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cap 2 Fernando Cardim

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O BANCO CENTRAL E O
SISTEMA MONETÁRIO
INTRODUÇÃO
Inicialmente o capítulo apresenta as funções típicas do Banco Central, que
são: emissor de papel-moeda e controlador da liquidez da economia, banquei-
ro dos bancos, regulador do sistema financeiro e depositário de reservas inter-
nacionais do país. Busca-se mostrar, na medida do possível, como essas
funções podem ser expressas através de um balanço estilizado do Banco Cen-
tral. Estudado esse balanço, discute-se com mais detalhes o conceito de base
monetária apresentado no Capítulo 1. Agora são destacadas as operações que
fazem com que o volume de base monetária e a quantidade de meios de paga-
mento que circulam na economia sejam alterados.
Por último, é deduzido o chamado multiplicador monetário. Ao longo do
capítulo conclui-se que os meios de pagamento são um múltiplo da base mo-
netária. Portanto, torna-se necessário conhecer o multiplicador monetário da
economia, que é a razão meios de pagamento/base monetária pois, assim, po-
de-se mensurar qual o impacto sobre o total de meios de pagamento de uma
contração ou expansão da base monetária.
2.1. O BANCO CENTRAL E SUAS FUNÇÕES TÍPICAS
O Banco Central possui algumas funções típicas: emissor de papel-moeda e
controlador da liquidez da economia, banqueiro dos bancos, regulador do sis-
tema financeiro e depositário de reservas internacionais do país. A seguir cada
uma dessas funções é apresentada. No Box 2.1 é feita uma breve descrição so-
bre a origem histórica dos bancos centrais.
Emissor de Papel-moeda e Controlador de Liquidez. O Banco Central detém
o monopólio de emissão de papel-moeda e de cunhagem de moedas metálicas
(uma proposta alternativa à manutenção do monopólio de emissão pelo Banco
Central é apresentada no Box 2.2). O Banco Central pode, ainda, controlar a
quantidade de papel-moeda em circulação, isto é, o tamanho da base monetá-
CAPÍTULO
2
14 O Banco Central e o Sistema Monetário ELSEVIER
A história mostra que os bancos centrais
modernos descendem de bancos priva-
dos que financiaram o Estado e o desen-
volvimento econômico, em troca de fa-
vores especiais e do monopólio de emis-
são. Estes bancos foram criados origina-
riamente para dar elasticidade ao crédi-
to, adquirindo graus de autonomia e ob-
jetivos diferenciados em vários períodos.
Este é o caso, por exemplo, do Banco da
Inglaterra e do Federal Reserve, nos
Estados Unidos.
O Federal Reserve System (FED) foi cria-
do em 1913, com o objetivo de facilitar o
desconto de títulos comerciais e realizar a
inspeção dos bancos privados, numa épo-
ca em que os fluxos monetários irregula-
res e a escassez de moeda e crédito difi-
cultavam o crescimento econômico. A obri-
gação de manter a estabilidade de preços
não estava entre os objetivos iniciais do
banco. Tal objetivo somente aparece na
forma de lei em 1977. Mas está implícito
desde o início que, além de propiciar con-
dições favoráveis ao crescimento econô-
mico e à redução do desemprego, o FED
deveria combater tanto a inflação quanto
a deflação.
A crise de 1929 levou a uma série de
mudanças fundamentais nos estatutos do
FED, as quais tiveram como objetivo forta-
lecer a sua autoridade e a independência
do sistema, em virtude dos fortes interes-
ses econômicos e pressões políticas parti-
culares. Os bancos privados, tidos como
responsáveis pela grande depressão e por
suas severas consequências, tiveram suas
influências sobre as decisões do FED redu-
zidas a partir de então.
O Banco da Inglaterra foi fundado em
1694, por um ato do Parlamento, com o
objetivo explícito de emprestar dinheiro
ao Governo, que se encontrava em difi-
culdades financeiras. Desde o começo de
suas atividades, o Banco da Inglaterra
desenvolveu uma estreita associação
com o Governo, obtendo grande ascen-
dência sobre os demais bancos devido
aos privilégios de que gozava como, por
exemplo, o privilégio da emissão de no-
tas bancárias.
O Banco continuou a exercer as suas
atividades privadas de banco comercial,
assumindo paulatinamente as funções
de um Banco Central. A facilidade de en-
tendimento entre o Governo e o Banco
da Inglaterra é uma das características
da história monetária inglesa, em que
tradicionalmente se procurou resolver as
desavenças antes de anunciar publica-
mente qualquer decisão.
Entretanto, foi quando deixaram de ser
privados e se tornaram instituições públi-
cas que os bancos centrais passaram a ser
criticados pela excessiva proximidade em
relação aos governos. Esta proximidade,
segundo os seus críticos, tornaria a moeda
refém de grupos políticos e criaria, sobre-
tudo nas democracias, ameaças inflacio-
nárias permanentes.
