O Estado federado brasileiro se formou a partir do movimento de segregação. O Brasil alcança sua independência em 1822 e é concebido como Estado Unitário, porque os atuais estados-membros eram apenas províncias (que correspondiam às sesmarias). Com o movimento abolicionista, transformou-se o sistema de governo e a situação político-administrativa (do Estado-Unitário para a Federação). A organização Brasileira é diferenciada da dos outros Estados, pois possui características próprias: além da União e dos estados, os municípios também são entes federativos. O Estado Unitário passou a ser Estado Federativo, ou seja, o governo central foi segregado e vários outros entes passaram a possuir.
2.2.7 consequências da diferença da forma de origem do Estado
 No Brasil, os entes federativos possuem menos autonomia que nas formas que agregação como nos Estados Unidos, mas direito civil, penal eles decidem autonomamente pelos Estados, diferentemente do Brasil que em constituição compete a União legislar sobre certos assuntos. Essa diferença é por causa da forma federativa centripeda centrifuga.
2.2.8 cláusulas pétreas
 A forma federativa é cláusula pétrea. Essa cláusula não pode ser abolida, mas pode ser modificada.
2.2.9 foco nas funções essenciais
 É o foco do direito administrativo
2.3 Poder 
2.3.1 poderes do Estado: Poderes oriundos da teoria da separação
 legislativo, judiciário e executivo. Figuras autônomas independentes: Ministério Público, Tribunal de Contas da União e Defensoria Pública. São poderes estruturais do Estado. Poderes estruturais. 
2.3.2 funções típicas e atípicas
 A cada um dos poderes estruturais é atribuído uma função precípua, uma função típica: ao legislativo, a função de produzir o direito e de fiscalizar, ao judiciário, a função de compor os conflitos, função jurisdicional, e ao executivo de gerir a coisa pública, exercer as funções administrativas. Além dessas funções, existem funções atípicas. De acordo com a predominância e prioridade das funções, temos funções típicas ou atípicas. As funções atípicas são auxiliares, e servem inclusive, para equilibrar os poderes. 
Funções atípicas do Executivo: Pode editar medidas provisórias, leis delegadas, processos disciplinares administrativos.
Funções atípicas do Legislativo: Julgar em caráter definitivos, membros do Estado envolvidos nos crimes de responsabilidade. O legislativo também gere ele mesmo internamente.
Funções atípicas do Judiciário: O judiciário legisla através dos seus regimentos internos. As súmulas vinculantes não são lei diretamente, mas vinculam comportamentos obrigatórios.
2.3.3 Restrição à função administrativa
O Direito Administrativo existe para estudar a função administrativa (atividade administrativa-executiva). Não é somente o poder executivo que exerce funções administrativas, assim como, o poder executivo não exerce somente funções administrativas.
2.3.4 contornos da função administrativa
 Atividade do Estado para realizar seus fins debaixo do ordenamento jurídico – Otto Mayer. A atividade de administrar envolve diversas funções.
2.3.5 Função administrativa e serviços públicos
 Função administrativa não deve se confundir com serviços públicos, a função administrativa é gênero. Serviço público é uma das espécies de função administrativa.
2.3.6 Tipos de funções administrativas Di Pietro.
a) Serviços públicos: proporciona utilidades e comodidades oferecidas pelo Estado (ex: transporte coletivo).
b) Poder de polícia administrativa: consistente na atividade de conter ou restringir o exercício das liberdades e o uso, o gozo e a disposição da propriedade particular, visando adequá-las aos interesses públicos e bem-estar social (ex: transalvador)
c) Atividades de fomento: incentivo à iniciativa privada (ex: parceria público privada).
d) Atividade de intervenção: compreende a atuação direta do poder público em um setor econômico (ex: banco do brasil ou caixa). 
e) Atividade regulação: são diversas entidades com prerrogativas de regular um determinado mercado (ex: banco central, anatel)
2.4 Administração pública: 
2.4.1 Conceito genérico
 A administração pública é o objeto do direito administrativo. É a face do Estado que atua no desempenho das funções administrativas, ou seja, é a máquina que faz o Estado funcionar, é o instrumento estatal que desempenha atividades administrativas.
2.4.2 exprime mais de um sentido
 Ou objetivo ou subjetivo; sentido objetivo, material ou funcional: é um conjunto de funções ou atividades de caráter essencialmente administrativo, leva em consideração o objeto, a matéria e a função desempenhada pela administração pública, ou sentido subjetivo, formal ou orgânico: Leva em consideração os sujeitos,as pessoas que irão desempenhar as atividades administrativas. Seria o conjunto de pessoas jurídicas e agentes públicos que formam o aparelhamento orgânico ou a estrutura formal do Estado.
2.4.3 Conjugação dos dois sentidos
 Conjunto de pessoas ou entidades jurídicas, de órgãos públicos e de agentes públicos (sentido subjetivo) que estão, por lei, incumbidos do dever-poder de exercer a função ou atividade administrativa (ex: sentido objetivo).
2.4.4 Grafia maiúscula e minúscula
 No seu sentido objetivo, deve-se grafar a administração pública com letras minúsculas; e ao se referir ao sentido subjetivo, utiliza-se letras maiúsculas porque são sujeitos, pessoas.
2.4.5 Evolução do modelo de administração publica
Evolução do modelo de Estado: o modelo de gestão pública vai ser compatível com o modelo de Estado. No século XV já havia uma organização estatal, porém não havia um Estado de Direito. O primeiro modelo de Estado de Direito foi inaugurado com a derrubada do regime absolutista e com as revoluções americana e francesa surgindo Estados Democráticos de Direito. Os Estados liberais foram os primeiros a surgirem como Estado de Direito, deixando a iniciativa privada participar incisivamente na vida estatal. As nações começaram a perceber que não havia como continuar com o Estado Mínimo, e com isso, passa-se a caminhar para o Estado do Bem-Estar Social, estados provedores e intervencionistas, que pretendiam abarcar todas as esferas da vida social (VASP, VARIG, Hotel da Bahia – empresas estatais). Após isto, surge o Neoliberalismo, já que se percebeu que os gastos com o Estado Social eram enormes. O Estado Neoliberal é aquele que é regulador ou subsidiário, ou seja, o Estado irá atuar em áreas específicas (criação das agências reguladoras).
Administração Pública Patrimonialista, Patriarcal ou Paternalista: Confusão do público com o privado, surge na Idade Médica (Estados Absolutistas; monarquia absolutista), por isso foi um modelo de gestão pré-capitalista, que chegou ao fim no século XIX. Ocorria aqui a centralização do poder real e o enriquecimento da nobreza. A administração é do Estado, porém não é pública. O Estado era ‘propriedade do rei’, pois não havia uma intenção de satisfazer o interesse público. Havia o predomínio de práticas clientelistas (compra-se na mão de quem for ‘amigo’), de nepotismo (interesses pessoais e não público), empreguismos, favoritismos e fisiologismos. Esse modelo ruiu, pois se tornou incompatível com o capitalismo industrial e com os valores democráticos.
