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Apostila de Contabilidade Tributária I. Prof. Adenes - UFAM

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UNIVERSIDADE DO AMAZONAS 
Faculdade de Estudos Sociais 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANAUS - AM 
 
Prof. Adenes Alves 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parte I 
 
Introdução à Contabilidade Tributária 
Conceitos, Princípios e Normas Básicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Adenes Alves 3 
 
 
 
 
 
 
1 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 
 
 
1.1.1 - CONCEITO 
 
É o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios e normas 
básicas da contabilidade e da legislação tributária, de forma simultânea e adequada. 
 
Como ramo da contabilidade, dever demonstrar a situação do patrimônio e o resultado do exercício, 
de forma clara e precisa, rigorosamente de acordo com os conceitos, princípios e normas básicas de 
contabilidade. O resultado apurado dever ser economicamente exato. 
 
Entretanto, a legislação tributária freqüentemente atropela os resultados econômicos para, por 
imposição legal, adapta-los a suas exigências e dar-lhe outro valor (resultado fiscal), que nada tem 
a ver com o resultado contábil. 
 
Em sua obra Direito Tributário Imposto de Rendas das Empresas Nilton Latorraca, assim comenta: 
 
"Como não poderia deixar de ser, o curso sinuoso da legislação tributária, em nosso País, 
deixa um profundo sentimento de insegurança. Denotando a ausência de uma política 
fiscal, na qual o tributo é utilizado como instrumento para atingir fins sociais e políticos 
claramente definidos," 
 
Como se demonstra na parte fiscal, é comum que empresa com prejuízo econômico, ao qual o fisco 
manda acrescentar despesas que considera indedutíveis, chega a apresentar um lucro fiscal que 
recebe o nome de "Lucro real" 
 
Ora, os sócios ou acionistas têm o direito de saber o efetivo resultado econômico, que não pode ser 
modificado para atender exigências fiscais. A contabilidade deve demonstrar com exatidão o 
patrimônio e o resultado do exercício. 
 
Entretanto, as exigências fiscais impostas por lei devem ser cumpridas, o que é feito mediante 
controles extracontábeis e puramente fiscais. Os tributos serão devidos na forma exigida, desde que 
suficientemente amparada em lei (Ver o livro Lalur). 
 
Exemplificando: na demonstração de resultado do exercício, devem ser provisionados os valores 
para pagamento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o 
Lucro (CSL). Deduzindo-se do resultado do exercício essas provisões, o que sobra é o lucro líquido à 
disposição da sociedade. 
 
Por isso, em nota explicativa às demonstrações financeiras, deve ser informado que o IRPJ foi 
calculado na forma da lei (resultado do exercício + adições – exclusões – compensações), ou seja, 
por outro valor, denominado lucro real, que não é o resultado econômico antes dessa provisão, mas 
um resultado fiscal. 
 
 
 
 
 
 
Prof. Adenes Alves 4 
 
1.1.1.2.– Conceito de legislação tributária 
 
O conceito dado pelo Código Tributário Nacional ( Lei nº 5.172/66) em seu art. 96, é adequado e 
suficiente para o nosso estudo: 
 
“Art. 96. A expressão legislação tributária compreende as leis, os tratados e convenções 
internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, 
sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”. 
 
Por ora, é importante chamar a atenção para o fato de que o art. 96 do CTN retrotranscrito fala 
"versem no todo ou em parte...". Ou seja, fica claro que há leis que tratam exclusivamente de 
tributos e relações jurídicas a eles pertinentes, mas também há leis que, embora tratem de outras 
matérias (financeiras, econômicas, trabalhistas, comerciais etc.) versam em parte sobre tributos e 
respectivas relações jurídicas. 
 
 
 
1.1.1.3 – Conceito de Contabilidade 
 
O conceito de contabilidade ter evoluído acompanhado as mudanças decorrentes do 
desenvolvimento dos negócios, das empresas e da globalização da economia. 
De várias formas os autores têm conceituado a contabilidade. Não é nossa intenção reapresenta-las 
em sua totalidade, nem fazer maiores indagações sobre os seus fundamentos científicos, contudo, 
para um melhor entendimento sobre o assunto, destacamos três conceitos que julgamos serem de 
grande importância. 
 
O primeiro é aquele emanado pelo Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados – AICPA 
segundo o qual a contabilidade é entendida como sendo: 
 
"a arte de registrar, classificar, e sintetizar, de uma específica forma e em termos 
monetários transações e em termos, os quais são em parte ao menos de caráter financeiro e 
de interpretar o resultado disso." 
 
O segundo conceito foi emitido pela equipe de professores da USP e diz que a Contabilidade é: 
 
"uma metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e 
interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de 
qualquer ente, seja este pessoa física, entidade de finalidade não lucrativa, empresa, ou 
mesmo pessoa de direito público, tais como: Estado, Município, União, Autarquia, etc.". 
 
O terceiro conceito é proferido pelo eminente professor Francisco D'Auria, no livro Contabilidade: 
noções preliminares. 13 ed. São Paulo: Nacional. 1957, p. 69, nos fornece a notícia da primeira 
definição oficial de contabilidade aprovada no Brasil que se transcreve em homenagem a seu valor 
histórico: 
 
O I Congresso Brasileiro e Contabilidade, realizado em setembro de 1924, aprovou a 
seguinte definição: 
“Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e 
registro relativo aos atos e fatos da administração econômica”. 
 
 
1.1.1.4 - Relação do Direito com a contabilidade 
 
 
Prof. Adenes Alves 5 
 
O patrimônio também é objeto de estudos de outras ciências sociais – por exemplo, da Economia, da 
Administração e do Direito – que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos daquele da 
Contabilidade. Nosso estudo será desenvolvido centrado na relação do Direito com a Contabilidade 
 
Nas sociedades regularmente constituídas intervêm como elementos reguladores das relações 
econômicas: as leis. Nessa distinção, o Direito entra em contato com a Contabilidade. Ocorrendo 
assim uma simbiose entre a Contabilidade com o Direito. 
 
O Direito incide sempre sobre os fatos contábeis, mas a natureza íntima destes é diferente, pois a 
Contabilidade tem por objeto essencial a grandeza econômica do patrimônio e as suas variações em 
face dos atos de gestão, enquanto o Direito aprecia os mesmos fenômenos do ponto de vista da 
harmonia social. 
 
A contabilidade em sua essência é estranha à classificação jurídica, pois ocupa-se somente dos 
fenômenos que produzem variações patrimoniais sem indagar o fundamento moral das operações 
modificadoras do patrimônio. A origem do capital pode ser lícita ou não. De qualquer modo, a 
contabilidade registra a variação resultante do ato. A contabilidade não é criadora de fatos da 
espécie econômico-juridica. Com a sua função registradora ela apenas documenta os fatos que, por 
sua vez, se representam por várias formas, geralmente gráfica. Ao Direito cabe fazer a distinção, 
servindo-se da Contabilidade como instrumento de prova legal. deste modo, os métodos usados pela 
contabilidade para registrar os fatos contábeis sofrem as limitações impostas pelas leis.O registro das variações deve, portanto, refletir a natureza jurídica das operações, de modo que a 
prova produzida caracterize o negócio jurídico a que se refere segundo Carvalho de Mendonça, 
"prova é o meio de demonstrar a certeza do negocio jurídico".. 
 
A ciência contábil é geral. Norteia-se sempre por um só pensamento, que é o de estudar os fatos 
que produzem variações patrimoniais, classificando-os de modo a fornecer elementos de orientação 
ao governo da riqueza. Os métodos de que se serve foram consagrados pela legislação como 
necessários à salvaguarda dos direitos individuais decorrentes das relações jurídicas. 
 
Neste entrelaçamento nem todas as relações de Direito correspondem a fatos contábeis, e nem 
todos os fatos contábeis criam relações jurídicas novas. Por isso, a Contabilidade, como ciência, não 
pode repousar sobre os conceitos de fatos contábeis, negócios e relações jurídicas. À guisa de 
exemplo de fato contábil isentos, em certas circunstâncias, de conseqüências jurídicas, citamos as 
variações de valor resultante de fenômenos econômicos. Como suspeitar na simples variação do 
capital, muitas vezes sujeito a retificação posterior, a existência de uma fato jurídico? Trata-se 
simplesmente de alteração da medida de que resulta um fato contábil, mas que pode estar isento 
de conseqüências jurídicas desde que não haja terceiros interessados na partilha do maior ou menor 
valor. 
 
As relações da Contabilidade com o Direito são, portanto, de natureza essencialmente formal. Nesse 
sentido, ela se aproxima de quase todos os ramos do Direito. Grande parte do direito Cível é direito 
Patrimonial. Grande parte da atividade mercantil é regulada por Leis Jurídicas. 
 
O Direito Mercantil contém normas de escrituração aplicáveis às entidades; o Direito Industrial e a 
legislação trabalhista devem ser consultados em assuntos ligados à Contabilidade da produção; os 
diversos ramos de Direito Públicos, particularmente o Direito Constitucional e Direito 
Administrativo, estabelecem normas que devem ser seguidas na escrituração das operações das 
entidades públicas. No Direito Processual, no Penal e no Fiscal também se encontram normas que o 
contabilista não pode ignorar. 
 