Para conter essas ameaças inflacio-
nárias, difundiu-se, a partir dos anos 80,
a tese da independência do Banco Cen-
tral que se apoia, em grande medida, na
crença de que existiria uma verdadeira
função original e natural das autorida-
des monetárias, que é perseguir unica-
mente a estabilidade de preços. A crença
de que existe uma função natural e origi-
nal dos bancos centrais não é, contudo,
corroborada pela história, tal como foi
visto.
É necessário examinar cuidadosamen-
te as experiências nacionais para se en-
tender as causas que explicam a evolução
de grande parte dos bancos centrais, ou
seja, entender a evolução, desde a época
em que eram financiadores do desenvol-
vimento, aos dias de hoje, em que alguns
se tornaram instituições autônomas e se
dedicam acima de tudo a garantir a esta-
bilidade de preços. A tese da autonomia
dos bancos centrais será discutida em de-
talhes no Capítulo 10.
Elaborado com a colaboração de Inês Patrício.
A ORIGEM DOS BANCOS CENTRAIS
B
O
X
2
.
1
ria. Pode também, como será visto, neste capítulo e nos Capítulos 12 e 13, inibir a criação de moeda pe-
los bancos comerciais. Sendo assim, pode controlar a liquidez da economia.
Banqueiro dos Bancos. O Banco Central é responsável pela compensação de cheques, realiza o trans-
porte de cédulas e moedas metálicas aos bancos, mantém parte das reservas dos bancos, entre outras ati-
vidades de auxílio ao sistema bancário. A função de emprestador de última instância é uma função
decorrente da posição de banqueiro dos bancos e que, portanto, deve zelar pela saúde do sistema
financeiro. O Banco Central deve socorrer os bancos comerciais e as instituições financeiras em difi-
culdade, concedendo liquidez aos mesmos através de empréstimos ou redescontando títulos.
Regulador do Sistema Monetário e Financeiro. Muitos bancos centrais regulam as operações dos ban-
cos comerciais e de instituições financeiras, tais como os bancos de investimento. Supervisionam os
negócios bancários para proteger os depósitos dos clientes e para garantir a solvência de cada banco em
particular de forma a impedir possíveis crises sistêmicas. O Banco Central pode exigir capital mínimo
para a instalação de um banco, pode estabelecer limites para certas operações com o intuito de impedir
que os bancos se exponham excessivamente a situações de risco, pode restringir ou impedir certas ope-
rações, pode realizar inspeções regulares e intervenções em instituições mal administradas etc.
O Banco Central e o Sistema Monetário 15
Friedrich A. Hayek, considerado um dos
mais importantes pensadores liberais do
século XX, apresentou uma curiosa pro-
posta em seu livro Denationalisation of
Money, publicado em 1976, pelo Institu-
te of Economic Affairs. Hayek considera
que os grandes males do capitalismo,
tais como a inflação e as instabilidades
macroeconômicas, são provocados por
governos indisciplinados em relação à
emissão de moeda e seus gastos. Têm
origem, portanto, na capacidade de
emissão de moeda que é exclusiva do
governo. Sua proposta é, então, que o
monopólio governamental de emissão
de moeda seja substituído pela livre
emissão, que seria realizada por bancos
privados.
Hayek considera que é impossível seconstituir um governo responsável e dis-
ciplinado em relação à emissão de moe-
da porque os interesses políticos indivi-
duais dos dirigentes se sobrepõem ao in-
teresse público. Avalia, também, que a
moeda em nada difere de outros produ-
tos. Assim, seu abastecimento seria me-
lhor efetuado por meio da competição
entre bancos que têm interesse em pre-
servar a boa qualidade do seu produto,
ou seja, o valor da moeda que emitem.
Seriam vitoriosas na competição aquelas
moedas cujo valor se mantivesse estável
ao longo do tempo. São ilustrativas as
palavras de Hayek:
“Caberia a cada emissor de uma moe-
da distinta regular sua quantidade de
forma a torná-la mais aceitável para o
público – e a competição o forçaria a
agir dessa forma. Realmente, o emissor
saberia que a penalidade por fracassar
em atender às expectativas desperta-
das seria a ruína de seus negócios. (...)
Parece que, nessa situação, o mero de-
sejo de lucro já poderia produzir uma
moeda melhor do que a que o gover-
nor emitiu.”
O argumento a favor das moedas com-
petitivas descende diretamente da corren-
te de pensamento econômico denomina-
da escola austríaca. Hayek foi o principal
divulgador das ideias dessa escola, desde
o início da década de 1930, quando foi le-
cionar na London School of Economics. Lá,
divulgou as obras de outros importantes
expoentes austríacos, entre eles, Von Mi-
ses e Böhm-Bawerk. A principal mensa-
gem da escola austríaca é que um am-
biente de total liberdade para o indivíduo
econômico (sem qualquer interferência do
governo, de monopólios privados ou de
sindicatos) é a única via que, de fato, con-
duz ao desenvolvimento.
A DESESTATIZAÇÃO DA MOEDA: A PROPOSTA DE HAYEK
B
O
X
2
.