Administração Pública Burocrática: Este modelo traz a racionalidade; ou seja, se buscou trazer os ideais da razão para a gestão pública, ocorreu, portanto, a profissionalização. O serviço público passa a ser voltado para satisfazer o interesse público. Este modelo surge na segunda metade do século XIX e perdura até os Estados Sociais, visando combater os males da Administração Pública patrimonialista. Possui como princípios básicos a profissionalização, a organização em carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade e o formalismo (necessidade de segurança jurídica). O formalismo passou a ser exacerbado, tornando a administração pública morosa. Passaram a existir mecanismos de controle das condutas da administração pública, porém, o controle era prévio e não de resultado, ou seja, era para que o gestor não errasse, voltados internamente para a administração pública. Ocorria a necessidade de apresentar números, sem a preocupação com a qualidade do serviço público, não haviam maiores preocupações com a eficiência na prestação dos serviços públicos ao cidadão (ex: concursos públicos surgiram neste modelo de administração pública). 
Administração Pública Gerencial: Busca-se a eficiência e qualidade da gestão. Surge na segunda metade do século XX. Os pressupostos deste modelo decorrem da expansão das funções do Estado e da globalização da economia mundial. Tinha como objetivos reduzir os custos (o modelo do Estado Social era muito custoso) e aumentar a qualidade dos serviços. É característico desta fase o desenvolvimento de uma cultura gerencial no âmbito das organizações públicas, além disso, havia a preocupação maior com os resultados, qualidade dos serviços, atingir as metas qualitativamente, eficiência, primar pela produtividade.
Diferença fundamental entre modelos burocrático e gerencial: Ambos os modelos primam por racionalidade e buscam profissionalizar a gestão. A forma de controle ocorre de modo diverso: no modelo burocrático o controle era prévio e formal, e no modelo gerencial era um controle finalístico, ou seja, controlava-se posteriormente e concomitantemente, interessando o resultado do comportamento administrativo. Uma outra diferença entre os modelos é a flexibilização dos procedimentos: no modelo burocrático inflexível, pois era extremamente formal (não se pode flexibilizar um procedimento), diferentemente do modelo gerencial, que se preocupa com o resultado do ato e não com o ato em si, flexibilizar determinados modos operantes para chegar a um melhor resultado, preocupação máxima na finalidade e não o seu meio.
Ineficácia dos modelos puramente gerenciais: Não mais atendem os anseios da sociedade pois ainda são modelos hierarquizados, herméticos, verticalizados, e a sociedade é plural, possuindo novos interesses diariamente, e a administração pública não dá conta disto sozinha. O Estado precisa se preocupar com as necessidades coletivas, e os modelos gerenciais eram compatíveis com o Estado Social, mas não com o Estado Neoliberal, os anseios sociais não são pragmáticos. Flexível aos procedimentos, contudo esse modelo é puramente gerencial, existe uma variedade de interesses privados. 
Variedade de interesses privados x Estado centralizado: O Estado tende a perder a sua centralidade, é necessária a adoção de novos métodos. Vários atores para atender os múltiplos interesses privados. Ex: hospital do subúrbio – PPP (parceria público privada). 
A consensualidade substituindo a hierarquia: A administração pública contemporânea precisa estabelecer gestões compartilhadas com a iniciativa privada.
O novo modelo de Administração Pública: Atualmente ocorre uma transição do modelo gerencial para o modelo ‘societal’ ou ‘pluricêntrico’ ou ‘policêntrico’ ou ‘consensual’, etc. 
CONCEITUAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO E SEU OBJETO
Houve uma sucessão cronológica de vários critérios para definir o objeto do direito administrativo, até que se chegasse critério ao atual.
3.1. Os critérios para definição: 
Critério do Serviço Público: Na França, existia a Escola do Serviço Público, que entendia que os serviços públicos eram a pauta do direito administrativo. O direito administrativo existia para tratar dos serviços públicos. A partir de um determinado momento, percebeu-se que a Administração Pública prestava outros serviços além do serviço público.
Critério do Poder Executivo: Se entendia que Direito Administrativo seria uma disciplina para regulamentar e compreender o Poder Executivo. Esse critério não prosperou pois ignorou-se os outros poderes exercendo função administrativa de modo atípico, bem como as funções atípicas que são realizadas pelo Poder Executivo.
Critério das relações jurídicas: Entendia-se que o direito administrativo seria uma disciplina jurídica que tratava das relações entre administração pública e administrados. Esse critério não foi adiante, já que o direito administrativo também trata de relações jurídicas internas.
Critério teleológico: Visou a finalidade. Entendia-se que o Direito Administrativo era uma disciplina que buscava regular as atividades do Estado para que este cumprisse as suas finalidades. O Estado possui múltiplas finalidades e não são todas essas atividades que são reguladas pelo Direito Administrativo. Este critério se tornou amplo demais.
Critério negativo ou residual: Questiona-se o critério teleológico. O Direito Administrativo seria uma disciplina que regulamente as finalidadesdo Estado, desde que não sejam as
Legislativas ou as Judiciais. No âmbito da ciência não é apropriado definir algo a partir da negação, ou residualmente.
Critério da Administração Público: É o critério atual. O Direito Administrativo existe para regular a Administração Pública, o seu objeto agora fica claro, são as funções administrativas e os órgãos incumbidos de exerce-las. 
3.2 Conceito de Hely Lopes Meirelles
 Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado
Conceito de Carvalho Filho
 Conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as coletividades que devem servir, duas relações jurídicas, interna e externas. 
Direito não codificado
 O Direito Administrativo não possui um código específico, encontra-se na Constituição, nas leis esparsas, portarias (as produzidas pelo Poder Executivo são meramente administrativas e a maioria das emitidas por um outro poder também possuem este caráter), e em outras fontes secundárias. Parte da doutrina acredita que a codificação é desnecessária, uma outra parte crê que seria necessário, e a terceira parte crê em uma codificação parcial (modelo brasileiro).
Objeto
O objeto do Direito Administrativo é a Administração Pública.
3.6. Amputação do âmbito real da atividade administrativa
 Não se pode considerar a integralidade da atividade administrativa. Existem algumas atividades administrativas que não são tratadas pelo direito administrativo (exemplo: atividades de planejamento e arrecadação tributária – direito tributário).
