Buscar

SEFAZ PE civil lauro Aula 10

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 157 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 157 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 157 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula  
DIREITO DAS COISAS. Posse. Efeitos da Posse. Propriedade. Direitos Reais 
Sobre Coisa Alheia. 
Subitens  Posse: conceito, classificação, aquisição e perda. Efeito e 
proteção. Propriedade: aquisição e perda da propriedade móvel e imóvel. 
Direitos reais sobre coisa alheia: Superfície. Servidão. Usufruto. Direito de 
Uso. Direito de Habitação. Penhor. Hipoteca. Anticrese e Alienação Fiduciária 
em Garantia. Concessão de uso especial para fim de moradia. Concessão de 
direito real de uso. 
Legislação a ser consultada  Código Civil: arts. 1.196 até 1.510. 
Posse: (arts. 1.196 até 1.224). Propriedade (arts. 1.228 até 1.368). Direitos 
reais sobre coisa alheia (arts. 1.369 até 1.510). 
 
 
Sumário 
 
Introdução, conceito, características, conteúdo ............................... 02 
POSSE ............................................................................................. 04 
Teorias sobre a Posse ................................................................. 05 
Detenção ..................................................................................... 06 
Classificação ............................................................................... 08 
Aquisição .................................................................................... 11 
Efeitos ......................................................................................... 12 
Perda .......................................................................................... 15 
Composse ................................................................................... 16 
Aula 10 
Direito das Coisas 
 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
2 
PROPRIEDADE .................................................................................. 16 
Propriedade Resolúvel ................................................................ 20 
Imóvel. Aquisição e Perda. Usucapião. ....................................... 21 
Móvel. Aquisição e Perda ............................................................ 28 
Condomínio ................................................................................. 30 
Direitos de Vizinhança ................................................................ 39 
DIREITO REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS ......................................... 43 
Direitos Reais de Gozo ou Fruição ............................................... 44 
Superfície .............................................................................. 44 
Servidão Predial .................................................................... 46 
Usufruto ................................................................................ 49 
Direito de Uso ........................................................................ 53 
Direito de Habitação .............................................................. 54 
 Direitos Reais de Garantia ......................................................... 55 
Penhor ................................................................................... 57 
Hipoteca ................................................................................ 62 
Anticrese ............................................................................... 67 
Alienação Fiduciária em Garantia ........................................... 69 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 72 
Bibliografia Básica ............................................................................ 80 
EXERCÍCIOS COMENTADOS .............................................................. 81 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
A doutrina costuma afirmar que o Direito Patrimonial se divide em 
Direito Obrigacional e Direito das Coisas. Nas aulas anteriores falamos sobre o 
Direito das Obrigações (a maior fonte das obrigações é o contrato), que compõe 
o chamado Direito Pessoal. Hoje veremos o Direito das Coisas. Com isso 
mudamos um pouco a ótica do Direito. No Direito das Obrigações estudamos as 
relações das pessoas entre si. Já no Direito das Coisas o relacionamento das 
pessoas deixa de ser foco principal. Agora passaremos a estudar a relação dos 
homens com as coisas, evidentemente que movida por um interesse 
econômico. Assim, iniciando nosso estudo e para deixar bem diferenciada esta 
dualidade do Direito Civil, apresentamos o seguinte quadro. 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
3 
QUADRO COMPARATIVO 
DIREITO PESSOAL DIREITO DAS COISAS 
1. Relação entre Pessoas. 
Dualidade de sujeitos: 
a) Ativo: credor 
b) Passivo: devedor 
1. Relação direta entre o homem e 
as coisas. Apenas um Sujeito: Ativo 
2. Objeto: sempre uma prestação 
do devedor (dar, fazer ou não fazer). 
2. Objeto: sempre uma coisa 
(corpórea ou incorpórea). 
3. Princípio básico: autonomia 
privada. 
3. Princípio básico: regras de direito 
público. 
4. Não taxativo: as modalidades 
podem estar previstas ou não em lei. 
4. Taxatividade: espécies previstas 
expressamente em lei (numerus 
clausus); oponíveis erga omnes. 
5. Violados: lesado pode ingressar 
com ação somente contra a outra a 
parte. 
5. Violados: lesado pode ingressar 
com ação contra quem detiver a 
coisa. 
6. Extingue-se pela inércia do 
interessado (prescrição). 
6. Conserva-se até que haja uma 
situação contrária (usucapião). 
Ex.: contratos em geral Ex.: propriedade 
CONCEITO 
Baseado no quadro acima, podemos conceituar o Direito das Coisas como 
o conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens 
corpóreos (móveis ou imóveis) ou incorpóreos (direitos autorais, propriedade 
industrial), suscetíveis de apropriação pelo homem, segundo uma finalidade 
social. Abrange: aquisição, exercício, conservação e perda de poder sobre os 
bens. 
CARACTERÍSTICAS 
 Tipicidade: a relação dos direitos reais é limitada, taxativa. Os direitos 
reais são somente aqueles que estão previstos na lei (numerus clausus). 
 Absolutos: os direitos reais possuem eficácia erga omnes (repercutem 
socialmente, impondo respeito à todas as pessoas, que devem se abster de 
molestar o titular). 
 Sequela: o titular do direito real pode “perseguir a coisa” em poder de 
terceiros, onde quer que se encontre. 
 Aderência (ou especialização): aderência do direito ao bem. 
 Publicidade (ou visibilidade): os direitos reais sobre imóveis só se 
adquirem depois da transcrição no registro de imóveis; sobre móveis só 
depois da tradição. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
4 
 
