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O moderno sistema mundo relatório

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Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Economia
Bacharelado em Relações Internacionais
Tópicos em Relações Econômicas Internacionais
Ana Paula Dias de Oliveira Troiano | 11211RIT010
The Modern World System II: Mercantilism and the Consolidation of the European World-Economy 1600-1750 – Imannuel Wallerstein
4: Periferias em uma Era de Baixo Crescimento
	A ideia chave apresentada neste capítulo é de que a recessão de 1600 a 1750 não se tratou apenas de uma falta de evolução das periferias, mas também de uma realocação das atividades produtivas no mundo. Entre 1600 e 1750 as periferias da economia mundo eram as regiões mais fracas, portanto, forma as mais prejudicadas. Para chegar a essa conclusão, Wallerstein apresenta diversos fatores que comprovam essa nova realocação. 
	Os períodos de crescimento tendem a ser mais facilmente absorvidos e internalizados que os períodos de crise. Isso se dá, pois, durante esses períodos as elites dos Estados centrais e os dos Estados semiperiféricos acabam por manter seus níveis de produção e emprego à custa das periferias. Esses Estados mais fortes agem assim porque querem preservar seu status quo, se manterem no centro já que em uma eventual volta do crescimento volta também a necessidade de explorar os recursos que a periferia pode oferecer. Isso também se justifica porque alguns produtos só são produzidos na periferia, não há outra oferta e também porque os custos do trabalho na periferia são muito menores que no centro. Assim esses Estados fortes não só sobrevivem aos momentos de crise como também prosperam.
	O sistema capitalista funciona a partir dos mecanismos de mercado e esse mercado não é livre. O mercado sofre grande influência de pressões políticas e interesses específicos. O mercado funciona de acordo com a oferta e a demanda, mas, ambas são determinas institucionalmente. O aumento do crescimento gera também um aumento da oferta, porém a demanda mundial não acompanha a expansão produtiva. Assim para solucionar esse problema pode-se: (a) reverter essa expansão produtiva ou (b) redistribuir a nova renda gerada. O problema é que essa distribuição só ocorre no centro e nas semiperiferias, excluindo as regiões mais necessitadas: as periferias. Dessa forma Wallesrtein apresenta uma conclusão clara sobre o século XVII: houve uma estagnação nas periferias e a redistribuição de renda no centro.
	O período em discussão neste capítulo (1600 – 1750) é marcado por três choques econômicos, são eles os de 1590, 1620 e 1650. Esses choques geram instabilidade monetária, guerras, epidemias e inanição. Neste momento do capítulo Wallerstein passa a apresentar o que ocorreu nas áreas periféricas do leste europeu. Nessa região verificou-se uma queda nos preços, na produtividade e no volume das exportações, resultando em desequilíbrio nas balanças comerciais desses Estados. Dentre essas quedas estão principalmente os grãos poloneses, o gado da Hungria e o cobre. O autor ainda defende que a explicação para essa conjuntura de declínio está na superprodução mundial. 
	Outra característica marcante do século XVII que deve ser considerada para entender a realidade desse período é a existência dos grandes latifúndios no leste europeu. As grandes propriedades eram favorecidas tanto pela oferta como pela demanda, já que estas eram capazes de diversificar sua produção e evitar alguns dos custos de transação. A mão de obra utilizada era coercitiva, conhecida com segunda servidão. Devido à crise a exigência dos senhores sob os camponeses aumentou, gerando insatisfação que levava a fugas e sabotagens. Para mitigar essa situação os senhores buscavam alternativas para extrair os excedentes que não se limitasse somente a exploração dos trabalhadores. Uma dessas alternativas foi transformar os trabalhadores também em consumidores. Então a burguesia passa a investir na indústria e nos produtos com menor custo que estivessem dentro da cesta de consumo dos camponeses e que eles pudessem pagar por esses bens. Exemplos desses bens são os têxteis simples, vidraria, grãos e o álcool; e sobre este último, Wallerstein apresenta um fato curioso, de que o álcool deixa o pobre mais pobre ainda, pois de certa forma cativa seu consumo. Em decorrência desses fatores há um êxodo urbano, os trabalhadores deixam a cidade e as indústrias e vão trabalhar nas manufaturas rurais.
	O colapso das autoridades nativas do leste europeu também é uma grande marca do século XVII, excluindo-se Brandemburgo-Prússia. Esse enfraquecimento dos Estados acontece porque nas regiões periféricas as classes emergentes não podiam se apoiar nos Estados para lidar com os mecanismos injustos dos mercados como ocorria nos Estados centrais. A crise nos países centrais os conduzia ao um nacionalismo (mercantilismo) e um pacto entre as classes mais altas para limitar as classes mais baixas. Já os países periféricos não tinham condições de adotar uma política mercantilista ou se comprometer dentro de suas elites. Desse modo, nas periferias se intensificaram os conflitos de classe, o regionalismo, a inexistência de uma identidade nacional e insatisfação dos camponeses.
	Mais adiante é apresentada a situação da América Hispânica, que o autor identifica um claro período de transição entre dois momentos diferentes, se iniciando na década de 1570 até 1590 e terminando entre os anos 1630 e 1650. Durante essa transição há uma crise da lucratividade (1590-1650) nos setores mais ricos, consequência dos latifundiários tentando recuperar suas perdas. Há o declínio da prata entre 1590 e 1630, o principal produto de exportação da América Hispânica. A que na produção de metais leva a um aumento dos grãos nas sociedades adeptas da monocultura. Esse modelo da monocultura é marcado pelo uso da mão de obra escrava e pelo autoritarismo bem como o uso de recursos básicos que são a terra e o trabalho. A baixa oferta e os altos preços dos produtos tropicais aumentam a produção e a apropriação de terras. 
	O principal setor da periferia que é o produtivo (primário) sempre depende da metrópole, a estrutura escravista define as relações socioeconômicas. Há uma concentração de renda devido a forma como se dá a exportação e essa renda é usada para importar bens manufaturados das metrópoles e para aquisição de escravos. O mercado interno das periferias é limitado, os latifúndios são autossustentáveis já que só dependem da terra e do trabalho escravo. O centro nesse momento aumenta a demanda por produtos periféricos e isso condiciona essa inserção ruim da periferia no sistema internacional. Nesse sentido, em momentos de crise os países centrais que são mais competitivos buscam aumentar seu controle sobre a periferia.
	A parte final do capítulo ainda discute um pouco sobre a situação do Brasil nesse momento, como principal produtor do açúcar no século XVII. Esse produto tem uma peculiaridade, já que não teve que lidar com a crise porque mesmo nesse período a demanda por açúcar continuava alta, pois, esse produto abastecia os países centrais. Houve então estagnação na América Hispânica e um crescimento no Brasil, o que também ocorreu devido ao ouro brasileiro em 1693 e 1695. Fica claro então que a periferia estava condicionada às demandas do centro, a regiões periféricas só produziam aquilo que o centro não conseguia produzir, como o açúcar, tabaco e outro no Caribe e nordeste do Brasil. Por fim, Wallerstein discute um pouco sobre a escravidão e a formação das classes sociais nas periferias e como isso afeta a inserção nesse sistema mundo.

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