2
Depositário de Reservas Internacionais. O Banco Central pode deter grande parte das reservas interna-
cionais do país. Os agentes econômicos residentes e não residentes realizam transações. O Banco Cen-
tral deve reter moeda estrangeira para atender a demanda daqueles que têm compromissos a saldar no
exterior e evitar possíveis situações de escassez de divisas, que elevam demasiadamente a taxa de câm-
bio e que, no limite, impõem a decretação de moratória (suspensão temporária do pagamento de com-
promissos no exterior). Ademais, possuindo uma quantidade considerável de reservas, o Banco Central
pode, em certa medida, tentar controlar a taxa de câmbio realizando operações de compra ou venda no
mercado de divisas internacionais. Cabe destacar, entretanto, que com a globalização desses mercados,
tal possibilidade de controle foi bastante reduzida. É importante saber, ainda, que parte das reservas em
posse do Banco Central são investidas, por exemplo, em títulos do Tesouro Americano, com objetivo
de obter ganhos de juros e aumentar a quantidade total de divisas.
2.2. O BALANCETE DO BANCO CENTRAL E DO SISTEMA
MONETÁRIO
Entre os recursos monetários, a mais importante rubrica é a quantidade de papel-moeda emitido. Con-
tudo, se tal conta fosse registrada no passivo, implicaria lançar a conta-caixa das autoridades monetári-
as no lado do ativo. Como já foi visto, a quantidade de recursos emitidos menos a caixa do Banco
Central é igual à base monetária; então, optou-se por escriturar essa última conta que aparece no lado do
passivo do balancete do Banco Central – tal como é mostrado no Quadro 2.1. A base monetária pode ser
dividida em duas subcontas: papel-moeda em poder do público e encaixes totais em moeda dos bancos
(ou reservas bancárias). O Banco Central também pode tomar empréstimos no exterior. As principais
contas do ativo do balancete do Banco Central são as seguintes: reservas internacionais, títulos públi-
cos, redescontos e empréstimos aos bancos. Todas as contas mencionadas aparecem no balancete estili-
zado do Banco Central que é mostrado no Quadro 2.1.
Algumas das funções típicas do Banco Central são expressas nas contas do seu balancete. A função
de emissor de papel-moeda é expressa pela conta base monetária. A função de emprestador de última
instância aparece na conta redescontos e empréstimos. A função depositário das reservas internacionais
é expressa na conta reservas internacionais, com valor expresso em moeda nacional de acordo com a
taxa de câmbio. É importante notar ainda que é através da aquisição de títulos públicos comprados dire-
tamente do Tesouro Nacional que o Banco Central pode desempenhar eventualmente a função de fi-
16 O Banco Central e o Sistema Monetário ELSEVIER
Ativo Passivo
(12) Reservas Internacionais
(13) Títulos Públicos
(14) Redescontos e Empréstimos
(15) Outras Aplicações
Total do Ativo
Base Monetária (16)
Papel-moeda em Poder do Público (16.1)
Reservas Bancárias (16.2)
Empréstimos do Exterior (17)
Outras Fontes (18)
Total do Pasivo
QUADRO 2.1
Balancete Estilizado do Banco Central
nanciar o governo. E, como será visto nos capítulos referentes à teoria e operação da política monetária,
é através da aquisição ou venda de títulos em carteira que o Banco Central pode controlar a taxa de juros
da economia e a quantidade de meios de pagamento.
O sistema monetário é aquele conjunto de instituições que pode criar meios de pagamento, isto é, o
Banco Central e os bancos comerciais. O balancete do sistema monetário é a soma algébrica do balan-
cete do Banco Central com o balancete dos bancos comerciais – tal como aparece no Quadro 2.2. O ba-
lancete de um banco comercial foi apresentado no Capítulo 1 (Quadro 1.2). O balancete do conjunto
dos bancos comerciais de uma economia possui a mesma estrutura do balancete apresentado no Capítu-
lo 1. Assim, pode-se efetuar a soma algébrica deste balancete (considerando-o como representativo do
conjunto de bancos) e o balancete do Banco Central apresentado no Quadro 2.1. Quando se efetua o
agrupamento das contas, percebe-se que as rubricas (2) e (14) do ativo têm o mesmo valor das contas do
passivo (16.2) e (9), respectivamente. Portanto, podem ser excluídas. As contas (16.1) e (6) podem ser
agrupadas em um única conta, os meios de pagamento. As demais contas do passivo se constituem nos
recursos não monetários do sistema bancário.
2.3. O MULTIPLICADOR MONETÁRIO
A quantidade ofertada de base monetária é estabelecida pelo Banco Central. A demanda pela base
monetária é realizada pelo público e pelos bancos. Os bancos demandam base pela necessidade de
manter reservas (encaixes). O público demanda base para transformá-la em meios de pagamento. A
questão relevante é que a quantidade total de meios de pagamento é um múltiplo da base monetária.
