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ORÇAMENTO PÚBLICO 1º Unidade ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: Administração Pública Direta e Indireta, Poderes Administrativos, Organização da Administração Pública, Princípios Administrativos, Ato Administrativo. CICLO LETIVO: 2017 A PROFESSOR: RAFAEL BITTENCOURT COSTA UNISUL – UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA 1 1.1.1 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Designa o conjunto de serviços e entidades incumbidos de concretizar as atividades administrativas, ou seja, da execução das decisões políticas e legislativas. Administração Pública, portanto, é a gestão de bens e interesses qualificados da comunidade no âmbito dos três níveis de governo (federal, estadual ou municipal), segundo preceitos de Direito e da Moral, visando o bem comum. O art. 37 da Constituição Federal estabeleceu que a administração pública deve estar fundada sob dois alicerces, o organizacional (formal) e o funcional (material), revestidos, sempre, daqueles princípios (razoabilidade, impessoalidade, moralidade, entre outros) tão inerentes e necessários ao seu devido funcionamento. A clássica concepção de Hely Lopes Meirelles, onde administração pública: “Em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo; em sentido material é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral (...).” Para Petrônio Braz, “entende-se por Administração Pública as atividades do Estado, objetivando a realização de seus fins, sendo que o vocábulo administração induz ao entendimento de ato de exercitamento de gerência ou governo”. Segundo Ruy Cirne Lima “a Administração Pública é a atividade do Estado exercida pelos seus órgãos encarregados do desempenho das funções públicas, dentro de uma relação jurídica que se estrutura ao influxo de uma finalidade cogente”. José Afonso da Silva considera a Administração Pública “Como conjunto orgânico, ao falar em Administração Pública direta, indireta e fundacional dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Como atividade administrativa, quando determina sua submissão aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, da licitação e os de organização do pessoal administrativo”. Com isto, baseado nos conceitos desses juristas, podemos também concluir que a Administração Pública é formada por um conjunto de entes (órgãos e entidades) formados por recursos humanos, materiais e tecnológico passíveis de ordenamentos e gestão, constituídos pelo Poder Público (Estado) para a consecução do bem comum. 1.1.2 NATUREZA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A natureza da Administração Pública é a de um múnus público para quem a exerce, isto é, a de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e interesses da coletividade, impondo ao administrador público a obrigação de cumprir fielmente os preceitos do Direito e da moral administrativa que regem sua conduta, pois tais preceitos é que expressam a vontade do titular dos interesses administrativos - o povo - e condicionam os atos a serem praticados no desempenho do múnus público que lhe é confiado. Para Diógenes Gasparini “É encargo de guarda, conservação e aprimoramento dos bens, interesses e serviços da coletividade, que se desenvolve segundo a lei e a moralidade administrativa”. 1.1.3 FINALIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A finalidade da administração pública é a prestação de serviços aos cidadãos. Podemos ainda dizer que o fim da administração pública é o interesse público ou o bem da coletividade. Podemos ainda dizer que os fins da Administração Pública resumem-se num único objetivo: o bem comum da coletividade administrativa; toda atividade deve ser orientada para esse objetivo; sendo que todo ato administrativo que não for praticado no interesse da coletividade será ilícito e imoral. Os fins da Administração consubstanciam-se em defesa do interesse público, assim entendidas aquelas aspirações ou vantagens licitamente almejadas por toda a organização administrativa, ou por 2 parte expressiva de seus membros; por isso que o ato ou contrato administrativo realizado sem interesse público configura desvio de finalidade. 1.2 ESTADO E GOVERNO É comum haver confusão entre os conceitos de Estado e Governo. Muitas pessoas acreditam que tais expressões possuem o mesmo significado, entretanto, trata-se de assuntos bem diferentes. 