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CCJ0014-WL-B-LC-Contratos - Revisão-02

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AULA I 
Contratos DIREITO CIVIL III TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
Ementário de temas 
• Autonomia da Vontade e Função Social do Contrato 
• Leitura obrigatória 
• MARTINS-COSTA, Judith. “Reflexões sobre o princípio da função social dos contratos”, in 
Revista Direito GV nº 01 (maio/2005); pp. 41/66. 
• Leituras complementares 
• SALOMÃO FILHO, Calixto. “Função social do contrato: primeiras anotações”, in Revista de 
Direito Mercantil nº 132; pp. 07/24. 
• BUENO DE GODOY, Cláudio Luiz. Função Social do Contrato. São Paulo: Saraiva, 2004; pp. 
110/130. 
• Ao se iniciar o estudo da teoria e prática dos contratos, é fundamental ter-se em mente a 
transição pela qual atravessa esse específico e importante campo do Direito Civil. 
• Tradicionalmente vinculada à soberania da vontade individual (autonomia da vontade) 
• atualmente vê-se permeada por uma série de interesses que ultrapassam a vontade do 
particular. 
• Pode-se, em linhas gerais, dizer que os princípios tradicionais, que fundamentaram a 
construção clássica da teoria dos contratos são os seguintes: 
• (i) autonomia da vontade; 
• (ii) força obrigatória; 
• (iii) relatividade. 
• Esses princípios encontram hoje diversas áreas de flexibilização geradas pela ascensão de 
novos princípios contratuais, como : 
• (iv) a função social do contrato; 
• (v) a boa-fé objetiva; e 
• (vi) o equilibrio econômico-financeiro da relação contratual. 
• A autonomia privada pode ser entendida, segundo lição de Díez-Picaso e Gullón como “o 
poder de se auto-ditar a lei ou preceito, o poder de governar-se a si próprio.” 
• “poder de governo da própria esfera jurídica,” 
• Nesse particular é importante não confundir “liberdade de contratar” com “liberdade 
contratual”. 
• A primeira relaciona-se com o momento formativo da relação contratual, isto é, com o grau 
de liberdade envolvida na decisão sobre concluir ou não um contrato. Já a segunda diz respeito 
ao conteúdo do contrato. 
• existem quatro significados para liberdade contratual: 
• (i) o fato de que nenhuma parte pode impor unilateralmente à outra o conteúdo do ontrato, 
e que esse deve ser o resultado de livre debate entre as partes; 
• (ii) liberdade de negociação, no sentido de que o objeto do contrato é livre, salvo bens 
indisponíveis e exceções previstas no ordenamento; 
• (iii) o poder de derrogar as normas dispositivas ou supletivas; e 
• (iv) o fato de que, em algumas matérias, é admitida a auto-disciplina, ou seja, a regulação 
estabelecida pelas partes interessadas 
• Os alicerces sobre os quais se funda a liberdade de contratar podem ser encontrados nos 
princípios elaborados pela Escola do Direito Natural, 
• Ela foi responsável por conferir importância crescente à contratualidade, a partir do século 
XVI, sob a influência do conceito de autonomia da vontade desenvolvido pelo Humanismo 
• Após a consagração dos ideais da Revolução Francesa e a abolição dos privilégios 
estamentais e corporativos, a promulgação do Código Napoleão em 1804 veio a positivar 
explicitamente o primado da autonomia da vontade . 
• Com a primazia da autonomia da vontade, interpretar o contrato tornou-se um exercício de 
escobrimento das reais intenções das partes e das formas pelas quais elas foram verbalizadas. 
Trata-se de uma verdadeira “mística da vontade”. 
• As restrições à liberdade contratual começam a surgir com a mudança do cenário histórico, 
ssegurando-se, inicialmente, maior igualdade de oportunidades no mercado, em termos da 
proibição de discriminação em razão de gênero, raça, etnia. 
• Posteriormente, razões sociais passaram a determinar certas discriminações positivas, como 
o tratamento mais protetivo às partes contratualmente mais vulneráveis (tais como o 
consumidor, o idoso, o trabalhador). 
• Todavia, a flexibilização da autonomia da vontade a preceitos contidos na legislação não 
representa uma completa anulação desse princípio nas relações contratuais . 
• Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do 
contrato. 
• Uma constatação de que a autonomia da vontade ainda desempenha papel de destaque na 
formação dos contratos pode ser encontrado no art. 425 do Código Civil, o qual determina que 
as partes poderão elaborar contratos atípicos : 
• Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas 
neste Código. 
Aula 2 
• A boa-fé tradicionalmente figura como elemento dos estudos jurídicos quando se deve 
investigar se o indivíduo possui ou não ciência sobre uma determinada condição. 
• por exemplo, se o individuo conhece, ou não, um vício que macula a sua posse sobre 
determinado terreno. 
Essa perspectiva da boa-fé convencionou-se denominar boa-fé subjetiva. 
• Existe, todavia, uma outra forma de atuação da boa-fé no direito brasileiro, denominada 
boa-fé objetiva, a qual foge de qualquer ilação sobre um estado de espírito do agente para se 
fixar em uma análise voltada para critérios estritamente objetivos. 
• É comum delimitar-se três funções típicas desempenhadas pela boa-fé objetiva no direito 
brasileiro. 
Sendo assim, pode-se definir a função tríplice da boa-fé objetiva da seguinte forma: 
• A boa-fé objetiva desempenha inicialmente um papel de critério para a interpretação da 
declaração da vontade nos negócios jurídicos. 
• Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar 
de sua celebração. 
As três funções da boa-fé objetiva 
• Esse dispositivo ganha relevo ao indicar que a primeira função da boa-fé objetiva é dirigir a 
interpretação do juiz ou árbitro relativamente ao negócio celebrado. 