A explicação para esse fato é que não é somente o Banco Central que cria meios de pagamento, os
bancos comerciais também o fazem. Os bancos possuem essa prerrogativa porque o público aceita os
depósitos à vista (moeda escritural) como meios de pagamento. Então, como os bancos sabem que
nem todos os clientes desejam sacar ao mesmo tempo seus depósitos, criam moeda escritural em uma
quantidade superior às reservas que possuem. Consequentemente, os meios de pagamento tornam-se
um múltiplo da base monetária. O Gráfico 2.1 apresentado a seguir descreve essas relações entre a
base monetária e os meios de pagamento e entre as reservas bancárias (os encaixes) e os depósitos à
vista. A parte da base monetária que é demandada pelo público (papel-moeda) não é multiplicada,
mas os bancos multiplicam a parte que demandam.
O Banco Central e o Sistema Monetário 17
Ativo Passivo
(1) Empréstimos
(3) + (13) Títulos Públicos e Privados
(4) Imobilizado
(12) Reservas Internacionais
(2) Reservas Bancárias
(14) Redesconto e Empréstimos
(15) + (5) Outras Aplicações
�
�
Total do Ativo
Meios de Pagamento
Passivo Não monetário
Total do Pasivo
Papel-moeda em Poder do Público (16.1)
Depósitos à vista (6)
Redescontos e Empréstimos (9)
Reservas Bancárias (16.2)
Depósitos a Prazo (7)
Empréstimos internos e do Exterior (17) + (8)Patrimônio Líquido (10)
Outras Fontes (11) + (18)
�
�
QUADRO 2.2
Balancete Estilizado do Sistema Monetário
O multiplicador monetário é a razão meios de pagamento/base monetária. É positivo e, em geral,
maior que 1 (um). Pode ser encontrado pelo desenvolvimento apresentado a seguir. Os meios de paga-
mento são definidos por
MP = PMPP + DVBC
então:
PMPP = MP – DVBC
A base monetária é definida por
B = PMPP + ET
então:
PMPP = B – ET
Logo,
PMPP = MP – DVBC = B – ET B = MP – DVBC + ET
Dividindo-se cada termo desta última equação por MP, obtém-se:
B / MP = 1 – (DVBC / MP) + (ET / MP)
Dividindo-se e multiplicando-se o último termo por DVBC, tem-se:
B/MP = 1 – (DVBC / MP) + (ET / MP) * (DVBC / DVBC)
18 O Banco Central e o Sistema Monetário ELSEVIER
BASE
MONETÁRIA
Encaixes dos
Bancos
PMPP
PMPP
(Moeda Manual)
Depósitos à Vista
(Moeda Escritural)
MEIOS DE
PAGAMENTO
$
$
45�
GRÁFICO 2.1
Relações entre a Base Monetária e os Meios de Pagamento
e entre as Reservas Bancárias e os Depósitos à Vista
Chamando-se a razão DVBC/MP de d e a razão ET/DVBC de e, pode-se reescrever esta última equa-
ção da seguinte forma:
B / MP = 1 – d + ed
B / MP = 1 – d(1 – e)
MP = B / [1 – d(1 – e)]
Assim, o multiplicador monetário é:
α �
�
1
1 1– ( )d e
Logo, uma variação da base monetária multiplicada por α é igual à variação dos meios de pagamen-
to, isto é,
�MP = �B
Por exemplo, se o multiplicador monetário de uma economia é 1,54 e o Banco Central fez a base
monetária variar em 100 milhões de unidades monetárias, então, os meios de pagamento foram expan-
didos em 154 milhões de unidades monetárias. O Banco Central do Brasil divulga mensalmente o valor
do multiplicador monetário. A seguir, no Box 2.3, são reproduzidos os valores do multiplicador mone-
tário e das razões d e e da economia brasileira nos anos de 1997 e 1998.
O multiplicador monetário é função de duas variáveis d e e. Quanto maior o valor de d, maior será o
multiplicador. Quanto maior o valor de e, menor será o multiplicador. Assim, pode-se dizer que:
= f(d, e) d > 0 e < 0
O entendimento econômico dessas relações é muito importante. Quando a quantidade de reservas
bancárias em relação ao total de depósitos à vista (e) é aumentada, dada uma quantidade de depósitos à
vista em relação ao total de meios de pagamento (d), menor será o multiplicador α. Isto pode ocorrer
quando, por exemplo, o Banco Central decide elevar as reservas compulsórias dos bancos. Assim, com
uma quantidade menor de reservas livres para realizar negócios, os bancos tendem a reduzir a oferta de
crédito ao público, independentemente da sua demanda.
O coeficiente e representa o percentual fixado legalmente de quanto dos depósitos à vista devem
ser recolhidos ao Banco Central e, além disso, reflete a aversão dos bancos a ter que recorrer a auxílios
do Banco Central em virtude de uma eventual insuficiência de encaixes de negócios. Logo, se as taxas
de juros das operações de redesconto tornam-se punitivas e as reservas compulsórias se elevam, o co-
eficiente e aumenta e o multiplicador α diminui. Pode-se dizer então que o coeficiente e é representati-
vo das decisões do Banco Central (em relação ao percentual de reservas compulsórias) e da decisão de
como os bancos administram os seus ativos (a concessão de empréstimos) e seus passivos (a emissão
de depósitos à vista).
