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CCJ0020-WL-B-PP-Ponto 16 - Repartição Constitucional de Competências - Sabrina Rocha

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1 
 
Curso completo de Direito Constitucional 
Profª. Sabrina Araújo Feitoza Fernandes Rocha 
Atualizada até a EC n° 71 de 29/11/12 
 
Esta apostila não é de autoria pessoal, pois foi produzida através das 
obras de doutrinadores constitucionalistas, dentre eles Ivo Dantas, J. 
J. Gomes Canotilho, José Afonso da Silva, Paulo Bonavides, Celso 
D. de Albuquerque Mello, Luís Roberto Barroso, Walber de Moura 
Agra, Reis Friede, Michel Temer, André Ramos Tavares, Sérgio 
Bermudes, Nelson Oscar de Souza, Alexandre de Moraes, Nelson 
Nery Costa/Geraldo Magela Alves, Nagib Slaibi Filho, Sylvio Motta & 
William Douglas, Henrique Savonitti Miranda e tomou por base a 
apostila do Prof. Marcos Flávio, com os devidos acréscimos 
pessoais. 
 
PONTO 16 - REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE 
COMPETÊNCIAS 
 
(este tópico foi retirado na íntegra da apostila do prof. Marcos 
Flávio). 
 
 
16.1 - TÉCNICA DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS 
 
Competência é o poder atribuído pela Constituição para o ente 
federado emitir decisões. Conforme já estudamos, o cerne, o núcleo, a 
própria razão de ser do Estado Federal reside na característica da 
descentralização política, onde diferentes níveis de centros decisórios possuem 
a competência (poder), atribuída pela Constituição, para criar as normas 
jurídicas necessárias para controlar a conduta humana em determinado espaço 
territorial. 
 
O Federalismo clássico dos Estados Unidos resolveu esta questão 
mediante técnica de distribuição bem simples. As competências legislativas da 
União são expressas. As competências dos Estados-membros são residuais ou 
remanescentes. Assim, tudo que não for da competência da União é da 
competência dos Estados-membros. 
 
E no Brasil? No Brasil, como não poderia deixar de ser, por razões 
históricas e de importação do modelo norte-americano, complicou-se um pouco 
mais. É baseada no modelo Alemão. 
 
A nossa Constituição atribui aos membros da federação competências 
legislativas (iniciativa de elaboração de leis a respeito de temas expressos na 
Constituição) e competências materiais (que são o exercício de certas 
atividade ou competências não-legislativas). Estas últimas dizem respeito a um 
leque enorme que compreende a prestação de serviços, proteção do meio 
ambiente e ao patrimônio histórico, proteção da saúde e da educação. Enfim, 
competências para ações administrativas. 
 
2 
 
São palavras de José Afonso da Silva: “a nossa Constituição adota 
sistema complexo que busca o equilíbrio federativo, que consiste na 
enumeração dos poderes da União (arts. 21 e 22), com poderes 
remanescentes para os Estados (art. 25, §1º) e poderes definidos 
indicativamente para os Municípios (art.30), mas combina, com essa reserva 
de campos específicos, possibilidades de delegação (art. 22, parágrafo 
único), e ainda áreas comuns em que se prevêem atuações paralelas da 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23) e setores concorrentes 
entre a União e Estados e Distrito Federal (art. 24) em que a competência para 
estabelecer políticas gerais, diretrizes gerais ou normas gerais cabe à União 
(art. 24, §1º), enquanto se defere aos Estados a competência suplementar 
(art. 24, §2º) e esta competência suplementar se estende até mesmo aos 
Municípios (art. 30, II)” . 
 
Em resumo: o Brasil adotou um modelo complexo denominado 
federalismo de equilíbrio, conhecido também por federalismo de 
cooperação. 
 
Da leitura dos artigos 21 a 32 da Constituição, percebe-se que no Brasil 
a área de competência da União é mais dilatada que a dos demais entes 
federativos, o que ocasiona na prática uma limitação do campo de atuação aos 
Estados-membros, comprimido ainda mais face a existência de competência 
exclusiva dos Municípios. 
 