3.7. Alcance do termo atividade administrativa
Há um alcance amplo da terminologia “atividade administrativa”, inclusive não sendo ela exercida somente pelo Executivo.
3.8. A função de Governo exercida pela Administração Pública não constitui objeto do Direito Administrativo:
 Função de Governo trata das atividades que dizem respeito a superior gestão da vida política da nação (exemplo: celebração de tratado internacional). As funções de governo são tratadas pelo Direito Constitucional.
FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
4.1. Definição: É o nascedouro do direito administrativo.
4.2. Lei: Fonte primária. A Constituição, leis esparsas e normas infralegais, são as fontes primárias do direito administrativo.
4.3. Doutrina: Fonte secundária. A doutrina é um conjunto teórico de ideias emanadas dos estudiosos de determinado ramo. Incide de maneira relevante o Direito Administrativo, indicando os melhores caminhos interpretativos. Em qualquer situação existe a necessidade de interpretação, mesmo quando há clareza do conteúdo normativo. Muitas vezes a doutrina influencia na criação ou alteração de leis.
4.4. Jurisprudência: Fonte secundária. Reiteradas decisões sempre no mesmo sentido.
Existe jurisprudência no âmbito administrativo. A jurisprudência irá influenciar a construção e a consolidação das normas, além de determinar o comportamento do gestor e da administração pública (em muitos casos de forma vinculante). As decisões em sentido contrário a uma jurisprudência são raras, mesmo que não se trate de casos onde há a vinculação.
4.5. Costumes: Fonte secundária. São práticas contínuas e habituais. O direito administrativo se pauta no princípio da legalidade. Exemplo de costume do direito administrativo: concessão da licença sabática – para o descanso).
4.6. Tratados e acordos internacionais: Fontes secundária. Quando o Brasil é signatário de tratados e acordos, estes passam a influenciar no comportamento dos gestores públicos.
Muitos tratados viram fonte primária dentro da Constituição.
SUPERAÇÃO DA DICOTOMIA ENTRE DIREITO PUBLICO E PRIVADO
5.1. A grande dicotomia do Direito: Ainda ocorre residualmente, mas não é correta, inclusive, já foi superada. Existem outras classificações do direito. Essa classificação diz respeito a origem das relações jurídicas que integram o ramo do direito.
5.2. Direito Público e Direito Privado: A disciplina de direito público rege as relações jurídicas em que o Estado é um dos polos. A disciplina de direito privado é aquela que rege as relações entre particulares. O Direito Administrativo se enquadra no âmbito do direito público na antiga dicotomia.
5.3. O Jardim e a Praça: Metáfora de Nelson Saldanha – o jardim significava o direito privado e a praça o direito público. Cada ramo se regulava individualmente. Eram dois polos distintos, estanques e incomunicável.
5.4. Não correspondência à realidade atual: Muitas vezes os ramos do direito tratam de relações privadas e públicas, e por isso, a dicotomia passou a ser superada. Tem-se hoje uma administração pública consensual, onde existem vários centros. Atualmente, instituiu-se que, as relações de direito privado devem cumprir uma função social.
5.5. Os dois grandes motivos para a superação da dicotomia: Complexidade da sociedade, ou seja, tanto o direito privado quanto o direito público, interferem um no outro.
Constitucionalização de todos os ramos do direito, encerrando a dicotomia entre direito público e direito privado.
5.6. TEORIA GERAL DOS PRINCIPIOS NO PÓS-POSITIVISMO: A partir do reconhecimento da força normativa dos princípios, ocorre a saída do positivismo para o pós-positivismo. O direito positivo é uma ordem escalonada hierarquizada. As normas jurídicas obrigatoriamente se relacionam entre si, formando o sistema jurídico. O princípio unificador é a norma fundamental que se encontra no topo do sistema. O ordenamento jurídico consiste na reunião das diversas unidades normativas. Ocorreu a passagem de um sistema onde não havia nenhum valor atribuído aos princípios, para um sistema onde eles possuem elevada importância. É necessário que exista equilíbrio.
5.7. O papel do princípio jurídico no sistema normativo: Os princípios se constituem como a base do sistema normativo, são os mandamentos nucleares de todo o sistema normativo, refletindo sua ideologia e apontando a forma de interpretar e aplicar suas normas.
Diversas leis trazem princípios em si. Existem princípios fora do ordenamento que são aceitos no direito. Seria mais grave violar um princípio do que uma regra.
5.8. Tridimensionalidade funcional dos princípios: A doutrina resume que os princípios possuem uma tripla função: primeiramente, consagram valores. Servem para orientar a interpretação e aplicação do sistema. Serve como fonte supletiva do direito. Hoje há a distinção entre norma-regra e normas-princípio, ambas com força normativa.
REGIME JURIDICO ADMINISTRATIVO
6- Conceito: Arsenal normativo princípiológico que conforma toda a Administração Pública
6.1- Bipolaridade do direito administrativo: A doutrina costuma dizer que o direito administrativo é bipolar, que existe um binômio do direito administrativo. A administração pública possui prerrogativas especiais e deveres, sujeições. O direito administrativo acaba assumindo a bipolaridade do “dever-poder”. O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado representa o polo do poder e prerrogativas especiais. Representando o polo dos deveres tem-se o princípio da indisponibilidade do interesse público. A razão de existir da administração pública é a função social, sendo os poderes existem para cumprir os seus deveres. 
6.2 - O princípio da supremacia do interesse público sobre os interesses privados:
Pressuposto de uma ordem social estável em que todos e cada um possam se sentir garantidos e resguardados, conceito de Bandeira de Mello, na visão deste autor traz uma visão de segurança jurídica. A doutrina italiana diz que é possível realizar uma subdivisão, recepcionada no nosso ordenamento, que: O interesse público primário é o interesse da coletividade.O interesse público secundário é o interesse da máquina estatal. O interesse público primário é o que possui supremacia (relação vertical entre Administração e particulares). O interesse secundário não possui supremacia sobre o interesse privado, a relação é horizontal, negocial.
Exemplos de prerrogativas de autoridade: desapropriação, utilização temporária de propriedade privada, atribuições executáveis (multas), alterar ou reincidir contratos administrativos, prazos dilatados para a Fazenda Pública.
6.3 - Princípio da indisponibilidade do interesse público: Os sujeitos aos quais competem zelar pela coisa pública, não podem dispor deste interesse. Os bens de interesse público são indisponíveis, pois pertencem à coletividade. É por isso, o administrador, mero gestor da coisa pública. Coloca limitações, restrições e sujeições á administração pública. 
