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CCJ0035-WL-A-PP-Processo Civil I - Aula 6 - Adriano Pinto

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Profº Adriano Pinto
AULA 6
Teoria geral da prova. Etapas. Ônus da prova e sua inversão. Sentença. Espécies de sentença. Estrutura.
I - TEORIA GERAL DA PROVA (art. 332 e ss)
 
A etimologia da palavra prova vem de provatio derivada do verbo provare que significa persuadir alguém de alguma coisa. É o meio de levar ao juiz o conhecimento de algum fato. 
Natureza jurídica da prova: PROCESSUAL (porque um documento, por ex, só é prova se estiver nos autos) 
1. ÔNUS DA PROVA 
- Regra: Fato alegado e não provado é FATO INEXISTENTE
- Quem alega tem o ônus de provar, conforme prevê o art. 333 do CPC. 
- Modernamente, o STJ vem entendendo, em vários julgados, que a “inversão do ônus da prova” melhor seria compreendida com “dispensa do ônus da prova”. Em outras palavras, quando o juiz “inverte” o ônus da prova, na realidade ele está “dispensando” o demandante de provar o que alegou (ele presume como fato efetivamente ocorrido). A outra parte é que terá que demonstrar que o fato não ocorreu. 
 Ex: Ação de cobrança
Se o réu alega que não deve O autor deve provar
Se o réu diz que já pagou O réu deve provar porque alega fato extintivo / modificativo / impeditivo do direito do autor, o que lhe transfere o ônus da prova (art. 333, II).
 Assim, quando o réu contesta apenas negando o fato em que se baseia a pretensão do autor, todo o ônus probatório recai sobre este. Quando, todavia, o réu se defende através de defesa indireta, invocando fato capaz de alterar ou eliminar as conseqüências jurídicas do fato invocado pelo autor, a regra inverte-se.
 Ex: Atropelamento com morte Uma testemunha noticia à polícia o n° da placa do carro Os pais da vítima movem ação de responsabilidade civil em face do dono do veículo, valendo-se do boletim de ocorrência como prova (art. 333, I: O ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito) Não ficou suficientemente provado o fato constitutivo do direito do autor, porque o boletim de ocorrência é prova meramente INDICIÁRIA, frágil (não foi cumprido, portanto, o requisito exigido pelo art. 333, I) Outro erro do patrono do autor foi já dizer, na petição inicial, que não pretendia produzir nenhuma outra prova. Deveria ter pedido + provas (testemunhal, técnica dos pneus, etc) Bastaria ao réu contestar alegando que o autor não provou o fato constitutivo do seu direito, nos termos do 333, I. No entanto, contestou dizendo que a vítima foi a culpada porque não atravessou no local devido Isto é, o réu alegou fato impeditivo, modificativo e extintivo do direito do autor, trazendo para si o ônus da prova (art. 333, II). 
FATOS QUE NÃO PRECISAM DE COMPROVAÇÃO (art. 334, CPC):
I - Notórios
II - Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - Admitidos, no processo, como incontroversos;
IV - Em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.
 