16.2 - RESUMO DA REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS: 
 
 
16.2.1 - RESUMO DAS COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS: 
 
 União – privativa expressa (art. 22); 
 União, Estados, Distrito Federal - concorrente (art. 24)(Repartição vertical de 
competências); 
 Estados-membros - residual ou remanescente (§1º, art. 25); 
 Estados-membros – suplementar (§2º, art. 24); 
 Estados-membros – supletiva (§3º, art. 24);’ 
 Estados-membros - exclusiva - para instituir regiões metropolitanas (§3º, 
art. 25); 
 Estados-membros – delegada – (parágrafo único do art. 22); 
 Municípios – privativa expressa (art. 30, I); 
 Municípios – suplementar (art. 30, II); 
 Distrito Federal – cumulativa ( §1º, art. 32). 
 
16.2.2 - RESUMO DAS COMPETÊNCIAS MATERIAIS: 
 
 União –exclusiva (art. 21) embora o vocábulo exclusiva não esteja 
expresso, José Afonso da Silva e outros autores assim consideram-na; 
 União, Estados, Distrito Federal e Municípios - comum(art. 23); 
 Estados-membros - residual ou remanescente (§1º, art. 25); 
 Estados-membros – exclusiva – instituir serviços de gás canalizado (§2º, 
art. 25); 
 Municípios – privativa (art. 30, III a IX). 
3 
 
 
Passaremos a trabalhar as competências de cada um dos entes federativos. 
 
16.3 - COMPETÊNCIAS DA UNIÃO 
No âmbito da competência material a União dispõe de competência exclusiva 
(art. 21) e comum (art. 23). No âmbito da competência legislativa dispõe de 
competências privativa (art. 22) e concorrente (art. 24). 
 
16.3.1 - COMPETÊNCIA MATERIAL DA UNIÃO (CF art. 21) 
 
O artigo 21 lista as competências materiais da União, trata-se de 
competência dada apenas à União excluindo os demais entes federados. 
Como este poder é atribuído apenas à União, excluindo todos os demais entes 
federados, José Afonso da Silva o considera rol de competências como sendo 
exclusivas da União. Em termos de concurso público este artigo não é o mais 
importante. 
 
Art. 21 - Compete à União: 
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações 
internacionais; 
II - declarar a guerra e celebrar a paz; 
III - assegurar a defesa nacional; 
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras 
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; 
Estes 4 incisos acima, versam sobre a competência da União no âmbito 
internacional. A União representa o papel de representante da República 
Federativa do Brasil. Podemos dizer que é o Estado Federal, representado 
pela União, quem goza de personalidade jurídica perante o Direito 
Internacional (pessoa jurídica de direito público externo). Por outro lado, a 
nível interno, a União é definida como pessoa jurídica de direito público 
interno. 
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; 
Sobre : estado de sítio (art. 137 a 139); estado de defesa (art. 136) ; 
intervenção federal(art. 34). 
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; 
VII - emitir moeda; 
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza 
financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de 
seguros e de previdência privada; 
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de 
desenvolvimento econômico e social; 
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; 
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os 
serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização 
dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; 
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: 
a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens; 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos 
cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais 
hidroenergéticos; 
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária; 
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviárioentre portos brasileiros e 
fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território; 
4 
 
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de 
passageiros; 
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; 
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria 
Pública do Distrito Federal e dos Territórios; 
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar 
do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a 
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; 
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e 
cartografia de âmbito nacional; 
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de 
programas de rádio e televisão; 
XVII - conceder anistia; 
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, 
especialmente as secas e as inundações; 
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir 
critérios de outorga de direitos de seu uso; 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, 
saneamento básico e transportes urbanos; 
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação; 
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e 
exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e 
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus 
derivados, atendidos os seguintes princípios e condições (ATENÇÃO: alíneas b e c 
incluídas pela EC nº 49, de 8-2-2006): 
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins 
pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; 
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de 
radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; 
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e 
utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; 
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; 
 
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; 
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de 
garimpagem, em forma associativa. 
 
 
16.3.2 - COMPETÊNCIA PRIVATIVA LEGISLATIVA DA UNIÃO (CF art. 22) 
 
O rol de competências legislativas da União, em termos de exigência 
nos concursos públicos, é mais importante do que o de competência material 
visto anteriormente. Trata-se da importantíssima competência 
legislativaprivativa da União. Cabe apenas à União legislar sobre as 
questões abaixo enumeradas. Uma diferença básica entre a competência 
material e a legislativa da União é justamente pelo fato de a Constituição 
permitir que questões específicas da competência legislativa da União possam, 
através de lei complementar, elaborada pela União, ser delegadas aos 
Estados-membros. 
 