1.2.1 ESTADO O Estado é uma comunidade de homens fixada sobre um território com poder de mando, ação e coerção constituída de Povo, Território e Governo. Sendo uma Entidade política com capacidade de elaborar suas próprias leis. Podemos também definir que o Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis: Povo que é o componente humano do Estado; Território que representa a sua base física; Governo Soberano que compreende o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado do povo. 3 1.2.2 PODERES DO ESTADO O poder Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente indelegáveis (art. 2º da CF,). Esses poderes são imanentes e estruturais do Estado, a cada um deles correspondendo uma função que lhe é atribuída com especificidade. Assim a função do Legislativo é a elaboração da lei (dita função normativa); a função do Executivo é a conversão da lei em ato individual e concreto (dita função administrativa); a função do Judiciário é a aplicação coativa da lei aos litigantes (dita função judicial). 1.2.3 GOVERNO Dessa forma, o governo seria apenas uma das instituições que compõem o Estado, com a função de administrá-lo. Os governos são transitórios e apresentam diferentes formas, que variam de um lugar para outro, enquanto os Estados são permanentes (ao menos enquanto durar o atual sistema capitalista). Dito em sentido formal o Governo é o conjunto de Poderes e Órgãos constitucionais; em sentido material, é o complexo de funções estatais básicas; já em sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos. A constante do Governo é a sua expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente. 1.3 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA 1.3.1 ADMINISTRAÇÃO DIRETA É o conjunto dos órgãos integrados na estrutura administrativa das Estatais, tais como: Presidência da República, Ministérios e Secretários. 1.3.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA É o conjunto de entes (personalizados) que, vinculados a um Ministério e/ou Secretaria, prestam serviços públicos ou de interesse público, tais como Autarquias, Fundações Públicas, Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista. Possuem personalidade jurídica própria e executa atividades do governo que são desenvolvidas de forma descentralizada. 4 1.4 PODERES ADMINISTRATIVOS Hely Lopes Meirelles ensina que “os poderes administrativos nascem com a Administração e se apresentam diversificados segundo as exigências do serviço público, o interesse da coletividade e os objetivos a que se dirigem”. � Poder Vinculado – No conceito de Diógenes Gasparini, “vinculados são os atos administrativos praticados conforme o único comportamento que a lei prescreve à Administração Pública”. O administrador público age no estrito limite legal; � Poder Discricionário – Na lição do professor Hely Lopes Meirelles o poder discricionário “é aquele concedido à Administração de modo explícito ou implícito, para a prática de atos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo”. A Administração Pública oferece ao administradora possibilidade de optar determinada situação, dentro dos limites legais; � Poder Hierárquico – É no conceito de Hely Lopes Meirelles, “o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal”. São os graus ou escalões internos da administração, numa relação de ascendência e subordinação entre órgãos e agentes; � Poder Disciplinar – É o poder de punir o servidor infrator, cujas penalidades são: Advertência, Repreensão, Suspensão, Multa, Demissão, Cassação da Aposentadoria, Disponibilidade, Destituição do Cargo ou Função Pública; � Poder Regulamentar – É exercido pelos Chefes do Executivo para regulamentar as leis por meio de decretos; � Poder de Polícia – Consoante lição de Petrônio Braz é o “poder diferido ao Estado, necessário ao estabelecimento das medidas que a ordem, a saúde e a moralidade públicas exigem”. É o controle exercido pelo Estado, das atividades praticadas pelo indivíduo, podendo ser discricionário ou vinculado. 5 1.5 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Conforme os ensinamentos de Diógenes Gasparini “A organização do Estado é matéria constitucional, cabendo ao Direito Constitucional discipliná-la, enquanto a criação, estruturação, alteração e atribuições das competências dos órgãos da Administração Pública são temas de natureza administrativa, cuja normatização é da alçada do Direito Administrativo”. Sendo assim, a organização da Administração Pública compreende suas entidades, os órgãos e agentes. 