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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - RICARDO MAURÍCIO FBDG

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira
CARACTERÍSTICAS DA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
PROPEDÊUTICA – IED é propedêutica (base de ensinamentos introdutórios) porque oferece conceitos fundamentais que serão utilizados nos mais diversos ramos jurídicos.
ENCICLOPÉDICA – IED apresenta natureza enciclopédica porque reúne uma série de conhecimentos passíveis de aplicação ao estudo do Direito (Filosofia, Sociologia, História, Antropologia).
ZETÉTICA – Zetética porque se propõe a promover uma reflexão crítica e questionável sobre o Direito e suas leis, diferente de uma abordagem Dogmática, a qual prioriza a reprodução automática das normas jurídicas, independentemente da realidade dos fatos e valores sociais.
-Zetética X Dogmática: A perspectiva dogmática perdurou da Idade Média até o final da Segunda Guerra e tratava as normas e leis como se fossem dogmas, acríticas e não sujeitos a reflexão, inquestionáveis. Buscando evitar cometer injustiças, começaram a por em exercício também a abordagem zetética. A zetética e a dogmática devem ser usadas, porém em equilíbrio.
OBS: Dura Lex, Sed Lex (A lei é dura, mas é a lei).
EPISTEMOLÓGICA – IED é epistemológica pois se propõe a discutir a existência, a natureza, a metodologia e a finalidade da ciência do direito, sendo um campo de reflexão relacionado ao estudo da ciência.
TEORIA DA NORMA JURÍDICA
CONCEITO DE SOCIEDADE - Sociedade é um conjunto de seres vivos que apresentam um dado padrão de organização (divisão social do trabalho e repartição funcional).
TIPOS DE SOCIEDADE – Existem dois tipos de sociedade: as sociedades não-humanas (formigueiros e colmeias) e as sociedades humanas.
DETERMINISMO X LIBERDADE – As sociedades não humanas são regidas pelo determinismo biológico, onde as ações sociais se tornaram previsíveis. De outro lado, as sociedades humanas são compostas por “agentes livres”, o que requer a organização de um sistema de controle social.
NORMAS COMO INSTÂNCIA DO DEVER-SER – As normas sociais são regras escritas ou não escritas que estabelecem padrões de “dever-ser” que orientam o comportamento humano em sociedade. O mundo normativo é o mundo de dever-ser (abstrato), que não se confunde com o mundo do ser (concreto, real).
NORMAS TÉCNICAS X NORMAS ÉTICAS – Normas técnicas são normas sociais que disciplinam o comportamento humano priorizando a eficácia dos resultados. A técnica é neutra na regulação da vida humana.
 De outro lado, as normas éticas prescrevem a prioridade do uso de meios socialmente legítimos para a realização de determinadas finalidades. Para a técnica, os fins justificam os meios, e já para a ética, os meios justificam os fins. Técnica e ética são geralmente normas sociais antagônicas, podendo contudo convergir na relação do comportamento humano em sociedade.
TIPOS DE NORMAS ÉTICAS – Existem 3 tipos de normas, que são as normas de etiqueta, normas morais e normas jurídicas.
 As normas éticas variam no tempo e no espaço, conforme a diversidade cultural. A maioria dos comportamentos humanos são considerados lícitos, onde apenas uma minoria de tais comportamentos fazem parte da zona de ilicitude. “Tudo que não está juridicamente proibido, está juridicamente permitido.” – Hans Kelsen
-Normas de Etiqueta: São normas que regulam hábitos de decoro ou polidez no trato com as pessoas e as coisas. Versam sobre aspectos éticos secundários. O desconhecimento das normas de etiqueta é uma prática denominada de descortesia. Ela é punida através de uma Sanção Difusa (sanção que brota da opinião pública de modo espontâneo e plural).
-Normas Morais: As normas morais são normas sociais que disciplinam valores do padrão de comportamento mais relevantes para a vida social (Exemplo: o Decálogo Bíblico). O descobrimento das normas morais acarreta na configuração de uma imoralidade a qual deve ser também sancionada difusamente.
OBS: A descortesia e a imoralidade são, na maioria das vezes, comportamentos qualificados como lícitos.
-Normas Jurídicas: Normas Jurídicas fazem parte do chamado “mínimo ético”. O Direito está situado na última barreira do sistema de controle social, tendo como exemplo o Código Penal. A ofensa às normas jurídicas configura em uma ilicitude (homicídio, por exemplo). A sanção jurídica apresenta uma natureza organizada , pois está pré-determinada no sistema jurídico normativo que é aplicada pelo Estado em regime de monopólio.
OBS: O mesmo comportamento humano pode violar mais de uma tipologia de norma ética. Quando alguém viola a vida de outrem pratica ao mesmo tempo uma imoralidade, sancionada difusamente, e uma ilicitude, sancionada de forma organizada.
DIREITO X MORAL (CRITÉRIOS DISTINTIVOS)
BILATERALIDADE X UNILATERALIDADE – O Direito é considerado bilateral, porque as normas jurídicas disciplinam relações intersubjetivas, visto que sempre haverá na relação jurídica de um lado um sujeito ativo e de outro lado um sujeito passivo.