• Impedindo que o contrato seja interpretado de forma a atingir finalidade oposta àquela que 
se deveria licitamente esperar. 
• A boa-fé objetiva atua ainda como forma de valorar o abuso no exercício dos direitos 
subjetivos, conforme consta do art. 187 do Código Civil: 
• Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos 
bons costumes. 
• E, por fim, a boa-fé objetiva é, ainda, norma de conduta imposta aos contratantes, segundo o 
disposto no art. 
422 do Código Civil: 
• Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em 
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
• A função desempenhada pela boa-fé objetiva a partir do dispositivo no art. 422 é, sem 
dúvida, a sua atuação mais comentada pela doutrina e da qual mais se vale a jurisprudência 
dos tribunais nacionais. 
• O motivo pelo qual a terceira função da boa-fé objetiva recebeu tamanho destaque deriva 
justamente do seu próprio conteúdo: impor às partes contratantes deveres objetivos de 
conduta. 
• não necessariamente precisam constar do instrumento contratual para que possam ser 
cobrados e cumpridos • Tratam-se dos chamados deveres secundários, ou anexos, aos quais 
todas as partes de um negócio devem manter estrita observância. 
Os deveres anexos de conduta 
• Essa caracterização da boa-fé objetiva como a disposição de deveres de conduta que as 
partes devem guardar difere frontalmente daquela concepção clássica de boa-fé subjetiva, 
ligada a um estado psicológico do agente. 
• Os deveres secundários impostos pelo art. 422 foram gradativamente sendo construídos pela 
doutrina e pela jurisprudência, podendo-se mesmo falar em quatro deveres básicos: 
• (i) dever de informação e esclarecimento; 
• (ii) dever de cooperação e lealdade; 
• (iii) deveres de proteção e cuidado; 
• (iv) dever de segredo ou sigilo. 
• Exemplos: 
• os deveres de cuidado, previdência e segurança, como o dever do depositário de não apenas 
guardar a coisa, mas também de bem acondicionar o objeto deixado em depósito 
• os deveres de aviso e esclarecimento, como o do advogado, de aconselharo seu cliente 
acerca das melhores possibilidades de cada via judicial passível de escolha para a satisfação de 
seu desideratum. 
• os deveres de informação, de exponencial relevância no âmbito das relações jurídicas de 
consumo, seja por expressa disposição legal (CDC, arts. 12, in fine, 14, 18, 20, 30 e 31, entre 
outros), seja em atenção ao mandamento da boa-fé objetiva; 
• O enquadramento legal da boa-fé objetiva sempre se mostrará atrelada à tutela da 
confiança, sobretudo no que diz respeito à aplicação desse princípio aos casos de 
responsabilidade pré-contratual. 
• Antonio Junqueira de Azevedo afirma que a redação do art. 422 se mostra insuficiente, 
eficiente e desatualizada perante às exigências da prática contratual moderna. 
• Segundo o autor, o artigo seria insuficiente em sua redação pois não deixa claro se os seus 
dispositivos constituem norma cogente ou meramente dispositiva. 
• além de não mencionar as fases pré e pós-contratuais para fins de responsabilização. 
• O artigo seria ainda deficiente por não prever de forma explícita quais são os chamados 
everes anexos. 
• o dispositivo seria desatualizado pois confere poderes desmesurados ao juiz para interferir 
nas relações contratuais, abrindo possibilidade para se incrementar a sobrecarga de processos 
que impede o regular funcionamento do Poder Judiciário 
 
 
FALTA AULA 3 
 
 
CONTRATOS Contrato Preliminar 
Aula 4 
Prof. Guido Cavalcanti 
• É bastante comum as pessoas, na impossibilidade de celebrar contrato de imediato, fixarem 
compromisso para o futuro, a fim de se obrigarem. 
• Vemos com muita freqüência nos contratos de compra e venda de imóveis a celebração de 
compromisso prévio, até a assinatura da chamada escritura 
• Do ponto de vista técnico, tal compromisso se denomina contrato preliminar, também 
chamado pelos nomes de contrato promissório, de promessa ou pré-contrato 
Contrato preliminar 
• Sendo assim, podemos definir contrato preliminar como aquele por via do qual as partes se 
comprometem a celebrar mais tarde outro contrato, denominado principal ou definitivo. 
• Diferencia-se o contrato preliminar do principal pelo objeto, que, no preliminar, é a 
obrigação de concluir o principal, enquanto neste é a própria prestação substancial, como a de 
vender casa. 
• O contrato preliminar presume-se irretratável. Em outras palavras, se uma das partes desistir 
da realização do negócio, sem causa justa, a outra poderá exigir-lhe, coativamente, o 
adimplemento, sob pena de multa diária, fixada no próprio contrato ou pelo juiz. 
• Não será possível a execução específica do contrato preliminar se o objeto do contrato 
principal for prestação de atividade. 
• O credor poderá requerer a imposição de multa diária para que o devedor celebre o contrato 
definitivo dentro de certo prazo, fixado pelo juiz. 
• Caso o devedor continue inadimplente, ou seja, caso, ainda assim, continue a se recusar a 
celebrar o contrato definitivo, além da multa, deverá pagar indenização por perdas e danos. 
• Por outro lado, se a finalidade do contrato preliminar for a celebração de contrato, cujo 
objeto seja prestação de dar, o contrato poderá ser executado in natura 
• poderei acioná-lo, requerendo ao juiz a adjudicação compulsória do imóvel, desde que o 
contrato preliminar esteja registrado no cartório de imóveis e que não contenha cláusula de 
arrependimento. 
• As partes podem incluir cláusula de arrependimento, quando a desistência será permitida. 
