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UNIDADE 4 LINDB

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UNIDADE 4 
4. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
4. Conteúdo 
	Contém normas que tratam de normas em geral. O objetivo da LINDB é a própria norma. Dirige-se a todos os ramos do direito, salvo naquilo que for regulado de forma diferente na legislação específica. 
4.1 Funções
	 Regulamentar: 
O início da obrigatoriedade da lei;
O tempo de obrigatoriedade da lei;
A eficácia global da ordem jurídica das normas, quando houver lacunas;
Os critérios de hermenêutica jurídica;
O direito intertemporal;
O direito internacional privado brasileiro;
Os atos civis praticados, no estrangeiro, pelas autoridades consulares brasileiras.
4.2. Fontes do direito
 	A expressão “fontes do direito” tem várias acepções. Tanto significa o poder de criar normas jurídicas quanto a forma de expressão dessas normas. No último caso, são consideradas fontes de cognição, constituindo-se no modo de expressão das normas jurídicas. Nesse sentido, pode-se dizer que a lei é o objeto da Lei de Introdução e a principal fonte do direito.
 	A compreensão da natureza e eficácia das normas jurídicas pressupõe o conhecimento da sua origem ou fonte. Desse modo, não só a autoridade encarregada de aplicar o direito como também aqueles que devem obedecer aos seus ditames precisam conhecer as suas fontes, que são de várias espécies. Podemos dizer, de forma sintética, reproduzindo a lição de Caio Mário da Silva Pereira, que fonte de direito “é o meio técnico de realização do direito objetivo”.
 	São consideradas fontes formais do direito: a lei, a analogia, o costume e os princípios gerais de direito (arts. 4º da LINDB e 126 do CPC); e não formais: a doutrina e a jurisprudência. 
 	Dentre as fontes formais, a lei é a fonte principal, e as demais são fontes acessórias. Costuma­se, também, dividir as fontes do direito em:
 a) diretas ou imediatas (a lei e o costume, que por si só geram a regra jurídica); e
 b) indiretas ou mediatas (a doutrina e a jurisprudência, que contribuem para que a norma seja elaborada).
4.2.1 A Lei
 	A exigência de maior certeza e segurança para as relações jurídicas vem provocando, hodiernamente, a supremacia da lei, da norma escrita emanada do legislador, sobre as demais fontes, sendo mesmo considerada a fonte primacial do direito.
A legislação é o processo de criação das normas jurídicas escritas, de observância geral, e, portanto, a fonte jurídica por excelência. Fonte formal, dessarte, é a atividade legiferante, o meio pelo qual a norma jurídica se positiva com legítima força obrigatória.
 4.2.2. Conceito
 	A palavra “lei” é empregada, algumas vezes, em sentido amplo, como sinônimo de norma jurídica, compreensiva de toda regra geral de conduta, abrangendo normas escritas ou costumeiras ou, ainda, como toda norma escrita, todos os atos de autoridade, como as leis propriamente ditas, os decretos, os regulamentos etc. Todavia, em sentido estrito indica tão somente a norma jurídica elaborada pelo Poder Legislativo, por meio de processo adequado.
 	“Como o direito regula sua própria criação ou elaboração, o processo legislativo está previsto na Constituição Federal”. A lei, ipso facto, é “um ato do poder legislativo que estabelece normas de comportamento social. Para entrar em vigor, deve ser promulgada e publicada no Diário Oficial. É, portanto, um conjunto ordenado de regras que se apresenta como um texto escrito”.
 4.2.3. Principais características
 Dentre as várias características da lei, destacam­-se as seguintes:
Generalidade: dirige-se a todos os cidadãos, indistintamente. O seu comando é abstrato, não podendo ser endereçada a determinada pessoa. Todavia, não deixará de ser lei aquela que, embora não se dirija a todos os membros da coletividade, compreende, contudo, determinada categoria de indivíduos, como, v.g., o Estatuto dos Funcionários Públicos, que disciplina a situação jurídica de certa categoria de pessoas sem deixar de ser lei e sem perder o caráter de generalidade.
