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CCJ0013-WL-B-AMRP-20-Extinção das Obrigações II-02


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DIREITO CIVIL II 
PROFA. DRA. EDNA RAQUEL HOGEMANN 
SEMANA 11 AULA 20 
 
TÍTULO - EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
2 - FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO 
 
Novação. 
Compensação. 
CASO CONCRETO 1 
 
Fernando Navarro é o melhor amigo de Marcelo Moreira, por isso não pode dizer não 
quando Marcelo pediu que fosse seu fiador no contrato temporário de locação da Loja 
Lan House que acabara de montar na Praia de Iracema, em Fortaleza, para funcionar 
durante o verão de 2005. A dona do imóvel, Paula Maria, também é uma velha conhecida 
de ambos os amigos. Depois disso, Fernando mudou-se para Orlando, na Flórida/EUA onde 
ficou por três anos. 
Eis que para sua surpresa, Fernando é citado numa ação executiva porque Paula Maria 
ajuizou ação de execução de título executivo extrajudicial (contrato de locação) em face 
dele em razão do não pagamento dos alugueres dos últimos oito meses, posto que o 
contrato de locação fora aditado para tornar-se por tempo indeterminado em maio de 
2005. 
Sem saber o que fazer Fernando procura você, seu advogado. Pergunta-se: 
 
Você, como advogado de Fernando o que alegaria em sua defesa? 
 
Apesar de o contrato vedar expressamente a sua continuidade por prazo indeterminado, o 
advogado de Paula Maria alega que a responsabilidade dos fiadores deve persistir até a 
efetiva desocupação do imóvel e entrega das chaves. Isto está correto? Por quê? 
CASO CONCRETO 2 
Depois de trabalhar por dois anos como entregador de pizzas em Nova York, Renato 
Augusto resolveu voltar para o Brasil e utilizar o dinheiro economizado para comprar seu 
primeiro carro. Só que o montante de suas economias foi insuficiente para que pudesse 
comprar o modelo desejado à vista, razão pela qual Renato Augusto, pede R$45.000,00 
emprestados a seu pai, seu Antonio Manuel, para pagar em 90 dias. 
Ocorre que antes do vencimento da dívida, seu Antonio Manuel foi vitimado por um 
ataque cardíaco vindo a falecer. 
A partir da leitura do caso acima, responda: 
a) Com a morte do pai, o que ocorre com a dívida do filho? 
b) Em que outros casos pode ocorrer confusão? 
c) E se Renato Augusto tivesse cinco irmãos e sua cota parte na herança fosse de 
R$40.000,00, como ficaria sua dívida com o pai morto? 
QUESTÃO OBJETIVA 
A respeito da novação, é CORRETO afirmar: 
a) Se o novo devedor for insolvente e não tiver havido má-fé na substituição, tem o credor, 
que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro. 
b) A novação em nenhuma hipótese pode acarretar a extinção dos acessórios e garantias 
da dívida. 
c) A novação por substituição do devedor não pode ser efetivada sem o consentimento 
deste. 
d) Importa exoneração do fiador a novação feita sem o seu consenso com o devedor 
principal. 
e) Podem ser objeto de novação, dentre outras modalidades, as obrigações extintas. 
FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO 
NOVAÇÃO 
O Código Civil regula o instituto da novação pelos seus artigos 360 a 367; os incisos I a III 
desse artigo, como pode ser novada a obrigação: 
Quando uma das partes do negócio jurídico já concluído, propõe à outra, o credor, a 
realização de outro negócio jurídico, que o aceita, este, com o fito de criar uma nova 
obrigação, a qual extingue e substitui a dívida anterior (novação objetiva). 
 A iniciativa desse outro negocio por dar-se por parte do devedor, o que ocorre com mais 
frequência, ou mesmo do credor. 
Conceito 
Novação é a criação de obrigação nova, para extinguir uma anterior. É a substituição de 
uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira. A existência dessa nova obrigação é 
condição de extinção da anterior. 
Dá-se a novação quando, por meio de uma estipulação negocial, as partes criam uma nova 
obrigação, destinada a substituir e extinguir a obrigação anterior. 
Exemplos 
1) O pai, para ajudar o filho, procura o credor deste e lhe propõe substituir o devedor, 
emitindo novo título de crédito. Se o credor concordar, emitido o novo título e inutilizado 
o assinado pelo filho, ficará extinta a primitiva dívida, substituída pela do pai. 
2) A deve a B a quantia de R$1.000,00. O devedor, então, exímio carpinteiro, propõe a B 
que seja criada uma nova obrigação – de fazer –, cujo objeto seja a prestação de serviço de 
carpintaria na residência do credor. Este, pois, aceita, e, por meio da convenção celebrada, 
considera extinta a obrigação anterior, que será substituída pela nova. 
São requisitos da novação 
Existência de obrigação jurídica anterior: 
Só poderá efetuar a novação se juridicamente existir uma obrigação anterior a ser novada, 
visto que a novação visa exatamente à sua substituição. Tem que ser válida a obrigação a 
ser novada (art.367). Não se pode novar o que não existe, nem extinguir o que não produz 
efeitos jurídicos. A obrigação simplesmente anulável, entretanto, pode ser confirmada 
pela novação, pois tem existência, enquanto não rescindida judicialmente. Podendo ser 
confirmada, interpreta-se sua substituição como renúncia do interessado ao direito de 
pleitear a anulação. 
2. A criação de uma nova obrigação, substancialmente diversa da primeira: 
A novação só se configura se houver diversidade substancial entre a dívida anterior e a 
nova. Não há novação quando se verifiquem alterações secundárias na dívida (mudança de 
lugar do cumprimento; modificação pura e simples do valor da dívida; aumento ou 
diminuição de garantias; exclusão de uma garantia, alongamento ou encurtamento do 
prazo, estipulação de juros etc.). 
A nova obrigação há de ser válida. Se for nula, ineficaz será a novação, subsistindo a 
antiga. Se anulável, e vier a ser anulada, restabelecida ficará a primitiva, porque a extinção 
é consequência da criação da nova. Desfeita esta, a anterior não desaparece. 
3. Animus novandi: Importa renúncia ao crédito e aos direitos acessórios que o 
acompanham. Quando não manifestada expressamente, deve resultar de modo claro e 
inequívoco das circunstâncias que envolvem a estipulação. Ausente o animus novandi não 
se configura a novação. Na dúvida, entende-se que não houve novação, pois esta não se 
presume. Sem a o indispensável intuito de novar, apenas confirma ou reforça a obrigação 
primitiva. Ex.:Vendedor e comprador acordam modificar o objeto da obrigação: ao invés 
de ser alienado o apartamento 1 do condomínio X, o comprador adquirirá um terreno 
contíguo. Nestes termos, a simples alteração do objeto da prestação não caracterizará 
novação. 
3. Espécies 
 