 
 
 
Prof. Adenes Alves 6 
 
1.1.2 OBJETO 
 
O objeto da contabilidade tributária é apurar com exatidão o resultado econômico do exercício 
social, demonstrando-o de forma clara e sintética, para, em seguida, atender de forma 
extracontábil as exigências das legislações do IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro 
determinando a base de cálculo fiscal para a formação das provisões destinadas ao pagamento 
desses tributos, as quais serão abatidas do resultado econômico (contábil), para determinação do 
lucro líquido à disposição dos acionistas, sócios ou titular de firma individual. 
 
Para se atingir plenamente esse objetivo, é preciso estudar, registrar e controlar os atos e fatos 
administrativos que produzem mutações patrimoniais, e conseqüentemente o resultado econômico 
positivo ou negativo (lucro ou prejuízo). Isso se faz pela escrituração contábil. 
 
Já as exigências fiscais para a determinação das bases de cálculo do IRPJ e da CSL são demonstradas 
de forma extracontábil no livro fiscal denominado Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR). O 
imposto estadual ICMS e o municipal ISS são apurados de livros apropriados a sua escrituração. 
 
Ponto de ligamento 
 
A Lei 6.404 regulou as demonstrações contábeis de maneira mais profunda que o Decreto-Lei nº 
2.627, que foi a nossa primeira lei comercial a estabelecer algumas normas na matéria. Na 
exposição de motivos da mensagem nº 204/76 do Poder Executivo referente a Lei 6.404, o 
legislador assim se expressou: 
 
"A omissão, na lei comercial, de um mínimo de normas sobre demonstrações financeiras 
levou à crescente regulação da matéria pela legislação tributária, orientada pelo objetivo 
da arrecadação de impostos" 
 
"Art. 177 – ( ) 
,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,......,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,. 
 
§ 2º A companhia observará em registro auxiliares, sem modificação da escrituração 
mercantil e das demonstrações reguladas nesta lei, as disposições da lei tributaria, ou 
legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam métodos ou 
critério contábeis diferentes ou determinem a elaboração de outras demonstrações 
financeiras." 
 
Com base nesse dispositivo o Decreto-lei nº 1.598/77, em seu artigo 8º, criou o livro fiscal de 
apuração do lucro real. A Secretaria da Receita Federal, através da Instrução Normativa do SRF nº 
028, de 13 de julho de 1978, aprovou o modelo e estabeleceu normas de escrituração do livro de 
apuração do lucro real, e do Registro de Controle dos valores que devam influenciar a determinação 
do lucro real de exercícios subseqüentes. 
 
 
1.1.3 – MÉTODO 
 
O método da Contabilidade Tributária consiste basicamente em: 
 
a. adequado planejamento tributário que exige acompanhar pari-passu a evolução da 
legislação fiscal e das práticas de mercado aplicáveis ao segmento econômico em que a 
empresa atua; e 
b. relatórios contábeis eficazes que demonstrem a exata situação das contas do patrimônio 
e do resultado (que exige conhecimento de contabilidade). 
 
 
Prof. Adenes Alves 7 
 
1.1.3.1 - Planejamento 
 
O conceito de consecução de resultados desejados por meio de ação planejada atingiu um nível 
sofisticado em que já não basta administrar com decisões ad hoc se tenciona alcançar o mais alto 
nível possível de eficiência. O planejamento contábil-tributário precisa ser visto como uma série de 
procedimentos lógicos inter-relacionados que podem sofrer evolução, ser ensinados, expandidos e 
ultrapassados para uma grande variedade de propósito diferentes por exemplos: planejamento 
tributário, contabilidade gerencial etc. 
 
O planejamento é o ato de tomar decisões por antecipações já à ocorrência de eventos reais, e isto 
envolve a escolha de uma entre várias alternativas de ações possíveis, que os gestores podem 
formular no contexto de diversos cenários prováveis do futuro. 
 
1.1.3.2 – Planejamento tributário 
 
Denomina-se Planejamento Tributário a atividade empresarial que, desenvolvendo-se de forma 
estritamente preventiva, projeta os atos e fatos administrativos com o objetivo de informar quais os 
ônus tributários em cada uma das opções legais disponíveis. O planejamento tributário preventivo 
(antes da ocorrência do fato gerador do tributo) produz a elisão fiscal, ou seja, a redução da carga 
tributária dentro da legalidade. 
 
Nem sempre o fato de um contribuinte pagar menos imposto do que outro que exerce atividade 
semelhante a sua, constitui infração. De acordo com o eminente magistério Ruy Barbosa Nogueira: 
 
"Às vezes pode estar errado o que vem pagando mais em conseqüência de má organização, 
de errôneas classificações ou pela falta de se enquadrar em vantagens fiscais, isenções ou 
mesmo incentivos fiscais." 
 
Portanto o planejamento tributário é o processo de escolha de ação ou omissão lícita, não simulada, 
anterior à ocorrência do fato gerador, que vise, direta ou indiretamente, economia de tributos. 
 
O objeto do planejamento tributário é, em última análise, a economia tributária. Cotejando as 
várias opções legais, o administrador obviamente procura orientar os seus passos de formar a evitar, 
sempre que possível, o procedimento mais oneroso do ponto de vista legal. 
 
O Planejamento Tributário é um processo de escolha porque pressupõe necessariamente a 
existência e a análise dos efeitos fiscais de duas ou mais alternativas possíveis. Todavia,sempre se 
materializa através de uma ação ou omissão do sujeito passivo da obrigação tributária, que impede 
ou retarda a ocorrência futura do fato gerador, ou reduz os seus efeitos econômicos. Tal ação ou 
emissão tem, obrigatoriamente, que se lícita, ou seja, prevista ou não proibida por lei, e não 
simulada, ou seja, em que a forma jurídica adotada corresponda à efetiva intenção das partes. 
Assim preceitua o Código Civil Brasileiro em seu artigo 102.. 
 
"Art. 102. Haverá simulação nos atos jurídicos em geral: 
I – quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas das quem 
realmente se conferem, ou transmitem; 
II – quando contiverem declaração, confissão, condição, ou cláusula não verdadeira; 
III – quando os instrumentos particulares forem ante-datados, ou pós-datados. 
 
É fundamental que a ação ou omissão de Planejamento Tributário seja praticada e formalizada 
antes da ocorrência do fato gerador, pois toda ação ou omissão praticada e formalizada depois da 
ocorrência do fato gerador, que objetive impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, ou 
reduzir os seus efeitos econômicos, é considerada fraude, por implicar sonegação fiscal. 
 
 
Prof. Adenes Alves 8 
 
Há alternativas legais válidas para grandes empresas, mas que são inviáveis para as médias e 
pequenas, dado o custo que as empresas, necessárias para execução desse planejamento podem 
exigir. 
 
A relação custo/benefício deve ser muito bem avaliada. Não há mágica em planejamento tributário, 
apenas alternativas, cujas relações custo/beneficio variam muito em função dos valores envolvidos, 
da época, do local etc. 
 
Analisando-se as alternativas e as lacunas (brechas) existentes na legislação, verifica-se que, 
através dos anos, o Fisco vem eliminando-as por sucessivas alterações da lei. 
 
Entretanto, a globalização e abertura da economia, a criação de mercados regionais, como, por 
exemplo, o Mercosul, trazem mudanças muito rápidas que criam novas alternativas e novas lacunas 
na lei, sempre mais lenta que a dinâmica nos fatos econômicos. 
 
O perigo do mal planejamento é redundar em evasão fiscal, que é a redução da carga tributária 
descumprindo determinações legais e que é classificada como crime de sonegação fiscal (Lei nº 
8.137/90). 
 
Merece ser citada como obra pioneira no estudo do planejamento tributário o livro Legislação 
Tributária: uma introdução ao planejamento tributário, do saudoso Nilton Latorraca, cuja primeira 
edição foi publicada pela Editora Atlas em 1971. Dado seu grande mérito, teve sucessivas edições, 
passando o autor, posteriormente , a denominá-lo Direito Tributário: imposto de renda das 
empresas, cuja leitura é recomendada na bibliografia. 
 
 
1.1.3.3 - Planejamento contábil 
 
A eficiência e exatidão dos registros contábeis são fundamentais para que a administração planeje 
suas ações. 
 
A contabilidade, entre outras funções, é instrumento gerencial para a tomada de decisões. Por isso, 
deve estar atualizada e emitir relatórios simples e claros para o administrador. 
 
Sem relatórios objetivos e atualizados, não é possível fazer qualquer tipo do planejamento sério e 
conseqüente. 
A contabilidade tem ainda outras funções, como: 
a. registrar os fatos administrativos (memória); 
b. demonstrar e controlar as mutações patrimoniais (controle); 
c. servir como elemento de prova em juízo ou tribunal; 
d. fornecer elementos para que os acionistas ou sócios possam examinar as contas da 
diretoria e aprova-las ou não; 
e. demonstrar ao fisco o cumprimento da legislação tributária; 
f. fornecer dados para a tomada de decisões etc. 
 