 No mundo moral, as normas morais disciplinam a vida humana unilateralmente, dirigindo-se ao indivíduo isolado. Daí decorre a possibilidade de exigir-se institucionalmente o dever jurídico, o que não ocorre com o dever moral.
EXTERIORIDADE X INTERIORIDADE - O Direito é um fenômeno ético exterior porque as normas jurídicas só incidem a partir de um comportamento materializado no mundo dos fatos.Já as normas morais podem regular a vida humana independentemente da incidência no comportamento concreto.
HETERONOMIA X AUTONOMIA – O Direito é heterônomo porque as normas jurídicas estabelecem preceitos obrigatórios independentemente da vontade das partes. De outro lado, as normas morais são autônomas porque os preceitos morais são escolhidos com base na liberdade individual.
MAIOR COERÇÃO X MENOR COERÇÃO – Coerção é a ameaça de aplicação de uma sanção ética, gerando receio na mente dos agentes sociais. Nas sociedades ocidentais contemporâneas, o Direito costuma ser mais coercitivo do que a moral, pois a ordem jurídica consegue infundir um receio maior na mente dos cidadãos.
MAIOR COAÇÃO X MENOR COAÇÃO – Coação é a manifestação concreta da sanção ética, na dimensão repressiva do sistema de controle social. Na sociedade ocidental contemporânea, o Direito costuma ser mais coativo do que a moral, pois a sanção jurídica implica um constrangimento pessoal e patrimonial mais intenso.
SANÇÃO ORGANIZADA X SANÇÃO DIFUSA – A sanção jurídica apresenta natureza organizada porque brota do Estado, enquanto a sanção moral apresenta natureza difusa, pois parte da opinião pública.
TEORIA DOS CÍRCULOS ÉTICOS – Trata-se do estudo sobre o padrão de relacionamento existente entre o Direito e a Moral.
TEORIA DOS CÍRCULOS ÉTICOS CONCÊNTRICOS – Trata-se de uma visão difundida durante a Idade Antiga e Idade Média, por força do jusnaturalismo (Doutrina dos Direitos Naturais). A moral abarcaria o Direito, não havendo diferença entre o tratamento dado pelas normas morais e jurídicas à conduta humana. O Direito seria um núcleo pautado pela moral.
 Embora esta visão tenha o mérito de aproximar o Direito da Moral e da ideia de justiça, nem sempre ocorre uma convergência, por exemplo, um comportamento imoral, mas lícito.
TEORIA DOS CÍRCULOS ÉTICOS SEPARADOS – Tal concepção defende a ideia de que o Direito e Moral não se comunicariam, pois o Direito nçao poderia se contaminar pelas convicções de cada jurista. Tal visão foi difundida durante a Idade Moderna e até a Segunda Grande Guerra, influenciada pelo positivismo e a Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen.
 Apesar de que tal visão ofereça segurança jurídica, Direito e Moral não podem ser totalmente apartados por conta do coeficiente pessoal presente no momento da aplicação do Direito, necessário para aplicação.
TEORIA DOS CÍRCULOS ÉTICOS SECANTES – Surgiu após a Segunda Guerra Mundial no contexto da internacionalização dos Direitos Humanos Fundamentais. A aproximação do direito com a moral se deveu a razões de ordem ética: para realizar a justiça. Preserva-se as autonomias de moral e direito, onde háos Direitos Humanos na interseção.
 Embora tenha o mérito de resguardar a ideia de justiça, esta visão, inspirada no pós-positivismo traz segurança ao permitir que juízos morais interfiram no processo de aplicação dos direitos. 
ATRIBUTOS DAS NORMAS JURÍDICAS – Tais atributos são: Validade, Vigência, Vigor, Eficácia e Legitimidade.
VALIDADE – É a adequação vertical de uma norma jurídica inferior com uma norma jurídica superior dentro do sistema hierarquizado de normas jurídicas (Pirâmide Normativa de Hans Kelsen). Existem dois tipos de validade: Validade Formal e Validade Material.
-Validade Formal: A validade formal diz respeito a observância dos requisitos de competência e de procedimento, onde Competência é a habilitação que uma norma superior estabelece para um órgão criar uma norma inferior, e Procedimento é um conjunto de ritos que devem ser observados para a construção de uma norma inferior.
-Validade Material: Trata da compatibilidade do conteúdo da norma jurídica inferior com o conteúdo da norma jurídica superior.
VIGÊNCIA – Entende-se por vigência o tempo de validade da norma jurídica. Existem normas jurídicas de vigência determinada (término de vigência definido, como as MPs) e normas de vigência indeterminada (término de vigência indefinido).
-Capacidade e Revogação: A perda do prazo de uma norma de vigência determinada configura em uma caducidade. Se tratando de normas em vigência indeterminada, a cessação da vigência ocorrerá através da revogação (quando substitui-se uma norma por outra de igual ou superior hierarquia, tratando do mesmo tema de modo diverso).
-Revogação Total x Parcial: Revogação Total consiste na modificação global do dispositivo normativo anterior (Ex: revogação total do antigo CPC). Revogação Parcial ocorre quando houver uma modificação de parte do diploma normativo anterior (Ex: Revogação da Parte I do Código Comercial pelo Código Civil de 2002).