1.5.1 ENTIDADE PÚBLICA Em sentido geral, Entidade é pessoa jurídica, pública ou privada. A organização política e administrativa brasileira classifica no setor público, as entidades em: Estatais, Autárquicas, Fundacionais e Paraestatais. 1.5.2 ENTIDADES ESTATAIS São pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura constitucional do Estado e têm poderes políticos a administrativos, tais como a União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal. 1.5.3 ENTIDADES AUTÁRQUICAS Fazem parte da administração indireta, são pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza meramente administrativa, criadas por lei específica, para a realização de atividades, obras ou serviços descentralizados da estatal que as criou; funcionam e operam na forma estabelecida na lei instituidora e nos termos de seu regulamento; são autônomos administrativa e financeira, possui patrimônio próprio: INSS, BACEN, CVM, DNER, INCRA. 1.5.4 ENTIDADES FUNDACIONAIS Fazem parte da administração indireta. Conforme a Constituição Federal são pessoas jurídicas de Direito Público; são assemelhadas às autarquias, criadas por lei específica com as atribuições que lhes forem conferidas no ato de sua instituição, são autônomos administrativa e financeira, sem fins lucrativos, com patrimônio próprio, desenvolve atividades não típicas do estado, como exemplo temos: IBGE, FUNAI, EMBRATUR, IPEA. 1.5.5 ENTIDADES PARAESTATAIS São pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação é autorizada por lei específica para a realização de obras, serviços ou atividades de interesse coletivo (SESI, SESC, SENAI, etc.); são autônomas, administrativa e financeiramente, tem patrimônio próprio e operam em regime da iniciativa particular, na forma de seus estatutos, ficando vinculadas (não subordinadas) a determinado órgão da entidade estatal a que pertencem, que não interfere diretamente na sua administração. 1.5.6 EMPRESA PÚBLICA Possui personalidade jurídica de direito privado, patrimônio próprio, capital exclusivo de ou das entidades estatais (União, Estado e/ou Município), criadas por Lei, pode ter mais de um sócio: ECT, EMBRAPA, CEF, SERPRO, RADIOBRAS, CASA DA MOEDA. 1.5.7 SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA Tem personalidade jurídica de direito privado, criada por Lei, cujo capital social em ações com direito a voto pertencem à entidade estatal (União, Estado-membro, Distrito Federal ou Município) ou entidade da administração indireta: Banco do Brasil, PETROBRÁS, TELEBRÁS, ELETROBRÁS. 6 1.5.8 ÓRGÃOS PÚBLICOS São centros de competências instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem. Não tem personalidade jurídica e nem vontade própria. Cada órgão, como centro de competência governamental ou administrativa, tem necessariamente funções, cargos e agentes, mas é distinto desses elementos, que podem ser modificados, substituídos ou retirados sem supressão da unidade orgânica. Ex.: Tribunais, Ministérios, Secretarias, Corporações Legislativas. Petrônio Braz, em sua obra “Direito Administrativo Municipal”, define: “por órgão público entende- se a instituição a que se atribuem funções determinadas com competência para o desempenho de funções estatais”. Não possui personalidade jurídica e nem vontade própria: 1.5.9 CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS Os doutrinadores da literatura nacional estabelecem uma classificação ampla que possibilita um estudo mais detalhado desse tema, vejamos. a) Quanto à posição estatal i) Independentes - Originários da Constituição, com autonomia financeira e administrativa, representam: � Poderes do Estado: Executivo, Legislativo e Judiciário; � Congresso Nacional (Senado e Câmara de Deputados); � Assembleia Legislativa, Câmara de Vereadores; � Chefias do Executivo (Presidência, Governadores, Prefeituras); � Tribunais Judiciários e Juízes Singulares, Ministério Público. ii) Autônomos - Ampla autonomia Administrativa, Financeira e Técnica: Ministérios, Secretarias de Estado, Consultoria - Geral da República e Chefes de Poderes. iii) Superiores – Detêm o poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos de sua competência específica. Não gozam de autonomia financeira e administrativa, são órgãos de planejamento: Gabinetes, Secretarias – Gerais, Inspetorias, Procuradorias Administrativas e Judiciais. iv) Subalternos – Reduzido poder de decisão, são executores que realizam serviços de rotina, tarefas e formalização de atos administrativos. Unidades administrativas e de execução. b) Quanto a Estrutura i) Órgãos Simples - Constituído de um só órgão; ii) Órgão Composto – Constituído por mais de um órgão c) Quanto a Atuação Funcional i) Órgão Singular ou Unipessoal – Atuam e decidem através de um só agente: Presidente da República, Governador de Estado, Prefeitos; ii) Órgão Colegiado ou Pluripessoal – Decidem pela manifestação majoritária dos seus membros: Câmara dos Deputados, Câmara dos Senadores. 