PRINCIPIOS EXPRESSOS
“LIMPE”
7 - Conceito: Estão positivados no texto constitucional. Os princípios são vinculantes. Art.37, CF: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. Segundo Carvalho Filho, “os princípios administrativos são postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da Administração Pública, representam cânones pré-normativos, norteando a conduta do Estado quando no exercício de atividades administrativas. ” Ainda segundo o autor, os princípios expressos devem “ser observados por todas as pessoas administrativas de qualquer dos entes federativos (...) revelam diretrizes fundamentais da Administração, de modo que só se poderá considerar válida a conduta administrativa se estiver compatível com eles.
7.1. Princípio da Legalidade: Decorre do Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público.
Segundo Maria Zanella di Pietro, é o princípio que representa o polo dos deveres. Este princípio tem como base o Estado de Direito, onde quem cria as leis se submete a ela. Segundo Seabra Fagundes, administrar é executar a lei de ofício, porém, atualmente, isto se mostra insuficiente. Por este princípio, entende-se que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei, não o sendo, atividade será ilícita. Os direitos individuais dependem da existência deste princípio pois, autoriza aos indivíduos que confrontem a atividade administrativa com a lei. Segundo Hely Lopes Meirelles, enquanto os indivíduos no campo privado podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza. No âmbito da administração pública não há a autonomia da vontade.
Nova leitura do princípio a legalidade: Deve-se enxergar o princípio da legalidade em sentido amplo, ou seja, deve-se perceber a vinculação do gestor público ao direito e não a lei, pois o direito é mais amplo que a norma. Alguns autores sugerem a alteração do nome Princípio da Legalidade para ‘Princípio da Juridicidade Administrativa’.
Restrições excepcionais ao princípio da legalidade: Alguns autores, como Celso Antônio
Bandeira de Mello entendem que existem restrições excepcionais ao princípio da legalidade.
Essas restrições encontram-se na Constituição: As Medidas Provisórias (art.62) são a primeira exceção do princípio da legalidade, embora tenha força de lei, não é lei, pois é o próprio chefe do poder executivo. Estado de Defesa (art.136) e Estado de Sítio (art. 137) são as outras exceções – aqui, direitos garantidos por lei ficam relativizados.
7.2 Princípio da Impessoalidade: Os atos sejam realizados de modo a atender a todos administrados comunidades e não a determinados membros, aqui se exige uma atuação impessoal. Este princípio se aplica às atividades administrativas. Segundo Carvalho Filho, o princípio objetiva a igualdade de tratamento que a Administração deve dispensar aos administrados que se encontrem em idêntica situação jurídica.
A atuação impessoal da administração pública é um imperativo que funciona como uma via de mão dupla: Os gestores precisam atuar de maneira impessoal para atingir a todos os administrados. Os administrados precisam enxergar o comportamento administrativo como um ato do órgão, da pessoa jurídica e não da pessoa física. Os atos administrativos são do órgão não do agente (serve como base para a administração objetiva do Estado).
Aproximação do princípio da Igualdade: No momento em que a Administração Pública deve atuar de modo a atingir todos os administrados, pode-se fazer uma aproximação do Princípio da Impessoalidade com o Princípio da Igualdade (material).
7.3. Princípio da Moralidade: Exige que a Administração Pública e seus agentes atuem sempre de acordo como os padrões de conduta éticas de lealdade, honestidade, boa-fé, probidade, e também de acordo com as regras que assegurem a boa administração. Este princípio vem consagrando aqui valores importantes para gestão da máquina pública, sendo atualmente o princípio mais carente da administração pública. 
Ineditismo da Constituição Federal: A Constituição de 1988 trouxe positivado o princípio da moralidade. Antes o princípio era cobrado, mas sua previsão era implícita, não tendo tanta força. A constitucionalização deste princípio trouxe mais força para reforçar o cumprimento do princípio (ex: ação popular).
Origem na antiguidade romana: Neste período se construiu a máxima que dizia que “nem tudo que é legal é honesto”, e esta é a essência do princípio da moralidade.
Moralidade Administrativa x Moralidade Comum: Este princípio se refere à moralidade administrativa que é diferente da moral comum. A moral comum (comportamento aprendido em meio social, escola, família, religião e etc) é basicamente a distinção entre o bem e o mal. A moral administrativa exige da administração pública além de conduta de acordo com a ética, lealdade, honestidade, boa-fé e probidade, exige um pouco mais que a moral comum, exige visar a boa administração (não basta que o sujeito seja passivo, deve-se perseguir a boa administração).
Precursor da Teoria da Moralidade: Maurice Hauriou baseado na máxima romana, lançou a tese de que a ilegalidade era insuficiente para exaurir todos os casos de nulidade do ato administrativo – um ato administrativo pode estar viciado e consequentemente vir a ser anulado, mesmo que legal, pela não observância do princípio da moralidade.
Aplicação também aos administrados: Também se exige uma conduta leal, honesta, ética e de boa-fé por parte dos administrados, inclusive possibilitando a nulidade do ato administrativo por conta disto, já que há a contaminação do ato (exemplo: processos licitatórios – combinação de preço, utilização de laranjas, empresas fantasmas).
Caráter imperativo: Este princípio é um vetor fundamental da administração pública, e portanto, uma imposição. 
7.4. Princípio da Publicidade: Se exige que a administração pública tenha uma atuação transparente, visível. É a divulgação dos comportamentos administrativo. A publicidade é a essência da democracia. A Lei de Acesso à Informação (12.527/11), vem para reforçar o princípio da publicidade. Negado o exercício de direitos relacionados à informação, ou ainda não veiculada a informação, ou veiculada incorretamente, tem-se a evidente ofensa de direitos constitucionais, ensejando desta forma o direito a se utilizar de mecanismos para garantir a restauração dos seus direitos, tais como o mandado de segurança e o habeas data. Bobbio falava que a democracia necessita da divulgação, “na democracia deveria ter o governo do poder público em público”.
Finalidade precípua: dar conhecimento público dos comportamentos administrativos.
Qualquer gestor público exerce as suas atividades administrativas em nome do povo.
Funções especificas:
a) Representa o início da produção dos efeitos externos dos atos administrativos. É através da publicidade que os administrados tomam conhecimento de um ato administrativo fazendo com que haja a possibilidade do cumprimento.A publicidade é requisito de eficácia dos atos administrativos, ou seja, só se tornam imperativos e operantes com a sua publicidade.
b) Oportunizar o início da contagem dos prazos. Os prazos administrativos só começam a correr a partir da publicação, publicidade serve para consolidar a eficácia dos atos administrativos. 
c) Viabilizar o controle dos atos praticados pelo Poder Público. Só se pode controlar aquilo que se conhece. A publicidade deve ser a regra, a confidencialidade deve ser exceção.