-Revogação Expressa x Revogação Tácita: Revogação Expressa ocorre quando há uma modificação textual da norma jurídica (Ex: Código Civil de 1916 pelo de 2002 no artigo 2045). Revogação Tácita é uma revogação não expressa que se verifica toda vez que houver uma incompatibilidade lógica entre dois diplomas normativos (Ex: Revogação tácita da antiga Lei de Imprensa pela CF/88).
-Revogação ≠ Repristinação: Entende-se por repristinação a restauração dos efeitos jurídicos de uma norma revogada pela revogação da norma revogadora (Ex: repristinação ocorre com frequência devido a própria natureza dinâmica do Direito Tributário).
N3
N2
N1
 
OBS: N2 revoga N1 e N3 revoga N2 restaurando os efeitos de N1.
No Direito Brasileiro, o Artigo II da LINDB (Leis de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), estabelece que no Brasil só se admite repristinação expressa, ou sejam não existe repristinação tácita no Brasil. Trata-se do Princípio Da Segurança Jurídica.
-Vigência ≠ Incidência: Incidência é um fenômeno normativo que designa a relação entre o momento de publicação da norma jurídica e o momento de início da vigência. Terá incidência imediata quando a publicação da norma ocorrer no mesmo momento do início da vigência ou vice-versa. Não há lapso temporal entre a publicação e a vigência da norma (Ex: CF/88). 
 Uma norma de incidência mediata é uma norma que prevê um lapso temporal entre o momento da publicação e o momento de início da vigência: o prazo de Vacatio Legis (Vacância Normativa). Um exemplo de Vacatio Legis foi o CC/02. É um prazo de tempo necessário para que o a sociedade possa se adaptar às mudanças.
OBS: Durante o prazo de Vacatio Legis aplica-se aos casos concretos a lei ou a norma antiga.
OBS: Caso a lei não disponha expressamente sobre a incidência (imediata ou mediata), aplicar-se-a o prazo de Vacatio Legis de 45 dias para brasileiros em solo nacional e de 90 dias para brasileiros no exterior (Artigo I da LINDB).
VIGOR – Vigor consiste na força vinculante da norma jurídica. O vigor traduz o princípio de que o tempo rege o ato (Tempus Regit Actum), uma das dimensões do valor da segurança jurídica. Daí decorre a irretroatividade das leis e dos atos normativos em geral.
Exemplo: Uma decisão judiciária tomada em 2004 sobre uma ação iniciada em 2000 será baseada no antigo CC de 1916, pois apesar de sua vigência ter acabado, o vigor ainda perdura no caso, baseado no Princípio do Tempus Regit Actum.
OBS: Esta sistemática geral do vigor comporta exceções, a exemplo das hipóteses de retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu e da retroatividade da norma trabalhista mais benéfica ao trabalhador.
EFICÁCIA – É a possibilidade concreta de produção de efeitos jurídicos. Existem dois tipos de eficácia: a eficácia técnico-jurídica/aplicabilidade e a eficácia social/efetividade.
-Aplicabilidade/Técnico-Jurídica: Será aplicada quando a mesma não depender da criação de outra norma jurídica para produzir os seus efeitos (Exemplo: Artigo 2º da CF/88). Caso ela necessite de outra norma para produzir seus efeitos, ela não terá aplicabilidade (Artigo 153, Inciso VII da CF/88)
-Efetividade/Eficácia Social: Será efetiva e, portanto dotada de eficácia social, toda vez que os preceitos da norma jurídica tenham sido observados pelos agentes sociais no mundo concreto.
LEGITIMIDADE – Trata-se da adequação valorativa da norma jurídica com base na ideia de justiça presente em cada tempo e espaço. Será considerada legítima a norma jurídica toda vez que a mesma for vivenciada como justa pela maioria da sociedade num dado contexto histórico e cultural. (Exemplo: Estatuto do Idoso e Lei da Ficha Limpa).
OBS: Não se confunde legitimidade com efetividade, porque uma norma pode ser justa, porém sem ser efetiva, como o Estatuto do Idoso, por exemplo.
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
QUANTO AO SISTEMA
-Normas Internas: São aquelas normas jurídicas que pertencem ao ordenamento jurídico nacional (Ex: CF/88).
-Normas Externas: Normas que são produzidas fora dos limites nacionais, como a Consituição Portuguesa e o Tratado de Assunção de 1991. No direito internacional clássico, preserva-se o princípio de soberania, logo, as normas estrangeiras devem ser convertidas em normas do direito interno. No contexto dos grandes blocos supranacionais, como a UE, verifica-se a formação de uma nova forma de direito estrangeiro. Trata-se do Direito Comunitário (soberania compartilhada e aplicabilidade direta imediata das normas comunitárias).
QUANTO À RELAÇÃO A VONTADE DAS PARTES
-Normas Cogentes: São aquelas que estabelecem preceitos obrigatórios independente da vontade das partes (Exemplo: Artigo 14 da CF/88 prevê a obrigatoriedade do voto).
-Normas Dispositivas: São aquelas que permitem seus efeitos pela vontade dos particulares (Ex: Norma do CC sobre o regime patrimonial dos bens)
RELAÇÃO DAS NORMAS ENTRE SI
-Normas Primárias/De Conduta: São aquelas normas jurídicas que preveem comandos que se dirigem diretamente à conduta humana, seja para proibi-la, seja para permiti-la. (Ex: Artigo 121 do CP/40).
