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1 AULA 8 – Informações Estruturais a Part ir dos Informações Estruturais a Part ir dos Espectros de RMN: Teor ia e Espectros de RMN: Teor ia e Deslocamentos Químicos (Deslocamentos Químicos ( δδδδδδδδ)) 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO– Campus Diadema Curso de Química -2011 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (RMN) 222 (RMN) A RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (RMN) A RMN é a parte da espectroscopia que estuda a estrutura e as interações moleculares através de medidas da interação de campo eletromagnético oscilante (de RF) com os núcleos presentes num campo magnético estático. Em condições adequadas uma substância pode absorver uma 3 radiação eletromagnética na região das radiofrequências, a frequências determinadas pelas características da molécula. A absorção é uma função de certos núcleos da molécula. Um gráfico das frequências dos picos de absorção em função das intensidades dos picos constitui um espectro de RMN. 4 DécadaDécada Descoberta / Avanço de RMN Descoberta / Avanço de RMN 1940s Primeira observação de RMN em sólidos e líquidos (1945) 1950s Uso dos δδδδ e J como ferramentas de determinação estrutural 1960s Introdução da RMN de FT; uso do efeito NOE para determinação estrutural ;Instrumentação capaz de efetuar espectroscopia de RMN do próton (1H-RMN), em rotina. 5 em rotina. 1970s Emprego de imãs supercondutores; controle total do equipamento pelo computador; instrumentos capazes de analisar o núcleo do 13C. 1980s Introdução de pulsos múltiplos, e espectroscopia em 2-D 1990s Acoplamento da RMN com outras técnicas, ex: CL- RMN Estados de Spin Todos os núcleos possuem uma carga e uma massa. Os que possuem um número de massa ímpar ou um número atómico ímpar, possuem igualmente um spin, quer dizer apresentam um momento angular de spin . Spin – os núcleos se comportam como se estivessem girando. 66 O movimento de rotação da carga do hidrogênio gera um campo magnético. Por exemplo 11H, 21H, 136C, 147N e 178O possuem um spin, ao passo que 126C e 16 8O não possuem. Os núcleos que possuem um spin podem ser estudados por RMN. Isotope Natural %Abundance Spin (I) Magnetic Moment (µ)* Magnetogyric Ratio (γ)† 1H 99.9844 1/2 2.7927 26.753 2H 0.0156 1 0.8574 4,107 7 H 0.0156 1 0.8574 4,107 11B 81.17 3/2 2.6880 -- 13C 1.108 1/2 0.7022 6,728 17O 0.037 5/2 -1.8930 -3,628 19F 100.0 1/2 2.6273 25,179 29Si 4.700 1/2 -0.5555 -5,319 31P 100.0 1/2 1.1305 10,840 * µ in units of nuclear magnetons = 5.05078•10-27 JT-1 † γ in units of 107rad T-1 sec-1 O núcleo atômico produz um sinal de RMN da seguinte forma: Quando elementos com um peso atômico par, como o hidrogênio, são expostos a um campo magnético estático, forte e homogêneo, os núcleos dos átomos se comportam como magnetos e seus spins se alinham na direção do campo aplicado. Propriedades Magnéticas dos NúcleosPropriedades Magnéticas dos Núcleos 8 seus spins se alinham na direção do campo aplicado. Um dos números quânticos do núcleo é o spin-nuclear, I cujo valor ≥ 0. - Quando a massa atômica (A) é par, porque Z e N são pares, I = 0, e o núcleo não tem sinal na RMN (12C; 16O, 32S). -Quando I ≠ 0, o núcleo pode ser considerado com partícula carregada que gira em torno de seu eixo, girando um momento magnético nuclear, µµµµ, ao longo deste eixo. 9 10 Comportamento de Núcleos num Campo Magnético Externo e Comportamento de Núcleos num Campo Magnético Externo e 1111 Comportamento de Núcleos num Campo Magnético Externo e Comportamento de Núcleos num Campo Magnético Externo e Estático, Estático, BoBo Quando os núcleos são submetidos à Bo, eles se organizam em (2I + 1) orientação, porque ∆E entre os estados de energia envolvidos é quatizada. 