Fundamental é sem dúvida a função de fornecer elementos para a correta gestão do negócio, 
permitindo tomada de decisões eficazes. (Lembrar a diferença: eficiência é fazer bem feito; 
eficácia é fazer o que tem que ser feito, de forma possível e no momento certo.). 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Adenes Alves 9 
 
1.2 - TRIBUTOS 
 
1.2.1 - CONCEITO DE TRIBUTOS 
 
A palavra tributo tem sentido genérico e abarca as espécies: impostos, taxas, contribuição de 
melhoria, contribuições especiais e contribuições parafiscais. 
 
Juridicamente, tributo é uma prestação obrigatória exigida por pessoa de direito público interno em 
face de seu poder de policia. 
 
O Código Tributário Nacional define tributo em seus arts. 3º a 5º. 
 
"Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se 
possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída em lei e cobrada 
mediante atividade administrativa plenamente vinculada:" 
 
Analisando esse artigo, podemos resumir o conceito de tributo, dizendo que é sempre um 
pagamento compulsório em moeda, forma normal de extinção da obrigação tributária. 
 
Aprofundando um pouco mais o conceito, devem ser destacados os seguintes aspectos: 
 
a. ao considerar o tributo uma prestação, o legislador quis enfatizar que se tratava de um 
comportamento obrigatório, pelo que o seu descumprimento deve importar uma sanção, 
daí porque considerarmos ter havido redundância ao utilizar o legislador a expressão 
prestação compulsória, pois dizendo que o tributo consiste em uma prestação já está 
implícita sua natureza compulsória; 
b. a expressão prestação pecuniária significa que, sendo pecuniária, deve a prestação ser 
efetivada em dinheiro, mas, ao aduzir que a mesma prestação possa ser liquidada "em 
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir", permitiu o legislador que também se possa 
satisfazer a prestação tributária, em bens ou até mesmo em serviços; como lembra 
Barros de Carvalho, a inclusão da cláusula "ou cujo valor nela se possa exprimir" vem 
ampliar sobremaneira o âmbito das prestações tributárias, de vez que quase todos os 
bens são susceptíveis de avaliação pecuniária, principalmente o trabalho humano que 
ganharia a possibilidade jurídica de formar o conteúdo de relação de natureza fiscal. 
Entretanto, se autorizada por lei, o pagamento pode ser feito em outro valor que possa 
ser expresso em moeda. Por exemplo: o Decreto-lei nº 1.766/80 autorizou o Instituto 
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) a receber imóveis em pagamento de 
débitos inscritos em dívida ativa e relativos ao Imposto sobre a Propriedade Territorial 
Rural (ITR), Taxa de Serviços Cadastrais, à Contribuição Sindical Rural, e à Contribuição 
do art. 5º do Decreto-lei nº 1.146/70 (1% - um por cento) para os exercentes de 
atividades rurais em imóveis sujeito ao ITR; 
c. o tributo consiste em uma prestação compulsória, porque o Estado ao desempenhar a 
atividade financeira para a sua obtenção do particular age, como dissemos antes, 
investido de sua soberania, sem levar em conta a vontade do contribuinte, daí não 
serem consideradas como tributos as receitas pertinentes aos "preços", por 
corresponderem estes a receitas contratuais; 
d. o legislador, ao inserir a cláusula que não constitua sanção de ato ilícito, quis precisar 
que os tributos não se confundem com as penalidades, pois apesar de ambos consistirem 
em receitas derivadas, por sua natureza compulsória, não constituem a mesma coisa, 
como muito bem ensina Bernardo Ribeiro de Moraes, "a ação típica que origina a multa 
fiscal tem fundamento diverso da ação típica que origina o tributo". Quando à multa 
fiscal, comete-se ação antijurídica, contrária à lei; para o tributo, comete-se ação 
jurídica e, assim, a prestação tributária não deve ser entendida como um castigo 
imposto pelo Estado ao contribuinte; 
 
Prof. Adenes Alves 10 
 
e. já a referência de que o tributo é uma prestação instituída em lei decorreu do princípioda legalidade tributária, consagrado no art. 150, I da CF, pelo que a obrigação tributária 
só pode resultar da lei e não da vontade das partes, pois, inclusive, dela independe; 
f. finalmente, o legislador, na parte final do art. 3º ora em exame, prescreveu que o 
tributo é uma prestação cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada; assim, o Estado é obrigado a cobrar o tributo sempre que ocorra o fato 
gerador e sejam satisfeitas as demais condições estabelecidas em lei, bem como só 
pode exercer a atividade administrativa tendente à sua percepção na forma 
estabelecida em lei, já que se trata de atividade vinculada, não lhe cabendo, por 
exemplo, decidir o momento e a forma da cobrança, pois só pode agir nos termos 
definido em lei. 
 
De sorte que o tributo tem como elemento característico o fato de tratar-se de uma prestação 
exigida por força do poder de império do Estado, do seu poder impositivo. Portanto, é prestação 
pecuniária compulsória, conforme o define o nosso próprio Código Tributário Nacional. 
 
Dispõem ainda que o tributo só pode ser exigido por lei (princípio da legalidade, art. 150, I, da 
CF/88) e cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
 
O fisco só pode agir na forma e nos estritos limites fixados em lei, sem o que haverá abuso ou desvio 
de poder. 
Dispõe, ainda, o CTN: 
 
"Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da 
respectiva obrigação, sendo irrelevante para qualifica-la: 
I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei; 
II – a destinação legal do produto da sua arrecadação. 
"Art. 5.º Os tributos são impostos, taxas e contribuição de melhoria." 
 
Logo, tributo é gênero e as espécies são impostos, taxas e contribuições. 
 
De acordo com os incisos I e II do art. 4º, a natureza jurídica específica do tributo, ou seja, se é 
imposto, taxa ou contribuição, é determinada por seu fato gerador. Este é a caracterização de 
determinada hipótese prevista na lei que faz nascer (gera) a obrigação de pagar o tributo. Por 
exemplo: hipótese de incidência prestar serviços. Prestado o serviço, ou seja, concretizada a 
hipótese de incidência prevista na lei, segue-se o mandamento: pague Imposto sobre Serviços (ISS). 
 
Dessa forma é irrelevante para determinar a natureza jurídica especifica de um tributo a 
denominação adotada (por exemplo: Contribuição Social s/Lucro) ou a destinação do produto de sua 
arrecadação. 
 
 
1.2.2 - ESPÉCIES DE TRIBUTOS 
 
Os tributos (gêneros) se classificam cientificamente em duas espécies: tributos vinculados e tributos 
não vinculados. 
 
Tributos vinculados são aqueles cujas hipóteses de incidências consistem na descrição de uma 
situação estatal (ou numa conseqüência desta), enquanto tributos não vinculados são aqueles cujas 
hipóteses de incidência consista na descrição de um fato qualquer que não seja atuação estatal. 
 
É de se esclarecer que o sentido moderno de tributo não corresponde ao seu sentido primitivo, eis 
que hodiernamente o tributo significa, em regra, uma fonte normal de recursos para o Estado e um 
instrumento de que se serve o Estado para intervir no domínio econômico, social e político, 
 
Prof. Adenes Alves 11 
 
enquanto seu sentido primitivo correspondia a uma imposição que o povo vencedor de uma guerra 
impunha ao povo vencido. 
 
 
1.2.2.1 - Impostos 
 
É aquele que, uma vez instituído em lei, é devido, independentemente de qualquer atividade 
estatal em relação ao contribuinte. Portanto, não deve está vinculado à nenhuma prestação 
específica do Estado ao sujeito passivo. 
 
Trata-se da espécie denominada IMPOSTO, definida no art. 16 do CTN. 
 
"Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador um situação 
independentemente de qualquer atividade específica, relativa ao contribuinte." 
 
O imposto é de competência privativa, atribuída pela Constituição Federal, ou seja, é 
exclusivamente da União ou dos Estados ou dos Municípios ou do Distrito Federal (arts. 153 a 155 da 
CF/88). 
 
O elemento essencial à conceituação do imposto é, pois, o seu caráter geral. O imposto é o tributo 
que se destina a cobrir as necessidades públicas gerais, o que o distingue da taxa, cuja 
característica essencial é a sua vinculação à prestação de serviços públicos. 
 
1.2.2.2 – Taxa 
 
Está definida nos arts. 77 e 78 do CTN e tem como fato gerador o exercício regular do poder de 
polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviços público, especifico e divisível, prestado ou 
colocado à disposição do contribuinte (art. 77). 
 
" Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal ou pelos 
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício 
do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e 
divisível, prestados ao contribuinte ou posto à sua disposição." 
 
Poder de polícia é a atividade da administração pública que limita e disciplina direito, interesse ou 
liberdade em razão do interesse público, concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos 
costumes, à disciplina da produção, do mercado. à tranqüilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos (art. 78). 
 
