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Unidade 4 Energia, trabalho e a conservação da energia 4.1 Energia e trabalho de uma força De todos os conceitos da física, talvez o mais central seja o de energia. A combinação de energia com matéria forma o universo: matéria é substância e energia é o que move a substância. A ideia de matéria é fácil de compreender. Matéria é o conteúdo do que podemos ver cheirar e tocar. Ela possui massa e volume. Energia, por outro lado, é abstrata. Não podemos ver, cheirar ou tocar a maioria das formas de energia. É surpreendente, mas a ideia de energia foi ignorada por Isaac Newton, e sua existência ainda era objeto de debates até aproximadamente 1850. O termo energia é tão amplo que é difícil uma definição clara e concisa. Tecnicamente, energia é uma grandeza escalar associada ao estado (ou condição) de um ou mais objetos. Se uma força muda um dos objetos, por exemplo, movimentando-o, então o número associado à energia varia. Após um número imenso de experimentos, cientistas e engenheiros perceberam que, se o esquema através do qual se atribui números à energia for planejado cuidadosamente, esses números podem ser usados para prever resultados dos experimentos e, mais importante, para a construção de máquinas. Embora energia nos seja familiar, é difícil defini-la, pois ela não é uma “coisa”, mas uma coisa e um processo juntos – como se fosse um substantivo e um verbo. Pessoas, lugares e coisas possuem energia, mas geralmente observamos a energia apenas quando ela está sendo transferida ou transformada. Ela chega a nós na forma de ondas eletromagnéticas vindas do Sol e a sentimos como energia térmica e luminosa; ela é capturada pelas plantas e mantém juntas as moléculas da matéria; ela está nos alimentos que comemos, e nós a recebemos através da digestão. A matéria em si mesma é uma cápsula de energia condensada, como estabelecido pela famosa equação de Einstein, 2mcE (HEWITT, 2002). Será considerado, primeiramente, um conceito relacionado à energia: trabalho de uma força. Seja o caso mais simples de uma força constanteF atuando sobre um corpo de massa m na mesma direção e no mesmo sentido do movimento (Figura 4.1). Em tal situação, define-se o trabalho realizado pela força sobre a partícula como o produto do módulo da força pela distância que a partícula percorreu: .rFW (4.1) Figura 4.1 – Força F constante deslocando um corpo de massa m na direção e sentido do deslocamento. No entanto, a constanteF , que atua na partícula, pode não agir no sentido em que a partícula se move como na situação indicada na Figura 4.2. Neste caso, define-se o trabalho realizado pela força aplicada sobre a partícula como o produto do componente da força na direção do movimento pela distância que a partícula percorreu naquela direção: 2 ,)cos( rFW (4.2) onde é o ângulo entre a força constanteF e a linha que define a direção do movimento. Lembrando que força e deslocamento são grandezas vetoriais e, ainda, que o trabalho realizado por uma força é uma grandeza escalar; então (4.2) é, na realidade, igual ao produto escalar (ou produto interno) entre os vetores F e r , ou seja, .cosFrFrW (4.3) Figura 4.2 – Força F constante atuando sobre um corpo de massa m numa direção que forma o ângulo com o sentido do deslocamento. A unidade do SI de trabalho (a mesma de todas as formas de energia) é o Joule ( J ) em homenagem a James Prescott Joule (1818-1889), cientista inglês, e um dos precursores da máquina a vapor: ..111 22 smkgJJoule Como nem sempre a força que realiza trabalho é constante, vamos considerar agora o caso em que apenas o módulo da força seja variável. Seja o caso especial em que a força seja função apenas da posição, ),(xF e que seu sentido seja o do semieixo positivo .Ox Se um corpo se move ao longo de Ox sob a ação dessa força, qual o trabalho que ela realiza ao deslocá-lo de 1x a ?2x Na Figura 4.3 está representada uma situação na qual o módulo da força é função da posição. Se o deslocamento total for subdivido em um grande número de pequenos intervalos iguais, x (Figura 4.3a), durante o pequeno deslocamento x de 1x a ,1 xx a força variável F tem módulo aproximadamente constante, e o trabalho por ela realizado ,W será: ,xFW (4.4) sendo F o valor da força em .1x De modo análogo, o trabalho realizado em cada pequeno deslocamento x será dado por (4.4), e o trabalho total realizado pela força )(xF entre 1x e 2x é dado por: 2 1 ,12 x x xFW (4.5) a letra grega (sigma) indicando soma em todos os intervalos de 1x a .2x Para melhorar a aproximação, pode-se dividir o deslocamento total de 1x a 2x em maior número de intervalos iguais, como indicado na Figura 4.3b. Está claro que podemos obter aproximações cada vez melhores, tomando x cada vez menor. O valor exato do trabalho realizado pela força )(xF é encontrado quando o número de intervalos x tende ao infinito, ou seja, quando os intervalos x aproximam-se de zero. Neste caso, 2 1 2 1 .)