Imperatividade: impõe um dever, uma conduta aos indivíduos. A lei é uma ordem, um comando. Quando exige uma ação, impõe; quando quer uma abstenção, proíbe. A imperatividade (imposição de um dever de conduta, obrigatório) distingue a norma das leis físicas, mas não é suficiente para distingui-la das demais leis éticas.
Autorizamento: é o fato de ser autorizante, segundo Goffredo da Silva Telles, que distingue a lei das demais normas éticas. A norma jurídica, diz ele, autoriza que o lesado pela violação exija o seu cumprimento ou a reparação pelo mal causado. É ela, portanto, que autoriza e legitima o uso da faculdade de coagir. Não é a sanção, como pretendem alguns, pois tanto as normas jurídicas como as normas éticas são sancionadoras. Não é também a coação, pois a norma jurídica existe sem ela, tendo plena vigência com sua promulgação.
Permanência: a lei não se exaure numa só aplicação, pois deve perdurar até ser revogada por outra lei. Algumas normas, entretanto, são temporárias, destinadas a viger apenas durante certo período, como as que constam das disposições transitórias e as leis orçamentárias.
Emanação de autoridade competente, de acordo com as competências legislativas previstas na Constituição Federal. A lei é ato do Estado, pelo seu Poder Legislativo. O legislador está encarregado de ditar as leis, mas tem de observar os limites de sua competência. Quando exorbita de suas atribuições, o ato é nulo, competindo ao Poder Judiciário recusar-lhe aplicação (CF, art. 97).
4.2.4. Classificação
 A classificação das leis lato sensu pode ser feita de acordo com vários critérios. 
4.2.4.1. Quanto à imperatividade
 Sob esse prisma, dividem-se:
 ■ As cogentes, também denominadas de ordem pública ou de imperatividade absoluta, são:
 a) mandamentais (determinam uma ação); ou
 b) proibitivas (ordenam uma abstenção).
 	Impõem-se de modo absoluto, não podendo ser derrogadas pela vontade dos interessados. Regulam matéria de ordem pública e de bons costumes, entendendo-se como ordem pública o conjunto de normas que regulam os interesses fundamentais do Estado ou que estabelecem, no direito privado, as bases jurídicas da ordem econômica ou social. As normas que compõem o direito de família, o das sucessões e os direitos reais revestem-se dessa característica. Não pode a vontade dos interessados alterar, por exemplo, os requisitos para a adoção (CC, arts. 1.618 e s.) ou para a habilitação ao casamento (art. 1.525), nem dispensar um dos cônjuges dos deveres que o Código Civil impõe a ambos no art. 1.566.
 ■ As normas não cogentes, também chamadas de dispositivas ou de imperatividade relativa, não determinam nem proíbem de modo absoluto determinada conduta, mas permitem uma ação ou abstenção ou suprem declaração de vontade não manifestada. Distinguem­-se em:
 a) permissivas, quando permitem que os interessados disponham como lhes convier, como a que permite às partes estipular, antes de celebrado o casamento, quanto aos bens, o que lhes aprouver (CC, art. 1.639); e
 b) supletivas, quando se aplicam na falta de manifestação de vontade das partes.
 	No último caso, costumam vir acompanhadas de expressões como “salvo estipulação em contrário” ou “salvo se as partes convencionarem diversamente”.
4.2.4.2. Quanto ao conteúdo do autorizamento
 	Sob essa ótica, ou considerando­-se a intensidade da sanção (toda lei é dotada de sanção, que varia de intensidade conforme os efeitos da transgressão), as leis classificam-se em:
 ■ Mais que perfeitas — são as que estabelecem ou autorizam a aplicação de duas sanções na hipótese de serem violadas. O art. 19 da Lei de Alimentos (Lei n. 5.478, de 25.7.1968) e seu § 1º preveem, por exemplo, a pena de prisão para o devedor de pensão alimentícia e ainda a obrigação de pagar as prestações vencidas e vincendas, sendo que o cumprimento integral da pena corporal não o eximirá da referida obrigação. Em alguns casos, uma das sanções é de natureza penal, como a prevista para o crimede bigamia (CP, art. 235), aplicada cumulativamente com a declaração, no cível, de nulidade do casamento (CC, arts. 1.521, VI, e 1.548, II).