Neste caso, se já houver sido dado algum sinal, a parte desistente for quem o houver dado, 
perdê-lo-á; 
• De qualquer modo, não há direito a indenização suplementar, uma vez que o contrato 
admitia o arrependimento. 
• Devemos insistir, todavia, que, para que haja o direito de arrependimento, a cláusula de 
retratabilidade deve ser pactuada por expresso. 
• Essa multa diária recebe, comumente, o nome francês de astreinte. Tem o objetivo de fazer 
a parte inadimplente cumprir a obrigação 
• As partes que convencionarem um contrato preliminar perseguem a realização do contrato 
principal 
• Toda solução que vise à sua obtenção coativa ou espontânea deve ser prestigiada 
• Nesta fase preliminar, as partes se denominam promitentes. Assim, se for de locação o 
futuro contrato, chamar-se-ão promitente-locador e promitente-locatário. 
Se de importação, promitente-exportador e promitenteimportador etc. 
• Outra conclusão não se pode deduzir do parágrafo único do art. 463 que dispõe que o 
contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. 
• Na realidade, o registro somente será importante se as partes quiserem dar publicidade ao 
contrato preliminar, resguardando-o contra terceiros 
• Outra característica dos contratos preliminares é que são transmissíveis, quer inter vivos, 
quer causa mortis. Em caso de morte, e não sendo o contrato principal intuitupersonae, são os 
herdeiros obrigados a respeitá-lo 
• A hermenêutica contratual ganha importância quando as partes se desentendem, cabendo 
ao intérprete desvendar os meandros do contrato, sua causa, motivo, fim, suas bases objetivas 
e subjetivas, a fim de compor o conflito. 
Interpretação dos contratos 
• É por força da vontade condicionada por necessidades que duas pessoas celebram um 
contrato. 
• Existem, nesse sentido, duas teorias provenientes do Direito Alemão: a Willenstheorie, ou 
teoria da vontade, que procura investigar a vontade real, independentemente da maneira 
como foi declarada... 
• e a Erklärungstheorie, ou teoria da declaração, que preconiza ser a declaração, ou seja, a 
exteriorização da vontade o mais importante. 
• Na realidade, dizer se a vontade declarada ou a vontade real irá prevalecer é algo que só o 
caso concreto permitirá julgar. 
• Na verdade, o hermeneuta deve procurar a vontade das partes, viajando através da 
declaração para atingir o âmago, que é a vontade real. 
• Assim, pesquisará as circunstâncias em que se celebrou o contrato, os elementos sociais e 
econômicos que envolviam cada uma das partes, os documentos e demais papéis que 
sustentam o negócio, as correspondências trocadas etc. 
• Deve avaliar se houve má-fé ou boa-fé. Se o caso foi de erro, dolo ou coação. Enfim, é o caso 
concreto, em sua riqueza de detalhes, que permitirá ao intérprete chegar a uma conclusão. 
• No entanto, o intérprete deve ter em mente que seu objetivo é pesquisar a vontade dos 
contratantes e não impor a sua. Deve estar sempre se policiando, a fim de evitar subjetivismos 
de sua parte. 
• Interpretar é, antes de tudo, aplicar princípios, é saber que princípio deverá ser aplicado a 
que caso concreto. 
• O Código Civil é pobre em normas de hermenêutica contratual. Traz apenas algumas regras, 
como a do art. 112, segundo a qual o intérprete deve atentar mais para a intenção do que para 
o sentido literal das palavras. 
• e a do art. 114, que diz deverem ser os contratos benéficos, tais como a doação e a fiança, 
interpretados restritivamente 
• Traz ainda outras normas, como as dos arts. 421, 422 e 423, que dizem respeito à 
principiologia contratual: a liberdade de contratar terá como limite a função social do 
contrato; as partes devem agir com probidade e boa-fé; e os contratos de adesão serão 
interpretados a favor do aderente. 
• Outras leis há que trazem algumas outras regras. O art. 47 do Código do Consumidor, por 
exemplo, estatui que os contratos serão interpretados favoravelmente ao consumidor. 
• O jurista francês Pothier57 formulou sobre o tema algumas regras: 
• 1ª) O que interessa é a intenção das partes e não o sentido literal das palavras. 
• 2ª) Quando uma cláusula tiver dois sentidos, deve ser interpretada de modo a que produza 
algum efeito. 
• 3ª) As expressões de duplo sentido interpretam-se de acordo com o objeto do contrato. 
• 4ª) As expressões ambíguas interpretam-se de acordo com os costumes do país. 
• 5ª) Os costumes locais estãosubentendidos em todo contrato. 
• 6ª) Na dúvida, os contratos interpretam-se contra o estipulante, ou seja, contra a parte que 
fez a proposta inicial. 
• 7ª) As cláusulas contratuais devem ser interpretadas umas em relação às outras, ou seja, em 
conjunto. 
• 8ª) As cláusulas compreendem apenas o objeto do contrato, e não coisas não cogitadas. 
• 9ª) Os bens singulares estão todos englobados e seguem os universais. 
• Assim, se nada for dito, ao se adquirir estabelecimento comercial, tudo o que o compõe será 
transmitido ao adquirente. 
• 10ª) Um caso expresso para exemplificar uma obrigação não restringe o vínculo. Se para 
explicar determinada cláusula, as partes 
• aduzirem exemplo, isso não significará que a cláusula só se aplicará ocorrendo o fato, objeto 
do exemplo. 
• 11ª) Uma cláusula expressa no plural decompõe-se muitas vezes em cláusulas singulares. 
Havendo cláusula impondo o pagamento "dos aluguéis" todo dia 1º do mês, será ela 
decomposta no singular. importando dizer que, a cada mês, será pago aluguel no dia 1º. 