Assim, embora todo cidadão seja livre para estabelecer-se com uma indústria, não pode, 
entretanto, instala-la em um bairro estritamente residencial. O poder da administração pública de 
limitar esse direito de instalar indústria chama-se poder de polícia. Polícia, no caso, refere-se a 
possibilidade de fiscalizar e autorizar determinada atividade, limitando-a em razão do interesse 
público, relativo à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes etc., de conformidade com o art. 
78 do CTN. 
 
Pelo serviço prestado pela administração pública de verificar as condições do local em que se 
pretende instalar uma indústria e por sua autorização para funcionamento, paga-se uma taxa. 
 
A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idêntico ao imposto, nem ser calculada em 
função do capital das empresas (parágrafo único do art. 77). 
 
 
 
 
Prof. Adenes Alves 12 
 
1.2.2.3 – Contribuição de melhoria 
 
Essa contribuição é anterior à instituição das contribuições sociais. O art. 5º do CTN (Lei nº 
5.172/66) dispõe: 
 
Logo, desde a edição do CTN (1966) já estava especificada como um tributo, diferente do imposto e 
da taxa, portanto uma terceira espécie. 
 
O CTN dispõe que só podem ser cobradas se, em virtude de obra pública, decorrer valorização 
imobiliária para o contribuinte (art. 81 e 82): 
 
"Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal 
ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face 
ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a 
despesa realizada e como limite total a despesa realizada e como limite individual o 
acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. 
 
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observa os seguintes requisitos mínimos: 
 
I – publicação prévia dos seguintes elementos: 
 
a. memorial descritivo do projeto; 
b. orçamento do custo da obra; 
c. determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; 
d. delimitação da zona beneficiada; 
e. determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para 
cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; 
 
II – fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados,de 
qualquer dos elementos referidos no inciso anterior. 
 
III – regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a 
que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial 
 
Em face das exigências do art. 82, retrotranscrito (publicação prévia memorial descritivo do 
projeto, orçamento do custo da obra etc.) e pela possibilidade da impugnação pelos interessados 
(inciso II) de qualquer dos elementos previamente publicados (inciso I), a contribuição de melhoria, 
na prática, raramente é cobrada. Nas poucas vezes em que se tem tentado cobra-la, o foi de forma 
ilegal, isto é, sem atender os requisitos mínimos do art. 82. 
 
Contribuições Federais 
 
1.2.2.4 – Contribuições sociais 
 
A doutrina e a jurisprudência vêm procurando demonstrar que a contribuição social é uma quarta 
espécie do gênero tributo, sob vários argumentos, todos merecedores de respeito. 
 
Entretanto, analisando-se a relação custo/benefício para o contribuinte, verifica-se que ora seu 
impacto é de imposto, ora é de taxa, ou seja, é um tributo misto de imposto e taxa. 
 
Analisem-se as contribuições sociais instituídas pelo art. 195 da Constituição Federal: 
 
 
Prof. Adenes Alves 13 
 
a. para o empregador, ela incide sobre a folha de salários (INSS – Lei nº 8.212/91), sobre 
receita ou o faturamento (COFINS) – Lei Complementar nº 70/91) e sobre o Lucro (CSSL – 
Lei nº 7.689/88). 
 
b. para o trabalhador, sua contribuição tem como contrapartida a garantia da Seguridade 
Social (assistência médico-hospitalar, aposentadoria etc.). Portanto, há um serviço 
público ou efetivamente prestado ou colocado a sua disposição. Trata-se, portanto, de 
tributo vinculado e, portanto, taxa. 
 
O Pis/Pasep, instituído pela LC no. 7/70, foi recepcionado pela CF, em seu art. 239. é também uma 
contribuição social que incide sobre a mesma base de cálculo da Cofins, fato que caracteriza uma 
evidente bi-tributação. 
 
Por seu impacto, é uma espécie de tributo diferente daquelas definidas no art. 5º do CTN. 
 
Não se enquadra em nenhuma das espécies definidas pelo CTN. Logo, é uma quarta espécie de 
tributo, que em razão da rentabilidade direta ou indireta ao contribuinte, tem o impacto de 
imposto ou taxa. Que pertence ao gênero tributo, não há dúvida. 
 
Nota-se, entretanto, na legislação federal, a tendência de referir-se a "tributos e contribuições 
sócias", que vem sendo acompanhada pela jurisprudência. 
 
Assim, por esse critério, seriam tributos os elencados no Sistema Tributário Nacional (arts. 145 a 
162); Contribuições Sociais, referentes ao financiamento da Seguridade Social: as do art. 195 da 
CF/88. Devem obedecer ao princípio da anterioridade restrita, ou seja, entram em vigor 90 dias 
após sua publicação (art. 195, parágrafo 6o da CF). 
 
 
1.2.2.5 - Contribuição Parafiscal 
 
A contribuição parafiscal corresponde ao emprego das finanças públicas com objetivo extrafiscais, 
não visando precipuamente à obtenção de receitas, mas objetivando regular ou modificar a 
distribuição da riqueza nacional, equilibrar os níveis de preços de utilidades ou de salários, bem 
como outras finalidades econômicas ou sociais semelhantes. 
 
As características da contribuição parafiscal são as seguintes: 
 
a) a atribuição da arrecadação é cometida pelo Estado a uma entidade dotada de 
autonomia administrativa e financeira; 
b) o produto arrecadado deve ser carreado para os cofres da aludida entidade e não para 
o Estado; 
c) constitui uma receita extra-orçamentária; 
d) em conseqüência, não está sujeita à fiscalização de órgão, de controle de execução 
orçamentária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Adenes Alves 14 
 
1.2.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS 
 
Segundo Fábio Fanuchi, os tributos podem ser classificados: 
 
 a) conforme os fins objetivados com a sua criação em: fiscais, para-fiscais e extrafiscais; 
 b) conforme o tipo de imposição em: impostos taxas e contribuições de melhorias; 
c) no Brasil, conforme a autoridade de que promana a imposição: federais, estaduais e 
municipais. 
 
A constituição/88 no capítulo I do Sistema Tributário Nacional, na Seção I traçou o arcabouço 
tributário nacional nos artigos 145 a 162. 
 
 
 
1.2.4 – COMPETÊNCIA DOS TRIBUTOS 
 
1.2.4.1 - Dos Impostos da União 
 
"Art. 153. Compete à União instituir imposto sobre: 
I – Importação de produtos estrangeiros; 
II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; 
III – renda e proventos de qualquer natureza; 
IV – produtos industrializados; 
V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; 
VI – propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
 
 
1.2.4.2 - Dos Impostos dos Estados e do Distrito Federal 
 
 "Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir: 
 I – Impostos sobre: 
a) transmissão "causa mortis" e doação, de quaisquer bens ou direito; 
b) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de 
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação , ainda que as operações e as 
prestações se iniciem no exterior; 
c) propriedade de veículos automotores. 
.................................................................................................. 
IV – terá suas alíquotas máxima fixada pelo Senado Federal. 
§ 2º. O imposto previsto no inciso I, "b", atenderá ao seguinte: 
I – será não-cumulativo, compensado-se o que for devido em cada operação relativa à 
circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas 
anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; 
 
 
1.2.4.3 - Dos Impostos dos Municípios 
 
"Art. 156. Compete aos Municípios instituir imposto sobre: 
I – Propriedade predial e territorial urbana; 
II – transmissão "inter-vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por 
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem 
como cessão de direitos a sua aquisição; 
III – vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel; 
 
Prof. Adenes Alves 15 
 
IV – serviços de qualquer natureza não compreendidos no art. 155, I , "b, definido em lei 
complementar. 
 
 
1.3 - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 
 
Os princípios jurídicos, fundamentos do estado de direito, prevalecem sobre todas as normas 
jurídicas, que só têm validade se editadas em rigorosa consonância com eles. 
 
Em matéria tributária podemos destacar, entre outros, na Constituição Federal, o art. 150. 
 
"Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
 
I – exigir ou aumentar tributos sem lei que o estabeleça" 
 
 
1.3.1– PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
O princípio da legalidade esta consubstanciado na expressão: "Ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei" 
 
É de suma importância atentar para o fato de que o princípio diz claramente: lei (fonte principal) e 
não: decreto, portaria, instrução normativa etc. (fontes secundárias). 
 
O princípio da legalidade tributária significa que o Estado não pode instituir ou majorar tributo sem 
estar previamente autorizado pelo poder legislativo. 
 
Algumas observações devem ser feitas a respeito do que dispõe a art. 150, I, quando exige, para a 
instituição ou majoração do tributo, uma lei prévia. 
 
Em primeiro lugar, tendo o legislador, no referido dispositivoconstitucional, se referido a tributo, 
nenhuma dúvida existe de que o princípio da legalidade dever ser aplicado a todas as espécies de 
tributo e não somente aos impostos. 
 
