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RESUMO P2

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Reale
Seu pensamento é, basicamente, uma síntese do que está em seu livro de Filosofia Jurídica e é um dos poucos autores brasilei
ros a fazer sucesso internacional. Para compreender Reale, não podemos apenas conceituar sua teoria, temos que entender como
a mesma é aplicada.
Para Reale, o Direito é a realização ordenada garantida do bem comum em uma estrutura tridimencional bilateral atributiva, ou
ainda, Direito é ordenação heteronoma coercível e bilateral atributiva das relações de convivência segundo uma integração nor
mativa de fatos segundo valores (essa segunda sendo uma visão analítica).
Direito, então, é uma relação heterônoma, ou seja, faz parte de outra pessoa, não só do agente do direito e coercível por es
tar vinculado a sanção que o Direito aplica. Ela se mostra bilateral atributiva pois, como visto na aula de relação jurídica,
envolve duas ou mais partes que se propõem direitos e deveres, esses que são proporcionais, onde cada direito reflete em um 
dever de outra parte (tirando direito potestativo).
Essa proporção entre dois ou mais sujeitos (relação intersubjetiva) sempre se dá na sociedade e é, para Reale, um dos fatores
indispensáveis do direito, já que acredita que o direito só existe em sociedade. Logo, sempre que houver sociedade, haverá di
reito, logo, sempre haverá uma vinculação de uma pessoa em relação às demais. É como ele separa a identidade moral, que é a
que você tem de você mesmo, do direito, já que em uma relação jurídica se conflituam interesses de âmbito moral. Reale não
questiona aspectos morais da pessoa ao analisar o direito.
Para Reale, em sua Teoria Tridimensional, o Direito não pode ser entendido apenas com a norma, ou a validade ou seu valor,
mas sim, para existir, é necessário que esses três coexistam. Toda norma precisa de uma análise ontológica, fenomenológica e
axiológica, sendo o Direito apoiado por esse tripé.
Segundo o autor, uma análise normativa é bem aproximada da visão de Kelsen, logo, aquele não refuta este completamente, porém
, uma análise normativa não é suficiente, ele aceita a construção do ordenamento jurídico, porém, não acredita que esse crité
rio é único e suficiente. Porém, é necessário que se observe se a norma cumpre os requerimentos para estar inserida no ordena
mento jurídico, se foi criada da forma correta, se obedece às normas hierarquicamente superiores. É a análise em critério on
tológico.
Em outro pilar, temos a análise em critério fenomenológico, ou seja, em questão da eficácia. Visa medir se uma norma atribui
da é eficaz ou não, identificando o fato do direito em si. Embora problemático, pois a eficácia da norma é de caráter subjeti
vo, é observar como a norma é aplicada e seguida na sociedade. Se uma norma for 100% eficaz, a norma se torna desnecessária,
assim como uma norma sem eficácia alguma, se tornando díspar da realidade.
Por último, Reale agrega o valor a um dos requisitos de avaliação de uma norma, sendo necessário que se constate, por meio do
caráter ideológico e moral os quais a norma foi criada, analisando as motivações morais e políticas por trás da norma e ade
quando sua legitimidade. É uma análise em sentido axiológico e, com isso, Reale pretende que a análise da norma seja direcio
nada para se alcançar o bem comum, que seria o fim o qual a norma foi criada para atender, atendendo à moral coletiva que atu
a em prol da sociedade.
Se para Kelsen a validade da norma estava atrelada a sua pura existência, já que se a norma existia, era automaticamente váli
da pois já tinha passado pelos pré-requisitos para ser aprovada, para Reale isso não era suficiente, para Reale a norma deve
atender a esses três requisitos para ser considerada válida.
Bobbio
A teoria de Bobbio é, em grande parte, parecida com a de Reale, não tendo como afirmar qual dos dois confeccionou-a primeiro,
já que foram da mesma época e baseadas nos mesmos preceitos. Bobbio, diferente de Reale, é a análise do quesito axiológico,
que para Bobbio deve ser vista em face ao que é justo, não sobre o que a norma valora ultimamente, afastando o caráter de ob
servância ao "bem comum", como era dito por Reale. Logo, a norma se estabelece para um determinado fim e deve-se analisar se
esse fim é possível de se alcançar e de proteger o normatizado.