Normalmente, a prova recai sobre fato “pretérito” mas EVENTUALMENTE PODE RECAIR SOBRE SITUAÇÕES AINDA NÃO OCORRIDAS. É o que se dá nos processos em que o demandante postula uma “tutela inibitória” (art. 461 e 461-A). 
 Recordando: a tutela inibitória é preventiva e busca evitar a prática, repetição ou continuação de um ilícito (ex: não publicar uma biografia não autorizada, não publicar uma imagem). Quando busca evitar o ilícito, a prova recairá sobre os “atos preparatórios”. 
IURA NOVIT CURIA (art. 337, CPC) O juiz conhece o direito
- Regra: O juiz conhece o direito, de forma que autor e réu não precisam provar os dispositivos legais invocados (“dê-me o fato que te darei o direito”) mas tão-somente os fatos alegados Só vale para o direito nacional / local
- Exceção: Tratando-se de uma das hipóteses do art. 337 (DIREITO MUNICIPAL, ESTADUAL, ESTRANGEIRO OU CONSUETUDINÁRIO), o direito deverá ser provado (o juiz só é obrigado a conhecer o direito vigente no local onde exerce suas funções, não conhecendo o direito de outro município ou estado ou, ainda, o direito estrangeiro e o consuetudinário). 
1. ETAPAS DE PRODUÇÃO DA PROVA 
1) Proposição
2) Deferimento
3) Produção 
4) Valoração. 
Em alguns momentos, as etapas são aglutinadas como ocorre, por exemplo, na prova documental.
Existe momento preclusivo para a parte requerer alguma prova? 
Sim, no procedimento sumário os quesitos de prova pericial ou o rol de testemunhas deve constar na PETIÇÃO INICIAL ou na CONTESTAÇÃO. Tem a ver com o princípio da eventualidade.
30º CONCURSO PARA OAB-RJ. 
Quanto à inversão do ônus da prova no âmbito do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), assinale a alternativa correta:
a) O CDC prevê apenas a inversão ope legis;
b) O CDC prevê apenas a inversão ope judice;
c) O CDC não prevê a inversão do ônus da prova;
d) O CDC prevê a inversão ope legis e a inversão ope judice. 
R: d
 Controvérsia: O JUIZ PODE DETERMINAR A PRODUÇÃO DE PROVA DE OFÍCIO? Entendimentos possíveis:
1) Pela letra da lei (art. 130), o juiz pode.
Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
2) O juiz não pode produzir prova pois que violaria o princ. da isonomia e da imparcialidade
3) Sálvio de Figueiredo Teixeira - A regra é que somente as partes podem produzir prova, nos termos do art. 333. O juiz só pode determinar de ofício a produção de prova em situações excepcionais, que são:
I) Quando o direito for INDISPONÍVEL
II) Quando na necessidade de ESCLARECIMENTO DE PROVA NÃO CONCLUSIVA
III) Quando na necessidade de produzir prova em nome do + FRACO NA RELAÇÃO PROCESSUAL, resgatando o princ. da isonomia (nítida desproporção sócio-econômica e cultural).
4) Posição jurisprudencial e do prof°: Ampla produção de prova pelo juiz. O juiz tem o dever de perquirir a verdade real, não podendo se conformar com a verdade ficta ou processual, uma vez que o valor “justiça” só pode ser conseguido através da verdade real (mas o prof° mitiga um pouco a regra do art. 130). Se o juiz age de ofício, requerendo a produção de determinada prova, a parte que se sentir lesada poderá argüir a suspeição do juiz. 
2. O PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ
Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor.
 “concluir a audiência”: interpretar como o juiz que COLHE a prova oral
 