-Normas Secundárias/De Organização: são aquelas normas jurídicas que regulam o modo de criação, interpretação e aplicação das normas jurídicas, alcançando de forma indireta o comportamento humano (Artigo 2º da LINDB).
OBS: Normas primárias e secundárias possuem a mesma hierarquia.
QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO LEGAL
-Normas Codificadas: São aquelas normas jurídicas pertencentes aos códigos (leis de grande generalidade e sistematização lógica). O Século XIX foi a era das grandes codificações, pois foi o apogeu do Positivismo Legalista (Exemplo: Código Napoleônico de 1804).
-Normas Consolidadas: Normas que pertencem às consolidações (leis que surgem a partir de leis pré-estabelecidas, como a Consolidação das Leis Trabalhistas).
-Normas Esparsas: São aquelas que pertencem às leis que tratam de temas e destinatários específicos, como o Estatuto do Idoso, ECA, etc.
OBS: Após a Segunda Guerra, ampliou-se o número de leis esparsas, que criaram os chamados Microssistemas Jurídicos, havendo uma “decodificação”.QUANTO À ESTRUTURA NORMATIVA
-Regras: São normas que descrevem situações específicas e determinada, que preservam a segurança jurídica, limitando o espaço interpretativo do jurista (Artigo 18, Parágrafo I, CF/88)
-Princípios: São normas que apresentam uma estrutura normativa mais aberta e genérica, apontando para a realização dos mais altos valores e fins do sistema jurídico, com que se potencializa com a realização da justiça. Oferecem um amplo espaço de interpretação jurídica (Artigo 1º, Inciso III, CF/88).
QUANTO AOS GRAUS DE APLICABILIDADE
-Aplicabilidade Plena: É aquela norma jurídica cuja produção de seus efeitos independe da criação de outra norma jurídica (Artigo 13 da CF, que designa o português como língua oficial.
-Aplicabilidade Limitada: É aquela norma jurídica cuja produção dos seus efeitos depende da criação de outra norma jurídica (Artigo 153 da CF, questão dos impostos sobre grandes fortunas recaindo para as futuras leis complementares)
-Aplicabilidade Contida: São as normas jurídicas que preveem num primeiro momento a produção de ambos efeitos jurídicos e, no segundo momento, estabelece a possibilidade de uma norma jurídica posterior restringir os seus efeitos iniciais (Artigo 5º, Inciso XIII, CF)
-Aplicabilidade Exaurida: É aquela norma jurídica cuja produção dos seus efeitos já se consumou no mundo jurídico, permanecendo vigente como uma mera recordação histórica (Artigo 2º da ADCT).
QUANTO AOS ÂMBITOS DE VALIDADE
-Normas Gerais: São normas que produzem os seus efeitos em todo o território nacional (CF/88).
-Normas Especiais: Normas jurídicas que alcançam parcelas específicas no território nacional (Leis Estaduais e Municipais).
QUANTO AO ÂMBITO DE VALIDADE PESSOAL
-Normas Genéricas: São as normas que alcançam a totalidade da comunidade jurídica, apresentando destinatários indefinidos (CF/88).
-Normas Individualizadas: Normas jurídicas que se referem a um destinatário específico, como as normas estabelecidas em um contrato de trabalho.
OBS: Quanto maior a hierarquia da norma, maior sua generalidade e vice-versa.
QUANTO AO ÂMBITO DE VALIDADE MATERIAL
-Normas de Direito Público: São normas que disciplinam as relações existentes entre o Estado e particulares, bem como a relação entre órgãos estatais, sempre sob a ótica da supremacia do interesse coletivo. A maioria das normas do Direito Público são cogentes (Normas do Direito Constitucional e Penal).
-Normas do Direito Privado: São normas jurídicas que regulam a relação entre particulares, privilegiando a autonomia da vontade e a liberdade individual. A maioria das normas do direito privado são dispositivas (Normas do Direito Civil e Comercial).
 Verifica-se atualmente o processo de diluição de fronteiras entre o direito público e privado. Há de ter um processo de publicização do Direito Privado (Dirigismo Contratual no Direito do Trabalho e Consumidor), e, de outro lado, existe a privatização do Direito Público (participação dos agentes privados na gestão pública).
QUANTO AO ÂMBITO DE VALIDADE TEMPORAL
-Vigência Determinada x Vigência Indeterminada: Normas de vigência determinada são aquelas que estabelecem previamente o término de sua validade (MPs) e as de vigência indeterminada são aquelas não preveem seu término (CF/88).
-Incidência Mediata x Mediata: Incidência mediata é quando inicia a vigência no mesmo momento da publicação, não estabelecendo Vacatio Legis, e normas de incidência mediata são as normas que estabelecem um lapso de tempo (vacatio legis) entre o momento de publicação da norma e o início de sua vigência.
-Normas Retroativas x Irretroativas: Normas retroativas são normas que excepcionalmente alcançam situações ocorridas antes da sua vigência, como em casos de retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu. Já as normas irretroativas são as que em nome dos princípios da segurança jurídica e do “Tempus Regit Actum” não alcança situações jurídicas antes de sua vigência. 