 ■Perfeitas — são aquelas que impõem a nulidade do ato simplesmente, sem cogitar de aplicação de pena ao violador, como a que considera nulo o negócio jurídico celebrado por pessoa absolutamente incapaz (CC, art. 166, I).
 ■Menos que perfeitas — são as que não acarretam a nulidade ou a anulação do ato ou negócio jurídico na circunstância de serem violadas, somente impondo ao violador uma sanção. Mencione­se, a título de exemplo, a situação do viúvo ou viúva, com filho do cônjuge falecido, que se casa antes de fazer inventário e dar partilha dos bens aos herdeiros do cônjuge (CC, art. 1.523, I). Não se anulará por isso o casamento. No entanto, como sanção pela omissão, o casamento será contraído, obrigatoriamente, no regime da separação de bens (CC, art. 1.641, I).
 ■ Imperfeitas — são as leis cuja violação não acarreta nenhuma consequência. É o que sucede com as obrigações decorrentes de dívidas de jogo e de dívidas prescritas, que não obrigam a pagamento (CC, art. 814). O ordenamento não autoriza o credor a efetuar a sua cobrança em juízo. São consideradas normas sui generis, não propriamente jurídicas, “pois estas são autorizantes”.
4.2.4.3. Segundo à sua natureza
Sob esse aspecto, as leis são substantivas (materiais) e adjetivas (formais).
 	■ Substantivas — são as que definem direitos e deveres e estabelecem os seus requisitos e forma de exercício. São também chamadas de materiais, porque tratam do direito material. O seu conjunto é denominado direito substantivo, em contraposição às leis processuais, que compõem o direito adjetivo.
 	■ Adjetivas — são as que traçam os meios de realização dos direitos, sendo também denominadas processuais ou formais. Integram o direito adjetivo. Essa classificação, embora tradicional, não é muito utilizada atualmente, sendo mesmo considerada imprópria, porque nem toda lei formal é adjetiva, mas, ao contrário, há leis processuais que são de natureza substantiva, assim como há normas que ao mesmo tempo definem os direitos e disciplinam a forma de sua realização.
4.2.4.4. Quanto à sua hierarquia
Sob esse enfoque, as normas classificam­-se em constitucionais, complementares, ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções e normas internas.
■ Normas constitucionais — são as que constam da Constituição, às quais as demais devem amoldar­-se. São as mais importantes, por assegurarem os direitos fundamentais do homem, como indivíduo e como cidadão, e disciplinarem a estrutura da nação e a organização do Estado. A Constituição Federal si­­tua­-se, com efeito, no topo da escala hierárquica das leis, por traçar as normas fundamentais do Estado.
■ Leis complementares — são as que se situam entre a norma constitucional e a lei ordinária, porque tratam de matérias especiais que não podem ser deliberadas em leis ordinárias e cuja aprovação exige quorum especial (CF, arts. 59, parágrafo único, e 69). Destinam­-se à regulamentação de textos constitucionais, quando o direito definido não é autoexecutável e há necessidade de se estabelece­rem os requisitos e forma de sua aquisição e exercício. Sobrepõem­-se às ordinárias, que não podem contrariá­-las.
■ Leis ordinárias — são as leis comuns que emanam dos órgãos investidos de função legislativa pela Constituição Federal mediante discussão e aprovação de projetos de lei submetidos às duas Casas do Congresso e, posteriormente, à sanção e promulgação do Presidente da República e publicação no Diário Oficial da União.
■ Leis delegadas — são elaboradas pelo Executivo, por autorização expressa do Legislativo, tendo a mesma posição hierárquica das ordinárias (CF, art. 68, §§ 1º a 3º).