Em segundo lugar, lei pela qual o tributo dever ser instituído ou majorado dever ser entendida 
somente em seu sentido estrito – lei propriamente dita, emana do Poder Legislativo, e não em seu 
sentido amplo, pelo que decreto, portaria, circular, etc., não podem instituir ou majorar tributos. 
Assim, é exclusiva da lei formal, oriunda do órgão de representação popular e cujo processo de 
elaboração atenda os requisitos previsto no art. 59 e seguintes da Constituição Federal, tal 
instituição ou majoração. 
 
 
1.3.2 – INSONOMIA TRIBUTÁRIA 
 
 "Art. 150. 
 (...) 
II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação 
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por 
eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou 
direitos;" 
 
A isonomia tributária é espécie do princípio geral de isonomia, expresso no caput do art. 5º da 
CF/88. 
 
Prof. Adenes Alves 16 
 
 
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza , garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros, residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos seguintes." 
 
 
1.3.3– IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA 
 
 "Art. 150. 
 (...) 
 "III – cobrar tributos: 
a. em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver 
instituído ou aumentado." 
 
A irretroatividade tributária também é espécie do princípio geral da irretroatividade da lei, 
expresso no inciso XXXVI do art. 5º da CF/88, que diz: 
 
"A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada." 
 
Em resumo, a lei aplica-se aos fatos que ocorrem após sua entrada em vigor. Não pode retroagir 
para alcançar fatos já ocorridos na vigência de lei anterior. 
 
A exceção dessa regra é em matéria penal, conforme disposto no inciso XL do art. 5º da CF/88, que 
dispõe: 
 
 "A lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu." 
 
Dessa forma, a lei que prevê pena mais branda retroage para beneficiar o réu, nos casos em que a 
lei anterior previa penas mais severas. 
 
 
1.3.4 - ANTERIORIDADE 
 
"Art. 150. 
(...) 
b. no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou 
aumentou." 
 
No entanto, a própria Constituição Federal estabelece algumas exceções ao princípio da 
anterioridade, a saber: 
 
1.3.4.1 – Exceções 
 
a. ALTERAÇÃO DE ALÍQUOTA – IMPOSTOS FEDERAIS 
 
"Art. 153. 
(...) 
"§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em 
lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V." 
 
As alíquotas referidas são as dos seguintes impostos da União: 
I. Importação; 
II. Exportação; 
IV. Produtos industrializados; 
 
Prof. Adenes Alves 17 
 
V. Sobre operações financeiras. 
 
B. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 
 
 "Art. 195. 
 (...) 
 
"§6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhe 
aplicando o disposto no art. 150, III, b." 
 
 
1.3.5 - RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR 
 
 
O constituinte de 1988 reservou para a lei complementar certas matérias que, pela sua relevância, 
exigem um exame mais rigoroso do legislador para aprova-la. Isto porque a lei complementar exige 
um quorum mais qualificado, ou seja, maioria absoluta. 
 
A diferença ente maioria absoluta e maioria simples é que a primeira é alcançada com 50% mais um 
do total de membros de cada casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado). Já a 
maioria simples é alcançada com 50% mais um dos deputados e senadores presentes à sessão de 
cada casa. 
 
 Assim o art. 148 da CF dispõe: 
 
"Art. 146. Cabe à lei complementar 
 ...................................................................................................... 
III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: 
a) definição dos tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos 
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, base de cálculos e 
contribuintes; 
b) obrigação; lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades 
cooperativas." 
 
 
1.3.6 - DA RESERVA DE LEI PARA ANISTIA 
 
 "Art. 150. 
 (...) 
§ 6º Qualquer anistia ou remissão que envolva matéria tributária ou previdenciária só poderá 
ser concedida através de lei específica, federal, estadual ou municipal" 
 
 O CTN disciplina as normas gerais sobre anistia (arts. 180 a 182) e remissão (art. 172). 
 
"Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência 
da lei que a concede, não se aplicando: 
I – aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa 
qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por 
terceiros em benefícios daquele; 
II – salvo disposição em contrário,as infrações resultantes de conluio entre duas ou mais 
pessoas naturais ou jurídicas. 
Art. 181 A anistia pode ser concedida: 
 
Prof. Adenes Alves 18 
 
I – em caráter geral; 
II – limitadamente: 
 
 
1.4 - ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO TRIBUTO 
 
 
1.4.1 - FATO GERADOR 
 
A expressão "fato gerador" nos veio do francês e difundiu-se entre os brasileiro, graças a um artigo 
de autoria de Gaston Jèze, publicado na "Revue du Droit Public e de la Science Politique, traduzido 
e apresentado na Revista de Direito Administrativo, volume II, fascículo I, página 50. 
 
O CTN o define nos arts. 114 e 115: 
 
"Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária 
e suficiente à sua ocorrência. 
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da 
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação 
principal." 
 
O fato gerador é, portanto, a situação descrita em lei que, uma vez ocorrendo concretamente 
localizada no tempo e no espaço, determina a transferência jurídica, em favor do Estado, da 
titularidade de certa quantia. Nesse mesmo momento, o sujeito que praticou o ato previsto em lei, 
ou encontrou-se na situação de fato, deixa de ser titular dessa mesma quantia. 
 
Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua 
ocorrência, como, por exemplo, a alienação de um bem imóvel que é fato gerador do imposto de 
transmissão, o auferimento da renda, fato gerador do imposto de renda ou a operação de crédito 
realizada por uma instituição financeira, fato gerador do imposto sobre operações financeiras. 
 
Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, 
impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal, como apresentação de 
declaração de bens, exibição de livros, obrigatórios, não distribuição de documentos e livros 
obrigatórios pelo prazo prescrito na lei, etc.... 
 
A importância do fato gerador para o estudo do da Contabilidade Fiscal pode ser facilmente 
constatada com o conhecimento dos efeitos por ele produzidos e que são os seguintes, conformeAmílcar de Araújo Falcão. 
 
 a) identificação do momento em que nasce a obrigação tributária principal; 
 b) determinação do sujeito passivo principal da obrigação tributária; 
 c) fixação dos conceitos de incidência, não incidência e isenção; 
d) determinação do regime jurídico da obrigação tributária: alíquota, base de cálculo, 
isenções, etc..; 
 e) distinção dos tributos in genere; 
 f) distinção dos impostos in specie; 
 g) classificação dos impostos em diretos e indiretos; 
 h) eleição dos critérios para interpretação da lei tributária; 
 i) determinação dos casos concretos de evasão em sentido estrito; 
 j) estabelecimento dos princípios de atuação da discriminação constitucional de rendas no 
 
Brasil; definição da competência impositiva e determinação dos casos de invasão de competência e 
de bitributação. 
 
Prof. Adenes Alves 19 
 
 
 Exemplo de fatos geradores: 
 
a. prestar serviços (ISS); 
b. fazer circular mercadorias (ICMS); 
c. receber renda (IR) etc. 
 
 
 
1.4.2 - CONTRIBUINTE OU RESPONSÁVEL 
 
Existem tributos indiretos que permitem o fenômeno da repercussão, ou seja, a transferência do 
ônus tributário do contribuinte direito para o contribuinte de fato. Por exemplo. A translação do 
encargo 
 
Denomina-se contribuinte o sujeito passivo da obrigação tributária que tem relação pessoal e direta 
com o gato gerador. Por exemplo: proprietário de um prédio – IPTU. 
 
Denomina-se responsável a pessoa que a lei escolher para responder pela obrigação tributária, em 
substituição ao contribuinte de fato, dada a maior complexidade para alcança-lo. 
 
O responsável não arca com o ônus tributário, que é suportado pelo contribuinte de fato. Atua como 
uma espécie de agente arrecadador do fisco e como seu depositário. Cabe-lhe recolher as 
importâncias descontadas ou cobradas do contribuinte de fato, ao fisco, nos prazos de lei. Não o 
fazendo, será declarado depositário infiel, sujeito a pena de prisão (Lei nº 8.866/94). 
 
 Exemplos: 
 
a. Imposto de Renda retido na fonte; 
b. Contribuição ao INSS (ambos descontados dos empregados); 
c. IPI cobrado do comprador na nota fiscal. 
 
O contribuinte e o responsável estão definidos no art. 121 do CTN. 
 
"Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de 
tributo ou penalidade pecuniária. 
Parágrafo Único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: 
I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o 
respectivo fato gerador; 
II – responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de 
disposição expressa em lei." 
 
Exemplificando: a empresa contrata serviços profissionais de um contador autônomo, combinando 
pagar-lhe honorários de R$ 2.000,00. 
 
Por ocasião do pagamento, a lei determina que ela, como responsável, desconte IRF devido sobre 
essa remuneração de trabalho sem vinculo empregatício (tabela Progressiva – art. 629 do RIR/94). 
 
Vamos supor, no caso, que a alíquota progressiva seja de 15% (quinze por cento), que aplicada sobre 
R$ 2.000,00, representa IRF de R$ 300,00. Paga-se ao prestador do serviço a importância líquida de 
R$ 1.700,00. 
 