7 1.5.10 AGENTES PÚBLICOS Pessoas físicas que exercem alguma função estatal, são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma função estatal; normalmente desempenham funções do órgão, distribuídas entre cargos de que são titulares, mas excepcionalmente podem exercer funções sem cargo. O professor Diógenes Gasparini em seu livro Direito Administrativo, (ano, 124), define agentes públicos “como todas as pessoas físicas que sob qualquer liame jurídico e algumas vezes sem ele prestam serviços à Administração Pública ou realizam atividades que estão sob sua responsabilidade”. Com base neste conceito podemos citar: 8 a) Agentes Políticos – São os componentes do governo no primeiro escalão: Presidente da República, Governadores, Deputados, Senadores, Vereadores, Ministros e Conselheiros dos Tribunais, Diplomáticos e Secretários de Estado; b) Agentes Administrativos – Todos aqueles que se vinculam ao Estado ou Entidades Autárquicas e Fundacionais: Servidores Concursados, Cargos de Comissão, Temporários,Dirigentes de Entidades Paraestatais (não os seus empregados) e Representantes da Administração Indireta do Estado; a) Agentes Honoríficos – Cidadãos convocados para prestar serviços temporários, transitórios, normalmente sem remuneração e não são funcionários públicos: Mesário Eleitoral, Jurado, Comissário de Menor; b) Agentes Delegados – Particulares que através de concessão ou permissão executam obras e serviços públicos, sob fiscalização do delegante (Estado): Concessionários, Permissionários de obras e serviços públicos, serventuários de ofício, Cartórios não legalizados, Leiloeiros Tradutores e Intérprete Público; c) Agentes Credenciados – São os que recebem a incumbência da Administração para representa-lo em certo ato, ou praticar atividade específica, mediante remuneração do Poder Público. 9 1.5.11 SERVIDOR PÚBLICO É a pessoa legalmente investida em cargo público. Os que ocupam os cargos de provimento permanente da administração pública ingressam essencialmente por concurso público. Já os ocupantes dos cargos de provimento temporário são os de livre nomeação e exoneração por ato administrativo de autoridade competente legalmente, ou seja, podem ser exonerados ou demitidos por essa mesma autoridade. 1.6 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA São os fundamentos da ação administrativa pública, ou seja, os alicerces fundamentais da atividade pública; desprezá-los é desvirtuar a gestão dos negócios públicos e olvidar o que há de mais elementar para a boa guarda e zelo dos interesses sociais. Constitucionalmente compreende: Princípio da Legalidade, da Moralidade, da Impessoalidade e/ou Finalidade e o da Publicidade. a) Princípio da Legalidade – o primeiro dos princípios administração, consoante o caput do art. 37 da CF, significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso; a eficácia de toda a atividade administrativa está condicionada ao atendimento da lei. Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o que a lei autorizar. Diógenes Gasparini, em seu livro Direito Administrativo, diz que “a Administração Pública, em toda a sua atividade, presa aos mandamentos da lei, deles não podendo afastar, sob pena de invalidade do ato e responsabilidade de seu autor”. b) Princípio da Impessoalidade e Finalidade – este princípio impõe ao administrador público que só pratique o ato visando o seu fim legal, e o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Desde que o princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidade pública, o administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros; pode, entretanto, o interesse público coincidir com o de particulares, como ocorre normalmente nos atos administrativos negociais e nos contratos públicos, casos em que é lícito conjugar a pretensão do particular com o interesse coletivo; vedando a prática de ato administrativo sem interesse público ou conveniência para a Administração, visando unicamente a satisfazer interesses privados, por favoritismo ou perseguição dos agentes