Quando a quantidade de depósitos à vista em relação ao total de meios de pagamento (d) é aumenta-
da, dada uma quantidade de reservas bancárias em relação ao total de depósitos à vista (e), maior será o
multiplicador α. Isto pode ocorrer quando, por exemplo, os bancos comerciais adotam políticas de con-
cessão de crédito mais agressivas. Se existem tomadores de crédito insatisfeitos, tal política creditícia
de oferta mais ampla aumentará a quantidade de meios de pagamento da economia. Em outras palavras,
aumentará a quantidade de depósitos à vista em relação ao papel-moeda em poder do público. Pode-se
dizer, portanto, que o coeficiente d é representativo da decisão de como os bancos administram os seus
ativos (a concessão de empréstimos) e os seus passivos (a emissão de depósitos à vista), assim como da
decisão do público de demandar meios de pagamento na forma de depósitos à vista (isto é, demandar
empréstimos).
O Banco Central e o Sistema Monetário 19
Em suma, o Banco Central pode controlar a quantidade de meios de pagamento da economia (de
acordo com a fórmula Bα = M) de duas formas isoladamente ou utilizando-as de maneira complemen-
tar. Em primeiro lugar, o Banco Central pode controlar diretamente a base monetária tal como será vis-
to a partir da próxima seção. Em segundo lugar, pode tentar controlar o multiplicador monetário fazen-
do-o diretamente através da variação do percentual das reservas compulsórias em relação aos depósitos
à vista, isto é, controlando diretamente o valor da razão e.
O Banco Central pode também interferir indiretamente sobre o valor da razão d, impondo taxas pu-
nitivas nas operações de redesconto e empréstimos aos bancos comerciais. Com taxas punitivas em vi-
gor, é provável que os bancos comerciais adotem políticas creditícias mais cautelosas (reduzindo o va-
lor de d) em função do encarecimento em obter reservas junto ao Banco Central, quando necessárias.
As taxas das operações de socorro oficial também podem influenciar indiretamente e. Sob condições
em que vigoram taxas punitivas, é possível que os bancos adotem políticas mais conservadoras de re-
tenção de reservas de negócios (elevando o valor de e) para evitar que sejam obrigados a incorrer em o-
perações de redesconto e empréstimos.
A relação entre a base monetária e o multiplicador pode ser representada graficamente. No eixo
vertical do Gráfico 2.2 estão representados os meios de pagamento e, no eixo horizontal, a base monetá-
ria. A inclinação da função M está relacionada com o valor do multiplicador, que é no mínimo de 45o,
isto é, igual a 1 (um). Pela fórmula do multiplicador, pode-se concluir que o multiplicador somente será
igual a 1 (um), quando d for igual 0 (zero) ou quando e for igual a 1 (um). O significado econômico de d
ser igual a 0 (zero) é que não existem depósitos à vista nesta economia. O significado econômico de o
coeficiente e ser igual a 1 é que o total de depósitos à vista existentes é plenamente conversível em pa-
pel-moeda para todos os clientes simultaneamente. É improvável que uma economia tenha o seu multi-
plicador monetário igual a 1 (um).
ELSEVIER20 O Banco Central e o Sistema Monetário
D = DVBC/MP e = Et/DVBC α = multiplicador monetário
2004 d e α 2005 d e α
Jan 0,61 0,36 1,45 Jan 0,61 0,36 1,45
Fev 0,61 0,35 1,46 Fev 0,61 0,36 1,46
Mar 0,62 0,35 1,48 Mar 0,62 0,35 1,47
Abr 0,62 0,35 1,47 Abr 0,62 0,36 1,46
Mai 0,62 0,35 1,50 Mai 0,61 0,36 1,45
Jun 0,62 0,36 1,47 Jun 0,61 0,35 1,47
Jul 0,62 0,35 1,48 Jul 0,61 0,36 1,46
Ago 0,61 0,35 1,50 Ago 0,61 0,35 1,46
Set 0,62 0,34 1,49 Set 0,61 0,35 1,45
Out 0,62 0,34 1,47 Out 0,61 0,34 1,46
Nov 0,62 0,36 1,46 Nov 0,61 0,35 1,46
Dez 0,60 0,34 1,41 Dez 0,60 0,34 1,45
Fonte: Boletim do Banco Central.
O MULTIPLICADOR MONETÁRIO DA ECONOMIA BRASILEIRA
B
O
X
2
.
3
2.4. CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DA BASE MONETÁRIA
O balancete do Banco Central apresentado neste capítulo é útil para a compreensão de quais operações
realizadas pelas autoridades monetárias fazem variar a base monetária e, consequentemente, o estoque
de meios de pagamento – dado um multiplicador monetário. Uma regra prática é visualizar a base mo-
netária como uma conta-resíduo no seu respectivo balancete. Assim, uma variação da base monetária
somente ocorrerá como resultado da diferença entre variações no valor das contas que estão do lado do
ativo e variações do valor das contas do passivo não monetário do balancete do Banco Central. O Box
2.4 resumeesta regra prática.