No que tange a questão da eficácia, Bobbio afirma que para análisar a validade sobre essa esfera, deve-se analisar se essa
norma é ou não seguida pelas pessoas e se os meios coercitivos da autoridade são aplicados caso a norma seja violada.
Já na questão da validade, da norma poder ou não existir, Bobbio acredita que se tem que responder o que se entende pelo Di
reito em si, se a regra analisada é ou não uma regra jurídica. Segundo ele, é necessário com frequência avaliar três aspectos
sobre uma norma: se a autoridade que a emanou tem competênia legítima para assim fazer, se a regra não foi ab-rogada, ou seja
, uma norma sucessiva no tempo tenha ab-rogado ou regulad sobre a mesma matéria e se a norma não é incompatível com outras do
sistema que também vigorem.
Embora notadamente similares, a teoria de Bobbio se difere de Reale por Bobbio não aceitar que o "bem comum" seja o norteador
do Direito, não compreende que esse bem comum seja relevante na análise do direito.
Em posterior análise, Bobbio cria três conceitos de sistema jurídico, que considera serem os mais importantes a se enfrentar
e que o último deles seria o que se aproxima melhor da concepção do Direito em si.
O primeiro deles é identificado por Bobbio como um sistema dedutivo. É o exemplo da teoria de Kelsen, já que uma norma deriva
va diretamente de outra e assim sucessivamente, a qual se fizessemos o caminho reverso chegariamos à norma fundamental. Para
Bobbio, o sistema dedutivo não é suficiente pois, embora concorde que exista a norma fundamental, Bobbio não credita sua exis
tência somente ao fato de derivar outras normas, para ele a norma fundamental tinha sua origem exterior ao direito, estando
atrelada aos aspectos do poder.
Já o segundo sistema seria o sistema indutivo, que seria a construção do direito com base no "espírito do povo", ou seja, uma
construção com base na jurisprudência para se entender a identidade do sistema. Bobbio também acredita que esse sistema não
é suficiente, já que para ser um sistema jurídico é necessário que não existam normas que sejam incompatíveis entre sí e não 
exista uma ausência relevante de normas.
Essa é a terceira definição de sistema que Bobbio prevê como o ordenamento jurídico preferencial, um sistema jurídico que pos
sua coerência e completude, com a norma fundamental sendo o critério de completude do ordenamento, dando unidade ao mesmo. É
necessário que seja um ordenamento jurídico completo, ausente de lacunas, que são espaços jurídicos vazios, e de antinomias,
que são normas incompatíveis dentro do ordenamento.
Para Bobbio, o importante é existir coerência no ordenamento jurídico. Um sistema coerente é aquele que não entra em contradi
ção, ou seja, isento de antinomias, normas que se contradizem. Existem alguns tipos de contradição comuns, elencados por Bob
bio, tais quais: Norma que ordena e outra que permite não fazer, tendo obrigação de fazer algo mas outra norma eximindo a o
brigatoriedade de fazer; Norma que ordena e outra que proíbe; Norma que permite e outra que proíbe.
Quando uma antinomia é encontrada, o legislador, então, deve analisar a substância da norma, olhando descritivamente o que es
tão dizendo, observando a norma em seu contexto, já que apenas a norma isolada não se encaixa na idéia de ordenamento coeso.
Segundo ele, existem alguns critérios para resolução de antinomia. São eles: Critério Hierárquico, no qual uma norma hierar
quicamente superior revoga uma inferior; Critério Cronológico, no qual uma norma anterior revoga norma anterior; Critério de
Especialidade, no qual uma norma específica revoga norma geral sobre mesmo assunto.
Bobbio elenca sobre esses critérios e conclui
que a aplicação dos mesmos não é tão fácil como parece, não é sempre que um cri
tério irá prevalecer, com exceção do hierárquico para Bobbio, sendo necessária uma análise material da norma para se superar
as antinomias. Logo, se analisa a norma pelo que ela diz e não se veio primeiro ou depois, se é geral ou específica.
Já as lacunas são espaços no ordenamento jurídico que devem ser superados, que é um problema maior que as antinomias, já que
é necessário preencher algo não previsto no direito, não há embasamento legislativo para tal. Para isso, se recorre aos costu
mes, a analogia e os princípios gerais do direito.