■Medidas provisórias — estão situadas no mesmo plano das ordinárias e das delegadas, malgrado não sejam propriamente leis. São editadas pelo Poder Executivo (CF, art. 84, XXVI), que exerce função normativa, nos casos previstos­ na Constituição Federal. Com o advento da Constituição de 1988, substituí­­ram os antigos decretos­-leis (art. 25, I, II, §§ 1º e 2º, do ADCT). O art. 62 e §§ 1º a 12 do referido diploma, com a redação da Emenda Constitucional n. 32/2001, permitem que o Presidente da República adote tais medidas, com força de lei, em caso de relevância e urgência, devendo submetê­-las de imediato ao Congresso Nacional. Tais medidas provisórias perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei dentro de sessenta dias, prorrogável por uma única vez por igual prazo, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes[13].
■Decretos legislativos — são instrumentos normativos (CF, art. 59, VI) por meio dos quais são materializadas as competências exclusivas do Congresso Nacional, como a de resolver definitivamente sobre tratados internacionais que acarretem compromissos gravosos ao patrimônio nacional (CF, art. 49, I) e a de disciplinar os efeitos decorrentes da medida provisória não convertida em lei (CF, art. 62, § 3º).
■Resoluções — são normas expedidas pelo Poder Legislativo regulamentando matérias de competência privativa da Câmara dos Deputados (CF, art. 51) e do Senado Federal (art. 52), com natureza administrativa ou política; por exemplo, a suspensão da execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 52, X).
■Normas internas — são os regimentos e estatutos que disciplinam as regras procedimentais sobre o funcionamento do Legislativo. Os Regimentos Internos estabelecem os ditames sobre o processo legislativo.
4.3.4.5. Quanto à competência ou extensão territorial 
Sob este ângulo, tendo em vista a competência legislativa estabelecida na Cons­­tituição Federal, dividem­-se as leis em:
■Leis federais — são as da competência da União Federal, votadas pelo Congresso Nacional, com incidência sobre todo o território brasileiro ou parte dele, quando se destina, por exemplo, especificamente, à proteção especial de determinada região, como a Amazônica e a atingida sistematicamente pelo fe­­nômeno da seca. A competência legislativa da União é privativa no tocante às matérias elencadas no art. 22 da Constituição Federal, valendo destacar o inc. I, que menciona as concernentes ao “direito civil, comercial, penal, processual, elei­­toral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”.
■Leis estaduais — são as aprovadas pelas Assembleias Legislativas, com aplicação restrita à circunscrição territorial do Estado­-membro a que pertencem ou a determinada parte dele (Vale do Ribeira, por exemplo, em São Paulo, ou Região do Rio São Francisco, nos Estados do Nordeste). Em geral, cada Estado edita leis sobre o que, explícita ou implicitamente, não lhe é vedado pela Constituição Federal (CF, art. 25, § 1º), criando os impostos de sua competência e provendo às necessidades de seu governo e de sua administração.
■Leis municipais — são as editadas pelas Câmaras Municipais, com aplicação circunscrita aos limites territoriais dos respectivos municípios. Segundo dispõe o art. 30, I a III, da Constituição Federal, compete aos Municípios “legislar sobre assuntos de interesse local, suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, instituir e arrecadar os tributos de sua competência...”.
4.3.4.6. Quanto ao alcance
Finalmente, quanto a essa visão, as leis denominam­-se gerais e especiais.
■Gerais — são as que se aplicam a todo um sistema de relações jurídicas, como as do Código Civil, também chamado de direito comum.
■ Especiais — são as que se afastam das regras de direito comum e se destinam a situações jurídicas específicas ou a determinadas relações, como as de consumo, as de locação, as concernentes aos registros públicos etc.
4.5. Vigência da Lei
As leis também têm um ciclo vital: nascem, aplicam­-se e permanecem em vigor até serem revogadas. Esses momentos correspondem à determinação do início de sua vigência,à continuidade de sua vigência e à cessação de sua vigência.
4.5.1 Início da vigência. 
O processo de criação da lei passa por três fases:
A data da elaboração ou de inciativa: a competência é atribuída a diversas pessoas no art. 61, caput, da Constituição Federal.
A da promulgação: esta nada mais é do que um atestado da existência válida da lei e de sua executoriedade.
A da publicação: embora nasça com a promulgação, a lei só começa a vigorar com sua publicação no Diário Oficial.