12 Átomo de Cloro: 13 0 2 B π γ ν = 14 �α > �β 1515 Níveis de energia para o hidrogênio sob a ação de um campo magnético Bo. Obs: Bo é dado em Tesla, 1 Tesla = 10 k Guass. Os equipamentos modernos de RMN operam entre 5 a 16 Tesla. O campo magnético da terra = 0,6 G = 10-5 Tesla. O efeito de Bo sobre os núcleos é explicado em termos de mecânica clássica, onde o campo impõe uma torque sobre µµµµ, provocando um movimento circular deste em volta de Bo, com freqüência característica, νννν em Hz, chamada a freqüência de Larmor, relacionada com Bo por: νννν = γγγγ Bo /2ππππ, onde γγγγ é a razão giromagnética do núcleo. 1616 Assim, para I = ½, na ausência de Bo, os dois estados de spin tem energias iguais, na sua presença os dois estados tem energias diferentes: ∆∆∆∆E = hνννν = h γγγγ Bo / 2ππππ Para um Bo = 5.87 Tesla, ν de 1H = 250 MHz, e as frações de 17 Para um Bo = 5.87 Tesla, ν de H = 250 MHz, e as frações de núcleos nos dois estados de spin são : 0,49999 e 0,50001 para m = - ½ e + ½, respectivamente (excesso do último estado ≈ 20 ppm). Assim, a aplicação de Bo favorece um dos estados do spin, embora o sistema volte ao equilíbrio, uma vez que Bo é desligado. A volta, ocorre por um processo exponencial de relaxação, longitudinal ou de spin-rede, cujo tempo é T1. O alinhamento dos spins dos núcleos pode ser perturbado por um pulso curto de ondas de rádio (RF) Esse campo tira os spins do núcleo de sua orientação paralela ao campo magnético e o núcleo começa a mudar de direção sobre o seu próprio eixo de rotação com frequência angular, ωωωω. Essa mudança gera energia necessária para movimentos do tipo giroscópio dos spins dos núcleos: precessão 1818 1919 20 A Spinning Charge in a Magnetic Field A Spinning Gyroscope in a Gravity Field 21 Quando a frequência do campo elétrico oscilatório equivale ao campo elétrico do núcleo que está prescessando, os dois campos podem acoplar e será possível transferir energia da radiação para o núcleo, invertendo o seu spin. Essa situação é denominada RESSONÂNCIA e diz-se que o núcleo está em ressonância com a onda eletromagnética incidente. Quando o pulso RF é apagado, o núcleo tende a voltar para sua situação original e, assim fazendo, libera energia em forma de ondas de rádio. A freqüência dessas ondas de rádio são distintas para diferentes espécies de átomos, assim como para um dado átomo em diferentes meios químicos ou físicos. Portanto, os núcleos 222222 ressonantes tornam-se transmissores de ondas de rádio com freqüências características. Núcleos diferentes absorvem energia de ondas de rádio de freqüência diferente. Em outras palavras: O núcleo atômico, tendo absorvido energia pelas ondas de rádio aplicadas externamente, libera esta energia como um sinal ao retornar ao seu estado de menor energia. A taxa com a qual um núcleo volta ao seu estado de energia mais baixa é chamada de relaxação e é inicialmente descrito por sua 23 mais baixa é chamada de relaxação e é inicialmente descrito por sua constante de tempo (T). Há dois tipos de relaxação de importância: relaxação spin- lattice (rotação-quadratura) ou T1 e relaxação spin-spin (rotação- rotação) ou T2. Para um átomo em particular, esses tempos de relaxação variam de composto para composto. Comportamento de Núcleos em Campos Perpendiculares: Comportamento de Núcleos em Campos Perpendiculares: BBoo e Eletromagnético Oscilante B1e Eletromagnético Oscilante B1 Os momentos magnéticos nucleares são focalizados, ou seja, entram em fase quando ligamos no eixo X-Y um campo eletromagnético (RF, na faixa de MHz) e modulamos sua freqüência até que seja = a freqüência de Larmor . 242424 O torque resultante faz com que a soma dos momentos nucleares M (que estava na direção Z antes de ligar a RF) incline para o plano X-Y, com um ângulo αααα; MX-Y = M senoαααα. 