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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA EVALDO LEANDRO POTMA DA SILVA GESSYCA CRISTINA SOUVINSKI GUSTAVO DENCK RÔMULO GARCIA ASSIS Fitotoxidade em plantas causadas pela contaminação com cádmio (Cd) PONTA GROSSA 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA EVALDO LEANDRO POTMA DA SILVA GESSYCA CRISTINA SOUVINSKI GUSTAVO DENCK RÔMULO GARCIA ASSIS Fitotoxidade em plantas causadas pela contaminação com cádmio (Cd) PONTA GROSSA 2016 Trabalho para a obtenção de nota parcial na disciplina de nutrição de plantas na Universidade Estadual de Ponta Grossa, sob a orientação do professor Dr. Adriel Ferreira da Fonseca. Resumo O cádmio é considerado um metal pesado e de função ainda desconhecida na nutrição de plantas, o excesso de cádmio em solos ocasiona sintomas de fitotoxidade em plantas e posteriormente podem vir a estar contaminando os demais componentes da cadeia alimentar. O elemento é absorvido pelas raízes na forma de Cd²+ e o aumento do pH reduz sua disponibilidade e a absorção. No solo, o Cd está intimamente ligado a matéria orgânica e sua retenção correlaciona-se com o pH, CTC, superfície específica e força iônica. Dentre os metais pesados o cádmio é considerado um dos mais móveis dentro das plantas. Neste trabalho é abordada de maneira geral sobre o ciclo do metal pesado cádmio no sistema solo planta, as alterações fisiológicas causadas em plantas pela fitotoxidez que de forma geral são o nanismo das plantas, clorose, necrose nas raízes e pontas de meristemas, epinastia e coloração amarronzada das nervuras. O cádmio interage com a membrana plasmática bloqueando transportadores específicos de íons da raiz o que reduz a absorção de Ca2+, Zn2+, Fe2+, Mn2+ e Mg2+ pela planta, que são nutrientes importantes para o desenvolvimento das plantas. Dentre as principais maneiras de reduzir a absorção de cádmio pelas plantas esta a pratica da calagem e a adubação com zinco que reduz a absorção de cádmio pelo sistema radicular. Elevadas doses de Fe também possuem capacidade de inibir a absorção de cádmio pelas plantas. Palavras chave: cádmio, fitotoxidade, nutrição de plantas. Abstract Cadmium is considered a heavy metal with a function still unknown in plant nutrition, excess cadmium in soils causes symptoms of phytotoxicity in plants and may subsequently be contaminating the other components of the food chain. The element is absorbed by the roots in the form of Cd2+ and increasing the pH reduces its availability and absorption. In soil, Cd is closely bound to organic matter and its retention correlates with pH, CTC, specific surface and ionic strength. Among the heavy metals, cadmium is considered one of the most mobile within plants. In this work it is approached in general about the cadmium heavy metal cycle in the plant soil system, the physiological changes caused in plants by phytotoxicity, which in general are plant dwarfism, chlorosis, necrosis in roots and meristems, epinephia and coloration Browning of the veins. Cadmium interacts with the plasma membrane by blocking specific ion ions from the root which reduces the absorption of Ca2+, Zn2+, Fe2+, Mn2+ and Mg2+ by the plant, which are important nutrients for the development of plants. Among the main ways to reduce the absorption of cadmium by plants is the practice of liming and zinc fertilization that reduces the absorption of cadmium by the root system. High doses of Fe also have the ability to inhibit the absorption of cadmium by plants. Keywords: cadmium, phytotoxicity, plant nutrition. Introdução Existem alguns metais pesados que são considerados essenciais para a nutrição de plantas, a exemplo disso podemos citar o zinco, cobre, molibidênio, enxofre e manganês, porem, outros não possuem função benéfica conhecida, como é o caso do cádmio (Cd), no entanto, em concentrações elevadas qualquer um destes elementos pode causar sérios riscos toxicológicos não somente nas plantas, mas ao solo e demais seres vivos. (REIS, 2012). O cádmio é um elemento relativamente raro e não ocorre na natureza na forma pura, estando associado a sulfetos em minérios de Zn, Pb e Cu, sendo sua concentração