Com a publicação, tem­-se o início da vigência da lei, tornando­-se obrigatória, pois ninguém pode escusar­-se de cumpri­-la alegando que não a conhece (LINDB, art. 3º). Terminado o processo de sua produção, a norma já é válida. A vigência se inicia com a publicação e se estende até sua revogação ou até o prazo estabelecido para sua validade. A vigência, portanto, é uma qualidade temporal da norma: o prazo com que se delimita o seu período de validade.
Segundo dispõe o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a lei, salvo dispo­­sição contrária, “começa a vigorar em todo o País 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada”. Portanto, a obrigatoriedade da lei não se inicia no dia da publicação, salvo se ela própria assim o determinar. Pode, desse modo, entrar em vigor na data de sua publicação ou em outra mais remota, conforme constar expressamente de seu texto. Se nada dispuser a esse respeito, aplica­se a regra do art. 1º supramencionado. O prazo de quarenta e cinco dias não se aplica aos decretos e regulamentos, cuja obrigatoriedade determina-se pela publicação oficial. Tornam­-se, assim, obrigatórios desde a data de sua publicação, salvo se dispuserem em contrário, não alterando a data da vigência da lei a que se referem. A falta de norma regulamentadora é hoje suprida pelo mandado de injunção.
Quando a lei brasileira é admitida no exterior (em geral quando cuida de atribuições de ministros, embaixadores, cônsules, convenções de direito internacional etc.), a sua obrigatoriedade inicia­se três meses depois de oficialmente publicada.
4.5.2.Critério do prazo único
O intervalo entre a data da publicação da lei e a sua entrada em vigor denomina-se vacatio legis. Em matéria de duração do referido intervalo, foi adotado o critério do prazo único, uma vez que a lei entra em vigor na mesma data, em todo o País, sendo simultânea a sua obrigatoriedade. A anterior Lei de Introdução, em virtude da vastidão do território brasileiro e das dificuldades de comunicação então existentes, prescrevia que a lei entrava em vigor em prazos diversos, ou seja, menores no Distrito Federal e Estados próximos e maiores nos Estados mais distantes da capital e nos territórios. Seguia, assim, o critério do prazo progressivo.
4.5.3. Vigência e vigor
 	Malgrado a doutrina tome vigor por vigência e vice­versa, o art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro dispõe:
“Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. ”
 	Observa Tércio Sampaio Ferraz que “o texto relaciona claramente vigência ao aspecto temporal da norma, a qual, no período (de vigência) tem vigor. Ora, o vigor de uma norma tem a ver com sua imperatividade, com sua força vinculante. Tanto que, embora a citada regra da Lei de Introdução determine o vigor da norma até sua revogação, existem importantes efeitos de uma norma revogada (e que, portanto, perdeu a vigência ou tempo de validade) que nos autorizam dizer que vigor e vigência designam qualidades distintas. ”
É certo, pois, que o termo vigência está relacionado ao tempo de duração da lei, ao passo que o vigor está relacionado à sua força vinculante. É o caso, como assinala Fábio de Oliveira Azevedo, do Código Civil de 1916, “que não tem mais vigência, por estar revogado, embora ainda possua vigor. Se um contrato foi celebrado durante a sua vigência e tiver que ser examinado hoje, quanto à sua validade, deverá ser aplicado o Código revogado (art. 2.035 do CC/02, na sua primeira parte). Isso significa aplicar uma lei sem vigência (revogada), mas ainda com vigor (determinado pelo art. 2.035)”.
Registre-se que o vigor e a vigência não se confundem com a eficácia da lei. Esta é uma qualidade da norma que se refere à sua adequação, em vista da produção concreta de efeitos.