• 12ª) O que está no fim do período relaciona-se com todo ele e não só com a parte 
antecedente, se com aquele concordar em número e gênero. Por exemplo, se em contrato de 
locação houver cláusula dizendo que "as taxas e contribuições condominiais serão pagas pelo 
locador", teríamos que o adjetivo "condominiais" se refere não só às contribuições, mas 
também às taxas. Portanto, o locatário não poderia deixar de pagar a taxa comum de energia, 
alegando estar ela subentendida no termo "taxas" da cláusula em questão, não sendo, assim, 
contribuição condominial. 
• 13ª) Toda cláusula será interpretada contra o contratante de má-fé. 
• 14ª) Expressões inócuas consideram-se não escritas. 
• Além de todas estas regras, podemos adicionar algumas outras, parodiando o princípio de 
interpretação do Direito Penal: in dúbio, pro reo. Assim: 
• a) In dúbio, pro debitore — na dúvida, a favor do devedor. 
• b) In dúbio, pro consumptore — na dúvida, a favor do consumidor. 
• c) In dúbio, pro adherente - na dúvida, a favor do aderente. 
• d) In dúbio, pro mísero — na dúvida, a favor da parte mais fraca. 
• e) In dúbio, pro operário — na dúvida, a favor do empregado. 
• f) In dúbio, pro locatário — na dúvida, a favor do locatário. 
Etc. 
• Por fim, cabe acrescentar que a hermenêutica contratual deverá ter como base os valores 
consagrados na Constituição Federal, alicerce de nosso ordenamento jurídico. 
• É com fundamento na dignidade humana, na promoção do ser humano, nos direitos 
fundamentais, enfim, que o exegeta deverá interpretar os contratos. 
 
AULA 5 
Contratos – FASES DE FORMAÇÃO, TEMPO E LUGAR DA CONTRATAÇÃO 
• Negocíações Prelíminares - Fase de conversações prévias, sondagens, estudos. Não cria 
vinculação jurídica entre os contratantes. Só no campo da responsabilidade extracontratual 
(aquiliana) um dos participantes poderá pretender a responsabilização do outro. 
• Proposta, Oferta ou Policitação - Trata-se de uma declaração receptícia de vontade, dirigida 
por uma pessoa a outra, por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar 
vinculada, se a outra parte aceitar. 
CONTRATOS - FASES DE FORMAÇÃO, TEMPO E LUGAR DA CONTRATAÇÃO 
• CARACTERÍSTICAS: a) é uma declaração unilateral de vontade, por parte do proponente; b) é 
um negócio jurídicoreceptício, pois tem força de querer dependente da declaração do 
aceitante. 
• Não perde esse caráter nem quando, ao invés de dirigida a pessoa determinada, assume o 
aspecto de oferta ao público. 
• e) reveste-se de força vinculante (art. 1080, 111 parte) em relação ao que a formula, se o 
contrádo não resultar dos termos dela, da natureza do negócio ou das circunstâncias do caso. 
• 1) Proposta feita a pessoa presente (equipara-se ao presente a pessoa que contrata por 
telefone ou por intermédio de mandatário), não imediatamente aceita; 
• 2) feita sem prazo a pessoa ausente, tendo decorrido o prazo moral sem resposta; 
• 3) feita com prazo a pessoa ausente, e não havendo resposta tempestiva; 
• 4) se houver arrependimento do policitante, e sua retratação chegar ao oblato antes da 
proposta ou ao mesmo tempo que ela. 
• ACEITAÇAO - E a manifestação de vontade, expressa ou tácita, da parte do destinatário de 
urna proposta, feita dentro do prazo, aderindo a esta em todos os seus termos. 
• A aceitação não 'exige forma especial (salvo nos contratos solenes), podendo ser expressa ou 
tácita (Ex.: O oblato envia ao policitante a mercadoria por ele solicitadas ) 
• 2) deve ser tempestiva, conforme o prazo concedido na policitação ou o prazo moral; 
• 3) deve consistir numa adesão integral à proposta; 
• 4) deve ser conclusiva e coerente. 
• Definir o instante da concretização do contrato é muito importante porque: 
• a) a partir daí as partes não mais poderão retirar o consentimento dado; 
• b) para a verificação da capacidade e legitimação das partes no momento de contratar; 
• c) para definir as normas jurídicas aplicáveis às obrigações decorrentes dos contratos; 
• d) determinar qual a autoridade competente para julgá-lo; 
• e) responsabilizar o adquirente, nos contratos transiativos de propriedade, pelas riscos e 
danos da coisa. 
MOMENTO DA FORMAÇÃO DO CONTRATO 
• Considera-se o instante da celebração do contrato aquele no qual ocorre o encontro das 
declarações de ontade dos contratantes. 
• Nos contratos celebrados entre presentes (aqueles em que as partes, pessoalmente ou por 
seus representantes, ditam seu consentimento, que é dado pelo aceftante no mesmo ato em 
que é feita a proposta) 
aperfeiçoa-se o contrato no momento em que o aceitante manifesta sua aceitação 
• Nos contratos celebrados entre ausentes (aqueles nos quais a proposta, a aceitação e a 
conclusão se dá por cartas, telegramas e outros meios de comunicação), considera-se formado 
com a expedição da resposta favorável . 
• 129 do CC, segunda o qual "a validade das declarações de vontade não dependerá de forma 
especial, senão quando a lei expressamente o exigir" 
• O imprescindível é uma atitude inequívoca, evidente, certa. Nos contratos solenes exige-se 
forma especial; nos reais a entrega da coisa. b) de forma tácita,. se a lei não exigir 
manifestação expressa. 