A publicidade não se restringe à publicação oficial: Os órgãos da administração pública devem utilizar todos os meios de comunicação legítimos. A divulgação via internet é obrigatória
(Lei Complementar 131 e Lei12.527/11). Publicação no Diário Oficial. 
Exceções ao princípio: Sigilo e não mais a publicidade, contidas na CF - 88
a) Art. 5º, X – Inviolabilidade à intimidade, a vida privada e a imagem das pessoas.
b) Art. 5º, XXXIII – Garantia ao direito à informação, ressalvadas aquelas que sejam imprescindíveis à segurança e do Estado (ex: compra de armamento – sigiloso a sociedade, mas não aos órgãos de fiscalização)
c) Art.5º, LX – A lei poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigem (ex: processos na vara de família). 
Publicidade x propaganda: A constituição impõe a publicidade e veda a publicidade como propaganda governamental. É a exploração de imagem, símbolo ou nome que faça referência a autoridade pública. Art.37, §1º; CF.
7.5. Princípio da Eficiência: O nome técnico deveria ser “Princípio da Efetividade”, pois o gestor deve utilizar os recursos da melhor maneira possível e alcançar resultados. Por esse princípio se exige que a Administração Pública busque sempre resultados práticos de produtividade e economicidade com a consequente redução de desperdício.
Eficiência x eficácia x efetividade x economicidade: Eficiência é fazer corretamente aquilo que está sendo feito, é utilizar os meios e instrumentos disponíveis da melhor maneira possível. A ênfase da eficiência é no procedimento. A eficácia é fazer aquilo que deve ser feito, a eficácia é o alcance do objetivo, é atingir o fim, a meta planejada. Efetividade abarca os dois conceitos anteriores – busca garantir a efetivação dos direitos, garantir a satisfação coletiva. A economicidade é possuir o máximo de efetividade com menos recursos.
Status constitucional com a Emenda 19/98: Antes a Administração Pública era burocrática, e por isso, a eficiência não foi prevista da Constituição de 1988. Com o modelo de Administração Pública gerencial, surge a necessidade da eficiência, que foi inserida no âmbito constitucional a partir da Emenda Constitucional nº19 de 1998.
Rapidez, perfeição e rendimento: Para um comportamento administrativo ser eficiente, ele deve ser rápido, perfeito e rentável. Rapidez no sentido de celeridade e dinamismo. Perfeição no sentido da completude, da satisfação. Rentabilidade no sentido de custo-benefício, é a atuação mais produtiva e menos onerosa.
Duplo aspecto:
a) Em relação ao modo de atuação da Administração Pública: Os órgãos da administração pública precisam agir de modo eficiente
b) Em relação ao modo de atuação do agente público: As pessoas físicas que compõem a Administração Pública devem agir com eficiência, que é inclusive requisito de admissão e perda do cargo.
7.6. Princípio da Razoabilidade/Proporcionalidade: É um princípio implícito reconhecido, não faz parte do LIMPE. 
Ideia de fungibilidade dos dois princípios: Pode-se trocar um pelo outro sem prejuízo segundo a doutrina majoritária. Ambos possuem mesmos valores: valores da racionalidade, da equidade, da justiça, do senso comum e da rejeição aos arbítrios do poder público. 
Origem dos princípios: O princípio da razoabilidade é de origem anglo-saxônica e o princípio da proporcionalidade possui origem alemã.
Derivam do princípio do devido processo legal (art.5º, LIII; CF): São extraídos do devido processo legal (dimensão substancial – ideia de razoabilidade e proporcionalidade).
Positivação dos princípios: Estes princípios estão positivados em normas infraconstitucionais (ex: lei 9.784/99). 
Função: Limitar a atuação e discricionariedade dos Poderes Públicos e proíbe os excessos.
Servem como balizadores. A discricionariedade não é absoluta.
Estabelece uma pauta de natureza axiológica (pauta valorativa): Estes princípios consagram diversas ideias de pauta valorativa: prudência, bom senso, moderação, justiça, equidade, etc.
Aplicação aos casos concretos: Somente analisando casuisticamente o comportamento administrativo é que pudesse perceber se houve razoabilidade/proporcionalidade.
A tríplice exigência (ou subprincípios):
a) Adequação/utilidade: Se exige que a medida adotada dela administração pública seja adequada, apta, útil.
b) Necessidade/exigibilidade: Impõe que a administração pública adote entre as soluções juridicamente possíveis aquele que menos sacrifício e limitações imponha aos administrados. Significa a escolha do meio mais suave.
c) Proporcionalidade em sentido estrito: Significa o equilíbrio entre o motivo e a providência – se exige que as vantagens do ato superem as suas desvantagens.
ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DO ESTADO
8.1. Administração Pública Direita e Indireta: Obedecendo os limites constitucionais, o
Estado tem a autonomia de se organizar da melhor maneira para desempenhar suas atividades.
A administração pública brasileira é dicotômica, pode ocorrer de maneira direta e a indireta. A administração pública direta ocorre quando o Estado exerce atividades administrativas de modo centralizado, por isso, é exercida de modo centralizado. A administração pública indireta vai ocorrer quando o Estado desempenhar suas atividades administrativas por meio das entidades jurídicas (é o mesmo que administração pública descentralizada). Os órgãos públicos irão compor a administração pública direta.
8.2. Órgãos Públicos e Entidades Jurídicas: Os órgãos públicos são entes despersonalizados, não possuem personalidade jurídica própria (exemplo: secretarias, ministérios). As entidades jurídicas por sua vez, irão integrar a administração pública indireta e são entes com personalidade jurídica própria, ou de direito privado ou de direito público
(exemplo: banco central).
8.3. Descentralização x Desconcentração: Ambas são técnicas de distribuição de competências. A diferença entre as duas se dá no aspecto da distribuição. Na descentralização há uma distribuição de competência de forma externa, ou seja, de um ente para o outro ente. Já na desconcentração, a distribuição é de forma interna, ou seja, pressupõe a existência de apenas um ente (exemplo de desconcentração: Secretaria de Educação Municipal – DIRECS).
8.4. Formas de Descentralização: 
a) Territorial: Ocorre dentro de um território federado. Irá se criar uma entidade dentro do território com poderes gerais de gestão.
b) Por colaboração: Ocorre quando a entidade jurídica que presta determinadas atividade administrativas é uma entidade particular. Há uma colaboração de uma empresa privada. Entidades privadas irão colaborar com a administração pública (exemplo: COELBA – empresa privada que fornece energia, ou seja, possui contrato de concessão com o estado da Bahia).
c) Por serviço ou funcional: Ocorre quando o Estado cria a entidade para realizar determinadas atividades. O Estado cria a entidade e transfere a esta entidade a função de realizar determinada atividade.