4.5.4. Republicação do texto legal
Se durante a vacatio legis ocorrer nova publicação do texto legal, para correção de erros materiais ou falha de ortografia, o prazo da obrigatoriedade começará a correr da nova publicação (LINDB, art. 1º, § 3º). O novo prazo para entrada em vigor da lei só corre para a parte corrigida ou emendada, ou seja, apenas os artigos republicados terão prazo de vigência contado da nova publicação, para que o texto correto seja conhecido, sem necessidade de que se vote nova lei. Os direitos e obrigações baseados no texto legal publicado hão de ser respeitados. Se a lei já entrou em vigor, tais correções são consideradas lei nova, tornando­se obrigatória após o decurso da vacatio legis (LINDB, art. 1º, § 4º). Mas, pelo fato de a lei emendada, mesmo com incorreções, ter adquirido força obrigatória, os direitos adquiridos na sua vigência têm de ser resguardados, não sendo atingidos pela publicação do texto corrigido.
Admite-se que o juiz, ao aplicar a lei, possa corrigir os erros materiais evidentes, especialmente os de ortografia, mas não os erros substanciais, que podem alterar o sentido do dispositivo legal, sendo imprescindível, nesse caso, nova publicação.
4.5.5. Contagem do prazo
A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância “far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral” (art. 8º, § 1º, da LC n. 95/98, com redação da LC n. 107/2001). Nessa conformidade, se a lei foi publicada no dia 10 de janeiro de 2002, como ocorreu com o Código Civil de 2002, o primeiro dia do prazo foi 10 de janeiro e o último, sendo o prazo de um ano, 10 de janeiro do ano seguinte. Assim, o novo Código entrou em vigor no dia 11 de janeiro de 2003.
Quando a lei é parcialmente vetada, a parte não vetada é publicada em determinada data. A atingida pelo veto, porém, só é publicada posteriormente, depois de rejeitada a recusa à sanção. Malgrado respeitáveis opiniões em contrário, que pretendem dar caráter retroativo à parte vetada da lei, invocando o argumento da unidade do texto legislativo, os dispositivos vetados só devem entrar em vigor no momento da sua publicação, pois o veto tem caráter suspensivo e os artigos não publicados não se tornaram conhecidos. Essa solução tem a vantagem de proporcionar maior segurança às relações jurídicas.
4.6. Revogação da Lei
Cessa a vigência da lei com a sua revogação. Não se destinando à vigência temporária, diz o art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, “a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”. A lei tem, com efeito, em regra, caráter permanente: mantém-se em vigor até ser revogada por outra lei. Nisso consiste o princípio da continuidade. Em um regime que se assenta na supremacia da lei escrita, como o do direito brasileiro, o costume não tem força para revogar a lei, nem esta perde a sua eficácia pelo não uso. Em alguns casos especiais, todavia, a lei pode ter vigência tem­porária e cessará, então, por causas intrínsecas, tais como:
Advento do termo fixado para sua duração. Algumas leis, por sua natureza, são destinadas a viger apenas durante certo período, como as disposições transitórias e as leis orçamentárias. Outras prefixam expressamente a sua duração.
Implemento de condição resolutiva. A lei perde sua vigência em virtude de con­­dição quando se trata de lei especial vinculada a uma situação determinada, como ao período de guerra, por exemplo, estando sujeita a uma condição resolutiva, qual seja, o término desta. Leis dessa espécie são chamadas de circunstanciais.
Consecução de seus fins. Cessa a vigência da lei destinadaa determinado fim quando este se realiza. Assim, por exemplo, a que concedeu indenização a familiares de pessoas envolvidas na Revolução de 1964 perdeu a sua eficácia no momento em que as indenizações foram pagas.
A revogação da lei pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). Pode ser, ainda, expressa ( quando a lei nova declara que a lei anterior fica revogada) ou tácita – quando houver incompatibilidade entre a lei velha e a nova (LINDB, art. 2º, § 1º). 
Antinomia aparente é o conflito possível, e antinomia real o que não pode ser resolvido mediante a utilização dos critérios cronológicos, hierárquico e da especialidade, devendo ser solucionado por meio dos mecanismos destinados a suprir as lacunas (LINDB, arts. 4º e 5º).