( 0 12 x x x xx dxxFxFimW (4.6) Figura 4.3 – Calcular 2 1 )( x x dxxF equivale a obter a área compreendida sob a curva ),(xF entre os limites 1x e .2x Para a situação em que a força F , que atua sobre a partícula, varia tanto em módulo como em direção, e a partícula mover-se ao longo de uma trajetória curvilínea, o trabalho é dado por: b a b a ab drFrdFW .cos (4.7) Só é possível avaliar a integral em (4.7) se soubermos como F e variam de um ponto a outro na trajetória, pois ambas são funções das coordenadas da partícula. 4.2 Energia cinética e teorema trabalho-energia cinética Uma forma muito importante de energia é a energia cinética (símbolo K ) associada ao movimento de um corpo. Para uma partícula de massa m e velocidade ,cv (ou seja, a velocidade da partícula é muito menor que a velocidade da luz no vácuo), a energia cinética é definida como: . 2 1 2mvK (4.8) Quando uma força acelera uma partícula estará realizando trabalho sobre a mesma. O resultado é um aumento da energia cinética devido ao aumento da velocidade da partícula. Dizemos que a variação na energia cinética é resultado da transferência de energia através do trabalho realizado pela força. Assim, podemos concluir que o trabalho W representa a energia transferida para (ou de) uma partícula por intermédio de uma força que atua sobre a mesma. Se a energia é transferida para a partícula, dizemos que o trabalho é positivo. Por outro lado, se uma energia é transferida de uma partícula, isto corresponde a um trabalho negativo. Portanto, trabalho representa energia transferida; realizar trabalho é o processo de transferir a energia. Devemos tomar cuidado com o termo transferir, pois podemos cometer um erro grave. Ele não significa que algo flui para (ou da) partícula, como no caso da água que é transferida da garrafa para um copo. Transferir, no caso de energia, parece mais com a transferência eletrônica de dinheiro entre duas contas bancárias: o saldo de uma conta cresce enquanto que o da outra diminui. Lembre-se do que foi dito no início desta unidade: matéria é substânciae energia é o que move a substância. A equação (4.7) define o trabalho realizado por uma força qualquer, ou seja, . b a b a ab rd dt pd rdFW (4.9) Se a massa da partícula é constante, então .dtvdmdtvmddtpd Assim: . 2 1 2 1 22 ab b a b a b a b a ab mvmvvdvmvd dt rd mrd dt vd mrdFW (4.10) Podemos enunciar o resultado de (4.10) do seguinte modo: o trabalho realizado pela força resultante, que atua sobre uma partícula, é igual à variação da energia cinética da partícula. Isto permite enunciar o teorema: trabalho-energia cinética: o trabalho realizado sobre uma partícula pela força resultante é sempre igual à variação da energia cinética da partícula, ou seja, .KKKW ab (4.11) O resultado expresso por (4.11) pode ser entendido considerando o exemplo de uma partícula, cuja energia cinética vale inicialmente .7 J Se uma força realiza um trabalho igual a J2 sobre a partícula (trabalho positivo), transferindo J2 de energia para a partícula, a energia cinética da partícula aumenta para ,9 J ou seja, de uma quantidade igual ao do trabalho resultante sobre a partícula. Muitas vezes várias forças agem na partícula; a resultante F dessas forças é a sua soma vetorial, isto é, ,...21 nFFFF supondo que sejam n as forças atuantes. O trabalho realizado pela força F é a soma algébrica do trabalho realizado pelas forças individuais, ou seja, ....21 nWWWW Pode-se, portanto, escrever o teorema do trabalho e energia sob a forma: ....21 KWWW n (4.12) 4.3 Potência O trabalho necessário para transportar água de um poço para um reservatório de L000.1 é o mesmo quer seja feito em uma hora (aceitável) ou em uma semana (inaceitável). Neste caso, é a taxa com que o trabalho é realizado que interessa. Os físicos definem potência como a taxa em que o trabalho é realizado, ou seja, a taxa de transferência de energia: Tempo Energia Potência (4.13) Assim, se uma força realiza um trabalho W em um intervalo de tempo ,t a potência média nesse intervalo de tempo é: , t W P (4.14) enquanto a potência instantânea liberada pelo agente da força é: . dt dW P (4.15) A unidade do SI para potência é o joule por segundo. Essa unidade é usada tão frequentemente que tem um nome especial, o watt ( W ), em homenagem a James Watt (1736-1819), um inventor escocês que ajudou a desenvolver a máquina a vapor. Assim, .111 sJWwatt Outra unidade de potência, o cavalo- vapor ( cv ), foi criada por James Watt para fazer propaganda de suas máquinas a vapor. Watt sabia que a principal aplicação de suas máquinas estava nas minas, cujos proprietários em geral usavam cavalos para mover as bombas que mantinham as minas secas. A maneira mais fácil de promover as 5 máquinas era mostrar aos engenheiros das minas quantos cavalos uma máquina era capaz de substituir. Assim, Watt realizou uma série de experimentos para determinar quanta energia um cavalo seria capaz de transferir em um dado intervalo de tempo. Ele descobriu que, em média, um cavalo conseguia produzir lbft 550 de trabalho por segundo. Watt chamou esta unidade de cavalo-vapor e passou a classificar suas máquinas em termos da nova unidade (TREFIL e HAZEN, 2006). Em termos da unidade SI de potência, o cavalo-vapor vale: .73655011 Wslbftcvvaporcavalo Substituindo ,rdFdW em (4.15), obtemos: ,vF dt rd F dt dW P (4.16) ou seja, a potência instantânea pode ser calculada pelo produto escalar da força que realiza o trabalho pela velocidade instantânea do corpo. 4.4 Forças conservativas e não-conservativas Vamos imaginar a seguinte situação: você arremessa um caroço de tucumã verticalmente para cima. Considere agora que a única força que atua sobre o caroço, tanto na subida como na descida, seja a força gravitacional (a força de atrito com o ar é desprezível), de modo que podemos calcular o trabalho gW , realizado pela força gravitacional sobre o caroço utilizando a equação (4.3). Na subida, o ângulo entre o vetor força gravitacional e o vetor deslocamento é .180θ o Como ,1180cos o o trabalho na subida fica ,. mghW subg onde mg representa o módulo do peso do caroço de tucumã, e h a altura máxima alcançada pelo caroço de tucumã. Na descida, os vetores força gravitacional e deslocamento possuem o mesmo sentido, de modo que .0θ o Neste caso, 10cos o e o trabalho calculado pela equação (4.3) na descida é .. mghW descg Assim, o trabalho total no percurso fechado (neste caso, os pontos de partida e de chegada são iguais), de subida e de descida, é igual a zero. Do teorema trabalho-energia cinética, expresso por (4.11), se ,0W então, ,0 if KKK indicando que a energia cinética final do caroço de tucumã é igual à sua energia cinética inicial, variando apenas o sentido de movimento. Interpretando a energia cinética de um corpo como a capacidade que ele possui de realizar trabalho em virtude de seu movimento, está claro que ao fim do percurso de subida e descida, a capacidade do caroço de tucumã em realizar trabalho permaneceu a mesma, pois ele retornou à sua mão com a mesma energia cinética que possuía ao ser lançado. Nesta situação, a força gravitacional é uma força conservativa. Se a partícula, sob a ação de uma ou mais forças, retorna à sua posição inicial com energia cinética maior ou menor que a original, isso significa que, em um percurso fechado, sua capacidade de realizar trabalho foi modificada. Neste caso, a capacidade de realizar trabalho não foi conservada e, pelo menos, uma das forças atuantes é não conservativa. Diz-se que essa força, e quaisquer outras que atuam do mesmo modo, são dissipativas. Um exemplo de força dissipativa é a força de atrito que atua sempre no sentido de diminuir a energia cinética da partícula. Há ainda uma definição 6 equivalente para forças conservativas e não conservativas. Uma força é conservativa se o trabalho realizado por ela sobre uma partícula que se move entre dois pontos depende destes pontos e não da trajetória percorrida. Uma força é não conservativa se o trabalho realizado por ela atua sobre uma partícula que se desloca entre dois pontos depende da trajetória seguida entre os pontos. 