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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE SAÚDE E BIOCIÊNCIAS CURSO DE PSICOLOGIA DISCIPLINA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Resenha Descritiva Gabriel dos Santos Saint Pierre 2º Período Psicologia Turma A (noturno) Curitiba 2016 A Fase do Espelho ou Estágio do Espelho é a primeira contribuição de Lacan para a teoria psicanalítica, na década de 1930, quando Freud ainda estava vivo. Segundo Lacan (1936), fase da constituição do ser humano que se situa entre os seis e os dezoito meses; a criança, ainda num estado de impotência e de não coordenação motora, antecipa imaginariamente a apreensão e o domínio da sua unidade corporal. Esta unificação imaginária opera-se por identificação com a imagem do semelhante como forma total; ilustra-se e atualiza-se pela experiência concreta em que a criança percebe a sua própria imagem num espelho. A fase do espelho constituiria a matriz e o esboço do que seria o ego. Foi por ele apresentada em 1936 no Congresso Internacional de Psicanálise de Marienbad. A concepção da fase do espelho é uma das contribuições mais antigas de Lacan. Do ponto de vista da estrutura do sujeito, a fase do espelho marcaria um momento fundamental: constituição do primeiro esboço do ego. Com efeito, a criança percebe na imagem do semelhante ou na sua própria imagem especular uma Gestalt em que antecipa, e dai o seu “júbilo” uma unidade corporal que objetivamente lhe falta e identifica-se com essa imagem. Esta experiência primordial está na base do caráter imaginário do ego constituído imediatamente como “ego ideal” e “origem das identificações secundárias”. Nesta perspectiva, o sujeito não é redutível ao ego, instância imaginária, dual, voltada à tensão agressiva em que o ego é constituído como um outro, e o outro como alter ego. Esta concepção poderia ser aproximada dos pontos de vista freudianos sobre a passagem do autoerotismo – anterior à constituição do ego – ao narcisismo propriamente dito, pois aquilo a que Lacan chama fantasia do “corpo fragmentado” corresponde à primeira etapa, e a fase do espelho ao advento do narcisismo primário. Mas com uma importante ressalva: para Lacan, seria a fase do espelho que faria retroativamente surgir a fantasia do corpo fragmentado. Essa relação dialética observa-se no tratamento psicanalítico: vê-se por vezes aparecer a angústia de fragmentação por perda da identificação narcísica, e vice-versa. Para a psicanálise a psique não possui um centro. Ela é constituída pela luta, pelo conflito das pulsões parciais. Entretanto, na fase do espelho, entre os seis meses aos dezoito meses há a constituição de uma unidade do ego. Pela imagem do outro há a criação de uma imagem do eu. Em outras palavras, há a criação de uma unidade pela imagem. Daí o fato de explicarmos o imaginário, primeiramente pela fase do espelho. Quando a criança se questiona sobre a imagem que vê no espelho, ela busca, no adulto, a referência de que aquela é a sua própria imagem. No entendimento lacaniano, essa imagem do corpo, ou seja, a constituição de eu na criança, depende, não apenas de um desenvolvimento maturacional, mas exige a implicação do outro. Assim, por questões de pré-maturação a criança faz confusão entre si e o outro. Passa por uma experiência inicial de um corpo fragmentado, para alcançar a formação do corpo unificado. Esta experiência se dá por meio do espelho. A criança liberta-se da angústia das fantasias do corpo despedaçado. Esta identificação é entendida como processo simbólico na qual a criança faz a primeira estruturação do eu, da sua imagem. A imagem corporal tem um papel fundamental na constituição do sujeito. Conforme visto em Lacan, a imagem especular possibilita a criança estabelecer a relação do seu eu com a realidade. Referências Bibliográficas: Lacan, J. (1986[1953-1954]). O seminário, livro 1: ss escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, p. 92.
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