Canaris/Marrafon
Canaris, segundo a linha de pensamento de Bobbio, que não conseguiu resolver o problema das lacunas e antinomias com precisão
, vai estudar esses problemas do ordenamento. Canaris percebe que o problema para se preencher o ordenamento jurídico está
além das análises do mesmo, é necessária uma análise interiológica ou axiológica, análise essa dada a partir dos princípios.
Logo, o ordenamento jurídico deve produzir e adequar valores e preservar a unidade interior de si próprio, isso se dando a
partir dos princípios, que se definem como os "mitos fundadores" ou o ponto de partida de algo. Para se entender o ordenamen
to jurídico, é necessário enxergar os seus princípios, como por exemplo o princípio da dignidade da pessoa humana.
Se observa, então, uma diferença ao se tratar uma contradição de normas e uma de princípios, já que os princípios não deixam
de ter validade quando entram em conflito uns com os outros, ele apenas se aplica ou não para um caso específico. O que não
vale não é contraditório ao que valeu, apenas não foi aplicado.
Marrafon nos dá uma visão mais aplicável para a realidade brasileira, em oposição à realidade de Canaris, essencialmente euro
péia. O sistema de princípios é, tanto em face científica quanto sistêmica, aberto, não por ter compreensão aberta, mas sim
por estar no ápice das normas. Porém, ao mesmo tempo, ele é fechado, pois te dá uma indicação teleológica do que significa e
promove. O sistema de princípios é axiológico-teleológico.
No caso do Brasil, as normas precisam ser interpretadas para a realidade brasileira, já que alguns princípios gerais são mera
mente utópicos, assim como em outros países de modernidade tardia, onde o direito continua asseverando disparidades sociais.
É preciso, então, a partir do sistema de princípios, realizar os direitos fundamentais, segundo Marrafon, direcionando a prá
tica legislativa para a efetivação desses direitos fundamentais. A admnistração pública também tem que ter essa meta de reali
zar os direitos fundamentais, deixando de ter os direitos fundamentais como regra apenas e os aplicando.
Há a problematização também, de se agir com discricionaridade quando ponderar dois princípios ou regras em um mesmo caso, cha
mada pelo autor de discricionariedade subjetiva. A Constituição é, nada mais, que uma lei política, segundo interesse de uma
parcela que está no poder, comprovando essa discricionariedade na própria fonte primária de nosso direito. Por isso é impor
tante a avaliação da norma nos critérios teleológico-axiológicos.
Miaille	
Miaille escreveu seu livro para um país na África, a Argélia, com a intenção de explicar que não seria a partir do direito
que esses países conseguiriam alcançar seu ideal de civilidade e acesso a condições básicas, o direito não se propõe em equi
parar ou controlar uma disparidade social.
Miaille desconstrói toda a teoria pura do direito de Kelsen, baseando sua visão na teoria marxista de superestrutura e base,
estando o Direito na camada de ideologia que permeia a base para definir o que será reproduzido na superestrutura. Quem faz o
direito, então, é o político, logo o direito nunca será "puro" como Kelsen afirma. Miaille não afirma o direito como direito,
mas sim como instância jurídica, já que remete a um entendimento de que existem fases, logo, o direito seria uma fase entre a
base e superestrutura.
Na realidade, o que o Direito faz é apenas criar uma ilusão de sujeito de direito para a classe baixa, com a ilusão de que se
o trabalhador se esforçar, poderá, um dia, conseguir tudo aquilo que o direito garante.
Miaille diz que todos os preceitos jurídicos não correspondem com a realidade, servindo apenas como ideologia de controle da
classe social inferior. O Estado age por meio do direito para aplicar a ideologia da hegemonia. Ele parte para discutir e des
construir as fontes do direito, ao começar pela lei, que é mero fruto político, sendo apenas um freio ou um quebra molas, fei
to para ser perpassado. A lei é um produto do direito, logo, não pode ser utilizada para definir o que o direito é.
O costume também é combatido por Miaille, pois se cria a falsa impressão que o costume é aquilo que é fato repetido pela soci
edade, mas na verdade, o costume não pode afetar a lei, se uma lei contrariar o costume, o costume deixa de valer. Logo, por
mais que seja definido como uma fonte do direito de caráter democrático, não é assim que é encarada na realidade. O costume
para Miaille não seria derivado do povo, mas sim um grau de liberdade dado pelo Estado às pessoas.

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