8.5. Administração direita: Composta pelos órgãos públicos. Os órgãos públicos são centros de competência despersonalizados e instituídos por lei para desempenho de funções estalas, por meio de agentes públicos.
8.6. Administração pública indireta: O estado exerce as funções de maneira descentralizada através de entidades jurídicas dotadas de personalidade. É constituída por um conjunto de entidades de personalidade jurídica, responsáveis pelo exercício em caráter especializado e descentralizado decertos serviços públicos.
8.6.1. Composição da Administração Pública Indireta (Decreto-lei 200/67, art.4º):
a) Autarquias: Pessoas jurídicas dotadas de personalidade de direito público, criadas por lei para exercer, em caráter especializado e com prerrogativas públicas, atividades típicas referentes à prestação de certos serviços públicos. As autarquias existem para o exercício de funções típicas estatais, com caráter especializado. A autarquia sempre deve ser criada por lei específica (art.37, XIX, CF). A autonomia da autarquia é técnica e financeira, não possui autonomia política. Possui personalidade jurídica própria de direito público (pode celebrar contratos administrativos pessoalmente, respondem perante terceiros). O regime jurídico adotado é o estatutário. O patrimônio das autarquias é próprio (impenhorabilidade, imprescritibilidade, não se sujeita a usucapião). As autarquias possuem as mesmas prerrogativas que a Fazenda Pública. São exemplos de autarquias: BACEN, INSS, Universidades Federais, INCRA, IBAMA, Agências Reguladoras. Existe autarquia em regime especial – possui algumas prerrogativas que as outras autarquias não possuem – em tese possuem maior autonomia, os presidentes das autarquias possuem mandatos físicos).
Fundações: Patrimônio público personalizado e afetado/vinculado/destinado a um determinado fim. Desse modo, se quem afetou o patrimônio foi o ente estatal, a fundação será pública. É pessoa jurídica de direito público – segundo o STF pode possuir duas naturezas jurídicas: fundação pública de direito público (fundação autárquica) e fundação pública de direito privado. Diferentemente das autarquias que só podem ser criadas por lei específica, a criação da fundação é autorizada por lei específica, mas não criada. Um exemplo de fundação seria o IBGE.
b) Empresas públicas: São entidades jurídicas dotadas de personalidade de direito privado, com patrimônio próprio e participação única do Poder Público no seu capital, criada na forma da lei, para explorar atividades econômicas ou prestar serviços públicos. Existem duas espécies de empresas públicas: as prestadoras de serviços públicos e as exploradoras de atividade econômica. É considerada empresa estatal, assim como a sociedade de economia mista.
Regime jurídico: Diploma normativo que irá reger a relação jurídica entre o agente público e o Estado – aqui, aplica-se o regime celetista, que se origina da CLT.
Principais características: São admitidas qualquer forma jurídica de sociedade civil ou comercial; não gozam de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado e sujeitam-se a licitação e a concurso público (podem haver cargos comissionados). Algumas empresas estatais não se submetem à licitação por conta de lobby feito no Congresso, mas via de regra é necessário que haja processo licitatório.
Exemplos de empresas públicas: Caixa Econômica Federal, Correios.
c) Sociedade de economia mista: Personalidade de direito privado. São entidades jurídicas dotadas de personalidade de direito privado, com patrimônio próprio, criada sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria ao Poder Público. Se submete ao regime jurídico celetista, é necessário que ocorra processo licitatório e concurso público.
Diferenças entre Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista: Forma de
organização – a empresa pública pode adotar qualquer forma de organização, e a sociedade de economia mista tem que ser obrigatoriamente uma sociedade anônima; composição de capital – na empresa pública o capital é somente público e na sociedade de economia mista, existe o capital público e o capital privado; e é possível que haja mais capital privado, porém o direito de voto será em maioria do poder público; e foro competente – empresa pública federal é de competência da Justiça Federal, mas a sociedade de economia mista possui como foro competente a justiça comum (art.109, I, CF).
Exemplos de sociedade de economia mista:
d) Associação pública (lei federal nº11.1007/2005) – normas gerais para contratação de consórcios públicos para realização de objetivos de interesse comum. As associações são formadas pelos consórcios públicos e tem natureza de direito público. A autarquia se assenta nas pessoas, nos agentes públicos, a essência das fundações se assenta no patrimônio, pois não existe fundação sem patrimônio.
PODERES e DEVERES ADMINISTRATIVO
9. PODER ADMINSITRATIVO – CONCEITO E MODALIDADES:
9.1. Conceito: São os meios ou instrumentos através dos quais os sujeitos da Administração
Pública exercem as atividades administrativas. São os instrumentos de trabalho da administração pública – conotação instrumental.
9.2. Poderes do Estado x Poderes Administrativos: Poderes do Estado são estruturais e Poderes Administrativos são poderes instrumentais. Os poderes administrativos são inerentes e irrenunciáveis. São inerentes pois já nascem com o próprio cargo, não precisam ser requisitados. Quem tem o poder não pode deixar de exerce-los pois ele não é facultativo (indisponibilidade do interesse público); os poderes podem ser delegados – delegação não é renúncia.
9.3. Tipologia (modalidades):
9.3.1. A depender da liberdade de atuação: poder vinculado e poder discricionário.
10.Poder vinculado (regrado): É aquele que a lei confere à Administração Pública para a prática de ato de sua competência, determinando, desde logo, todos os seus elementos e requisitos. O poder já está vinculado e regrado pela lei.
11. Poder autônomo: polêmica de Di Pietro.
12. Poder discricionário: é a faculdade de que dispõe a administração pública para escolher uma entre várias situações juridicamente possíveis. Discricionariedade não é o mesmo que arbitrariedade. Aqui existe a possibilidade de controle judicial (não há discricionariedade absoluta).
12.1.1. Com relação à capacidade de organização:
13. Poder hierárquico: relaciona-se com a organização administrativa. É aquele poder que confere à Administração Pública a capacidade de ordenar, coordenar e corrigir as atividades administrativas no âmbito interno. É uma típica e fundamental técnica de organização.
- Ordenar: capacidade de distribuir e escalonar as funções administrativas entre seus órgãos e agentes, estabelecendo relação de subordinação (essa relação se subordinação gera o dever de obediência – tem intimidade com o poder disciplinar).
- Coordenar: capacidade de proporcionar entrosamento e harmonia entre os órgãos.
- Controlar – capacidade de acompanhar o rendimento e a conduta de cada agente público.
- Corrigir – capacidade de revisar os atos dos agentes inferiores.
