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Contratos Aula 6 • Quando estudamos a doutrina básica relativa aos contratos, entendemos que eles só geram efeitos entre as partes (efeito da relatividade entre os contratos) Terceiros, em regra, não são afetados por obrigações alheias. • • No entanto, existem alguma exceções, permitindo-se as estipulações em favor de terceiros. Observamos o tema nos art. 436 a 438 do C.C. Isso é bastante comum nos seguros de vida, ou em contratos que beneficiam terceiros. ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIROS • Seção III Da Estipulação em Favor de Terceiro • Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. • Nessa modalidade, uma pessoa convenciona com outra que concederá uma vantagem ou benefício em favor de terceiro, que não é parte no contrato. • Portanto, poderíamos entender que existem então 3 pessoas: estipulante, promitente e beneficiário. (este último que não participou do negócio) • Isso gera consequências: • A) A capacidade de negociar a ser analisada só vai ser do estipulante e do promitente. • B) Não se exige um consentimento do beneficiário • C) O beneficiário, como normal seria, tem o direito de recusar a estipulação em seu nome. • D) Esse contrato sempre deve conter uma estipulação gratuita ao favorecido. Não pode haver qualquer tipo de contraprestação por parte do beneficiário • • Muito já se discutiu sobre a natureza jurídica da estipulação em nome de terceiro. Nossa doutrina majoritária adotou a posição em afirmar que trata- se de um contrato sui generes. Pelo fato da prestação não ser realizada em favor do próprio estipulante. • Trata-se de um contrato consensual e de forma livre. O terceiro não precisa ser desde logo determinado, basta que seja determinável, podendo ser futuro, como no caso de uma prole eventual. • • É bastante frequente em separações judiciais consensuais, onde um dos cônjuges promete transferir determinado imóvel para o nome dos filhos. • Observemos sua disciplina: • Seção III Da Estipulação em Favor de Terceiro • Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. • Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. • Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. • Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. • Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. • Observar que a obrigação pode ser exigida tanto pelo estipulante como pelo beneficiário. • Observar que pode o estipulante pode se reservar o direito de substituição. (entrar no lugar do beneficiário) • Observemos os artigos 439: • Da Promessa de Fato de Terceiro • Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. • O único vinculado é o que promete, assumindo obrigação de fazer que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. • Isto porque ninguém pode vincular terceiro a uma obrigação. PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO • Aquele que promete fato de terceiro, assemelha-se ao fiador, que assegura a prestação pretendida. • Ex. se alguém promete levar um cantor de renome a uma determinada casa de espetáculos, sem ter obtido dele, previamente, a devida concordância, responderá por perdas e danos se não ocorrer o show. • Observe que esse agente não agiu como mandatário. Observe que apesar de parecido, não é nem uma fiança, nem uma gestão de negócios. (ambas possuem uma manifestação de vontade do cantor) • Mas observe a exceção: • Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. • Por último, assumindo a obrigação, o terceiro passou a ser o principal devedor. Assim é: • Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. • Vícios redibitórios são defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina, ou lhe diminuam o valor. • A coisa defeituosa pode ser enjeitada pelo adquirente, mediante devolução do preço e, se o alienante conhecia o defeito, com perdas e danos suplementares. VÍCIO REDIBITÓRIOS • Seção V Dos Vícios Redibitórios • Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. • Observar que essa matéria, nas relações de consumo, são regidas pelo código de defesa do consumidor. O C.C aqui vai tratar de todas as outras situações não enquadráveis dentro de uma relação de consumo. • Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. • Como os contratos comutativos são espécies de contratos onerosos, não incidem as referidas regras sobre os gratuitos, como as doações puras, pois o beneficiário da liberdade, nada tendo pago, não tem por que reclamar. 1. Que a coisa seja recebida em contratos comutativos, ou de doação onerosa ou remuneratória 2. Que os defeitos sejam ocultos 3. Que os defeitos existam no momento da celebração do contrato e que perdurem até o momento da reclamação 4. Que os defeitos sejam desconhecidos pelo adquirente 5. Que os defeitos sejam graves Requisitos • Diante do vício,nasce o direito de se intentar as ações edilícias. Isso é em alusão ao edis curules, que atuava junto aos grandes mercados, na época do direito romano, em questões referentes à resolução do contrato ou abatimento do preço. • Os prazos decadenciais para se intentar essas ações é de trinta dias se relativas a bens móveis e um ano se relativas a bens imóveis, contado a partir da tradição. • Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. • Isso é uma cláusula de garantia. Isso não exclui as garantias específicas e contratuais que forem acertadas. • Observe: • Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. • Em síntese, haverá cumulação de prazos, fluindo primeiro o da garantia convencional e após, esse de garantia legal. Mas se o vício surgir no curso do primeiro prazo, o prazo para reclamar se esgota em trista dias seguintes ao seu descobrimento. • Ou seja, o adquirente é obrigado a denunciar o defeito nos trinta dias seguintes, sob pena de decadência • Esse prazo começa a contar de maneira especial em duas situações: • § 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. • § 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultosserão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. • Não cabem ações edilícias: • A entrega de coisa diversa é caso de inadimplência e não de vício • Não é vício o erro quanto às qualidades essenciais do objeto (se alguém compra um relógio que achava ser de ouro, mas não é, isso é um defeito do negócio jurídico, regulado pelo art. 139, I) Já se compra um relógio e não funciona, isso é vício. • Coisa vendida em hasta pública.
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