25 Movimentos de núcleos com I = ½ , provocadas por Bo (a) e Bo e B1 (c). O componente MX-Y gira o sinal de RMN, correspondente a este grupo de núcleos. Além do mecanismo de relaxação T1, após o desligamento de B1, os momentos nucleares individuais que estão em fase, começam a sair desta “coerência de fase” por outro mecanismo de relaxação (transversal ou de spin-spin) cujo tempo é T2. (normalmente, T2 < T1). Na prática, T1 e T2 controlam a altura e largura do pico de RMN, respectivamente. 2626 Espectrômetro de Ressonância Magnética Nuclear 27 2828 Aparelho de RMN (400 MHz) 29 30 31 Deslocamentos Químicos, δδδδ De acordo com a equação básica da RMN: (∆E = hγBo/ 2π), cada composto deverá dar origem a um único pico, dependendo da freqüência empregada, ou seja a técnica serve para análise elementar! Porém, a situação é mais complexa, e o núcleo é blindado pelos elétrons em volta. 32 Blindagem Diamagnética de núcleos 33 Em um campo magnético aplicado, os elétrons de valência do átomo são forçados a circular. Essa circulação é denominada corrente diamagnética local e gera um campo magnético de direção oposta ao campo aplicado. Esse fenômeno é denominado ANISOTROPIA ou BLINDAGEM DIAMAGNÉTICA. Como primeira aproximação: ex: 1H, a blindagem depende da densidade eletrônica em volta do núcleo. Assim, os diferentes 1H da mesma molécula absorvem em νννν diferentes. Os núcleos dos átomos de hidrogênio presentes em moléculas orgânicas têm apenas dois elétrons à sua volta, em um orbital σ. Devido 34 orgânicas têm apenas dois elétrons à sua volta, em um orbital σ. Devido à relativa simplicidade deste sistema, podemos facilmente observar que o efeito de proteção é uma função clara da densidade eletrônica em volta do núcleo: elementos mais eletronegativos na molécula tendem a fazer diminuir a densidade eletrônica em volta do núcleo de hidrogênio,deslocando sua absorção para freqüências maiores. O deslocamento químico, δδδδ, é a diferença entre a freqüência observada e aquela de uma referência (para qual δδδδ = 0). - Para 1H e 13C a referência é TMS = tetrametilsilano (CH3)4Si, um composto inerte e solúvel na maioria dos solventes. - Para soluções em D2O, usa-se o DSS (2,2-dimetil-2- silapentano-5-sulfonato de Na: (CH3)3SiCH2 CH2CH2SO3Na), um composto parecido com o TMS, porém aquo-solúvel. - Para tornar δδδδ (em Hz) independente da freqüência do equipamento, ƒ, usa-se a escala de ppm, sem unidades: δδδδ(ppm) = δδδδ (Hz) x 106/ ƒƒƒƒ (MHz) x 106 . Assim, para 1H, um ppm = 250 Hz e 400 Hz, para equipamentos operando em ƒ = 250 MHz e 400 MHz, respectivamente. 36 Para 1H, espera-se que quando maior a blindagem do núcleo, menor é o valor de δδδδ (pico mais perto do pico de TMS). 37 38 Observe agora o espectro de formiato de metila [HC(O)OMe], feito em um espectrômetro antigo (hoje obsoleto) de 60 MHz, do tipo de “varredura”. Usaremos esta figura para explicar vários aspectos de seu interesse. 39 Se um carbono estiver ligado a três hidrogênios (constituindo um grupo metila, CH3), os três hidrogênios são invariavelmente equivalentes uns aos outros. 40 Os três hidrogênios de um grupo CH3 são sempre equivalentes entre si, absorvendo na mesma freqüência. Quantos sinais vocês esperam encontrar no espectro de 1H-RMN dos compostos abaixo ? 41 42 Interpretação de Espectros de RMN de 1H Os sinais de espectros de RMN têm duas características principais que são de grande valia no trabalho de interpretação (isto é, no trabalho de correlacionar os dados espectrais com as características estruturais das moléculas correspondentes): i) Deslocamento químico (δδδδ); ii) Desdobramento das bandas, ou multiplicidade dos sinais (J). 