Art.22 - Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho; 
II -desapropriação; 
5 
 
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; 
IV- águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; 
V - serviço postal; 
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; 
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; 
VIII - comércio exterior e interestadual; 
IX - diretrizes da política nacional de transportes; 
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; 
XI -trânsito e transporte; (A memória de vocês deve dar especial atenção 
a este inciso) 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; 
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; 
XIV - populações indígenas; 
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; 
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de 
profissões; 
XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do 
Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes; 
Atenção: dediquem especial interesse a este inciso XVII. 
Apresenta diferença entre o Distrito Federal e os Estados-
membros. Percebam que é a União quem legisla sobre as 
instituições acima. Nos Estados-membros, eles mesmos 
organizam. 
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; 
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; 
XX -sistemas de consórcios e sorteios; 
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, 
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; 
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; 
XXIII - seguridade social; 
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; 
XXV - registros públicos; 
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 
XXVII -normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as 
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas 
públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III; 
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e 
mobilização nacional; 
XXIX - propaganda comercial. 
 
Parágrafo único - Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre 
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
 
16.4 - COMPETÊNCIA DOS ESTADOS 
 
CF, Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis 
que adotarem, observados os princípios desta Constituição. 
§ 1º. São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam 
vedadas por esta Constituição. 
6 
 
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os 
serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de 
medida provisória para a sua regulamentação. 
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões 
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por 
agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o 
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. 
 
16.4.1 - COMPETÊNCIA RESIDUAL DOS ESTADOS 
 
A competência residual dos Estados é atribuída pelo §1º, do art. 25 e 
tem sido solicitada em inúmeras provas. São reservadas aos Estados as 
competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. O vocábulo 
“competências” pode ser interpretado como englobador da competência 
legislativa e da material também. Com a redação dada ao §1º, do art. 25, a 
Constituição utiliza a técnica tradicional adotada nos Estados Unidos de 
enumerar as competências da União e atribuir a competência residual (ou 
remanescente) aos Estados-membros. Mas, no Brasil, como já foi dito, além 
da competência expressa da União, há também competências expressas 
atribuídas aos Municípios, bem como competências comuns atribuídas à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. 
E mais: é recomendável “memorizar” o conteúdo dos parágrafos 2º e 
3º, porque também são igualmente solicitados nos concursos. 
 
16.4.2 - COMPETÊNCIA DELEGADA PELA UNIÃO AOS ESTADOS(CF,art. 22, 
parágrafo único) 
 
CF, Art. 22, Parágrafo único - Lei complementar poderá autorizar os 
Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas 
neste artigo. Competência legislativa delegada. 
 
A doutrina identifica este parágrafo único do artigo 22, como atributivo 
da competência delegada pela União aos Estados–membros. Na verdade, 
este tema tem “caído” nos concursos públicos, mas você não precisa gravar o 
termo competência delegada. Um exemplo citado é o conteúdo da Lei 
Complementar nº 103/2001. 
O que você precisa mesmo saber é que a União pode autorizar, 
mediante lei complementar, os Estados-membros a legislarem sobre 
questões específicas relacionadas às matérias inseridas no rol das 
competências legislativas privativas da União. 
 
16.5 - COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS 
 
16.5.1 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DOS MUNICÍPIOS 
 
Art. 30 - Compete aos Municípios: 
7 
 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como 
aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar 
contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; 
 
No inciso I, assunto de interesse local é aquele que, sem excluir o do 
Estado e o da União, diz respeito mais de perto ao Município e sua 
população. Este inciso traz a competência privativa, incluindo a área tributária 
(instituição de tributos e rendas) e financeira (definição de seu orçamento). 
O conteúdo do inciso II também é conhecido por competência 
supletiva. 
O inciso III traduz aplicação do princípio da autonomia. O município 
dispõe de competência legislativa privativa, como previsto no art. 156, I a 
III, para instituir seu impostos : IPTU, ITBI, ISS, e poderá instituir os 
demais tributos (taxas, contribuições de melhoria). A segunda parte do 
inciso diz respeito à competência administrativa, material. 
 
16.5.2 - COMPETÊNCIA MATERIAL DOS MUNICÍPIOS 
 
Os demais incisos do artigo 30, assim dispõem: 
 
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; 
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão 
ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o 
de transporte coletivo, que tem caráter essencial; 
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do 
Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental; 
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do 
Estado, serviços de atendimento à saúde da população; 
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, 
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da 
ocupação do solo urbano; 
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, 
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. 
 