A base monetária será expandida quando, por exemplo, o Banco Central compra dólares (e não rea-
liza nenhuma operação que altere a magnitude do seu passivo não monetário). Quando o Banco Central
vende títulos públicos (e não promove nenhuma alteração do seu passivo não monetário), reduz o tama-
nho da base monetária. Quando não se utiliza a regra prática da conta-resíduo, pode-se incorrer no erro
de avaliar que um aumento dos encaixes compulsórios aumentaria a base monetária (dado que a base
monetária é a soma de encaixes totais bancários com papel-moeda em poder do público). Um aumento
dos encaixes compulsórios não altera diretamente a base monetária porque não alterou o valor de qual-
quer conta do ativo do Banco Central, nem o valor de qualquer conta do seu passivo não monetário.
Uma outra regra prática importante é que deve haver uma transação que envolva moeda para que a base
monetária possa ter seu valor modificado.
O Banco Central e o Sistema Monetário 21
Uma variação da base monetária no
montante de x-y implica uma variação
de (x-y) dos meios de pagamento
onde > 1 (um).
O multiplicador monetário é, em geral,
maior que 1 (um).
Não tendem a ocorrer situações em que,
por exemplo, não existem depósitos à
vista e/ou os bancos mantêm reservas
no valor do montante de depósitos à
vista.
A inclinação de M depende dos valores
de e .
�
�
d e
�
MP em $
M
� �> 45 => > 1º
B em $y x
GRÁFICO 2.2
Relações entre a Base Monetária, os Meios de Pagamento e o Multiplicador Monetário
Para se avaliar se houve variação da base
monetária deve-se observar o balancete do
Banco Central. Neste balancete, quando:
a) uma variação positiva do montante das
contas do ativo é maior que uma varia-
ção positiva do montante das contas do
passivo não monetário, tem-se uma ex-
pansão da base monetária;
b) uma variação negativa do montante
das contas do ativo é maior que uma
variação negativa do montante das
contas do passivo não monetário,
tem-se uma contração da base mone-
tária; e se
c) uma variação positiva (negativa) do
montante das contas do ativo é igual
a uma variação positiva (negativa) do
montante das contas do passivo não
monetário, então, não há contração
nem expansão da base monetária.
VARIAÇÃO DA BASE MONETÁRIA
B
O
X
2
.
4
2.5. CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MEIOS DE PAGAMENTO
Não somente o Banco Central pode alterar o estoque de moeda da economia quando realiza uma opera-
ção de ampliação da base monetária – dado um multiplicador. Os bancos comerciais podem alterar di-
retamente o estoque de meios de pagamento. A regra prática utilizada para se verificar se uma operação
qualquer alterou o estoque de meios de pagamento é semelhante àquela utilizada para se verificar se
houve alterações da base monetária. A regra prática é visualizar os meios de pagamento como uma con-
ta-resíduo no balancete do sistema monetário. Portanto, uma variação dos meios de pagamento somen-
te ocorrerá como resultado da diferença entre variações no valor das contas que estão do lado do ativo e
variações do valor das contas do passivo não monetário do balancete do sistema bancário. O Box 2.5 re-
sume esta regra prática.
O estoque de meios de pagamento é reduzido quando, por exemplo, um banco comercial reduz suas
operações de crédito com o público (e não há nenhuma alteração do passivo não monetário no balancete
do sistema bancário). Os meios de pagamento aumentam quando os bancos comerciais compram títu-
los privados (e não realizam nenhuma operação que altere a magnitude das contas do passivo não mo-
netário). Qualquer operação que altere os meios de pagamento deve ser realizada entre agentes que
compõem o sistema monetário da economia e agentes que estão fora desse sistema e, além disso, tal
operação deve envolver pagamentos em moeda (manual ou escritural).
Operações que aumentam o estoque de meios de pagamento são chamadas de operações de moneti-
zação da economia. Um Banco Central pode, eventualmente, se ver obrigado a comprar dólares. Entre-
tanto, não desejaria monetizar a economia. Então, vende títulos ao público em magnitude idêntica à
operação de compra de divisas internacionais que está obrigado a realizar. Esta operação, simultanea-
mente, amplia e enxuga meios de pagamento da economia. Tal operação casada, que evita que a econo-
mia seja monetizada, chama-se operação de esterilização.
2.6. OPERAÇÕES DE CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MEIOS
DE PAGAMENTO
A seguir são apresentados dez exemplos em que são discutidas as possibilidades de variação do estoque
de meios de pagamento da economia:
22 O Banco Central e o Sistema Monetário ELSEVIER
Para se avaliar se houve variação do esto-
que de meios de pagamento deve-se ob-
servar o balancete do sistema monetário.