• Novação objetiva: ocorre quando as partes convencionam a criação de uma nova 
obrigação, para substituir a anterior. Altera-se, portanto, o objeto da prestação (art. 360, 
I). 
Ex.: Credor e devedor acordam extinguir a obrigação pecuniária primitiva, por meio da 
criação de uma nova obrigação, cujo objeto é a prestação de um serviço. Não se deve 
confundir novação objetiva com a dação em pagamento. Nesta, a obrigação originária 
permanece a mesma, apenas havendo uma modificação do seu objeto, com a devida 
anuência do credor. Diferentemente, na novação objetiva, a primeira obrigação é quitada 
e substituída pela nova. 
Novação subjetiva: ocorre quando há substituição dos sujeitos da relação jurídica. Dá-se 
novação subjetiva, em três hipóteses: 
A) por mudança de devedor – novação subjetiva PASSIVA (“quando novo devedor sucede 
ao antigo, ficando este quite com o credor”, segundo dispõe o art. 360, II, do Código Civil); 
B) por mudança de credor – novação subjetiva ATIVA (“quando, em virtude de obrigação 
nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este”, nos termos 
do art. 360, III, do Código Civil); 
A novação subjetiva passiva poderá ocorrer de dois modos: por expromissão: a 
substituição do devedor se dá independentemente do seu consentimento, por simples ato 
de vontade do credor, que o afasta, fazendo-o substituir por umnovo devedor (CC, art. 
362). Ex.: imagine a hipótese de um filho abastado, angustiado pela vultuosa dívida 
contraída por seu pobre pai, dirigir-se ao credor, solicitando-lhe que, mesmo sem o 
consentimento do seu genitor (homem orgulhoso e conservador), admita que suceda ao 
seu pai, na obrigação contraída. 
por delegação: nesse caso, o devedor participa do ato novatório, indicando terceira pessoa 
que assumirá o débito, com a devida aquiescência do credor. Há neste caso um novo 
contrato de que todos os interessados participam, dando seu consentimento. Não está 
mencionado no Código, por desnecessário, já que este autoriza a substituição até mesmo 
sem o consentimento do devedor. Assim, o pai pode substituir o filho, na dívida por este 
contraída, com ou sem o consentimento deste. Só haverá novação se houver extinção da 
primitiva obrigação. 
Não há que se confundir, todavia, a novação subjetiva passiva – principalmente por 
delegação – com a mera cessão de débito, uma vez que, neste caso, o novo devedor 
assume a dívida, permanecendo o mesmo vínculo obrigacional. Não há, aqui, portanto, 
ânimo de novar, extinguindo o vínculo anterior. 
 