Um tema sempre presente nos concursos é o que trata da controvérsia 
sobre a disciplina do horário de funcionamento dos bancos. Seria matéria de 
competência do Município nos termos do artigos, 30, incisos I e II, ou por 
outro lado, competência da União face aos artigos 48, inciso XIII e 192, inciso 
IV ?. Vejamos também a questão sobre funcionamento de estabelecimentos 
comerciais. O que vocês acham? 
 
Vejamos o que diz a jurisprudência do STF: 
 
STF – Jurisprudência RE 118363 / PR Rel. Min. CELIO BORJA - 26/06/1990 
 
8 
 
Ementa: Horário de funcionamento bancário: matéria que, por sua abrangência, 
transcende ao peculiar interesse do Município. Competência exclusiva da União para 
legislar sobre o assunto. Precedentes do STF. 
 
E sobre o funcionamento dos estabelecimentos comerciais? 
 
STF – Jurisprudência RE 182.976/SP – Rel. Min. Carlos Velloso 
 
EMENTA: Horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais: competência 
municipal, art. 30, I. C.F., artigos 5º, caput, XIII e XXXII; art. 170, IV, V e VIII. I. - Competência 
do Município para estabelecer horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais: 
C.F., art. 30, I. II. - Inocorrência de ofensa aos artigos 5º, caput, XIII e XXXII, art. 170, IV, V e 
VIII, da C.F. III. 
 
SÚMULAS DO STF /2003 
 
SÚMULA 645 - É competente o Município para fixar o horário de 
funcionamento de estabelecimento comercial. 
 
SÚMULA 646 - Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que 
impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em 
determinada área. 
 
APARECEU NO CONCURSO PARA AFC/CGU- 2003/2004 ESAF 
Compete aos municípios explorar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os 
serviços públicos de interesse local, incluídos o de transporte coletivo e os serviços locais de 
gás canalizado. (esta assertiva está ........................) 
 
16.6 - COMPETÊNCIAS DO DISTRITO FEDERAL 
 
CF, Art 32 . O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei 
orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de 10 dias, e aprovada por 
dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios 
estabelecidos nesta Constituição. 
§1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos 
Estados e Municípios. 
 
O mais importante a se dizer a respeito das competências do Distrito 
Federal é que este ente da Federação acumula as competências 
legislativas dos Estados e dos Municípios. Este dispositivo possui enorme 
repercussões. Em matéria tributária, por exemplo, o Distrito Federal pode 
instituir impostos municipais e estaduais. 
 
No entanto, não se pode perder de vista que o Distrito Federal possui 
algumas especificidades. Entre as quais destacam-se : 
 
 o Distrito Federal não tem Constituição e sim Lei Orgânica; 
9 
 
 A organização do Poder Judiciário, do Ministério Público e da 
Defensoria Pública do Distrito Federal é de competência da União (art. 22, 
XVII), enquanto nos Estados-membros é de competência dos próprios 
Estados. 
 O mesmo se aplica à polícia civil, polícia militar, e o corpo de bombeiros 
militar (art.21, XIV), No Distrito Federal são organizadas e mantidas pela 
União, enquanto os Estados-membros eles mesmos cuidam de sua 
organização e manutenção, observadas as normas gerais determinadas 
pela União . 
 
16.7 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE (União, Estados, 
Distrito Federal) 
 
A competência legislativa concorrente significa a possibilidade de que mais 
de uma entidade federativa disponha sobre um mesmo tema. Também 
conhecida por sistema de repartição vertical de competência, é, com 
certeza, o aspecto do tema repartição constitucional de competências que tem 
merecido disparadamente maior destaque. Portanto, atenção. 
Parece óbvio, mas muitas questões são resolvidas com apenas estas 
informações : 
 A competência concorrente NÃO ENVOLVE OS MUNICÍPIOS; 
 Trata-se de competência legislativa. 
 
CF, Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e 
urbanístico; 
II - orçamento; 
III - juntas comerciais; 
IV - custas dos serviços forenses; 
V - produção e consumo; 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos 
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e 
paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos 
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
IX - educação, cultura, ensino e desporto; 
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; 
XI - procedimentos em matéria processual; (Inúmeros concursos 
perguntam de quem é a competência para legislar sobre este assunto. 
Atenção, não confundir com direito processual, queé competência 
privativa da União). 
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Atenção : 
seguridade social é de competência privativa da União.) 
XIII - assistência jurídica e defensoria pública; 
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; 
XV - proteção à infância e à juventude; 
10 
 
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. 
 