na crosta terrestre da ordem de 0,15 mg kg-1. (MELO et al., 2011). Em geral, o cádmio não é tóxico para as plantas. Contudo, é um metal pesado que merece preocupação porque pode acumular-se em plantas em níveis que podem ser tóxicos aos animais. (FERREIRA, 2001). O Cd é considerado um dos mais móveis metais pesados, mas os resultados de pesquisa para avaliar sua mobilidade no perfil do solo tem sido contraditórios, deixando claro que o comportamento depende das condições intrínsecas. No solo, o Cd pode ser biodisponibilizado, acumulando-se nas plantas, ou lixiviado, poluindo as águas subterrâneas, comprometendo, assim, os suprimentos de água potável. (PIERANGELI et al., 2005 input REIS, 2012). No processo de intemperização o Cd passa rapidamente para a solução do solo, onde pode ocorrer na forma de cátion Cd2+, que é o estado de valência mais importante do Cd no ambiente natural. Em função das condições edafoclimáticas, o íon Cd2+ pode formar uma série de espécies iônicas e também complexos com a matéria orgânica. (MELO et al., 2011). Em solos de regiões onde o índice pluviométrico é elevado, a probabilidade de ocorrer à movimentação vertical do Cd no perfil do solo é maior do que o acúmulo do metal nas camadas superficiais (MELO et al., 2011). Portanto, o Cd é facilmente absorvido e translocado pelas plantas em virtude de sua grande capacidade de movimentação (RAIJ, 1991). Em condições de baixo pH o Cd tende a ser mais móvel no solo. A maior mobilidade encontra-se na faixa de pH 5-7. O Cd é mais móvel em solos ácidos na faixa de pH 4,5-5,5, enquanto em solos alcalinos apresenta-se com baixa mobilidade. (MELO et al., 2011). Tendo em vista a importância do manejo adequado deste metal pesado, o presente trabalho tem como objetivo tratar de uma maneira geral sobre o cádmio, evidenciando o seu ciclo no sistema solo-planta, as alterações fisiológicas devido ao excesso deste elemento nas plantas, desordens nutricionais decorrentes da fitotoxidade do elemento e ações para a prevenção ou mitigar a fitotoxidade do elemento. Ciclo do Cádmio no sistema solo-planta A presença de cádmio no meio ambiente é devida a vários fatores entre os quais incluem-se indústrias de tintas, pigmentos, plásticos, pilhas, acumuladores, fotografia, galvanização, operações minerais em metalúrgicas (fundições de zinco, chumbo e cobre), utilização na agricultura de fungicidas e fertilizantes fosfatados e, também, pelo atrito de pneus e combustão de óleo diesel e lubrificantes ao longo das estradas de intenso tráfego. (MARTINS, 1984). O cádmio pode ser encontrado na fração sólida do solo fazendo parte da estrutura, principalmente, como impureza de minerais de zinco e adsorvido às superfícies de matéria orgânica, argilominerais e óxidos hidróxidos metálicos. (MELO et al., 2011). O Cd é um dos mais móveis metais pesados no solo do que muitos outros metais, como o Cu, Pb e Zn, geralmente se encontra fortemente associado com o Zn, entretanto, possui uma forte afinidade com o S. De acordo com os mesmos autores, durante a ação do tempo, o Cd reage totalmente com a soluçãodo solo, embora seja conhecido por sua ocorrência como Cd²+, pode também formar vários íons complexos [CdCl+ , CdOH+ , Cd(OH)3] e quelatos orgânicos. (MELO et al., 2011). O comportamento do Cd depende das condições intrínsecas do solo, ou seja, embora diversos fatores afetem sua solubilidade no solo, os fatores mais importantes a serem considerados são o pH e o potencial de oxidação, logo sob condições de forte oxidação, o Cd forma minerais (CdO, CdCO3). (MARTINS, 1984). Em baixos valores de pH o Cd encontra-se ligado a sítios de baixa afinidade, enquanto em pHs mais elevados a ligação ocorre em sítios de alta afinidade por adsorção específica, com diminuição nos sítios de baixa afinidade (Filius et al., 1998; Gray et al., 1998). Desta forma, em condições de baixo pH o Cd tende a ser mais móvel no solo. A maior mobilidade encontra-se na faixa de pH 5-7. O Cd é mais móvel em solos ácidos na faixa de pH 4,5-5,5, enquanto em solos alcalinos apresenta-se com baixa mobilidade. (REIS, 2012). No solo, o Cd pode ser biodisponibilizado, acumulando-se nas plantas, ou lixiviado, poluindo