• Considera-se celebrado o contrato no lugar em que foi proposto (art. 1087 do CC), ou seja, 
no local onde a proposta foi expedida ou é conhecida. Isso é muito importante no direito 
internacional privado, para definir-se a lei aplicável. 
• Todavia, há contratos que, embora celebrados no estrangeiro, submetem-se à lei brasileira 
(LICC, art. 911, § 21). 
LUGAR DA FORMAÇÃO DO CONTRATO 
• Os contratos se classificam cientificamente em várias categorias, segundo o ângulo de 
enfoque. 
• A importância da classificação reside no fato de que, uma vez que os insira em uma ou mais 
das várias categorias, o estudioso saberá quais normas aplicar a cada espécie de contrato, em 
seu contexto especial. 
Classificação dos contratos 
• a) Contratos típicos - São aqueles tipificados em lei, seja no Código Civil, seja em lei 
extravagante, como a compra e venda e a locação de imóveis, respectivamente. 
• b) Contratos atípicos - Não se encontram tipificados em lei, como ocorre com os contratos de 
fidúcia, de alienação fiduciária de imóveis, de factoring etc. Regemse pelas normas da teoria 
geral das obrigações, da teoria geral dos contratos e, analogicamente, pelas normas de outros 
contratos similares. 
Quanto à tipificação legal 
• a) Puros — Denominam-se puros os contratos que, em sua essência, mantêm-se únicos, ou 
seja, não são fruto da combinação de outros contratos. A essa espécie pertencem a doação, o 
empréstimo etc. 
• b) Mistos - São os contratos que derivam da combinação de outros contratos, como o 
leasing, que nada mais é que a mistura de compra e venda com locação. 
Quanto às características ontológicas• a) Consensuais - Consideram-se perfeitos, concluídos, isto é, celebrados, no momento em 
que as partes entrem em acordo. Como se diz, celebram-se solo consensu. 
• A Lei não exige forma especial para que se celebrem. Daí poderem ser verbais, escritos, 
mímicos, tácitos, ou seja, como as partes bem desejarem. 
• A regra é, como estudamos acima, o consensualismo, sendo, portanto, consensual a maioria 
dos contratos. 
Quanto à forma 
• b) Formais ou solenes — Para estes a Lei, além do consenso, ou seja, do acordo de vontades, 
exige também o cumprimento de solenidades especiais. 
• Devem celebrar-se segundo forma especial, prevista em lei, normalmente a escrita, podendo 
ser por instrumento público, quando serão celebrados em cartório, ou por 
instrumento particular. 
• São excepcionais, como a compra e venda de imóveis, a doação de alto valor etc. 
• c) Reais - São aqueles que só se consideram celebrados após a traditio rei. Realmente, só 
podemos falar em contrato de empréstimo após a entrega do objeto emprestado. Antes de 
sua tradição, haveria empréstimo de quê? 
• A razão é, entretanto, muito mais histórica do que lógica. 
Como frisamos no início do capítulo, o Direito Romano, num primeiro momento, previa três 
espécies de contrato, conforme fossem celebrados pelo proferimento de palavras solenes 
(verbis), pela inscrição em livro do credor {litteris) ou pela entrega da coisa {ré). 
• a) Onerosos - São contratos em que ambas as partes suportam um ônus correspondente à 
vantagem que obtêm. 
• Assim, na compra e venda, o comprador tem uma vantagem, qual seja, receberá o objeto, 
mas suportará um ônus, qual seja, deverá pagar o preço. 
• O mesmo raciocínio se aplica ao vendedor. Vemos, assim, que a uma prestação corresponde 
uma contraprestação. 
Quanto à reciprocidade das prestações 
• Os contratos onerosos podem, pois, dizer-se comutativos, devido a esta reciprocidade de 
prestações. 
• São contratos em que à prestação de uma das partes corresponde uma contraprestação da 
outra. Assim é na compra e venda em que à prestação do vendedor de entregar o objeto 
corresponde uma contraprestação do comprador de pagar o preço. 
• Importante é ressaltar que a contraprestação deve ser realmente um ônus suportado por 
uma das partes, em virtude da vantagem que auferiu. Deve, enfim, corresponder à prestação. 
• - Nos contratos gratuitos, não há qualquer ônus que corresponda à vantagem obtida. 
• Na doação, v.g., o único ônus que há é por parte do doador, de entregar o objeto. A este 
ônus não corresponde nenhum outro por parte do donatário. 
• O que pode haver é encargo, como construir escola, por exemplo, o que não configura 
contraprestação, por não ser devido ao doador como contrapartida direta pela doação feita. 
• Além do mais, o encargo, diferentemente da contraprestação, é elemento acessório, 
secundário, desproporcional à vantagem recebida, não tendo, necessariamente, caráter 
patrimonial. 
b) Gratuitos ou benéficos 
• a) Bilaterais — São também chamados de contratos sinalagmáticos, o que não se justifica. 
Ora, o adjetivo sinalagmático tem origem na palavra grega synallagmatikós, que quer dizer 
contrato. 
• Assim, dizer "contrato sinalagmático" é o mesmo que dizer "contrato contratual“ 
• Bem, considerações lingüísticas à parte, contrato bilateral é aquele em que ambas as partes 
possuem direitos e deveres. 
• Exemplificando com a compra e venda, temos, de um lado, o comprador que possui o direito 
de receber o objeto, mas o dever de pagar o preço; do outro lado, temos o vendedor, com o 
direito de receber o preço, mas o dever de entregar o objeto. 
Quanto às obrigações das partes 
• Por outro lado, como saber a quem incumbe prestar em primeiro lugar. 
• Muitas vezes, o legislador soluciona a questão, como, por exemplo, na compra e venda, em 
que o comprador deverá adimplir sua obrigação de pagar o preço, em primeiro lugar. 