-Direito Adquirido: É aquele direito que já se integrou ao patrimônio do seu titular. Não se confunde com expectativa de direito (o direito de exercer a advocacia após o Exame da Ordem).
-Coisa Julgada: É o fenômeno da imodificabilidade da decisão judicial, não admitindo mais recurso.
-Ato Jurídico Perfeito: É aquele ato jurídico que se revela válido por ter observado todos os requisitos exigidos por lei para sua celebração.
FONTES DO DIREITO – São os diversos modos de manifestação da normatividade jurídica que se formam a partir dos elementos existentes na realidade social.
ETIMOLOGIA – A expressão fontes do direito se origina do vocábulo “fons”, que significa origem, nascedouro, gênesis.
MONISMO X PLURALISMO – Os monistas defendem a ideia de que o direito se origina do Estado (visão positivista e dogmática). De outro lado, os pluralistas defendem a ideia de que o direito seria um produto do Estado e da sociedade (visão pós-positivista e zetética).
OBS: O pluralismo jurídico se tornou hegemônico após a 2ª Guerra Mundial. O direito estatal convive com o direito não-estatal, de modo harmonioso ou conflituoso (o problema do infanticídio praticado pelos povos indígenas).
FONTES MATERIAIS DO DIREITO – São elementos econômicos, políticos e ideológicos que oferecem a matéria prima para a criação das normas jurídicas (violência doméstica contra a mulher como fonte material da Lei Maria da Penha).
FONTES FORMAIS DO DIREITO – São aquelas fontes estatais e não-estatais que correspondem às normas jurídicas propriamente ditas, que resultam da positivação das fontes materiais do Direito.
FONTES FORMAIS ESTATAIS – São as fontes produzidas única e exclusivamente pelo Estado.
-Legislação: Entende-se por lei o diploma normativo escrito, genérico e abstrato, de origem predominantemente parlamentar que disciplina as relações sociais. Trata-se da principal fonte jurídica dos sistemas de Civil Law/Tradição Romano-Germânica.
-Jurisprudência: Consiste na reiteração de decisões judiciais no mesmo sentido, formando um padrão interpretativo capaz de inspirar futuros julgamentos. Trata-se da principal fonte jurídica dos sistemas de Common Law.
 Os tribunais podem depois de reiteradas as decisões sobre a mesma matéria, editarem súmulas, que são enunciados interpretativos que sintetizam a jurisprudência acumulada dos tribunais. Elas podem ser persuasivas ou vinculantes.
 As súmulas persuasivas não são obrigatórias e podem ser criadas por todo e qualquer tribunal brasileiro. As súmulas vinculantes, por sua vez, são obrigatórias e podem ser editadas apenas pelo STF (EC 45 de 2004).
OBS: A jurisprudência costuma traduzir um direito mais vivo, concreto e atual, que não está previsto muitas vezes na lei, podendo influenciar inclusive na criação de novas leis, como por exemplo a guarda compartilhada.
OBS: Atualmente verifica-se a superação da dicotomia Civil Law x Common Law. No Direito Brasileiro portanto, nota-se uma grande valorização da jurisprudência.
FONTES FORMAIS E NÃO-ESTATAIS DO DIREITO
-Costume Jurídico: É a reiteração de práticas sociais que cria um padrão normativo capaz de estabelecer direitos e deveres para os agentes sociais, como a emissão de cheque pré-datado no Direito Comercial e o surgimento do 13º Salário no Direito do Trabalho. O costume goza de mais espaço no âmbito do sistema de Common Law.
-Doutrina: É o conjunto de obras e pareceres dos grandes profissionais de Direito e estudiosos da ciência jurídica. Oferecem o argumento de autoridade que embasa a criação das leis e da própria jurisprudência, como por exemplo, o livro de Miguel Reale “Lições Preliminares do Direito”.
-Negócios Jurídicos: São declarações de vontade, escritas ou não escritas, unilaterais ou bilaterais que disciplinam as relações entre os particulares, como os testamentos e contratos.
-Poder Normativo dos Grupos Sociais: É a prerrogativa conferida pela ordem jurídica às instituições para que criem os seus próprios microordenamentos jurídicos, uma vez observadas as fontes estatais, como os regulamentos de empresas e convenções condominiais.TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO - Trata-se de uma parte da Teoria Geral do Direito que versa sobre a possiblidade do Direito ser concebido como um sistema: um conjunto ordenado de elementos.
 Diante da caótica realidade natural e social, pode o jurista, enquanto sujeito do conhecimento, ordenar racionalmente a compreensão e a aplicação das normas jurídicas.
CONSTRUÇÃO DO SISTEMA JURÍDICO – O jurista pode apresentar o universo jurídico através da noção de sistema. De todas as contribuições, a mais importante foi oferecida por Hans Kelsen: a visão de um sistema jurídico piramidal que se relaciona através de laços de validade. 
O PROBLEMA DA COMPLETUDE – Diz respeito à possibilidade do direito de oferecer respostas normativas para as situações sociais.