4.5 Energia potencial e a conservação da energia mecânica Voltando ao exemplo do lançamento vertical do caroço de tucumã. Vamos agora focalizar a atenção não sobre o caroço, mas no sistema constituído pelo caroço e o planeta Terra. Assim, em lugar de dizer que o caroço de tucumã se move, é mais adequado dizer que a configuração do sistema está variando. Durante a subida, a energia cinética do caroço diminui, anulando-se no ponto mais alto, para na descida voltar a aumentar. Se o atrito com o ar é desprezível, a energia cinética do sistema, quando retorna à sua configuração na partida, retorna ao seu valor inicial. Nessas circunstâncias, onde a única força que realiza trabalho é conservativa, é razoável introduzir o conceito de energia de configuração ou energia potencial .U No caso da força gravitacional, a energia potencial gravitacional é dada por: ,mgyU g (4.17) onde yrepresenta a altura do corpo (peso mg ) em relação ao nível de referência adotado. No caso do lançamento do caroço de tucumã, a energia cinética diminui durante a subida. No ponto mais alto da subida, toda energia cinética que o caroço tinha ao ser lançado se transformou em energia potencial. Por outro lado, de acordo com (4.17), a energia potencial gravitacional aumenta na subida, voltando a diminuir durante a descida. Portanto, podemos afirmar que a energia potencial e a energia cinética são intercambiáveis, de modo que: ,KU (4.18) onde U e K são as variações das energias potencial e cinética, respectivamente. No caso do lançamento do caroço de tucumã, a energia cinética diminui durante a subida. No ponto mais alto da subida, toda energia cinética que o caroço tinha ao ser lançado se transformou em energia potencial. A equação (4.18) nos diz que, se a energia cinética K do sistema variar de ,K quando variar a sua configuração, então a energia potencial U do sistema deve variar de um valor igual e oposto, de forma que a soma das duas variações seja nula: .0 UK (4.19) A soma da energia cinética e da energia potencial de um sistema é chamada de energia mecânica total: .UKE (4.20) Assim, podemos escrever para a variação da energia mecânica total: .UKE (4.21) Substituindo (4.18) em (4.21) teremos: .0E (4.22) Como ,0 if EEE então ,if EE ou seja, se o trabalho total realizado por todas as forças externas for nulo, .constante UKE (4.23) O resultado expresso por (4.22) e 7 (4.23) corresponde à lei de conservação da energia. Tal resultado nos mostra que, em um sistema onde atuam somente forças conservativas e onde as forças de atrito podem ser desprezadas, a soma da energia cinética e da energia potencial é conservada. 4.6 Discussão qualitativa do movimento unidimensional sob a ação de forças conservativas Seja uma partícula de massa m que se move em uma dimensão, sob a ação de uma força conservativa xF associada à energia potencial .xU A partir do gráfico de xU é possível dar uma discussão qualitativa bastante detalhada dos aspectos mais importantes do movimento qualquer que seja a forma de xU (mesmo nos casos onde seria difícil obter soluções explícitas). No caso unidimensional, , dx dU xF (4.24) de modo que o gráfico da força se obtém do gráfico de xU por derivação, o que leva a relações semelhantes às obtidas no caso dos gráficos de posição, velocidade e aceleração como funções do tempo. A Figura 4.4 ilustra as correlações existentes entre os gráficos de energia potencial e da força. Figura 4.4 – Energia potencial e força. De (4.24) a força é positiva (dirigida para a direita) nas regiões em que xU tem declividade (coeficiente angular da tangente à curva) negativa entre 1x e 3x e entre 5x e ,7x e é negativa onde xU é crescente (entre 3x e 5x ), ou seja, a força aponta para a direção em que a energia potencial decresce. A magnitude da força é maior em 1x do que em ,2x ou seja, a magnitude da força é maior nos pontos em que á mais abrupta a variação da energia potencial ( U é maior para o mesmo x ). 