as águas subterrâneas, comprometendo, assim, os suprimentos de água potável (PIERANGELI et al., 2005 input REIS, 2012). Em solos de regiões onde o índice pluviométrico é elevado, a probabilidade de ocorrer à movimentação vertical do Cd no perfil do solo é maior do que o acúmulo do metal nas camadas superficiais (MELO et al., 2011). Portanto, o Cd é facilmente absorvido e translocado pelas plantas em virtude de sua grande capacidade de movimentação (RAIJ, 1991). Figura 1- Representação esquemática do ciclo do cádmio na natureza O Cádmio pode ser adsorvido pelo solo por meio de ligações eletrostáticas simples, como intimamente associadas a óxidos, a carbonatos e à matéria orgânica, a adsorção de cádmio nos solos, ocorre inicialmente em rápida adsorção na superfície de troca, seguida por uma lenta reação, sendo caracterizada como substituição do íon na matriz no complexo de esfera interna (MARTINS, 1984). A capacidade da planta de absorver, acumular e transportar cádmio varia entre espécies e mesmo entre genótipos da mesma espécie (REIS, 2012). O Cd é facilmente absorvido pelas raízes e chega ao xilema, via apoplasto ou simplasto, onde é translocado para parte aérea da planta por meio da transpiração (REIS, 2012). Alterações fisiológicas devido ao excesso de Cádmio nas plantas Estudos comprovam que a presença de cádmio inibe os processos fisiológicos, morfológicos, bioquímicos e estruturais das plantas (REIS, 2012). O excesso do metal no tecido vegetal afeta primeiramente as membranas e proteínas bloqueando transportadores específicos de íons da raiz, embora diversos processos fisiológicos tais como respiração, fotossíntese, elongação celular, transporte da água, absorção, transporte, reduzindo a absorção e uso de K, Fe, Mg, Ca, Mn, Zn, P, S, também são afetados. (MARTINS, 1984). Pode- se observar também alterações anatômicas da parte aérea em plantas expostas ao Cádmio através do aumento de concentração de materiais fenólicos na parede celular e no lúmen do xilema (REIS, 2012). e redução no tamanho das células paliçádicas e da epiderme (MARTINS, 1984). No trabalho de SOARES et al., (2007), onde estudou-se a nutrição fostática e micorriza arbuscular na redução da toxidade de cádmio em plantas de trema. As plantas de trema expostas às soluções com excesso de Cd exibiram sintomas de fitotoxidez já aos 10 dias da exposição ao metal. Os sintomas progrediram com o tempo, de modo que, ao final dos 40 dias de exposição das plantas ao metal, foi observada a ocorrência de clorose internerval nas folhas mais jovens, semelhantemente à deficiência de Fe. Esses sintomas refletiram o crescimento das plantas, que mesmo nas doses mais baixas de Cd apresentaram crescimento reduzido. Figura 2 – Sintomas de toxidez de Cd em mudas de Trema micrantha cultivadas em solução nutritiva; a) efeito do aumento da concentração de Cd; b) clorose foliar; c) redução no crescimento de raízes; d) pigmentos avermelhados próximos as nervuras; e) efeito da concentração de P em solução Fonte: SOARES et al., (2007). Figura 3- Alterações estruturais no tecido vascular, células epidérmicas e colenquimáticas de folhas de milho cultivadas em solo com doses crescente de Cd. Fonte: CUNHA et al., (2008). Desordens nutricionais decorrentes da fitotoxidade de Cádmio Apesar de não ser um elemento essencial para os processos metabólicos, ele é efetivamente absorvido pelos sistemas radicular e foliar, e também é altamente acumulado nos organismos do solo. O Cd é relativamente muito móvel nas plantas, apesar de sua translocação nos tecidos vegetais ser restrita por ser facilmente aprisionado, principalmente, em sítios de troca de compostos ativos da parede celular (KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 1992). De acordo com (LEITA et al. 1995 input REIS, 2012), o efeito fitotóxico de Cd nas plantas envolve três diferentes estágios. Primeiramente, há um efeito indireto na abertura dos estômatos ocasionado pelo aumento no potencial osmótico das folhas. Em seguida, o Cd age diretamente nas células-guarda e causa severa inibição no crescimento das raízes que limita a absorção de água e promove o fechamento dos estômatos. Quando a concentração