4.6.1 Critérios para solucionar o conflito de leis no tempo
	 O das disposições transitórias e dos princípios da retroatividade e irretroatividade da norma. É retroativa a norma que atinge efeitos de atos jurídicos praticados sob a égide da norma revogada. É irretroativa a que não se aplica às situações constituídas anteriormente. Não se pode aceitar esses princípios como absolutos, pois razoes de ordem politico-legislativa podem recomendar que, em determinada situação, a lei seja retroativa, respeitando o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (LINDB, art. 2º). 
4.6.2. Obrigatoriedade das leis
	A lei, contendo um comando geral, uma vez em vigor, torna-se obrigatória para todos. Segundo o art. 3º da LINDB, ninguém se escusa de cumpri-la, alegando que não a conhece. Tal dispositivo visa a eficácia global da ordem jurídica (teoria da necessidade social). 
4.7 Integração das normas jurídicas
	É o preenchimento de lacunas mediante aplicação e criação de normas individuais, atendendo ao espírito do sistema jurídico. 
4.7.1 Meios de integração 
Analogia
Costume
Princípios gerais de direito
a) analogia: figura em primeiro lugar na hierarquia do art. 4º da LINDB. Consiste na aplicação a hipótese não prevista em lei de dispositivo legal relativo a caso semelhante. A analogia legis consiste na aplicação de uma norma existente, destinada a reger o caso semelhante ao previsto. A analogia juris baseia-se em um conjunto de normas para obter elementos que permitam a sua aplicação ao caso concreto não previsto, mas similar.
b) constume: é a pratica uniforme, constante, pública e geral de determinado ato, com a convicção de sua necessidade. Em relação à lei, três são as espécies de constume: secudum legem , quando sua eficácia é obrigatória é reconhecida pela lei; praeter legem, quando se destina a suprir a lei, nos casos omissos; e o contra legem, que se opõe à lei. 
c) princípios gerais de direito: são regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não escritas. A equidade não constitui meio supletivo de lacuna da lei, sendo mero auxiliar da aplicação desta.
4.7.2 Interpretação das normas jurídicas
	Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma. A hermenêutica é a ciência da interpretação das leis. Como toda ciência, tem os seus métodos, a saber:
a) Quanto a origem, a interpretação classifica-se em :
Autentica: feita pelo próprio legislador, por outro ato.
Jurisprudencial: feita pelos tribunais.
Doutrinaria: realizada pelos estudiosos e comentaristas do direito.
b) Quanto aos meios, a interpretação pode ser feita pelo métodos: 
Gramatical ou literal, consistente no exame do texto normativo sob o ponto de vista linguístico, analisando-se a pontuação , a ordem das palavras na frase etc.
Lógico, identificado pelo emprego de raciocínio lógicos, com abondano dos elementos puramente verbais. 
Sistemático, que considera o sistema em que se insere a norma, não analisando isoladamente. 
Histórico, que se baseia na investigação dos antecedentes da norma, do processo, a fim de descobrir o seu exato significado.
Sociológico ou teleológico, que objetiva adaptar o sentido ou a finaldiad da norma à nova exigências sociais. 
4.7.3 Eficácia da lei no espaço
	 Em razão da soberania estatal, a norma tem aplicação dentro do território delimitado pelas fronteiras do Estado. Esse princípio da territorialidade, entretanto, não é absoluto. A necessidade de regular relações entre nacionais e estrangeiros levou o Estado a permitir que a lei estrangeira tenha eficácia em seu território sem comprometer a soberania nacional, admitindo, assim, o sistema da extraterritorialidade. O brasil segue o sistema da territorialidade moderada, sujeita a regras especiais, que determinam quando e em que casos pode se invocado o direito alienígena (LINDB, arts. 7º, e seguintes)	
Bibliografia
Bibliografia Básica 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 36 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Lei de Introdução e parte geral. 3. ed. São Paulo: Método, 2008.
Gagliano, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de direito civil. 15.ed. São Paulo: Saraiva ,2014.
Bibliografia Complementar
BRASIL. Leis etc. Vade mecum Saraiva. 17 ed. São Paulo : Saraiva, 2014.
DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 17 ed. São Paulo : Saraiva, 2014.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. 42.ed. São Paulo: Saraiva,2009.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 9. ed. São Paulo/ SP/ : Atlas, 2009.

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