Eis agora os quatro parágrafos que jamais deixaram de constar de qualquer 
prova de Direito Constitucional (pelo menos um deles). É questão certa. 
§1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União 
limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui 
a competência suplementar dos Estados. 
§3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a 
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 
§4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a 
eficáciada lei estadual, no que lhe for contrário. 
 
Primeiramente, na dicção do parágrafo 1º, a União editará as normas 
gerais o que a princípio sugere uma certa primazia. Mas, o que são normas 
gerais? Em verdade são tantas as opiniões que o número de conceituações 
supera o número dos opinantes. Não há uniformidade entre os autores. 
Selecionei duas definições a respeito de normas gerais: 
 
 “São preceitos jurídicos editados pela União Federal, no âmbito de 
sua competência legislativa concorrente, restritos ao 
estabelecimento de diretrizes nacionais e uniformes sobre 
determinados assuntos, sem descer a detalhes”.(André Luiz Borges Neto, no 
livro Competências legislativas dos Estados-Membros, pág. 182). 
 Para Celso Antônio Bandeira de Mello, não são normas gerais as que 
exaurem o assunto nelas versado, descendo a pormenores e detalhes. 
 
Conforme o parágrafo 2º, mesmo que haja normas gerais editadas pela 
União, os Estados poderão editar normas específicas desdobrando o conteúdo 
das normas gerais e efetuando o tratamento dos pormenores para si. É que se 
denomina de exercício da competência suplementar, 
Nos termos do comando do parágrafo 3º, caso a União não edite as 
normas gerais os Estados legislarão plenamente. Isto significa que os 
Estado poderão estabelecer tanto normas gerais quanto normas específicas. 
O parágrafo 4º disciplina o que acontece no caso de o Estado ter exercido 
a sua competência plena para legislar e, posteriormente,a União venha a editar 
lei sobre normas gerais. Tal situação implicará na imediata suspensão da 
eficácia da lei estadual na parte em que esta contrariar a lei nacional de 
normas gerais. Por fim, cuidado com as “cascas de bananas” a exemplo de 
revoga (no lugar de suspende a eficácia). Só uma lei editada pelo mesmo ente 
político poderá revogar a lei. 
Nesta altura dos acontecimentos é bom que fique claro uma coisa que nos 
ensina André Luiz Borges Neto. Não existe hierarquia entre lei estadual e lei 
federal, o advento de lei da União, tratando de normas gerais, suspenderá a 
possibilidade de produção de efeitos jurídicos (eficácia jurídica) por parte 
da lei estadual, na parte em que ambas forem contraditórias. Em razão disso, 
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como não irá ocorrer revogação da lei estadual, mas apenas suspensão da sua 
eficácia na parte em que se tratou de normas gerais, com a revogação da lei 
nacional a lei estadual readquire plenamente sua eficácia, passando a 
incidir de imediato sobre a conduta humana. 
 
16.8 - COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM (União, Estados, Distrito 
Federal, Municípios) 
 
Este tópico não tem merecido grandes destaques nos concursos. As 
questões exigem mais memorização do que raciocínio. Pode parecer simples, 
mas é necessário enfatizar que: 
 A competência comum prevê atuação paralela de todos os entes 
políticos da federação ; 
 Trata-se de competência material, ou seja, não legislativa. 
Vejamos o que nos ensina o artigo 23 da nossa Constituição: 
CF, Art.23 - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios: 
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e 
conservar o patrimônio público; 
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas 
portadoras de deficiência; 
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e 
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros 
bens de valor histórico, artístico ou cultural; 
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer 
de suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o 
abastecimento alimentar; 
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria 
das condições habitacionais e de saneamento básico; 
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a 
integração social dos setores desfavorecidos; 
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de 
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus 
territórios; 
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança 
do trânsito. 
Parágrafo único - Leis complementares fixarão normas para a 
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar 
em âmbito nacional. (EC nº 53 de 19-12-06) 
Em face desta passagem (parágrafo único), entre outras, da nossa 
Constituição, a doutrina denomina o federalismo do Estado Brasileiro de 
“federalismo de cooperação.”

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