43 i) Deslocamentos Químicos, δδδδ Os núcleos dos átomos são “protegidos” pelos elétrons que estão à sua volta, o que faz com que o campo magnético efetivamente experimentado pelo núcleo seja uma função da densidade eletrônica que circunda o núcleo. No entanto, a vizinhança de ligações π pode alterar fortemente esta simplicidade. 1) Hidrogênio ligado a carbono sp3 Em alcanos simples (R–H), os hidrogênios de grupos CH3, CH2 ou CH absorvem em freqüências ligeiramente diferentes; na tabela abaixo estão os valores médios (de δ) aproximados correspondentes. 44 45 Exercício 1: Calcular o deslocamento químico para os hidrogênios do acetato de etila. 46 Exercício 2: Deduza a estrutura do composto com fórmula C2H4Cl2O que apresenta o espectro de RMN de 1H (60 MHz) mostrado a seguir. 47 48 Na figura abaixo está um gráfico mostrando o deslocamento químico (δ, ppm) dos grupos CH2 de cicloalcanos simples. 49 Quando temos um anel de 6 membros rígido como ocorre em um sistema trans-decalínico, por exemplo (está lembrado?), podemos perceber claramente que os hidrogênios equatoriais absorvem em freqüências maiores (estão, portanto, menos protegidos) do que os hidrogênios axiais. A diferença fica no entorno de 0,4 ppm, um valor suficientemente grande para permitir a resolução de muitos problemas de elucidação estrutural. 50 Efeito Efeito EstéricoEstérico H H H CH3 δ = 1.32 H H H H H H H δ = 0.32 51 H H H H H δ = 0.88 52 2) Hidrogênio ligado a carbono sp2 e sp Os elétrons em orbitais π têm grande mobilidade (porque o volume do orbital π é grande). Como conseqüência, sua movimentação no interior de um campo magnético forte pode resultar em campos magnéticos locais de intensidade significativa, que modifica de forma até surpreendente o deslocamento químico dos hidrogênios vizinhos. 53 54 55 56 Para avaliar aproximadamente o deslocamento químico de hidrogênios vinílicos (ligados a carbono sp2), temos também uma fórmula baseada em similar princípio de aditividade (5,28 ppm é o deslocamento químico dos hidrogênios do etileno). 57 Tabela. Constantes de deslocamento Z (ppm) (para o cálculo de δ de hidrogênios vinílicos) 58 Exercício 3. Calcule o deslocamento químico para os hidrogêniosassinalados das seguintes estruturas: 59 3) Hidrogênio ligados a anéis aromáticos Apesar de os carbonos aromáticos serem também sp2, devemos considerar os hidrogênios ligados a anéis aromáticos separadamente porque eles sofrem uma desproteção muito maior. A corrente eletrônica ao longo dos anéis aromáticos pode ser muito forte, e provoca grande desproteção dos hidrogênios. 60 A absorção dos hidrogênios do benzeno ocorre em δ = 7,27 ppm. Para benzenos substituídos podemos usar a expressão: Tabela. Constantes de deslocamento Z (ppm) (para o cálculo de δ de hidrogênios benzênicos) 61 62 Simetria / deslocamento químico em xilenos 63 4) Hidrogênios ligados a heteroátomos Os hidrogênios ligados a oxigênio, nitrogênio e enxofre apresentam deslocamentos químicos que temos certa dificuldade para compreendermos. Ao mesmo tempo em que O, N, S são átomos bem eletronegativos e exercem forte efeito indutivo desprotegendo o hidrogênio, eles são também átomos relativamente grandes, com pares de elétrons não ligantes: por estarem muito próximos ao núcleo do hidrogênio, eles podem exercer um efeito de blindagem, de proteção, que pode cancelar boa parte do efeito de desproteção. Observe bem a figura: 64 Tabela. Deslocamentos químicos de hidrogênios ligados a heteroátomos. 65 RONR2 RO R R RO Ph CH3 HR Cl Ph OH OH R NH R TMS = Me Si Me Me Me CH3HO (R) 66 δ ppm TMS CH3CH3 NR2 CH3OCH3HRH H O Cl CH3 Upfield region of the spectrum Downfieldregion of the spectrum 012345678910
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