• Outras vezes, será o raciocínio lógico que dará cabo ao problema, como no caso do 
empréstimo de dinheiro, em que, pela força da lógica, incumbirá a quem empresta prestar em 
primeiro lugar, sob pena de nem existir o contrato. 
• Não sendo o caso de solução legal, ou lógica, o juiz deverá analisar detidamente as 
circunstâncias do caso, para concluir a favor de um ou de outro contratante. 
• Outra regra importante acerca dos contratos bilaterais é a de que se a parte a quem incumbe 
realizar sua prestação em primeiro lugar suspeitar, por evidências claras, que a outra corre 
risco de tornar-se insolvente, pode simplesmente recusar-se a cumpri-la, até que a outra 
realize a que lhe compete ou dê garantias de fazêlo. 
• suponhamos o seguinte: um vendedor, a quem compita entregar o objeto para, só então, 
receber o preço, percebe que o comprador está sendo processado por vários de seus credores 
• - São os contratos em que uma das partes só tem deveres e a outra, só direitos. É o caso da 
doação, em que o doador só tem deveres (entregar o objeto), e o donatário só tem direitos. 
• Aqui devemos abrir um parêntese. Não se pode confundir contratos bilaterais e unilaterais 
com negócios jurídicos bilaterais e unilaterais. 
b) Unilaterais 
• Negócio jurídico bilateral é aquele para cuja realização concorrem duas ou mais vontades, 
como é o caso dos contratos, que, por natureza, são negócios jurídicos bilaterais. 
• Mas contrato bilateral é aquele em que ambas as partes têm direitos e deveres. Para não 
haver confusão, o melhor seria dizer "contrato de obrigações bilaterais". 
• Negócio jurídico unilateral é aquele que se forma com apenas uma declaração de vontade, 
como os testamentos. 
• Já o contrato unilateral é aquele em que uma das partes só tem direitos, enquanto a outra só 
tem deveres. 
Também aqui, o melhor seria dizer contrato de "obrigações unilaterais". A idéia seria melhor 
traduzida. 
• Tampouco há confundir contrato unilateral e bilateral com contrato gratuito e oneroso. 
• Quando dizemos que um contrato é oneroso ou gratuito, estamos focalizando a questão da 
prestação e da contraprestação, ou seja, estamos focalizando o objeto da obrigação. 
• Ao contrário, quando dizemos que um contrato é bilateral ou unilateral, nossa preocupação 
é com a carga de direitos e deveres que suporta cada uma das partes. 
• Geralmente, os contratos bilaterais são onerosos, e os unilaterais, gratuitos. 
• Mas nem sempre. O empréstimo de dinheiro é unilateral, porque só quem toma emprestado 
possui obrigações (restituir o que tomou), enquanto quem deu o empréstimo não tem 
qualquer obrigação, pelo contrário, só possui direitos. 
• Acontece que, normalmente, nos contratos de empréstimo de dinheiro são cobrados juros, 
que são a contraprestação do devedor pelo uso do dinheiro. 
• Se há contraprestação, o contrato será oneroso. Vemos aí contrato unilateral e oneroso. 
• Já a doação com encargo é bilateral, por gerar obrigações para ambas as partes. Por outro 
lado, apesar do encargo e por causa dele, não perde seu caráter gratuito. 
• Há autores que incluem uma terceira categoria, ao lado dos contratos unilaterais e bilaterais: 
a dos contratos plurilaterais. 
• Segundo eles, nos contratos bilaterais, haveria obrigações para ambas as partes, mas 
obrigações em sentido contrário, como na compra e venda. 
• Nos contratos plurilaterais, ao contrário, embora haja obrigações para todas as partes, 
seriam elas todas convergentes para o mesmo norte, como no contrato de sociedade. 
 
 
AULA 6 
Contratos Quanto a previsibilidade das prestações 
• a) Pré-estimados - Contratos pré-estimados são aqueles em que a prestação de ambas as 
partes é determinável no momento da celebração contratual. 
• Na locação, por exemplo, desde o início já se sabe perfeitamente qual será a prestação do 
locador (entregar tal objeto) e qual será a contraprestação do locatário (pagar aluguel de 
tanto). 
Quanto à previsibilidade das prestações 
• b)Aleatórios - São contratos em que pelo menos uma das prestações é incerta, dependendo 
de acontecimento futuro e duvidoso. 
• Exemplo clássico é o contrato de seguro, em que a prestação do segurador é totalmente 
incerta. Se o seguro cobrir acidentes de veículo, não se sabe se haverá o sinistro, como 
ocorrerá, quais serão suas proporções etc. 
• Em outras palavras, a prestação do segurador depende do destino. 
• O Código Civil contém algumas regras sobre contratos aleatórios. Assim se o contrato for 
aleatório por dizer respeito a coisas futuras, cujo risco de virem a existir assuma o adquirente, 
terá direito o alienante a todo o preço desde que de sua parte não tenha havido culpa. 
• Suponhamos que A compre de pescador todos os peixes que porventura venha a pescar em 
determinado dia. 
Combinam preço fixo, assumindo o comprador o risco de nada vir a ser pescado. 
• Se, de nada se pescar, por fato alheio à vontade do pescador, este, mesmo assim, fará jus a 
receber o preço acertado. 
• O mesmo se daria se o pescador trouxesse poucos peixes. 
• Mas se trouxesse muitos peixes, receberia o mesmo valor, se, entretanto, ficasse combinado 
que o pescador só receberia o preço se trouxesse alguma coisa, ainda que pouca, se nada 
trouxesse, nada receberia. 