 
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A empresa do exemplo desembolsa exatamente a despesa combinada, ou seja , R$ 2.000,00, 
dividindo, entretanto, esse valor em dois pagamentos: R$ 1.700,00 para o contador e R$ 300,00 para 
a Receita Federal, sem ônus financeiro, portanto, para ela. 
 
O contador que combinou por seus serviços honorários de R$ 2.000,00 e que só recebeu o valor 
líquido de R$ 1.700,00 é o contribuinte de fato que arcou com o ônus tributário de R$ 300,00. 
 
Se a empresa cumpriu a determinação legal de responsável pelo IRF, retendo e recolhendo esse 
imposto no prazo, não arcará com nenhum ônus. Foi simples intermediário entre o contribuinte de 
fato e o fisco. 
 
Se não retiver o IRF, será responsável por seu pagamento, acrescido de multa, juros e correção 
monetária. 
 
Se pagou os honorários contábeis de R$ 2.000,00, sem deduzir o IRF, arcará com o ônus desse 
tributo, acrescido de multa e juros, o que importaria em considerável ônus financeiro, pois sua 
despesa será de: 
 
 R$ 
 Honorários contábeis pagos 2.000,00 
 + IRF por responsabilidade 300,00 
 Multa de 20% 60,00 
 Juros 1% 3,00 
 
 Despesa Total 2.363,00 
 
O ônus, ainda, será agravado pelo fato de não poder deduzir esse IRF e a respectiva multa do lucro 
real (art. 283,§§ 2º e 5º do RIR/94), pagando mais 15% de IRPJ sobre R$ 360,00 (IRF + multa), ou 
seja, mais, R$ 54,00, totalizando a despesa final de R$ 2.417,00. 
 
Se retiver o IRF e não recolhe-lo à Receita Federal, poderá responder pelo crime de depositário 
infiel (Lei nº 8.866/94 – art. 4º), sujeito a pena de prisão. Essa pena, entretanto, poderá ser 
relevada se o responsável recolher o imposto devido, atualizado monetariamente pela UFIR, 
acrescido de multa e juros, no prazo máximo de 10 dias a partir da citação judicial (art. 4º). Não 
recolhida nem depositada judicialmente a importância, o juiz, nos quinze dias seguintes à citação, 
decretará a prisão do depositário infiel, por período não superior a noventa dias. 
 
1.4.3 - BASE DE CÁLCULO 
 
É o valor sobre o qual é aplicada a alíquota (percentual) para apurar o valor do tributo a pagar. 
 
A base de cálculo deve ser definida em lei complementar (art. 146 da CF/88). Sua alteração está 
sujeita aos princípios da legalidade, da anterioridade e da irretroatividade. 
 
Assim, a lei complementar deve definir com muita clareza dos critérios para determinação da base 
de cálculo. 
 
Como exemplo, podemos citar: 
 
a. Cofins – faturamento mensal, art. 2º da Lei complementar nº 70/91. 
b. IRPJ – LUCRO REAL, arts. 193 a 196 do RIR ( Decreto nº 1.041/94). 
 
 
 
 
Prof. Adenes Alves 21 
 
1.4.4 - ALÍQUOTA 
 
Ë o percentual definido em lei que aplicado sobre a base de cálculo determina o montante do 
tributo a ser pago. 
 
 Sua alteração está sujeita aos princípios da legalidade, da irretroatividade e da 
anterioridade com exceção, quando a sua anterioridade, dos casos previstos na própria 
Constituição, ou seja: 
 
a. IMPOSTOS: de Importação, de Exportação, sobre Produtos Industrializados e Operações 
Financeiras (§ 1º do art. 153). 
b. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS – (§ 6º do art. 195). 
 
Exemplos de alíquotas: 
 
a. IRPJ – 15% (art. 3º - Lei nº 9.249/95). 
b. COFINS – 3% (art. 8º - Lei nº 9.718/98). 
 
1.4.5 - ADICIONAL 
 
Além do imposto devido, apurado pela aplicação da alíquota sobre a base de cálculo, às vezes a lei 
determina o pagamento de mais um imposto, sob o nome de adicional, que incide sobre 
determinado valor que ela fixar. 
Por exemplo – Adicional do IRPJ 
 
10% do valor do lucro real que exceder a R$ 20.000,00 (mensal) - § 1º do art. 4º da Lei nº 9.430/96. 
 
1.5 - RENÚNCIA FISCAL 
 
 
A arrecadação da receita pelo Estado, através da cobrança de tributos, faz parte de sua atividade 
financeira (receita, gestão e despesa) ordinária, isto é, normal, comum, rotineira. 
 
Entretanto, é freqüente o Estado utilizar-se dos tributos para alcançar outros fins que não o de 
arrecadação. 
 
Denomina-se extra-fiscalidade essa forma de o Estado usar o tributo, dispensando, postergando ou 
reduzindo seu pagamento, para alcançar determinados objetivos políticos, econômicos ou sociais. 
Por exemplo: redução de alíquota, incentivos fiscais etc. 
 
Assim, para coibir a prática de preços abusivos, por oligopólios, oEstado pode reduzir as alíquotas 
do Imposto de Importação, permitindo a entrada, no mercado nacional, de produtos estrangeiros 
mais baratos que o similar nacional, provocando, pela concorrência, a redução de preços no 
mercado. 
 
Na prática, tem-se preferido empregar a expressão genérica benefícios fiscais, mais fácil de ser 
compreendida, do que a expressão, rigorosamente técnica, extra-fiscalidade. 
 
Ressalte-se, entretanto, que esses benefícios fiscais só serão válidos se instituídos por lei de ente 
federativo competente para arrecadar o respectivo tributo. 
 
Entretanto, esses benefícios fiscais impostam numa renúncia fiscal quando ao tributo cuja 
arrecadação é assegurada por lei. 
 
 
Prof. Adenes Alves 22 
 
A pratica da renúncia fiscal para atrair investidores ou instalação de empresas em seus territórios 
tem provocado um autêntica "guerra fiscal" entre os estados membros da federação. 
 
As conseqüências políticas, sociais e econômicas da renúncia fiscal por estados e municípios que já 
têm suas finanças combalidas é de duvidosa eficácia. 
 
A renúncia fiscal de tributos referentes a determinadas atividades acabam por tornar necessária a 
criação de novos tributos para cobrir o rombo das finanças públicas, vide o exemplo da saúde 
pública. 
 
1.5.1 - ISENÇÃO 
 
Tecnicamente a isenção é considerada um favor fiscal, de natureza temporária, excluindo o 
pagamento do tributo. É sempre decorrente de lei, que deve especificar as condições e requisitos 
exigidos para sua concessão, os tributos aos quais se aplica, e, sendo o caso, o prazo de sua duração 
(art. 176 CTN). 
 
O art. 178 do CTN dispõe que: 
 
"Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas 
condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observando o 
disposto no inciso III do art. 104" 
 
A sua revogação ou modificação deve, pois, observar o disposto no CTN. 
 
"Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua 
publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: 
(...) 
III – que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável 
ao contribuinte, e observado o disposto no art. 178" 
 
Dispõem, ainda, o CTN em seu art. 177: 
 
"Art. 177. Salvo disposição de lei em contrario, a isenção não é extensiva; 
I – às taxas e às contribuições de melhoria; 
II – aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão." 
 
Logo, a lei pode conceder, por prazo determinado, a isenção de algum tributo por tipo de bem ou 
serviço, ou pode condiciona-la a parâmetros por ela definidos. Exemplos: 
 
a. Isenção do IRF sobre o rendimento de trabalho até o limite mensal de R$ 1.058,00. 
b. Isenção do IRPJ para as microempresas, assim consideradas as pessoas jurídicas que 
tiverem receita bruta anual igual ou inferior a R$ 120.000,00, que optarem pelo SIMPLES 
(Lei nº 9.317/96). 
 
A isenção, via de regra, não dispensa o cumprimento de obrigações acessórias, embora possa 
simplifica-las. Logo, não existe isenção definitiva. Ela é sempre condicionada a um determinado 
período de tempo, por tipo de bem ou serviço ou a algum parâmetro que a lei fixar. 
 
O que tem confundido, na prática, com isenção definitiva, são, na verdade, as hipóteses de 
imunidades ou de não-incidência. 
 
 
 
 
Prof. Adenes Alves 23 
 
1.5.2 - IMUNIDADE TRIBUTÁRIA 
 
É um princípio constitucional que visa a resguardar a independência dos entes da federação (União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios) e a liberdade de culto religioso, de associação política, 
sindical, de educação, de assist6encia social, de divulgação científica e cultural e dos fatos de 
interesse da sociedade. 
 
Esse princípio está disposto na CF/88: 
 
"Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
VI – Instituir impostos sobre: 
a. patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
b. templos de qualquer culto; 
c. patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das 
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assist6encia social, 
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
d. livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
 
1.5.3 - NÃO-INCIDÊNCIA 
 
Ë a dispensa definitiva do tributo sobre determinadas operações, bens ou serviços. A própria lei 
dispõe que, embora ocorrendo o fato gerador, não haverá incidência de imposto. Dessa forma, a lei 
afasta a incidência do imposto, de maneira definitiva, sobre o fato gerador. 
 