Delegação de funções ou competências: o agente público pode, com base no poder hierárquico, delegar funções a outros agentes do mesmo poder. Delegação na Lei de Processo
Administrativo; Lei 9.784/99 – disciplinou regras relacionadas à delegação de funções entre os órgãos de mesma hierarquia funcional: Pode haver delegação vertical (de cima para baixo) ou horizontal. Não pode haver delegação de competência entre poderes distintos; não pode haver delegação integral de competência, ela deve ser sempre parcial. Quem recebe a competência não pode se recusar, mas isto só se aplica na delegação vertical, na horizontal, o aceite é facultativo. A responsabilidade que surgir de um determinado ato, será do delegado e não do delegante, a não ser que a delegação seja ilegal. A delegação pode ser dar de forma livre.
- Existem casos em que não se permite a delegação: não pode haver distribuição de competência exclusiva do agente público. A edição e atos de caráter normativo não pode ser delegada (exemplo: editar portarias, resoluções, etc.). Decisões de recursos administrativos não podem ser delegadas.
Não há poder hierárquico da administração direta para a indireta, mas pode existir vinculação, supervisão (não subordinação).
- Avocação de funções: também com base no poder hierárquico, os agentes superiores podem avocar funções, ou seja, chamar para sifunções atribuídas a um subordinado – art.15. A avocação é o contrário da delegação. Não existe avocação horizontal; a avocação é um ato extraordinário e pouco usual.
13.1.1. Com relação à possibilidade de apuração e punição: poder disciplinar – apurar e punir as infrações cometidas no âmbito da administração pública.
14.Poder disciplinar: é a atribuição de que dispõe a administração pública de apurar as infrações administrativas e punir seus agentes públicos responsáveis e as demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa. Mesmo que não ocorra a punição, havendo a apuração, ocorre a manifestação do poder disciplinar. O poder disciplinar não se aplica somente ao agente público.
As formas básicas de punição são advertência, suspensão, demissão, cassação da aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão e função de confiança –
art.127 da Lei Federal n.º8.112/90. É necessário que haja a proporcionalidade no momento de punir.
14.1.1. Com relação à capacidade de regulamentar atividades internas e explicar o conteúdo das leis:
15.Poder normativo ou regulamentar: É aquele que confere à Administração Pública a possibilidade de explicar, esclarecer, explicitar as leis ou disciplinar matéria que não se sujeita à iniciativa de lei. A administração pública poderá criar atos normativos. A nomenclatura adota tem pequenas diferenças, pois “regulamento” é uma espécie normativa, então seria mais técnico utilizar a nomenclatura “poder normativo”. Muitas leis não são autoaplicáveis, ou seja, é necessário que surjam regulamentos para que ocorra o cumprimento e a aplicação delas.
- Poder normativo x princípio da legalidade: o poder normativo não se confunde com o princípio da legalidade. Existe hierarquia entre lei a atos normativos e, esses atos devem ser editados cumprindo o princípio da legalidade. Apesar do ato normativo possuir caráter normativo, não é lei, portanto não pode criar direitos ou impor sanções, por exemplo.
15.1.1. Condicionar ou restringir o exercício das liberdades e a propriedade privada:
16.Poder de polícia: é a atividade que dispõe sobre os limites da liberdade e sobre o uso, gozo e disposição da propriedade, objetivando condicioná-los e adequá-los ao interesse público. Na sua essência, o poder de polícia é aquele poder limitador das liberdades e propriedades. O poder de polícia se encontra positivado na Constituição e conceituado no Código Tributário Nacional, art.78 (exemplo: DETRAN, TANSALVADOR, IBAMA, SUCON, vigilância sanitária, etc.). Não deve ser confundido com a polícia de segurança pública (polícia civil e polícia federal são partes da polícia judiciária).
- Fundamento do poder de polícia: Supremacia geral da administração pública sobre os administrados, ou seja, supremacia do interesse público sobre os interesses privados. Se a supremacia não for geral, mas específica, provavelmente não se estará diante do poder de polícia. Ao exercer o poder de polícia, a administração pública pode requer a presença da polícia de segurança pública.
- Finalidade do poder de polícia: Possui dupla finalidade: prevenir ou obstar atos contrários ou lesivos aos interesses públicos (finalidade preventiva e repressiva).
- Manifestação do poder de polícia: o poder de polícia se manifesta através de atos administrativos:
Atos normativos ou gerais: a administração pública expede atos gerias e abstratos restringindo o exercício da liberdade e o uso/gozo/disposição de propriedade (exemplo: rodízio de veículos, proibir venda de bebida alcóolica em postos).
Atos concretos ou individuais: injunções que a administração pública faz sobre a liberdade de um indivíduo ou sobre uma propriedade específica – o poder de polícia se manifesta repressivamente através de um ato concreto (exemplo: interdição de uma fábrica que está jogando resíduos no mar).
Atos de fiscalização: são manifestações que previnem possíveis danos que podem decorrer da ação dos administrados. Aqui o poder de polícia se manifesta de modo preventivo (exemplo: fiscalizações feitas pelo PROCON).
- Delegação do poder de polícia a particulares: o exercício do poder de polícia é indelegável por ser atividade típica do Estado. Os capitães de navios e comandantes de aeronaves podem, excepcionalmente, receber delegação tácita do poder de polícia, pois muitas vezes não há o contato direto com o Estado (exemplo: impossibilidade de utilizar o celular durante o voo). Não se deve confundir o poder de polícia com atos materiais prévios ou sucessivos à sua manifestação (exemplo: instalação de fiscalização eletrônica delegada a particulares; empresa de guincho particular contratada pela transalvador).
- Sanções aplicáveis: Multas; interdição de atividades;
16.1. Deveres Administrativos: são deveres genéricos.
16.1.1. Poder-dever de agir: Quem tem a prerrogativa de atuação tem a obrigação de atuar;
16.1.2. Dever de eficiência: É preciso agir com eficiência (rapidez, perfeição, rentabilidade).
16.1.3. Dever de probidade: É necessário agir com honestidade (princípio da moralidade).
16.1.4. Dever de prestar contas: (art.70, parágrafo único, CF). Se estende ao gerenciador de
recursos públicos e está relacionado com o princípio da publicidade.
16.2. Uso e Abuso de poder:
16.2.1. Definições: O abuso de poder é a atualização das prerrogativas públicas de maneira
contrária à lei. O abuso se manifesta de dois modos: a partir do excesso de poder e do
desvio de poder (ou de finalidade): o excesso de poder ocorre quando o agente público que
exerce o cargo não possui competência para a prática daquele ato. O desvio de poder ocorre
quando o sujeito é competente para a prática do ato mas se afasta da finalidade do ato – ou
seja, se afasta do interesse público. Um ato desproporcional não significa abuso de poder
necessariamente.