Na novação ativa (por substituição do credor) há um acordo de vontades, pelo qual muda 
a pessoa do credor, mediante nova obrigação, o primitivo credor deixa a relação jurídica e 
outro lhe toma o lugar. Assim, o devedor se desobriga para com o primeiro, estabelecendo 
novo vínculo para com o segundo, pelo acordo dos três. Exemplo: A deve para B, que deve 
igual importância a C. Por acordo entre os três, A pagará diretamente a C, sendo que B se 
retirará da relação jurídica. Extinto ficará o crédito de B em relação a A, por ter sido criado 
o de C em face de A (substitui¬ção de credor). 
A novação mista é expressão da doutrina, não mencionada no Código Civil. Decorre da 
fusão das duas primeiras espécies e se configura quando ocorre, ao mesmo tempo, 
mudança do objeto da prestação e de um dos sujeitos da relação jurídica obrigacional. Por 
exemplo: o pai assume dívida em dinheiro do filho (mudança de devedor), mas com a 
condição de pagá-la mediante a prestação de determinado serviço (mudança de objeto). 
4. Efeitos 
O principal efeito da novação consiste na extinção da primitiva obrigação, substituída por 
outra, constituída exatamente para provocar a referida extinção. 
A novação extingue os acessórios e garantias da dívida sempre que não houver estipulação 
em contrário (art. 364). Entre os primeiros encontram-se os juros e outras prestações cuja 
existência depende da dívida principal. Nas garantias incluem-se as reais, como o penhor, a 
anticrese e a hipoteca; e as pessoais, como a fiança. Incluem-se, também, os privilégios. 
No que se refere à fiança, o legislador foi mais além, ao exigir que o fiador consentisse 
para que permanecesse obrigado em face da obrigação novada (art. 366 CC) Quer dizer, se 
o fiador não consentir na novação, estará conseqüentemente liberado. 
Devedores solidários – (art. 365) ocorrida a novação entre o credor e um dos devedores 
solidários, o ato só será eficaz em face do devedor que novou, recaindo sobre o seu 
patrimônio as garantias do crédito novado, restando, por consequência, liberados os 
demais devedores. 
DA COMPENSAÇÃO 
Meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e 
devedor uma da outra (acarreta a extinção de duas obrigações). 
Tal extinção se dará até o limite da existência do crédito recíproco, remanescendo, se 
houver, o saldo em favor do maior credor. 
CC, Art. 368: "Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as 
duas obrigações extinguem-se. ate onde se compensarem" 
Espécies de compensação 
1.Legal: opera por força de lei. 
Requisitos: 
 a) reciprocidade de créditos: a compensação só pode extinguir obrigações de uma das 
partes ante a outra, não se incluindo obrigações de terceiros (arst.371, 376). 
b) Liquidez das dívidas: para que haja a compensação legal, é necessário identificar a 
expressão numérica das dívidas. 
 c) exigibilidade atual das obrigações: salvo pela via convencional, não pode ser 
compensado um débito vencido com outro a vencer; 
d) homogeneidade das prestações: deve haver fungibilidade das prestações, de acordo 
com o art. 369 do CC. 
e) existência e validade do crédito compensante: se o débito que se pretende compensar 
não existe ou é nulo, não é possível a compensação. 
Compensação voluntária: quando as partes concordam, podendo até compensar dívidas 
ilíquidas e não vencidas, por exemplo, pois estamos em sede de atos dispositivos. 
Decorrência direta da autonomia da vontade, não exigindo os mesmos requisitos para a 
compensação legal. 
Compensação judicial: que é aquela realizada em juízo, por autorização de norma 
processual, independentemente de provocação expressa das partes nesse sentido. Ex.: 
Art. 21 do Código de Processo civil. 
Obrigações não compensáveis: vide art. 375 e 380 do CC. 
Efeitos: a compensação é modalidade de extinção de obrigações. Gera os mesmo efeitos 
do pagamento e a ele se equipara. Há um cancelamento de obrigações pelo encontro de 
débitos, ficando os credores reciprocamente satisfeitos. Não se esquecendo que a 
obrigação pode ser total ou parcial, podendo, portanto, a dívida, ser compensada 
parcialmente. 
Vale saber 
O alemão Karl Larenz contribuiu para o desenvolvimento do direito obrigacional ao 
enxergar que a obrigação é uma relação jurídica complexa por não envolver apenas o 
dever prestacional, mas também outros deveres, chamados atualmente de anexos, 
laterais, secundários acessórios ou de conduta. 
Decorrem automaticamente da lei, e incidem sobre a relação ainda que as partes não as 
tenham previsto. 
Clóvis do Couto e Silva, entende a obrigação como um processo que tem por finalidade a 
satisfação do credor. 
Ficamos por aqui! 
Não esqueça de ler o material didático para a próxima aula e de fazer os exercícios que 
estão na webaula.