• Caso o contrato aleatório verse sobre coisas existentes, mas expostas a risco assumido pelo 
adquirente, deverá pagar o preço ao alienante, ainda que tais riscos venham a existir em 
menor quantidade ou deixem de existir no momento da execução do contrato. 
• Imaginemos que um comerciante compre de agricultor safra de tomates já nascidos, mas 
ainda por colher. 
Assumindo os riscos do negócio o comerciante deverá pagar o preço ajustado ainda que os 
tomates pereçam no todo ou em parte. 
• Nada pagará, todavia, se conseguir provar que o agricultor soubesse previamente que os 
tomates estavam condenados e, ainda assim, deixou que o comerciante assumisse os riscos e 
celebrasse o contrato. 
• No caso, fala-se em vício leve que torna o contrato defeituoso e, portanto, anulável. 
• Outra regra importante é a de que nos contratos aleatórios não há cláusula rebus sic 
stantibus, em relação a riscos assumidos 
• Emprega-se, de ordinário, terminologia diferente da nossa. Em vez de se referir a contratos 
pré-estimados e aleatórios, fala-se em contratos comutativos e aleatórios. 
• Ora, como vimos, comutativo é contrato em que à prestação de um partes corresponde 
contraprestação da outra. Realmente, é este o significado da palavra 
• Os contratos se desenvolvem em dois momentos distintos, a celebração e a execução. 
• Quanto à forma como se celebram, vimos que podem ser consensuais, formais ou reais. 
Quanto à forma por que se executam, serão: 
• a) De execução imediata - São aqueles que se executam no momento da celebração, como 
em compra e venda à vista. 
• b) De execução futura • De execução diferida - Executam-se em momento posterior à 
celebração, como em compra e venda a prazo. 
Quanto ao momento da execução 
• De execução sucessiva — São contratos em que a obrigação sobrevive apesar das soluções 
(pagamentos) periódicas. É o caso de contrato de locação, em que, de mês a mês, são pagos 
aluguéis, permanecendo intacto o vínculo contratual. 
• Tanto os de execução diferida quanto sucessiva se dizem de execução futura 
• a) Individuais - Consideram-se individuais os contratos quando apenas se obrigarem as 
partes que tomarem parte na celebração. Formam-se pelo consentimento de pessoas cuja 
vontade é individualmente considerada. Na locação, por exemplo, só se obrigam locador e 
locatário. 
• b) Coletivos - Contratos coletivos são aqueles que se formam pela vontade de grupo 
organicamente considerado. Geram obrigações para todos os que pertençam ao grupo, ainda 
que não tenham participado diretamente da celebração. 
Quanto à amplitude do vínculo 
• No Direito pátrio são pouco freqüentes os contratos coletivos. Alguns exemplos seriam, a 
saber, a convenção coletiva de trabalho, o acordo coletivo de trabalho, a convenção coletiva 
de consumo, e alguns outros. 
• Na primeira, muito comum, sindicatos patronais se reúnem com sindicatos operários, 
formulando regras trabalhistas para ser observadas por ambas as partes. 
• no decorrer de certo lapso de tempo. Todos os patrões e empregados filiados àqueles 
sindicatos tornam-se obrigados pelos termos da convenção, sendo-lhes defeso alegar dela não 
terem participado diretamente. 
• Do acordo coletivo participam, de um lado, determinado empregador individualizado e, do 
outro, sindicato operário. 
Fato é que as regras ali acordadas sujeitam o empregador e todos os seus empregados. 
• Na convenção coletiva de consumo tomam parte, de um lado, representante classista dos 
consumidores e, do outro, representante da classe dos fornecedores ou produtores. 
• Obrigam-se todos os indivíduos pertencentes às categorias representadas. 
• O importante é fixar que nos contratos coletivos se obrigam pessoas incertas, não 
determinadas em sua individualidade. 
• Qualquer mudança que tenha exigido a evolução da teoria contratual não teve a amplitude 
do fenômeno da contratação de massa. 
• Assim como a Revolução Industrial representou uma ruptura no modo de produção 
capitalista, a contratação estandardizada alterou os rumos da teoria contratual. 
• Quando pensamos na figura tradicional de contrato, imaginamos dois sujeitos colocados um 
de frente para o outro, discutindo as particularidades de seu acordo em todos detalhes. São os 
contratos negociáveis. 
Quanto à negociabilidade. 
• Hoje, a imagem que temos é totalmente diferente. E não é apenas no modo como se fecha o 
contrato. 
• O próprio ato de contratar vulgarizou-se na sociedade de massas. A todo instante concluímos 
contratos: com palavras, com gestos e comportamentos típicos e até com o silêncio. 
• A contratação tradicional acontecia em escala bastante pequena, dada a menor 
complexidade das relações sociais, sendo que os indivíduos podiam deter-se em negociações 
minuciosas. 
• Como a grande maioria dos contratos é firmada com base em cláusulas contratuais gerais 
(CCG), predispostas por uma das partes, resta apenas, para sua conclusão, a adesão da outra 
parte. 
• Esse é o modo típico de contratar da sociedade de massas, e a figura que melhor o 
representa é o contrato de adesão. 
• a) Contratos negociáveis — Haverá contrato negociável quando as cláusulas contratuais 
forem fruto de discussões e debates entre ambas as partes, ou quando, pelo menos em tese, 
esse debate for possível. Quando cuidarmos dos contratos de adesão, veremos com mais 
detalhes o perfil dos contratos negociáveis. 
• A impressão que se tem é que os contratos de adesão seriam leoninos, por conferir a uma 
das partes vantagem exagerada, em prejuízo da outra. 