8 Pontos onde 0xF chamam-se pontos de equilíbrio, e podem ser de vários tipos. Nesses pontos, o gráfico de xU tem tangente horizontal. Em ,3x xU passa por um mínimo. Como varia xF na vizinhança de ?3x Deslocando a partícula um pouco para a esquerda desde ,3x a força resultante (por exemplo, no ponto A do gráfico da Figura 4.4) é positiva, ou seja, tende a fazer a partícula voltar para .3x O mesmo se aplica a um deslocamento um pouco para a direita de ,3x quando a força é negativa (ponto B). Diz-se, então, que 3x é uma posição de equilíbrio estável. No ponto ,5x xU passa por um máximo. Afastando a partícula um pouco para a direita ou esquerda de ,5x as forças resultantes (pontos C e D) tendem a afastar a partícula ainda mais de .5x Diz-se que 5x é uma posição de equilíbrio instável: qualquer desvio dessa posição, por menor que seja, faz com que a partícula a abandone. No ponto ,8x xU é constante e 0xF na vizinhança de .8x Deslocando a partícula em torno de 8x nessa vizinhança ela permanece na nova posição: não aparecem forças restauradoras, nem forças que tendem a afastá-la ainda mais. Diz-se que 8x é uma posição de equilíbrio indiferente. Nota-se do gráfico de xF na vizinhança de uma posição de equilíbrio estável, como ,3x é aproximadamente linear no deslocamento da posição de equilíbrio, ou seja, a força restauradora que entra em jogo obedece aproximadamente à lei de Hooke. Logo, a lei de Hooke representa aproximadamente a lei de forças na vizinhança de qualquer posição de equilíbrio estável, o que é uma das principais razões de sua importância. A magnitude da força é máxima nos pontos de inflexão, como 4x ou 6x do gráfico de .U 4.7 Forças não conservativas Até agora se considerou apenas a ação de forças conservativas sobre uma partícula. Partindo do teorema do trabalho e energia, tem-se que: ....21 KWWW n Se apenas uma força, digamos ,1F estiver atuando e se ela for conservativa, então o trabalho por ela realizado sobre uma partícula é igual ao decréscimo da energia potencial do sistema, ou seja, .11 UW (4.25) Combinando com (4.12), obtém-se: .01 UK Se várias forças conservativas estiverem agindo, tais como a da gravidade, a força elástica de uma mola, uma força eletrostática, pode-se facilmente generalizar estas duas equações: UWc (4.26a) e ,0UK (4.26b) em que cW é a soma dos trabalhos realizados pelas várias forças (conservativas) e os U são as variações de energia potencial do sistema associadas com tais forças. A quantidade do primeiro membro de (4.26b) é simplesmente ,E a variação de energia mecânica total, para o caso de várias 9 forças conservativas estarem atuando sobre a partícula. Portanto: .0E (forças conservativas) (4.27) indicando que, ao mudar a configuração do sistema, sua energia mecânica total permanece constante. Se, além das forças conservativas, está agindo sobre a partícula uma única forças não conservativa, como por exemplo, a força de atrito, (4.12) pode, então, ser escrita como: ,KWW ca (4.28) sendo aW o trabalho realizado pela força de atrito. Pode-se reescrever esta equação como: ,aWUK (4.29) que mostra não ser constante a energia mecânica total, quando atua uma força de atrito, variando de um valor igual ao trabalho feito pela força de atrito. O resultado expresso por (4.29) pode tomar a forma: .0 aWEEE (4.30) Como ,aW o trabalho da força de atrito sobre a partícula, é sempre negativo, segue-se desta equação que a energia mecânica final )( UKE é menor que a inicial ).( 000 UKE O atrito é um exemplo de força dissipativa, que realiza trabalho negativo sobre um corpo e tende a diminuir a energia mecânica total do sistema. Se tivesseatuado outra força não conservativa, então a nas equações anteriores seria substituído por um termo ,ncW que evidenciaria de novo não ser constante a energia mecânica total do sistema, variando de um valor igual ao trabalho realizado pelas forças não conservativas. Portanto, só pode haver conservação da energia mecânica quando não houver forças não conservativas, ou quando é possível desprezar o trabalho realizado por elas. Que aconteceu à energia mecânica “perdida” no caso do atrito? Ela se transforma em energia interna, ,intU resultando num aumento de temperatura. A energia interna gerada é exatamente igual à energia mecânica dissipada. Assim como o trabalho realizado por uma força conservativa sobre um objeto tem sinal oposto ao da energia potencial, também o trabalho realizado pela força de atrito sobre o objeto tem sinal oposto ao da energia interna adquirida. Em outros termos, a energia interna produzida é igual ao trabalho realizado pelo objeto. Pode-se, portanto, substituir aW em (4.30) por ,intU sendo intU a energia interna produzida, ou seja, .0int UE (4.31) O resultado expresso por (4.31) assegura que não há variação na soma das energias mecânica e interna do sistema, quando nele atuam, apenas, forças conservativas e de atrito. Escrevendo tal equação como ,int EU vê-se que a perda de energia mecânica é igual à energia interna ganha. 