-Argumentos em prol da Completude: O Direito é completo pois tudo que não está juridicamente proibido é juridicamente permitido (Hans Kelsen). O direito é completo porque o juiz não pode eximir-se de julgar alegando a falta/obscuridade da lei (a decisão judicial como uma resposta normativa).
-Argumentos em prol da Incompletude: O Direito é incompleto porque a sociedade se transforma num ritmo muito mais célere, surgindo assim as lacunas. A existência de mecanismo de integração reforça a ideia da existência de lacunas. Podemos concluir que o Direito é completável, pois as eventuais lacunas jurídicas poderão ser preenchidas pelo próprio sistema jurídico. 
LACUNAS JURÍDICAS – Trata-se de qualquer imperfeição que venha a comprometer a completude do sistema jurídico.
-Lacuna Normativa: Ocorre toda vez que inexiste uma norma que regule expressamente uma dada situação social, como por exemplo, a ausência de legislação penal brasileira para os crimes virtuais.
-Lacuna Fática/Ontológicas: Manifesta-se toda vez que a norma jurídica vigente não está em contato com a realidade social (perda de efetividade, a inobservância do Estatuto do Idoso.
-Lacuna Valorativa/Axiológica: Surge toda vez que a norma jurídica vigente perde contato com o sentimento de justiça da sociedade (perda de legitimidade, como a percepção de ilegitimidade da norma que trata do voto obrigatório no Brasil)
INTEGRAÇÃO DO DIREITO – Trata-se da atividade de preenchimento das lacunas jurídicas, a fim de restaurar a completude da ordem jurídica. A ciência jurídica oferece 4 instrumentos de integração que poderão ser utilizados concomitantemente ou isoladamente (todos previstos no Direito Brasileiro), sem que haja uma hierarquia, sendo eles:
-Analogia: Consiste na aplicação de uma norma jurídica que trata de uma dada situação social à uma outra situação social semelhante que não se encontra regulada por uma norma jurídica expressa, como por exemplo na aplicação de lei de proteção aos animais para os presos políticos na Ditadura Militar.
-Costumes: Trata-se de prática social reiterada que pode ser utilizada para o preenchimento das lacunas jurídicas, como é possível vermos o uso dos costumes para o preenchimento de lacunas contratuais , conforme o Novo CC/02.
-Princípios Gerais do Direito: São mecanismos de integração que resultam da aplicação de mandamentos éticos (expressos ou implícitos) que correspondem aos valores e fins do sistema jurídico, potencializando a aproximação do direito com a moral e a realização da justiça. Um exemplo é a aplicação do Princípio da Insignificância/Bagatela do Direito Penal em casos de furto famélico.
-Equidade: Consiste na realização do sentimento de justiça do julgador diante de um caso concreto, a partir das convicções morais do aplicador da norma jurídica.
O PROBLEMA DA COERÊNCIA – Trata-se da necessidade de superação das contradições existentes num dado sistema. No mundo do direito denomina-se de antinomia jurídica o conflito existente ente uma norma que proíbe e outra norma que permite a mesma conduta humana. Diante disso, deve o jurista equacionar a contradição, como por exemplo a transfusão de sangue para o paciente Testemunha de Jeová e o conflito entre o Direito à Vida e à Liberdade Religiosa.
 Existem três critérios para a solução das antinomias jurídicas:
-Critério Hierárquico: Havendo conflito entre uma norma que proíbe e outra que permite o mesmo comportamento em patamares hierárquicos distintos, prevalece a norma superior em face da norma inferior, como por exemplo, a prevalência da CF em conflito com o edital de concurso público.
-Critério Cronológico: Havendo conflito entre normas jurídicas de mesma hierarquia, sendo uma norma posterior e outra anterior, prevalece a norma jurídica posterior. Como em contratos bancários e o conflito entre o CDC/90 e o CC/16.
-Critério da Especialidade: Havendo conflito entre uma norma especial e uma norma geral, ambas de mesma hierarquia, prevalece norma especial (o transporte público interestadual em face do CDC e do Estatuto do Idoso)
OBS: Denomina-se de Antinomia de 2º Grau o conflito entre os critérios cronológicos e da especialidade, toda vez que uma norma anterior e especial entra em conflito com uma norma superior geral, ambas de mesma hierarquia. Nesta hipótese, qualquer solução se afigura possível (Ex: CDC/90 e CC/02 e sua aplicação aos contratos bancários).
PONDERAÇÃO DE BENS E INTERESSES – Trata-se de uma técnica hermenêutica utilizada para o estabelecimento de uma relação de propriedade concreta de princípios condicionais em disputa. Ponderar é hierarquizar princípios a partir da valoração dos fatos sociais presentes no caso controvertido, tendo como exemplo o candidato adventista e o conflito entre o Princípio da Liberdade Religiosa e o Princípio da Igualdade, ambos previstos no Artigo 5º da CF/88.
RELAÇÃO JURÍDICA – Consiste no vínculo intersubjetivo que surge a partir da ocorrência de um fato jurídico, polarizando de um lado o sujeito ativo (titular de um direito subjetivo) e, de outro lado, o sujeito passivo, obrigado ao cumprimento de um dever jurídico, bem como o nexo intersubjetivo que polariza de um lado a ilicitude e do outro a aplicação da sanção jurídica ao seu infrator. A relação jurídica contempla duas características: a bilateralidade e a exterioridade, pois pressupõe a interação de comportamentos no plano concreto da realidade humana.