Neste balancete, quando:
a) uma variação positiva do montante
das contas do ativo é maior que uma
variação positiva do montante das
contas do passivo não monetário, en-
tão, tem-se uma expansão do estoque
de meios de pagamento;
b) uma variação negativa do montante
das contas do ativo é maior que uma
variação negativa do montante das
contas do passivo não monetário, en-
tão, tem-se uma contração do estoque
de meios de pagamento; e se
c) uma variação positiva (negativa) do
montante das contas do ativo é igual a
uma variação positiva (negativa) do
montante das contas do passivo não
monetário, então, não há contração
nem expansão do estoque de meios de
pagamento.
VARIAÇÃO DO ESTOQUE DE MEIOS DE PAGAMENTO
B
O
X
2
.
5
1. Ao fim de um dia, um empresário se dirige a um banco comercial com a receita do seu negócio e faz
um depósito à vista. Nesta operação não houve criação nem destruição de meios de pagamento. Ne-
nhuma conta do ativo do balancete do sistema monetário teve seu valor alterado, assim como ne-
nhuma conta do passivo não monetário.
2. Um empresário se dirige a uma empresa de factoring e troca todos os cheques pré-datados que rece-
beu por recursos em moeda manual. Nesta operação não houve criação nem destruição de meios de
pagamento. Não houve nenhuma operação que envolvesse o setor monetário da economia e o públi-
co não bancário.
3. Um indivíduo vende ações ao banco comercial de que é cliente e recebe como pagamento um depó-
sito à vista na sua conta-corrente. Houve criação de meios de pagamento. Houve uma variação posi-
tiva do valor do ativo do sistema bancário, que resultou de uma operação entre o setor monetário da
economia (o banco comercial) e o público não bancário (o cliente) e que envolveu um ativo não mo-
netário (as ações) e um ativo monetário (o depósito à vista).
4. Um banco de investimento compra dólares de um exportador. O pagamento é feito em moeda
cash. Nesta operação não houve criação nem destruição de meios de pagamento. Tal operação
não foi realizada entre o setor monetário da economia e o público não bancário, mas sim entre o
setor financeiro não monetário (o banco de investimento) e o público não bancário (a empresa
exportadora).
5. Uma empresa vende os títulos públicos que possui a um banco comercial. O pagamento é feito em
moeda manual. Nesta operação houve criação de meios de pagamento. Houve uma variação positi-
va do valor do ativo do sistema bancário que resultou de uma operação entre o setor monetário da
economia (o banco comercial) e o público não bancário (a empresa) e que envolveu um ativo não
monetário (os títulos) e um ativo monetário (moeda manual).
6. Um banco comercial vende parte dos imóveis que possui a um banco de investimento. O pagamento
é feito em moeda cash. Nesta operação houve destruição de meios de pagamento. Houve uma varia-
ção negativa do valor do ativo do sistema bancário, que resultou de uma operação entre o setor mo-
netário da economia (o banco comercial) e o público não bancário (o banco de investimento) e que
envolveu um ativo não monetário (os imóveis) e um ativo monetário (moedamanual).
7. Os donos de uma empresa da área de informática dividem a sua propriedade vendendo ações aos
seus empregados. A compra das ações é feita em cheques. Nesta operação não houve criação nem
destruição de meios de pagamento. Não houve nenhuma operação que envolvesse o setor monetário
da economia e o público não bancário.
8. O Banco Central realiza uma operação de empréstimo direto a um banco comercial que está em difi-
culdade. Nesta operação não houve criação nem destruição de meios de pagamento. Não houve ne-
nhuma operação que envolvesse o setor monetário da economia e o público não bancário.
9. Taxas de limpeza urbana são recolhidas por um banco comercial que deposita esses recursos na con-
ta da prefeitura. Nesta operação não houve criação nem destruição de meios de pagamento. Nenhu-
ma conta do ativo do balancete do sistema monetário teve seu valor alterado, assim como nenhuma
conta do passivo não monetário.
10.Um banco comercial vende dólares a importadores. O pagamento é feito em moeda corrente. Nesta
operação houve destruição de meios de pagamento. Houve uma variação negativa do valor do ativo
do sistema bancário que resultou de uma operação entre o setor monetário da economia (o banco co-
mercial) e o público não bancário (empresas de importação) e que envolveu um ativo não monetário
(reservas internacionais) e um ativo monetário.
O Banco Central e o Sistema Monetário 23
RESUMO
1. O Banco Central possui algumas funções típicas: emissor de papel-moeda e controlador da liquidez da econo-
mia, banqueiro dos bancos, regulador do sistema financeiro e depositário de reservas internacionais do país. A
função de emprestador de última instância é uma função decorrente da posição de banqueiro dos bancos. O
Banco Central deve socorrer os bancos comerciais e as instituições financeiras em dificuldade realizando ope-
rações de redesconto.
2. A mais importante rubrica do passivo do Banco Central é a base monetária (que pode ser dividida em duas
subcontas: papel-moeda em poder do público e encaixes totais em moeda dos bancos). O Banco Central tam-
bém pode obter recursos tomando empréstimos no exterior. As principais contas do ativo do balancete do
Banco Central são as seguintes: reservas internacionais, títulos públicos, redescontos e empréstimos aos ban-
cos.