governamentais, sob forma de desvio de finalidade. Segundo Wolgran Junqueira Ferreira (Comentários à Constituição de 1988, 452), “a impessoalidade, isto é, o ato administrativo, não deve ser elaborado tendo como objetivo a pessoa de alguém”. c) Princípio da Moralidade - a moralidade administrativa constitui pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública, sendo que o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da própria instituição, pois nem tudo que é legal é honesto; a moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem comum. Para Hely Lopes Meirelles “a moralidade administrativa está intimamente ligada ao conceito do bom administrador, aquele que, usando de sua competência, determina-se não só pelos preceitos legais vigentes, como também pela moral comum, propugnando pelo que for melhor e mais úteis para o interesse público”. d) Princípio da Publicidade - é a divulgação oficial do ato para o conhecimento público e início de seus efeitos externos. A publicidade não é elemento formativo do ato, é requisito de eficácia e moralidade, por isso mesmo, os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua exequibilidade, quando a lei ou regulamento exige. Segundo Diógenes Gasparini “esse princípio torna obrigatória a divulgação de atos, contratos e outros instrumentos celebrados pela Administração Pública direta e indireta, para conhecimento, controle e início de seus feitos”. O princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, como exemplo, além de assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral; abrange toda a atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também, de apropriação de conhecimento da conduta interna de seus agentes. 10 e) Eficiência – introduzida pela Emenda Constitucional n. 19, este princípio impõe à administração Pública a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, além, por certo, de observar outras regras, a exemplo do princípio da legalidade. A legislação federal embasada na doutrina acadêmica considera ainda os seguintes princípios para a administração pública: � Planejamento – compreende o estabelecimento de diretrizes e metas que deverão orientar a ação governamental, ou seja o Plano Geral do Governo; � Coordenação – visa harmonizar e direcionar sistematicamente todas as atividades da administração, submetendo-se ao que for planejado; � Descentralização – atribuir a outros mediante lei, poderes da Administração (Desconcentração); � Delegação – transferência de atribuições, mediante ato administrativo, identificando a autoridade delegante, a delegada e o objeto da delegação; � Controle – é verificar e acompanhar os efeitos do que foi planejado e executado. IMPORTANTE: Isso será assunto que veremos mais adiante na unidade de ORÇAMENTO PÚBLICO 1.7 ATO ADMINISTRATIVO Segundo Petrônio Braz (Direito Municipal na Constituição, p.236), ato administrativo é toda exteriorização, autorizada em lei, unilateral e formal, da vontade do Estado, através dos seus agentes, no exercício concreto da função administrativa, dirigida à realização de seus fins; Para Diógenes Gasparini (Direito Administrativo, p 55) o ato administrativo produz um efeito de direito: declarar, certificar, criar, alterar, transferir e extinguir direitos e obrigações. Desta forma, o ato administrativo é toda a manifestação unilateral da Administração Pública, que tenha por fim: Adquirir, Resguardar, Transferir, Modificar, Extinguir e Declarar Direitos ou Impor Obrigações aos administrados ou a si próprio. ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS a) Presunção de Legitimidade – Hely Lopes Meirelles informa que essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração, que no Estado de Direito, informa toda a atuação governamental. O professor Petrônio Braz em seu livro Direito Administrativo Municipal, p.245, diz que “o Estado, estribado no princípio da presunção da legitimidade, não precisa provar a regularidade de seus atos, cabendo o ônus da prova de invalidade a quem invocar”. Com isto, a presunção de legitimidadeautoriza a imediata execução do ato; b) Imperatividade – Para Diógenes Gasparini, (Direito Administrativo, p.68), “é a qualidade que certos atos administrativos têm para constituir situações de observância obrigatória em relação aos seus destinatários, independentemente da respectiva concordância ou aquiescência”. Impõe a coercibilidade para o seu cumprimento; c) Auto-executoriedade – É a qualidade do ato administrativo que dá ensejo à Administração Pública de, direta e imediatamente, executa-lo, independentemente de qualquer recurso ao Judiciário (Diógenes Gasparini, Direito Administrativo, p.69). 