FATO JURÍDICO – É todo e qualquer acontecimento humano ou natural que produz consequências no mundo do direito. Compreende duas categorias: o fato jurídico em sentido estrito (acontecimento material, como o tempo) e o ato jurídico (acontecimento humano, á exemplo de um contrato). O fato jurídico concretiza a hipótese abstrata da norma jurídica (Direito Objetivo).
SUJEITO DE DIREITO – São todos aqueles entes personalizados ou despersonalizados que integram os polos ativos (titularidade do direito subjetivo) e passivo (obrigatoriedade do cumprimento de um dever jurídico).
 Os sujeitos de direitos podem ser entes personalizados, as Pessoas Físicas (que possuem estrutura corpórea)ou entes despersonalizados, as Pessoas Jurídicas (são aquelas que possuem existência ficta, abstrata, como bancos, países, organizações internacionais). A Pessoa Física não se confunde com a personalidade jurídica, sendo contudo possível a aplicação da Teoria da Desconsideração (Disregard Doctrine) para proteger os credores diante de fraudes trabalhistas, previdenciárias, consumeristas e tributárias.
 Os entes personalizados não apresentam personalidade, embora titularizem direitos e cumpram deveres (Nascituro).
DIREITO SUBJETIVO – É o conjunto de faculdades que a norma jurídica (Direito Objetivo) confere ao sujeito ativo da relação jurídica, como as faculdades de usar, dispor e gozar de um bem, como integrante do direito subjetivo de propriedade. O titular de um direito subjetivo pode exigir o cumprimento de um dever jurídico correlato.
DEVER JURÍDICO – É o conjunto de obrigações assumidas pelo sujeito passivo de uma relação jurídica. Compreende, de modo isolado ou em conjunto, três tipos de obrigações: fazer, não fazer e dar.
ILICITUDE – É a conduta positiva (ação) ou negativa (omissão) que viola os preceitos da norma jurídica, por integrar a zonado juridicamente proibido. Pode resultar tanto do exercício arbitrário do direito pelo sujeito ativo, como também decorrer do descumprimento de um dever jurídico pelo sujeito passivo (inadimplemento), que é a mais grave forma de infração ética.
SANÇÃO JURÍDICA – Consiste na consequência do ilícito. Trata-se de qualquer forma de constrangimento patrimonial ou pessoal imposto pelo direito ao sujeito que pratica a ilicitude, como as multas de trânsito e a pena de privação de liberdade. Apresenta natureza organizada nas sociedades ocidentais e contemporâneas.
ESCOLAS DO PENSAMENTO JURÍDICO
JUSNATURALISMO – Trata-se da doutrina dos direitos naturais: direitos inerentes à condição humana. Tais direitos naturais resultariam de um código ético universal e absoluto de justiça.
 O jusnaturalismo passou por diversas fases: o Jusnaturalismo Cosmológico (Idade Antiga), onde o fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a harmonia com o universo; o Jusnaturalismo Teológico (Idade Média), cujo fundamento dos direitos naturais seria a vontade de Deus; o Jusnaturalismo Racionalista (Idade Moderna), onde o fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a razão humana universal; e o Jusnaturalismo de Conteúdo Variável (Pós-2ª Guerra), onde o fundamento dos direitos naturais e da justiça seria o consenso internacional sobre a existência de certos direitos humanos fundamentais.
-Críticas Positivas sobre o Jusnaturalismo: Teve o mérito de mostrar a relação entre direito e justiça (legitimidade), contribuiu para a formação de uma cultura de proteção aos direitos humanos fundamentais, que constituiu a base dos regimes democráticos. Também desenvolveu a primeira noção de sistema jurídico (Direito Natural Superior x Direito Positivo Inferior).
-Críticas Negativas sobre o Jusnaturalismo: Não existe um padrão único de justiça, pois a mesma varia no tempo e no espaço (multiculturalismo), confunde os atributos da validade e da legitimidade, a expressão dos direitos naturais é dotada de uma abertura semântica que gera insegurança jurídica.
POSITIVISMO LEGALISTA – Trata-se de uma corrente surgida nos séculos XVIII e XIX, no contexto das revoluções liberais burguesas. A sua maior expressão foi a escola de Exegese (“interpretação”) na França pós-revolucionário.
-Teses Fundamentais do Positivismo: 
I - Identificação do direito com a lei, onde o direito se esgota e se expressa na lei.
II – Crença na perfeição racional do legislador, pela razão o mesmo seria capaz de criar uma legislação perfeita.
III – Afirmação de um direito legal completo e coerente, inexistência de lacunas e antinomias.
IV – Separação entre direito e moral (Teoria dos Círculos Éticos Separados)
V – Negação dos direitos naturais/jusnaturalismo
VI – Afirmação do monismo jurídico (Direito oriundo do Estado)
VII – Neutralização política do judiciário (“juiz como boca da lei” – Montesquieu)
-Críticas Positivas: Promoveu um grande avanço no direito civil (teorias, classificações, conceitos), a afirmação de legalidade representou a proteção dos cidadãos contra o arbítrio dos governantes, a lei trouxe segurança ao capitalismo e á democracia representativa.