se torna elevada, há um declínio metabólico, com perda da turgidez foliar e fechamento estomatal hidropassivo. O Cd interage com a membrana plasmática bloqueando transportadores específicos de íons da raiz o que reduz a absorção de Ca2+, Zn2+, Fe2+, Mn2+ e Mg2+ pela planta (NAZAR et al., 2012), que são nutrientes importantes para o desenvolvimento das plantas. Os sintomas gerais causados pela toxicidade do cádmio são nanismo, clorose, necrose nas raízes e pontas de meristemas, epinastia e coloração amarronzada das nervuras (REIS, 2012). A clorose pode ser devido a deficiência de Fe, Mg, P ou redução no transporte de Mn (REIS, 2012). A toxidez de cádmio inibe o crescimento das raízes; desorganiza as estruturas dos cloroplastos; reduz a biossíntese de clorofila (NAZAR et al., 2012), e interfere nas relações hídricas afetando a permeabilidade da membrana e causa mudanças nas organelas destruindo estrutura de membranas, reduz o crescimento e biomassa das plantas e em casos extremos pode causar a morte dessas. CUNHA et al., (2008) em seu trabalho “Disponibilidade, acúmulo e toxidez de cádmio e zinco em milho cultivado em solo contaminado” Os sintomas visuais de toxidez de Cd mais comumente observados nas plantas durante o ensaio foram clorose, encarquilhamento e enrolamento das folhas, inclusive com secamento destas ao final do ensaio na dose mais alta de Cd, além de severa restrição no crescimento das raízes, que atingiu 94 % na dose 20 mg kg-1. Figura 4- Sintomas visuais da toxidez de cádmio em milho. Fonte: CUNHA et al., (2008). Figura 5- Diferentes formatos, tamanhos e coloração de frutos de tomate, dependendo da tolerância ao cádmio. Fonte: Agencia Fapesp (2016). Figura 6- Soja cultivada em solo não contaminado (esquerda) e contaminado (direita) com cádmio. Fonte: Portal noticias (Esalq) (2011). Figura 7- Planta de café sem cádmio (esquerda) e com altas concentrações de cádmio (direita). Fonte: Ciência informativa (2016). Figura 8- Efeito do cádmio na redução do crescimento da parte aérea e do sistema radicular de plantas de tomate. Fonte: Diario Verde (2016). Figura 9- Efeito do cádmio em plantas de Merwilla plumbea de 17 semanasde idade cultivadas durante 4 semanas em (A) hidroponia e (B) perlita. Foram utilizados três tratamentos diferentes: controle (C); 1 mg Cd L 21 (Cd1); E 5 mg Cd L 21 (Cd5). Fonte:LUX et al., 2010. Ações para prevenir ou mitigar a fitotoxidade de Cádmio O elemento é absorvido pelas raízes na forma de Cd²+ e o aumento do pH reduz sua disponibilidade e a absorção. No solo, o Cd está intimamente ligado a matéria orgânica e sua retenção correlaciona-se com o pH, CTC, superfície específica e força iônica (BORGES, 2002). Neste sentido, várias técnicas de manejo de solos agrícolas com elevados teores de Cd vêm sendo desenvolvidas no sentido de diminuir sua disponibilidade para as plantas e o risco de poluição das águas subterrâneas, estas técnicas são baseadas no aumento do pH e da CTC do solo. Embora se espere que a calagem resulte na diminuição da absorção de Cd devido ao aumento do pH do solo, essa prática não é efetiva para todos os solos e espécies de plantas, mas alguns solos já estudados relacionam a disponibilidade de Cd com o pH do solo. (REIS, 2012). De acordo com (KABATA PENDIAS; PENDIAS, 2001) considerando o solo um ambiente vivo e com diversos processos ocorrendo, devem-se compreender as interações que ocorrem entre os elementos presentes nele, sendo que estas interações podem ser classificadas como antagônicas e sinérgicas, e o desequilíbrio entre elas pode causar situações de deficiência e estresse nas plantas. O antagonismo ocorre quando o efeito fisiológico combinado de dois ou mais elementos é menor do que a soma dos seus efeitos independentes, e o sinergismo por sua vez, ocorre quando os efeitos combinados destes elementos são maiores do que quando somado seus efeitos individuais. (REIS, 2012). Segundo (KABATA PENDIAS; PENDIAS, 2001), o Cd possui algumas interações típicas com outros elementos, como por exemplo, a relação entre Cd e Zn pode ser resumidas ao afirmar que, na maioria dos casos o Zn reduz a absorção de Cd pelo sistema radicular como por absorção foliar. A