• Não deve ser assim. Muito antes pelo contrário, a Lei procura estabelecer regras, a fim de 
equilibrar a posição das partes e, neste sentido, os contratos de adesão devem ser paritários 
• b) De adesão - Segundo o art. 54 do Código do Consumidor, "contrato de adesão é aquele 
cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas 
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa 
discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo". 
• Acrescenta o § 1º que "a inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de 
adesão do contrato". 
• Formulando definição nossa, diríamos que contrato de adesão é aquele que se celebra pela 
aceitação de uma das partes de cláusulas contratuais gerais propostas pela outra, a fim de 
constituir a totalidade ou ao menos a porção substancial do conteúdo de sua relação jurídica. 
• Explicando, tem-se, em primeiro lugar, que o instituto é um contrato, pois o vínculo jurídico 
é criado pelo acordo de vontades, ainda que uma seja total ou parcialmente preestabelecida 
• Em segundo lugar,tem-se que o contrato é de adesão, referindo-se exatamente ao modo de 
uma das partes expressar o consentimento, que se dá por simples adesão a um conjunto de 
cláusulas propostas pela outra parte. 
• Somente a partir daí surge o vínculo jurídico entre as partes, ou seja, só com a adesão o 
contrato está perfeito. 
• Salientamos que contrato de adesão não é uma categoria contratual autônoma, nem um tipo 
contratual, mas sim uma técnica diferente de formação do contrato, podendo ser aplicada a 
inúmeras categorias contratuais. 
• Contrato leonino é todo contrato em que se estipule desproporção exagerada entre as 
prestações das partes. 
• Há quatro espécies, dependendo da vileza com que se elucubre: 
• 1ª) Quando todas as vantagens forem atribuídas a uma das partes. 
• 2ª) Quando a uma das partes se negar qualquer vantagem. 
• 3ª) Quando todos os prejuízos forem atribuídos a uma das partes. 
• 4ª) Quando uma das partes ficar isenta de quaisquer prejuízos 
• E a adesão pode se dar de forma expressa ou tácita. 
Conforme a lição de Caio Mário, "algumas vezes esta adesão é expressa, como no caso em que 
o aceitante a declara verbalmente ou mediante aposição de sua assinatura em formulário; 
outras vezes é tácita, se o usuário apenas assume um comportamento consentâneo com a 
adoção das cláusulas contratuais preestatuídas 
• É característica essencial do contrato de adesão que, no mínimo, sua parte mais significativa 
seja composta por cláusulas contratuais gerais, pouco importando que se permita o debate de 
algumas cláusulas ou a inclusão de outras. 
• Se a maior parte do conteúdo dos contratos de adesão é preenchida por cláusulas 
contratuais gerais, é evidente que as características destas são essenciais ao instituto em 
análise. 
• Como essas características -predisposição, uniformidade, abstração e rigidez -já foram 
estudadas, passaremos ao elemento seguinte. 
• Que não se possa discutir ou modificar substancialmente o conteúdo 
• Apesar de parecer que se confunde com o anterior, esse elemento realça um outro aspecto 
dos contratos de adesão. 
• Se é verdade que esta impossibilidade de discutir ou modificar substancialmente o conteúdo 
dos contratos de adesão decorre diretamente do fato de que sua parte mais expressiva é 
constituída de cláusulas contratuais gerais, não é esse o único motivo. 
• As cláusulas contratuais gerais, apresentadas pelo predisponente, têm a característica da 
rigidez, significando que não podem ser alteradas pelo aderente. 
• Entende-se que mesmo uma cláusula contratual geral possa ser modificada, mitigando a 
característica da rigidez. No entanto, o que se quer ressaltar é que a parte deixada à livre 
disposição dos contratantes não pode ser capaz de modificar substancialmente o conteúdo. 
• É uma exigência do art. 54 do CDC, que define o instituto. 
Entende-se que se a margem de discussão é muito ampla, o contrato se descaracteriza como 
de adesão, em razão da prevalência da parte livremente negociada. 
• Cláusulas contratuais gerais são aquelas prévia, uniforme e abstratamente elaboradas com a 
finalidade de constituir o conteúdo obrigacional de futuras relações concretas. 
• Quanto às características essenciais das CCG, listamos quatro: predisposição, uniformidade, 
abstração e rigidez. Enquanto as três primeiras aparecem explicitamente na definição, a 
característica da rigidez, que é um desdobramento das demais, está implícita 
• A característica da predisposição significa que as cláusulas foram previamente preparadas 
para se integrar a futuras relações concretas. 
• Enquanto estão só no âmbito particular do predisponente, embora já tenham existência 
fática, não têm existência jurídica. Mas postas ao conhecimento do público, passam a ter 
relevância para o Direito. 
• Outra característica é a uniformidade, que, aliás, salta ao conceito como o elemento 
finalístico do instituto. 
• Quem pré-elabora as cláusulas tem em mente uma finalidade: 
sua inserção em número indeterminado de contratos individuais. 
• Para a consecução desse objetivo, as cláusulas são elaboradas de maneira uniforme, pois não 
haveria tempo para a discussão de todas elas com cada um dos contratantes 
• É o que ocorre com os bancos, que formulam cláusulas contratuais gerais, que serão o 
conteúdo dos vários contratos, por exemplo, de conta de depósito a serem celebrados com 
cada um dos clientes. 
• A abstração refere-se ao fato de que, ao serem elaboradas, as cláusulas não regulam 
relações jurídicas concretas, mas destinam-se a qualquer contratante que a elas quiser aderir. 
• Essa característica fez com que alguns tratadistas aproximassem o instituto da própria Lei, 
que também é geral e abstrata, prestando-se a regular as relações concretas que a ela se 
ajustarem. 
• Por último, rigidez significa que o futuro contratante não pode alterar as cláusulas a ele 
apresentadas. Essa característica coaduna-se com a finalidade

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