10 Exercício 4.1 Suponha que, na situação indicada na Figura 4.2, a intensidade da força constante que atua sobre o corpo vale ,0,4 N o ângulo com a horizontal seja de o30θ e a massa do corpo igual a .0,2 kg Suponha, ainda, que o corpo está se movendo com uma velocidade constante de scm50 sobre uma superfície plana com atrito. (a) Calcule a força normal exercida pela superfície sobre o corpo e o coeficiente de atrito. (b) Qual a potência da força aplicada? (c) Qual o trabalho da força de atrito no intervalo de ?0,3 s Resposta: (a) ;197,0C .6,17 NN (b) .73,1 WP (c) .20,5 JWAtrito Exercício 4.2 Um tronco flutuando desce um rio empurrado pela correnteza. A força da correnteza é dada pela expressão ,ˆ150ˆ200 jNiNF e o vetor deslocamento do tronco devido a correnteza é .ˆ300ˆ400 jmimr Qual o trabalho realizado pela força da correnteza sobre o tronco nesse deslocamento? Resposta: .125kJW Exercício 4.3 Suponha que um carro “popular” tenha massa de kg1000 e que está viajando à velocidade constante de hkm90 numa estrada plana. Os freios são aplicados por um tempo suficiente para reduzir a energia cinética do carro de .50kJ (a) Qual a velocidade final do carro? (b) Qual a redução adicional de energia necessária para fazê-lo parar? Resposta: (a) .4,829,22 hkmsmv (b) .262kJK Exercício 4.4 Uma partícula de kg0,3 está se movendo ao longo do eixo x com velocidade de sm0,2 quando passa pela posição .0x Ela está sujeita a uma força F que varia com a posição conforme mostrado na figura a seguir. (a) Qual é a energia cinética da partícula quando ela passa na posição ?0x (b) Qual o trabalho realizado pela força quando a partícula se move de 0x até ?0,4 mx (c) Qual é a velocidade da partícula quando ela passa por ?0,4 mx Resposta: (a) .0,60 JK (b) .12JW (c) .5,3 smv 11 Exercício 4.5 No exemplo do lançamento vertical do caroço de tucumã, o trabalho total da força gravitacional é nulo. Com base no teorema trabalho-energia cinética qual será a velocidade com a qual o caroço de tucumã retorna para sua mão. Exercício 4.6 Um adulto de kg80 e uma criança de kg50 pedalam lado a lado, em bicicletas idênticas, mantendo sempre velocidade uniforme (MRU). Ambos sobem uma rampa e atingem um patamar plano ao mesmo tempo. Qual deles desenvolve maior potência para subir a rampa? Exercício 4.7 Considere que dois motores de popa de um mesmo fabricante, um de hp15 e outro de ,40hp foram instalados em duas voadeiras de alumínio idênticas. Se as duas voadeiras partem simultaneamente de uma margem do rio, qual das duas irá chegar primeiro na outra margem? Exercício 4.8 Um bloco de kg0,1 choca-se com uma mola horizontal de massa desprezível e constante elástica .100 mN O bloco comprime a mola cm40 a partir da posição inicial. Considerando que o coeficiente de atrito cinético entre o bloco e a superfície horizontal é ,25,0 qual era a velocidade do bloco no instante do choque? Resposta: .3,1524,40 hkmsmv Exercício 4.9 Um bloco de massa m cai sobre o topo de uma mola vertical de constante elástica .k Se o bloco é abandonado a partir de uma altura h acima do topo da mola, (a) qual é a energia cinética máxima do bloco? (b) Qual é a compressão máxima da mola? (c) Qual será a compressão da mola se a energia cinética do bloco for a metade da calculada no item (a)? Resposta: (a) . 2 22 k gm mghKmáx (b) . 2 2 22 k mgh k gm k mg xmáx (c) . 42 2 22 k mgh k gm k mg x Exercício 4.10 Uma caixa de kg0,2 escorrega por um plano inclinado, cobrindo a distância de .10m A inclinação do plano é 30o e o coeficiente de atrito .30,0 (a) Mostre todas as forças que atuam sobre a caixa e calcule o trabalho de cada uma delas. (b) Calcule a energia cinética da caixa no final do plano, admitindo que ela tenha a velocidade smv /2 no topo. Resposta: (a) ;98JWPeso ;0NormalW .9,50 JWAtrito (b) .1,51 JK f
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