11 REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO a) Competência – Hely Lopes Meireles (Direito administrativo, p.134) informa que “nenhum ato – discricionário ou vinculado – pode ser realizado, validamente, sem que o agente disponha de poder para praticá-lo”. Deste modo, é nulo o ato praticado por agente incompetente. Segundo Diógenes Gasparini (Direito Administrativo, p56) “a competência é intransferível e improrrogável por interesse das partes. Contudo, pode ser delegada e avocada, desde que tais modificações competências estejam estribadas em lei”; b) Finalidade – “É o requisito que impõe seja o ato administrativo praticado unicamente para um fim de interesse público, isto é, no interesse da coletividade. Não há ato administrativo sem um fim público” (Diógenes Gasparini, Direito Administrativo,p.57); c) Forma Legal ou Forma Própria – Conforme Diógenes Gasparini 1995, 57, “é o modo pelo qual o ato aparece, revela a sua existência. A inexistência da forma leva à inexistência do ato, enquanto a sua inobservância leva à nulidade”. São exemplos de formas do ato administrativo os Concursos Públicos, Licitações, Processos Disciplinares; d) Motivo ou Causa – É a situação fática ou jurídica, cuja ocorrência autoriza ou determina a prática do ato: Exoneração ad nutum, sob alegação de falta de verba. Segundo Hely Lopes Meirelles, “o motivo pode vir expresso em lei como pode ser deixado ao critério do administrador. No primeiro caso será elemento vinculado; no segundo, discricionário, quanto à sua existência e valorização”.; e) Objeto ou Conteúdo – Para Petrônio Braz “representa o resultado visado pelo ato ou o fim colimado pelo agente” (Direito Administrativo Municipal, p.242). Sendo considerado o efeito imediato que o ato administrativo produz, enuncia, prescreve ou dispõe. 12 CADERNO DE EXERCÍCIOS 1) Em relação a Administração Pública, relacione: I - É encargo de guarda, conservação e aprimoramento dos bens, interesses e serviços da coletividade, que se desenvolve segundo a lei e a moralidade administrativa. II - É a prestação de serviços aos cidadãos. III – Instrumento do Estado, formado por entidades, órgãos e agentes públicos incumbidos de concretizar atividades administrativas, ou seja, da execução das decisões políticas e legislativas. ( ) Conceito ( ) Natureza ( ) Finalidade 2) Julgue Verdadeiro ou Falso a dissertativa abaixo, e justifique: “Foi estabelecido na Constituição Federal que a Administração Pública deve estar fundada sob dois alicerces: funcional e material.” 3) Relacione as colunas de acordo com os Poderes da Administração Pública: a) Poder Vinculado b) Poder Discricionário c) Poder Hierárquico d) Poder Disciplinar e) Poder Regulamentar f) Poder de Polícia ( ) Poder de punir os agentes públicos internamente através de processos administrativos. ( ) Quando uma chefia de caráter executivo delega, distribui atribuições e competências. ( ) Autorização do agente público ao cidadão após os cumprimentos legais das regras estabelecidas. ( ) Limita ao cidadão de fazer certas ações pelo bem da coletividade. ( ) Poder que cria, executa as leis. ( ) Quando cabe ao agente público decidir se é moral ou imoral determinada ação. 4) Coloque V para as alternativas Verdadeiras e F para as alternativas Falsas: ( ) O Governo é uma comunidade de homens fixada sobre um território com poder de mando, ação e coerção constituída de Povo e Território. Sendo uma Entidade política com capacidade de elaborar suas próprias leis. ( ) O Estado seria apenas uma das instituições que compõem o Governo, com a função de administrá-lo. 13 ( ) Administração Direta é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes, as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. ( ) Foi estabelecido na Constituição Federal que a Administração Pública deve estar fundada sob dois alicerces: funcional e material. 5) Complete a frase de acordo com os Poderes do Estado: O poder ___________, o ____________ e o _______________, independentes e harmônicos entre si e com suas funções reciprocamente ______________. Esses poderes são imanentes e estruturais do _________________. 