Exemplo: LC nº 87/96 
 
 "Art. 3º O imposto não incide sobre: 
 I - ... 
II – operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos 
primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços; 
 
 
1.5.4 - INCENTIVOS FISCAIS 
 
 A lei de cada ente da federação, titular da competência do imposto, poderá conceder 
redução do imposto a pagar a título de incentivo fiscal. 
 
 Tome-se, como exemplo, entre tantos outros: Programa de Alimentação dos Trabalhadores - 
PAT ( arts. 585 a 586 – RIR). 
 
 A dedução como incentivo fiscal do PAT está limitado a 15% do gasto efetivo da empresa 
(art. 585 – RIR). Esta, por sua vez é limitada a 4% do imposto devido, podendo o eventual excesso 
ser transferido para dedução nos dois anos-calendários subseqüentes (art. 586/RIR). 
 
1.5.5 - REDUÇÃO DE ALÍQUOTA OU BASE DE CÁLCULO 
 
Também é possível ao titular da competência tributária do imposto reduzir, temporariamente, a 
base de cálculo ou a alíquota desse imposto, o que deve ser feito por meio de lei, ou quando esta 
autorizar, por decreto do Poder Executivo. 
 
 
Prof. Adenes Alves 24 
 
Em princípio, as reduções de alíquota devem ser procedidas de comum acordo entre os Estados, 
mediante convênio firmado no Conselho de Política Fazendária – Confaz, que reúne os secretários da 
fazenda ou finanças de todos os Estados sob a presidência do ministro da fazenda. 
 
Entretanto, alguns Estados estão praticando a renúncia fiscal à revelia do CONFAZ, o que vem 
gerando vários atritos. 
 
Vigência, Aplicação, Interpretação e Integração da Legislação Tributária 
 
 
 
 
1.6. VIGÊNCIA 
 
A vigência da legislação tributária refere-se ao vigor das leis no tempo, isto é, define a partir de 
que momento a legislação tributária começa a ter valor, a ser exigível. 
 
O art. 101 do CTN assim estabelece: 
 
"Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas 
disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvando o previsto neste 
Capítulo." 
 
As disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral estão estabelecidas na Lei de 
Introdução ao Código Cível que estabelece em seu art. 1º. 
 
"Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo país quarenta e cinco dias 
depois de oficialmente publicada." 
 
Dessa forma, uma vez publicada a lei, ela passa a ter valor quarenta e cinco dias após sua 
divulgação em Diário Oficial. Entretanto, pode o legislador estabelecer prazos maiores ou menores 
para a vigência da lei, podendo esta vigorar até mesmo a partir da data de sua publicação. O 
período compreendido entre a publicação da lei e sua vigência denomina-se vacatio legis e não se 
confunde com o princípio da anterioridade pois a vacatio legis pode ser livremente fixada pelo 
legislador e pode ser até prescindida por ele, o que não ocorre com o princípioda anterioridade. 
 
Em matéria tributária, é necessário porém que se observem algumas restrições tanto em relação às 
leis como às normas complementares. 
 
Em primeiro lugar, as leis que instituam ou aumentem impostos, que criem novos impostos ou que 
venham a extinguir ou reduzir isenções devem observar o princípio da anterioridade conforme já foi 
estudado. Tal disposição está reiterada no art. 104 do CTN. Além disso, deve ser observado para 
qualquer lei tributária outro princípio já estudado, o da irretroatividade. 
 
No que se refere às normas complementares, o CTN deixa a critério da autoridade administrativa 
fixar o período de vigência de tais atos. Caso não tenha sido fixado qualquer disposição pela 
autoridade administrativa, a vigência das normas complementares rege-se pelo que determina o 
art. 103 do CTN: 
 
· atos administrativos (portaria, circulares, ordens de serviço etc.) – entram em vigor na 
data de sua publicação; 
· decisões proferidas em processos administrativos – trinta dias após a data de sua 
publicação; 
 
Prof. Adenes Alves 25 
 
· convênios celebrados entre as unidades da Federação – na data neles prevista (após a 
aprovação e publicação dos respectivos decretos legislativos). 
 
O CTN estabelece também que, em relação à legislação tributária dos Estados do Distrito Federal e 
dos Municípios, ela só é valida nos respectivos territórios, devendo existir convênios que permitam 
sua aplicação fora do território a que destinam (art. 102). 
 
 
6.1 APLICAÇÃO 
 
A aplicação significa que a lei tributária estará regulando situações concretas. 
A lei estará sendo empregada, utilizada para reger determinadas situação. 
 
Quem aplica a lei ao caso concreto é a autoridade administrativa e o juiz. Na aplicação da lei 
devem ser observadas algumas imposições estabelecidas pela CF e pelo CTN. 
 
Os fatos cuja ocorrência tenha sido iniciado, mas ainda esteja concluída, e os fatos a ocorrerem 
serão regulados pela lei tributária nova. Tas disposição encontra-se no art. 105 do CTN. 
 
A lei nova somente aplica-se aos atos e fatos passados nas seguintes hipóteses: 
 
· quando interpretativa e quando não imponha a aplicação de penalidade à infração dos 
dispositivos interpretados; 
· tratando-se de ato definitivamente julgado: quando deixe de defini-lo como infração; 
quando deixe de trata-lo como contrário a qualquer ação ou omissão exigida do 
contribuinte, desde que não fraudulenta e que não tenha como resultado a falta de 
pagamento do tributo; quando a penalidade aplicada ao ato praticado pelo contribuinte seja 
menos severa que a prevista em lei anterior. 
 
Estas disposições encontram-se no art. 106 do CTN e, na verdade, implicam a retroatividade da lei 
mais benigna. 
 
A aplicação da lei não se confunde com sua vigência. Uma lei pode estar em vigor, porém não será 
aplicada por não ocorrerem os fatos regulados por ela. Assim, por exemplo, uma lei que regule 
determinada operação de exportação pode estar em vigor, porém pode não ser aplicada, porque 
ninguém realiza este tipo de operação. 
 
 
6.2 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO 
 
Interpretar, como já foi frisado, significa, basicamente, determinar o conteúdo da lei, seu sentido e 
seu alcance. A interpretação é realizada pela autoridade que têm competência para aplicar a lei. 
Esta autoridade pode ser administrativa, isto é, fazer parte da administração pública, tal como 
delegado regional tributário, fiscal etc. (Poder Executivo), ou judicante, isto é, exercida por parte 
daquele que tem a função de julgar, o juiz (Poder Judiciário). Devido a isso, a doutrina moderna faz 
sérias restrições às leis interpretativas, pois não é função do legislativo interpretar as leis que ele 
mesmo cria. 
 
Na interpretação da lei, tanto o juiz como a autoridade administrativa devem integrar, isto é, 
inserir a lei no sistema de direito vigente. A interpretação deve ser sistemática; isto significa que 
deve o intérprete analisar toda a legislação pertinente e intimamente relacionada com a norma 
jurídica que pretende investigar 
 
 
Prof. Adenes Alves 26 
 
O Direito Tributário não deve ter suas normas interpretadas em separado; sua autonomia ou 
separação dos demais ramos do direito é simplesmente didática, ou seja, para fins de estudo de 
determinada área. Entretanto, o Direito Tributário está inserido no Direito Administrativo, que por 
sua vez está inserido no Direito Constitucional. 
 
A ciência divide o Direito em dois grandes ramos: Direito Público (onde predomina o interesse 
público sobre o particular e as obrigações e relações surgem em virtude de lei colocada pelo Estado) 
e Direito Privado (onde predomina a autonomia da vontade; os particulares são livre para 
convencionarem direitos e obrigações bem como para buscar ou não o amparo da lei). 
 
O primeiro destina-se a regular as relações entre Estado e sociedade e o segundo a regular as 
relações entre os indivíduos da sociedade (particulares). Assim , tem-se a seguinte divisão: 
 
 
 DIREITO PÚBLICO – DIREITO CONSTITUCIONAL 
 Direito Administrativo 
 Direito Financeiro 
 Direito Tributário 
 Direito Penal 
 Direito Judiciário 
 
 DIREITO PRIVADO 
 Direito Civil 
 Direito Comercial 
 Direito Trabalhista 
 
O Intérprete da Legislação Tributária, ao aplicar uma norma a um fato concreto deve relacionar 
esta norma com as demais de Direito Tributário, Financeiro, Administrativo e Constitucional, 
investigando, assim, todo o sistema de Direito Público. 
 
O CTN (art. 108) estabelece que, na ausência de normas expressas que se apliquem a determinado 
caso, a autoridade competente para aplicar a lei tributária poderá utilizar as seguintes técnicas de 
interpretação em Direito: 
 
 · Analogia – destina-se a buscar pontos semelhança entre fatos diferentes para que uma 
regra jurídica aplicável a um deles possa também ser aplicada a outro. Entretanto o emprego da 
analogia não pode resultar em exigências de tributo não previsto em lei. 
 