 Assim, se o juiz abriu e encerrou a audiência sem colher a prova oral NÃO está vinculado para julgar.
- Por este princípio, o juiz que colhe a prova testemunhal em audiência fica vinculado para julgar.
 Razão: O juiz que colheu a prova testemunhal teve contato direto, pessoal, com as partes e as testemunhas, em vez do conhecimento da prova restrito aos autos. Na viva voz falam a fisionomia, os olhos, a cor, o movimento, o tom, o modo de dizer e tantas outras diversas circunstâncias, que modificam e desenvolvem o sentido das palavras, facilitando-lhes a inteira e exata compreensão.
- E se o processo estiver na fase de prolatação da sentença e for encaminhado para o juiz substituto decidir?
 Para o prof°, há 2 opções: 
1) O juiz substituto pode enviar o processo para o juiz natural julgar ( a fim de não violar o princípio da identidade física do juiz) ou 
2) Pode determinar nova colheita de prova testemunhal (mas atenta contra a efetividade do processo, além de ser + oneroso, tanto para o Judiciário como para as partes). 
3. O PRINCÍPIO DA CARGA DINÂMICA DA PROVA
- Por este princípio, DEVE PROVAR AQUELE QUE TEM MELHORES CONDIÇÕES PARA FAZÊ-LO
- Entendimento pacífico: Para os fatos ocorridos antes da vigência do CDC, não há inversão do ônus da prova
Ex: Pessoa move ação de responsabilidade civil em razão de seqüela que alega ter decorrido de um procedimento cirúrgico realizado pelo réu O médico réu diz que a seqüelajá existia O autor tem que provar que a seqüela decorreu da cirurgia O juiz determina a perícia, que não foi conclusiva Ausência de prova constitutiva do direito do autor Juiz julgou improcedente Como provar?
 Este é um exemplo típico de PROVA IMPOSSÍVEL. O único que tem como trazer elementos de prova, de convicção, é o médico. O juiz poderia determinar a intimação do médico para um depoimento pessoal? Estaria agindo contra legem? 
 Não. O art. 333 § único, CPC diz que é nula a inversão da prova apenas nas hipóteses ali previstas.
	Isso significa que a regra é que as partes podem convencionar de forma . Se as partes podem fazê-lo, com muito + razão o juiz, que é destinarário da prova. Portanto, o juiz pode trazer prova quanto ao direito constitutivo do autor quando for caso de prova impossível. 
Obs: Se o médico, no depoimento, opta por se calar, tal fato influirá na valoração da prova.
4. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (na relação de consumo)
- Objetivo: Minimizar a hipossuficiência (técnica – fática – financeira) do consumidor, moralizar e equilibrando a relação de consumo.
 Isso é conseguido através de mecanismos / instrumentos que facilitam a defesa do consumidor Um deles é a inversão do ônus da prova
 O JUIZ É OBRIGADO A INVERTER O ÔNUS DA PROVA? 
 Não. O juiz PODERÁ advertir quando se convencer de que há verossimilhança (parece com a verdade) na alegação (alegação verossímil). 
 Além disso, nem sempre o consumidor nem sempre será a parte hipossuficiente. Ex: Prof° renomado na área de Direito move ação fundada em relação de consumo; Expert em carros que possui uma concessionária mas que resolve comprar carro em outra loja São exemplos de hipossuficiência técnica mas também pode ocorrer que seja financeira. 
 O JUIZ DEVE ADVERTIR ÀS PARTES QUE VAI DETERMINAR A INVERSÃO?
1) Corrente majoritária: Sim. A advertência do ônus da prova é uma REGRA DE PROCEDIMENTO (e não regra de julgamento) que deve ser feita pelo juiz. O juiz não pode presumir que as partes saibam da inversão.
- Se o juiz, no curso do processo, verifica a necessidade de inverter o ônus da prova, deverá advertir.
- Se o juiz não adverte, a parte ré não saberá que ela tinha o ônus de provar. E, se o juiz que não adverte e, posteriormente, julgar procedente o pedido do consumidor com base na falta de prova pelo réu, este será lesado em razão do cerceamento de sua defesa. Nesse caso, se a alegação não era verossímil, a sentença pode ser anulada, pois o juiz deveria ter advertido. 
2) Corrente minoritária: Não
Obs: O juiz pode determinar a inversão, mesmo que não tenha havido pedido do autor.
- Importância da advertência: 
1°) Como a inversão não é obrigatória, a advertência pelo juiz é importante por permitír que as partes se preparem para a inversão e, assim, preparem suas provas. 
2°) Se o juiz não adverte, prevalecerá a regra do art. 333, CPC.
 Portanto:
 - Regra: Art. 333, CPC
 - Exceção: Havendo	 - hipossuficiência do consumidor	 O juiz pode inverter e essa 
 - alegação verossímil 		 inversão deve ser precedida 
			 			 		 de um alerta às partes
										 
 Porém, nas hipóteses de hipossuficiência flagrante / verossimilhança da alegação, a advertência fica dispensada
- A oposição do réu quanto à inversão do ônus da prova por configurar abuso de direito (art. 187, CC).

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