6) Classifique as Entidades Públicas de acordo com seus conceitos: I) Fazem parte da administração indireta, são pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza meramente administrativa, criadas por lei específica, para a realização de atividades, obras ou serviços descentralizados da estatal que as criou; funcionam e operam na forma estabelecida na lei instituidora e nos termos de seu regulamento; são autônomas administrativa e financeira, possui patrimônio próprio. R: II) Fazem parte da administração indireta. Conforme a Constituição Federal são pessoas jurídicas de Direito Público; criadas por lei específica com as atribuições que lhes forem conferidas no ato de sua instituição são autônomos administrativos e financeiros, sem fins lucrativos, com patrimônio próprio, desenvolve atividades não típicas do estado. R: III) São pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura constitucional do Estado e têm poderes políticos a administrativos, tais como a União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal. R: IV) São pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação é autorizada por lei específica para a realização de obras, serviços ou atividades de interesse coletivo são autônomas, administrativa e financeiramente, tem patrimônio próprio e operam em regime da iniciativa particular, na forma de seus estatutos, ficando vinculadas (não subordinadas) a determinado órgão da entidade estatal a que pertencem que não interfere diretamente na sua administração. R: 14 7) De acordo com o conceito de Órgão Público, complete utilizando a palavras chaves: São _______________________________ instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus ___________, cuja atuação é __________ à pessoa jurídica a que pertencem. Não tem personalidade jurídica e nem vontade própria. Cada órgão, como ______________________________ governamental ou administrativa, tem necessariamente funções, cargos e agentes, mas é distinto desses elementos, que podem ser modificados, substituídos ou retirados sem supressão da unidade orgânica. 8) Os doutrinadores da literatura nacional estabelecem uma classificação ampla aos Órgãos Públicos. Com base nessa afirmação assinale a alternativa que indica essa classificação: a) Posição estatal, Órgão Singular e Funcionalb) Órgão Singular, Órgão Composto e Colegiado c) Posição Estatal, Estrutural e Funcional d) Independentes, Autônomos, Superiores e Subalternos 9) Classifique os Agentes Públicos de acordo com seus conceitos: I) Cidadãos convocados para prestar serviços temporários, transitórios, normalmente sem remuneração e não são funcionários públicos: Mesário Eleitoral, Jurado, Comissário de Menor; R: II) São os componentes do governo no primeiro escalão: Presidente da República, Governadores, Deputados, Senadores, Vereadores, Ministros e Conselheiros dos Tribunais, Diplomáticos e Secretários de Estado; R: III) São os que recebem a incumbência da Administração para representa-lo em certo ato, ou praticar atividade específica, mediante remuneração do Poder Público; R: IV) Todos aqueles que se vinculam ao Estado ou Entidades Autárquicas e Fundacionais: Servidores Concursados, Cargos de Comissão, Temporários, Dirigentes de Entidades Paraestatais (não os seus empregados) e Representantes da Administração Indireta do Estado; R: V) Particulares que através de concessão ou permissão executam obras e serviços públicos, sob fiscalização do delegante (Estado): Concessionários, Permissionários de obras e serviços públicos, serventuários de ofício, Cartórios não legalizados, Leiloeiros Tradutores e Intérprete Público; R: 15 10) Descreva quais os cincos principais princípios da Administração Pública, e conceitue de forma objetiva. 11) Um Ato administrativo é toda manifestação praticada através de seus Agentes Públicos. Para que esse ato seja válido precisa atender alguns requisitos, caso contrário ele será anulado. Com base nessa afirmação assinale abaixo quais requisitos um Ato Administrativo deverá atender para que não seja nulo: a) Presunção de Legitimidade, Imperatividade e Auto-Executoriedade b) Competência, Finalidade, Forma, Motivo e Objeto c) Planejamento, Coordenação, Descentralização, Delegação e Controle d) Presunção de Legitimidade, Competência, Finalidade, Forma, Motivo e Objeto e) Não existe Ato Administrativo Nulo 16 BIBLIOGRAFIAS NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA, JOSÉ ILMO WILGES CONTABILIDADE PÚBLICA, KOHAMA Atos Administrativos. Direito Administrativo. Braz Petronio Direito Administrativo Diógenes Gasparini Constituição Federal
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