ATOS ADMINISTRATIVOS
17.ATOS ADMINISTRATIVOS: Materialização das atividades administrativas. O ato administrativo é um ato jurídico. A administração Pública produz Atos Administrativos e Fatos Administrativos (Atos Administrativos são Atos Jurídicos por meio dos quais a Administração Pública exprime uma declaração natureza constitutiva, declaratória, enunciativa, modificativa e extintiva).
17.1. Atos Administrativos x Atos da Administração:
Conceito: Toda declaração do Estado – ou quem lhe faça às vezes -, no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei, a título de lhe dar cumprimento, sujeito a controle de legitimidade por órgão jurisdicional.
17.2. Atributos do Ato Administrativo:
a) Presunção de legitimidade e veracidade: Os atos administrativos, a priori, serão considerados verídicos (presunção relativa – juris tantum). O ônus da prova em contrário é do administrado.
b) Imperatividade: Impõe obrigações aos administrados. Poder extroverso corresponde ao atributo da imperatividade.
c) Auto-executoriedade: Qualidade de compelir materialmente os administrados a cumprirem uma obrigação imposta pelo Estado. A administração pública não pode executar as multas (exceção).
d) Tipicidade: Os atos devem ser tipificados, devem ter previsão legal.
17.3. Elementos ou requisitos do Ato Administrativo:
a) Competência: Conjunto de atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes, fixadas pelo direito positivo.
b) Finalidade: É o resultado ou o bem jurídico que a Administração Pública quer alcançar com o ato.
c) Forma: É o revestimento do ato administrativo, é o modo de se manifestar externamente.
d) Motivo: É a razão ou circunstância de fato ou de direito que autoriza ou determina a prática do ato. Teoria dos Motivos Determinantes, o motivo precisa ser igual a todos. Situação fática, motivar. Situação real. Não existe previsão legal no motivo. Há situações que não precisa justificar, ex: cargos comissionados. Motivo X Motivação: a motivação é a revelação do motivo, motivo é elemento e todo motivo traz uma motivação. Não é necessário, mashoje é cada vez mais a motivação do motivo está amostra. 
e) Objeto: É a coisa ou relação jurídica sobre a qual o ato incidirá. Pode ser discricionário, pode não está na lei. O ato incide sobre o objeto.
17.4. Extinção dos atos administrativos: ela surge, se desenvolve e se extingue, mas de que forma eles se extinguem? 
17.4.1 Panorama Geral da Extinção dos atos administrativos, comentado por Bandeira de Mello, todas as possibilidades, ele divide essas possibilidades em três categorias: 
I- Pelo cumprimento dos seus efeitos jurídicos, uma vez cumpridos, os seus efeitos não há mais razão para existência dos atos administrativos, ou seja, o ato cumpriu seu ciclo de vida.
Esgotamento do conteúdo jurídico dos atos administrativos: cumpri seus efeitos exaurindo seu conteúdo e assim sendo o ato será extinto (ex: exaurimento do período de férias).
Execução material do que o ato determina: (ex: emissão de ordem de serviço para auditoria, cumprimento da ordem de serviço) 
Implemento de uma condição resolutiva ou um termo final: existem condições impostas aos atos (condições suspensivas e resolutiva), condição resolutiva usufrui do ato desde logo (ex: terreno da prefeitura, contudo não há verba para construção, permitindo o uso por outro, mas uma condição resolutiva para começar a construção quando houver verba será posto pra fora quem estava na condição de uso); assim como atingindo seu termo final, quando o ato atinge seu prazo (ex: licença para dirigir). 
II- Pelo desaparecimento da pessoa ou do objeto da relação jurídica que o ato constituiu (ex: nomeação de um servido, mas o servidor morreu ou na declaração de desapropriação em local ribeirinho, mas aops o ato o rio subiu e o terreno deixou de existir, o objeto se extingue).
III- Pela retirada do ato em razão da prática de um outro ato administrativo que fará com que o ato anterior se extingue.
Revogatório: retirada do ato anterior por razões de oportunidade e conveniência. 
Invalidação: retirado do ato por razões de ilegalidade desde a origem, contamina o ato desde a sua origem. 
Cassação: retirada do ato por razões de ilegalidade, mas uma ilegalidade superveniente, o ato começou licito, contudo, depois o ato passou a ser ilegal, não vai ser invalidade, mas cassado. 
Caducidade: é a incompatibilidade do ato com a nova ordem jurídica, o ato será extinto quando se torna incompatível com as novas leis. 
Contraposição: é a oposição frontal de um ato posterior com um ato anterior, sendo o ato anterior a deixar de existir. 
17.4.2 Revogação: extinção do ato causado por outro ato, por razões de conveniência e oportunidade. 
a) Sujeito ativo: o sujeito competente para revogar os atos administrativos é a administração pública, a autoridade que editou o ato vai revogar, ele é o sujeito ativo para revogação. 
b) Fundamentação da revogação: é o exercício de uma competência discricionária, marguem de liberdade da administração pública. 
c) Limites para revogação: limites materiais, não temporais, pode-se revogar a qualquer tempo. 
. Vinculados: não se revoga ato vinculado não tem espaço e exercício, não são revogáveis. 
. Ato já exaurido: não podem ser revogados, já aconteceu, não se pode revogar
. Atos que geram direitos adquiridos: atos que são direitos de os cidadãos, compostos na CF – Art. 5°XXXVI. 
. Ato de conteúdo meramente anunciativo: as certidões, os pareceres, não são revogáveis, se for falsa. 
d) Motivos da revogação: a inoportunidade ou incoveniencia do ato, os motivos da revogação
e) Efeitos da Revogação: efeitos da revogação são ex nunc, não retroage, vai operar sobre atos validos. 
17.4.3 Invalidação: extinção do ato causado por outro ato, por razões de legalidade. 
a) Sujeito ativo: duplo sujeito ativo: administração pública no exercício da autotutela (devendo invalidar) e também o Poder judiciário sendo provocado vai invalidar os atos. 
b) Fundamento da invalidação: aqui o fundamento é o dever de obediência ao princípio da juridicidade administrativa (princípio da legalidade), todos devem cumprir a lei. 
c) Limites da invalidação: aqui o limite é temporal e não material, se aplicando o limite temporal apenas ao primeiro sujeito passivo (limite de 5 anos) para identificar algum vicio de um ato e invalidar, o judiciário vai invalidade um ato por provocação, pois o judiciário não tem limite temporal. 
d) Motivos da invalidação: aqui é a ilegalidade do ato 
e) efeitos da invalidação: os efeitos são ex tunc, vão retroagir desde o começo do ato.

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