presença de Zn na solução também restringe drasticamente a absorção de Cd pelas raízes. Nem todo o Cd absorvido é transportado para a parte aérea das plantas. Esta característica varia entre as espécies, com resultados mostrando uma variação que abrange de 10 a 50% da quantidade total absorvida. (KABATA PENDIAS; PENDIAS, 2001). Elevadas doses de Fe também possuem capacidade de inibir a absorção de Cd pelas plantas, que por sua vez quando presente reduz a absorção de P, sendo esse um antagonismo de grande importância nos campos agrícolas, devido ao alto investimento em adubações fostatadas. (KABATA PENDIAS; PENDIAS, 2001) No trabalho de (HASAN et al., 2015) “Redução da fitotoxidade do cádmio através da modulação da biossintese das fitoquelatinas, do sequestro vacuolar e do potencial antioxidante em Solanum lycopersicum L através do tratamento com melatonina”, foram aplicadas doses crescentes ao longo do tempo sob o estresse, tal aumento na melatonina foi incapaz de reverter efeitos prejudiciais de Cd. Entretanto, a suplementação com melatonina exógena conferiu tolerância Cd como evidente pela biomassa da planta e pela fotossíntese. Embora a melatonina exógena não tenha tido efeito no teor de Cd da raiz, reduziu significativamente o teor de Cd das folhas, indicando seu papel no transporte de Cd. Figura 10- Clorose generalizada em folhas de tomateiro. Fonte: HASAN et al., (2015) A fitoremediação é uma técnica que também vem sendo explorada, no trabalho ZEITTOUNI, BERTON, ABREU (2007) várias plantas foram testadas, e o tabaco (N. tabacum) apresentou grande eficiência ao absorver metais pesados do solo como o Cd. No tratamento correspondente à aplicação da dose 2 de metal e, na ausência de EDTA, a cultura do tabaco retirou 6,53% do Cd excedente do solo. CARNEIRO et al. (2001), desenvolvendo experimentos de implantação de culturas em solo contaminado por metais pesados, obtiveram cerca de 9% de extração de Cd por Brassica juncea, o que foi considerado pelos autores como um indicativo de alta capacidade de fitoextração. Tabela 1- Eficiência das culturas em remover Cd do solo e o número de cultivos necessários para remediar o solo contaminado. Fonte: ZEITTOUNI, BERTON, ABREU; (2007). Conclusões É preciso ressaltar que o Cádmio é um elemento de alta toxidez para a planta e, por conseguinte, deve ser controlado diante da aplicação de produtos químicos e também procurar evitar solos com altas concentrações desse metal pesado. Em virtude dos fatos mencionados é essencial para o controle desse elemento no sistema solo o bom manejo do solo, visando neutralizar parcialmente grandes concentrações e mitigar sua toxicidade nas plantas. Pelas observações dos aspectos sobre a atividade do elemento nas plantas, pode-se concluir que causa vários problemas que podem impedir a planta de completar seu ciclo de vida e até levar a morte por falta de esqueletos carbônicos. O cádmio é um metal que pode ser encontrado na fração sólida do solo fazendo parte da estrutura, principalmente, como impureza de minerais de zinco e adsorvido às superfícies de matéria orgânica, argilominerais e óxidos hidróxidos metálicos. Apresenta também alta mobilidade dentro da planta, por essa razão, se difunde rapidamente pela planta, afetando a absorção e uso de macro e micronutrientes como K, Fe, Mg, Ca, Mn, Zn, P e S. Os sintomas gerais causados pela toxicidade do cádmio são nanismo, clorose, necrose nas raízes e pontas de meristemas, epinastia e coloração amarronzada das nervuras. Por ter sua absorção pelas plantas e disponibilidade dependente do pH do solo, o cádmio vem sendo estudado de modo onde sejam definidas técnicas que mitiguem ou diminuam o seu efeito sobre as plantas. O aumento do pH diminui a absorção de Cd, o que faz da calagem uma alternativa para alguns tipos de solos. Teores de zinco e elevadas doses de ferro também inibem por antagonismo com o cádmio. É imprescindível que todos se conscientizem de deve-se evitar a contaminação de Cádmio pelas plantas, por causa de sua transferência na cadeia alimentar, o que pode gerar toxicidade em diferentes níveis até chegar nós seres humanos. 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