3. O sistema monetário é aquele conjunto de instituições que pode criar meios de pagamento, isto é, o Banco
Central e os bancos comerciais. O balancete do sistema monetário é, assim, a soma algébrica do balancete do
Banco Central com o balancete dos bancos comerciais. Quando se efetua o agrupamento das contas, perce-
be-se que as rubricas reservas bancárias e empréstimos e redescontos do ativo também aparecem no passivo.
Assim, devem ser excluídas. As contas papel-moeda em poder do público e depósito à vista podem ser agru-
padas em uma única conta, que conformam o total de meios de pagamento.
4. A quantidade ofertada de base monetária é estabelecida pelo Banco Central. A demanda pela base é realizada
pelo público e pelos bancos. Os bancos demandam base pela necessidade de manter reservas (encaixes). O pú-
blico demanda base para transformá-la em meios de pagamento. A questão relevante é que a quantidade total
de meios de pagamento é um múltiplo da base monetária. A explicação para esse fato é que não é somente o
Banco Central que cria meios de pagamento, os bancos comerciais também o fazem. Sendo assim, pode-se de-
finir o multiplicador monetário, que é a razão meios de pagamento/base monetária que é positiva e, em geral,
maior que 1 (um).
5. Uma regra prática para se avaliar variações da base monetária e dos meios de pagamento é visualizar tais ru-
bricas como contas-resíduo nos seus respectivos balancetes. Assim, uma variação da base monetária (ou dos
meios de pagamento) somente ocorrerá como resultado da diferença entre variações no valor das contas que
estão do lado do ativo e variações do valor das contas do passivo não monetário do balancete do Banco Cen-
tral (ou do sistema monetário).
TERMOS-CHAVE
� Banqueiro dos Bancos
� Multiplicador Monetário
� Contração da Base Monetária
� Emprestador de Última Instância
� Conta-resíduo
� Expansão dos Meios de Pagamento
� Sistema Monetário
� Expansão da Base Monetária
� Contração dos meios de Pagamento
BIBLIOGRAFIA COMENTADA
Goodhart, C. (1992). Central Banking. In: The New Palgrave Dictionary of Money and Finance. Newman, P.,
Milgate, M. & Eatwell (editors). London: Macmillan.
–– (1992). Monetary base. In: The New Palgrave Dictionary of Money and Finance. Newman, P., Milgate, M.
& Eatwell (editors). London: Macmillan.
Toniolo, G. (editor) (1988). Central Banks’ Independence in Historical Perspective. Berlin: Walter de
Gruyter.
Esta é uma interessante coletânea sobre a história dos principais bancos centrais do mundo. Cada Banco Cen-
tral, por exemplo, da Alemanha ou da Inglaterra, é discutido tendo como foco o tema da independência, desde sua
criação até as últimas décadas.
24 O Banco Central e o Sistema Monetário ELSEVIER
APÊNDICE
O MULTIPLICADOR MONETÁRIO
COM PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
O multiplicador monetário também pode ser encontrado utilizando-se progressões geométricas. Quan-
do o Banco Central realiza uma operação de ampliação da base monetária (por exemplo, compra títulos
do público), a primeira variação dos meios de pagamento que ocorre é da mesma magnitude da compra
feita pelas autoridades monetárias, ou seja, é igual à variação da base monetária (ΔB). Com mais recur-
sos monetários, o público aumenta a sua quantidade de depósitos nos bancos comerciais. A quantidade
de depósitos que os bancos recebem é igual ΔB.d. Uma parte desses novos depósitos se transformará
em reservas bancárias, o que possibilitará aos bancos conceder mais empréstimos. As reservas bancá-
rias seriam aumentadas de (ΔB.d) e. Os empréstimos adicionais seriam de (ΔB.d) (1– e). Esses emprés-
timos ampliam os meios de pagamento. Com mais recursos monetários, o público realiza novos
depósitos, que originará novos empréstimos, no valor de (ΔB.d) (1 – e) × (1 – e) d, que gerará novos de-
pósitos, e assim sucessivamente. Logo, a variação total de meios de pagamento, resultante da operação
original realizada pelo Banco Central será de:
ΔM = ΔB + (1 – e) d . ΔB + (1 - e)2 d2 . ΔB + (1 – e)3 d3 . ΔB + . . .
ΔM = ΔB [1 + (1 – e) d + (1 – e)2 d2 + (1 – e)3 d3 + . . .]
Calculando-se o limite do somatório que multiplica a variação da base monetária:
� 	
lim
k
k k
k 1
1 (1– e) d 11 d(1– e)
�
�
�
� �
�
obtém-se o multiplicador monetário,
� �
� �
1
1 d(1 e)
O Banco Central e o Sistema Monetário 25
	2 - O banco central e o sistema monetário
	Introdução
	O banco central e suas funções típicas
	O balancete do banco central e do sistema monetário
	O multiplicador monetário
	Criação e destruição da base monetária
	Criação e destruição de meios de pagamento
	Operações de criação e destruição de meios de pagamento
	Apêndice: O multiplicador monetário com progressão geométrica

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