 · Princípios gerais de direito tributário – constitui-se em diretrizes que não estão explicitas 
diretamente nas normas jurídicas de direito tributário, mas que podem ser extraídas a partir de um 
exame do contexto em que estas normas estão inseridas. Por exemplo: se o contribuinte preencher 
uma guia de recolhimento de tributo de forma errada, mas não causa prejuízo ao Fisco recolhendo 
exatamente a quantia devida, não pode ser responsabilizado a recolher multa, juros e correção 
monetária por uma infração fiscal. 
 
 · Princípios Gerais de direito público – são as mesmas diretrizes mas que se encontram de 
uma forma geral no Direito. Assim, por exemplo, o princípio que se retira das normas de Direito 
Penal: a falta de provas de culpabilidade do réu permite que a regra jurídica a ser aplicada lhe seja 
mais favorável. Assim, a ausência de provas para caracterizar um crime de sonegação fiscal permite 
que o contribuinte seja penalizado apenas com aplicação de multa, sem a aplicação de pena 
privativa de liberdade. 
 · Equidade – significa que, entre as várias interpretações possíveis para uma regra jurídica 
tributária, a autoridade competente deve utilizar a mais benigna para o contribuinte, a mais justa e 
condizente com os valores atuais da sociedade, adequando a lei às circunstâncias. Entretanto, o 
 
Prof. Adenes Alves 27 
 
emprego da equidade na interpretação da lei tributária não pode resultar na dispensa de pagamento 
de tributo previsto em lei, tributo este devido pelo contribuinte. 
 
O CTN não permite a integração da legislação tributária com os institutos de Direito Privado. Osprincípios gerais de Direito Privado, seus institutos e conceitos não podem ser adaptados para 
efeitos de interpretação da legislação tributária (arts. 109 e 110 do CTN). 
 
A interpretação sistemática e o uso das técnicas acima elencadas afastam a possibilidade de uma 
interpretação literal da legislação tributária, ou seja, uma interpretação isolada de determinado 
dispositivo, onde se busca apenas o significado dos termos usados pelo legislador para elaborá-lo. 
Porém o art. 111 do CTN reconhece alguns casos em que é possível a interpretação literal (ou 
gramatical) da legislação tributária. Esta legislação deve dispor sobre os seguintes assuntos: 
 
· suspensão ou exclusão do crédito tributário; 
· concessão de isenção; 
· dispensa de obrigações acessórias. 
 
O CTN estabelece ainda os casos em que a legislação tributária deve sempre ser 
interpretada de maneira mais favorável ao contribuinte (art. 112). Esta forma de 
interpretação deve ser realizada toda vez que a autoridade competente tiver dúvidas 
quanto: 
 
· à adequação do fato à norma jurídica, ou seja, se este realmente está regulado por determinada 
lei ou não; 
· à natureza do fato ocorrido, suas circunstâncias, natureza e extensão de seus efeitos; 
· à autoria do fato, a quem ele pode ser atribuído ou quando à pessoa que pode ser punida; 
· à penalidade a ser aplicada ou a graduação dessa penalidade (aplica-se a penalidade mais branda). 
 
 
CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 
 
1.7. CRÉDITO TRIBUTÁRIO – CONCEITO 
 
O crédito tributário corresponde ao direito do Estado de exigir o tributo, ou melhor, de exigir o 
objeto da obrigação tributária principal do sujeito passivo. Este direito do Poder Público decorre da 
realização do fato gerador por parte do sujeito passivo. A partir do momento em que alguém realiza 
a hipótese prevista em lei, ou hipótese de incidência tributária, instala-se a relação jurídica 
tributária. Esta relação, de acordo com o que já foi estudado, será ente a pessoa política 
competente para arrecadar o tributo ( sujeito ativo) e a pessoa que realizou o fato gerador ou que 
tem responsabilidade de recolher o tributo (sujeito passivo de direto ou indireto – devedor da 
obrigação tributária). O sujeito passivo deve entregar determinada quantia ao sujeito ativo que tem 
o direito de exigi-la. Este direito corresponde, portanto, ao crédito tributário. 
 
 
1.7.1 CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – LANÇAMENTO 
 
 Para que seja possível a cobrança do crédito tributário é necessária a comprovação de sua 
existência. Todo aquele que é credor, que tem direito a receber uma obrigação, deve possuir provas 
da existências de seu direito. Geralmente, essa prova se faz através de um titulo ou documento. 
 
Em relação ao crédito tributários, o mesmo acontece com o Estado: a partir do momento em que o 
sujeito passivo realiza o fato gerador da obrigação tributária, o Poder Público irá aplicar a lei 
 
Prof. Adenes Alves 28 
 
exigindo o crédito correspondente à obrigação. Para tanto a obrigação do contribuinte e o 
respectivo direito do Estado devem ser documentados. 
 
A documentação da existência de dívida tributária é feita através de um ato administrativo de 
concretização da lei denominado lançamento. 
 
O CTN, em seu rt. 142, estabelece o conceito legal de lançamento tributário: 
 
"Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito 
tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a 
verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria 
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o 
caso, propor a aplicação da penalidade cabível. 
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob 
pena de responsabilidade funcional." 
 
O desmembramento deste conceito legal torna possível sua compreensão. 
 
a. procedimento administrativo – lançamento é um ato de concretização da lei tributária 
efetuado pela autoridade administrativa competente para arrecadar e fiscalizar o 
tributo. É um ato de competência privativa, isto é, exclusiva da pessoa política que tem 
poderes legais para proceder à arrecadação e fiscalização da dívida tributária. As 
pessoas que têm poderes legais para fiscalizar e arrecadar os tributos são aquelas que 
representam o Poder Executivo dos entes federados. Esse Poder Executivo tem órgãos e 
repartições especializados em arrecadar e fiscalizar os tributos. 
 
b. tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente – o 
procedimento da autoridade administrativa é o verificar, em primeiro lugar, se foi 
realizada a hipótese de incidência tributária, ou seja, se uma pessoa física ou jurídica 
realizou a previsão legal que enseja a cobrança de tributo. Por exemplo:se foi realizada 
a seguinte hipótese "ser proprietário de imóvel na área urbana do município de Manaus". 
Esta é a hipótese legal que enseja ao Município o direito de cobrar IPTU. Cabe ao 
Município então verificar a realização desta hipótese por pessoa física ou jurídica. 
 
c. determinar a matéria tributável - cabe ao credor verificar a legislação aplicável ao 
fato gerador ocorrido. No exemplo citado, cabe à Secretaria das Finanças do Município 
verificar a legislação aplicável ao fato gerador do IPTU. A doutrina atribui a esta etapa 
do procedimento administrativo o ato de efetuar a "valoração qualitativa"do fato 
gerador. 
 
d. Calcular o montante do tributo devido – é o que se denomina de "valoração 
quantitativa". Corresponde ao ato de tomar a base de cálculo do tributo e sobre esta 
aplicar a alíquota correspondente a fim de se apurar o valor da dívida do contribuinte, 
ou o quantum a debitar. Assim, no exemplo citado seria verificada na legislação sobre o 
IPTU qual a base de cálculo do imposto (no caso é o valor venal do imóvel) e a alíquota 
aplicável a ela (que pode variar em função desse valor venal). 
 
Os entes federados possuem índices próprios de atualização de seus respectivos créditos tributários. 
Os tributos são convertidos em unidades de referências que se destinam a indexar e corrigir os 
créditos tributários. 
 
e. Identificar o sujeito passivo – corresponde à constatação de quem será a pessoa 
chamada a pagar a dívida tributária. Esta pessoa, de acordo o que já foi estudado, pode 
ser o contribuinte ou responsável. Ela será notificada da existência do crédito tributário 
 
Prof. Adenes Alves 29 
 
e nesta notificação constará o prazo para o pagamento do tributo. A notificação 
também é denominada de "aviso de lançamento". 
 
f. Propor a aplicação da penalidade cabível – esta parte do dispositivo legal sofre sérias 
criticas da doutrina, pois a aplicação de penalidade (multa) somente ocorre se for 
constatada a prática de um ato ilícito por parte do contribuinte, que corresponde à 
contradizer o art. 3º do CTN, pois haveria, nesta parte do art. 142, a confusão entre 
tributo e multa. 
 
O art. 142 descreve, na verdade, o fato de que, geralmente, em um mesmo documento ou ato de 
autoridade administrativa, pode ocorrer o lançamento tributário, onde se exige o tributo devido 
pelo contribuinte, e a aplicação de uma penalidade pelo fato deste contribuinte ter deixado de 
recolher o tributo. É o que ocorre, por exemplo, quando a administração emite o "Aviso de 
Lançamento" acompanhado de um "Auto de Infração e Imposição de Multa". 
 
Tal fato ocorre se, por exemplo, em uma fiscalização procedida pela Secretaria da Fazenda do 
Estado, fiscais apuram a ocorrência do fato gerador do ICMS por parte de uma pessoa jurídica e ao 
mesmo tempo a ausência

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