-Críticas Negativas: A lei não é a única fonte do direito (pluralismo), a neutralização judiciário pode resultar na realização de injustiças (dogmatismo), o direito não é uma criação exclusiva do Estado, podendo ser gestado no âmbito da sociedade.
HISTORICISMO JURÍDICO – Trata-se da primeira grande corrente de crítica ao positivismo legalista. Surgiu na Alemanha durante o Século XIXI, através dos estudos desenvolvidos pelo grande jurista germânico Savigny.
-Teses Fundamentais do Historicismo Jurídico:
I – Afirmação do costume como principal fonte do direito
II – Conceito de Volksgeist (Espírito do Povo) e sua afirmação para aplicação do direito consuetudinário/costumeiro.
III – Demonstração da insuficiência do legislador e da lei
IV – Defesa do pluralismo jurídico
V – Afirmação da interpretação histórica do direito (resgate do Direito Romano)
-Críticas Positivas: Teve o mérito de situar o direito no rol dos objetos culturais (recusa ao idealismo, o direito deixa de ser concebido como um objeto ideal, fora da realidade, teve o mérito de retomar o estudo do Direito Romano, tão importante para compreensão do Direito Privado.
-Críticas Negativas: Os costumes como fontes não escritas, trazem insegurança jurídica, o conceito de espírito do povo está baseado em estereótipos que escondem a diversidade social e costuma servir à ideologias personalistas de justificação de regimes autocráticos.
SOCIOLOGISMO JURÍDICO – Trata-se de uma corrente surgida no Século XIX que representou uma reação ao Positivismo Legalista. Apresentou-se como uma corrente que utilizou a sociologia como base para o estudo do Direito.
-Teses Fundamentais do Sociologismo Jurídico:
I – Exame do Direito como conjunto de fatos sociais (expressão do mundo do ser)
II – Valorização da efetividade como atributo das normas jurídicas
III – Reconhecimento do Pluralismo Jurídico
IV – Valorização da jurisprudência como fonte do direito
V – Desenvolvimento de uma interpretação sociológica do direito.
-Críticas Positivas: Demonstrou a imperfeição do legislador e da lei (lacunas e antinomias jurídicas), enfatizou o papel da jurisprudência na criação do direito como instrumento de atualização da ordem jurídica.
-Críticas Negativas: Comprometeu a autonomia da ciência jurídica (Direito como ramo da sociologia), gera uma confusão entre efetividade e validade, tornando o mundo jurídico um mundo dos fatos sociais, com o risco da revolta dos fatos sociais contra a legalidade.
TEORIA PURA DO DIREITO – Trata-se de uma versão refinada do Positivismo Jurídico, cujo mentor foi o jurista Hans Kelsen. Tal concepção surgiu no período entre as duas Grandes Guerras, incorporando as contribuições da lógica (Positivismo Lógico).
-Teses da Teoria Pura do Direito:
I – Afirmação do Direito como um conjunto de normas.
II – Afirmação da ciência jurídica como uma ciência normativa, baseada na objetividade, neutralidade e precisão/exatidão.
III – Utilização da lógica do dever-ser para o estudo das normas jurídicas.
IV – Separação do Direito em face as moral (TCE Separados)
V – Negação da possibilidade de definição racional da justiça.
VI – Afirmação do ordenamento jurídico como uma pirâmide de normas, conjunto de normas que se relacionam através de laços de validade.
VII – Defesa do monismo jurídico (origem estatal do Direito)
VIII – Defesa da completude e da coerência do sistema jurídico.
-Críticas Positivas: A Teoria Pura do Direito teve o mérito de promover um grande avanço científico no mundo jurídico, sendo uma concepção extremamente útil para o jurista prático.
-Críticas Negativas: Não se pode estudar o direito isolando as normas dos fatos e valores sociais, o monismo estatal e o alheamento com relação ao problema da justiça tornou a Teoria Pura do Direito a concepção preferida dos regimes autoritários.
PÓS-POSITIVISMO JURÍDICO – Trata-se de uma concepção contrária à Teoria Pura do Direito, surgida após a 2ª Guerra. Representa uma proposta de síntese das demais escolas anteriores.
-Teses Fundamentais do Pós-Positivismo Jurídico:
I – Compreensão do direito como conjunto de normas, fatos e valores sociais (Tridimensionalidade jurídica).
II – Valorização dos atributos da validade, efetividade e legitimidade.
III – Utilização de uma abordagem zetética e interdisciplinar do direito.
IV – Defesa da TCE Secantes (reaproximação do direito em face da moral).
V – Valorização dos princípios que enunciam os direitos humanos fundamentais.
VI – Desenvolvimento da hermenêutica jurídica (Teoria da Interpretação do Direito).
VII – Emergência do ativismo judicial (postura criativa e construtiva dos julgadores).
-Críticas Positivas: A aplicação dos princípios potencializa a realização da justiça, o ativismo judicial contribui para a efetivação dos direitos fundamentais e a própria democracia.
-Críticas Negativas: A aplicaçãodos princípios gera insegurança por conta da sua abertura semântica e o ativismo judicial pode contribuir para a formação de um governo de juízes (risco de decisionismo judicial).

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