CONTEÚDO DO DIREITO DAS COISAS 
(RESUMO) 
 
O Direito das Coisas está inserido no Livro III da Parte Especial do 
Código Civil, abrangendo: 
I. Posse (art. 1.196, CC): exteriorização da propriedade. 
II. DireitosReais (art. 1.225, CC): rol taxativo (numerus clausus) 
1) Direito real sobre coisa própria (jus in re propria) 
a) Propriedade: é o único direito real sobre coisa própria, que confere o 
título de dono. É o mais amplo direito real. Normalmente a propriedade é 
plena ou ilimitada, conferindo poderes de posse, uso, gozo ou fruição, 
disposição e reivindicação. Se este direito sofrer alguma limitação 
surgem os chamados direitos reais sobre a coisa alheia. 
2) Direitos reais sobre coisa alheia (jura in re aliena): é o 
desmembramento do direito real sobre coisa própria. Em regra é temporário, 
uma vez que pelo princípio da elasticidade a coisa tende a voltar à situação 
original: propriedade plena. Subdivide-se em: 
a) Gozo ou fruição: é o desmembramento em relação ao uso da coisa e 
gozo da coisa. Espécies: 
 Enfiteuse (prevista no Código Civil anterior e recepcionada pelo 
atual), superfície, servidão, usufruto, uso e habitação. 
b) Garantia: é o desmembramento em relação à disposição da coisa 
(limita o direito de dispor da coisa); se não cumprida a obrigação o 
credor irá dispor da coisa. Espécies: 
 penhor, hipoteca, anticrese e alienação fiduciária. 
c) Direito real de aquisição: é o desmembramento em relação ao 
direito de aquisição; o titular transmite a propriedade de forma paulatina. 
Espécies: 
 direito do promitente comprador do imóvel (promessa 
irretratável de compra e venda). 
d) Interesse social (Lei n° 11.481/07): Espécies: 
 concessão de uso especial para fins de moradia e concessão de 
direito real de uso. 
 
POSSE 
(arts. 1.196 a 1.227, CC) 
 
Posse é o exercício pleno ou não de alguns dos poderes inerentes à 
propriedade (usar, gozar ou fruir, dispor e reivindicar). 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
5 
Qual a importância do estudo da posse? 
 Posse é a exteriorização da propriedade. Há uma presunção (relativa) 
de que o possuidor é também o proprietário da coisa (embora, muitas 
vezes isso não ocorra, pois pode-se ter a posse sem ser proprietário, como 
veremos logo mais adiante). 
 Posse é uma situação de fato protegida pela lei para evitar a violência e 
assegurar a paz social. Atualmente a doutrina vem evoluindo, adotando 
novas concepções, dando maior ênfase ao caráter econômico e à 
função social da posse. 
 Posse é um fato que está na natureza há muito tempo, enquanto a 
propriedade é algo criado pela sociedade. Os homens primitivos tinham a 
posse de terras e bens; já a propriedade só surgiu muito tempo depois, 
com a organização da sociedade e o desenvolvimento do direito. 
TEORIAS SOBRE A POSSE 
1. Subjetiva (Savigny) 
Poder direto de se dispor fisicamente do bem com a intenção de tê-lo para 
si e de defendê-lo de terceiros. Posse consiste na conjugação dos seguintes 
elementos: 
 Material (corpus): poder físico material sobre a coisa, ou possibilidade 
de exercer este contato. 
 Intenção (animus domini): vontade de ter a coisa para si; de exercer 
sobre ela o direito de propriedade. 
2. Objetiva (Ihering) 
Exerce posse aquele que se comporta objetivamente, como se fosse 
proprietário, imprimindo destinação econômica à coisa (usando, gozando, 
fruindo, etc.). Basta a disposição física ou possibilidade de exercer o contato 
sobre a coisa (dispensa-se a intenção de ser dono). Posse é a exteriorização do 
domínio; o que importa é a destinação econômica do bem. Elemento: 
 Corpus: único elemento visível e suscetível de comprovação. 
TEORIA ADOTADA PELO BRASIL 
Nosso Código adotou a Teoria Objetiva de forma parcial, 
apresentando-se como uma relação entre pessoa e coisa, tendo em vista a 
função socioeconômica desta. Segundo o art. 1.196, CC, considera-se 
possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum 
dos poderes inerentes à propriedade. Portanto, locatário e comodatário são 
considerados possuidores, podendo usar as ações possessórias, até mesmo 
contra o próprio proprietário em certas situações. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
6 
DETENÇÃO (fâmulo de posse: art. 1.198, CC) 
Em algumas situações, ainda que uma pessoa exerça alguns poderes de 
fato sobre a coisa, a lei não o considera como possuidor, mas sim, um simples 
detentor da coisa (trata-se de um estado de fato inferior à posse). Isso decorre 
da situação de dependência econômica ou de vínculo de subordinação 
em relação à outra pessoa. 
Estabelece o art. 1.198, CC que considera-se detentor aquele que, 
achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em 
nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. A doutrina 
também o chama de gestor ou servo de posse. Exemplo clássico: caseiro de 
um sítio. Outros exemplos: motorista particular em relação ao carro do dono, 
bibliotecário em relação aos livros da biblioteca, zelador de prédio, etc. 
Observem que estas pessoas não são possuidoras (no sentido legal do termo) 
uma vez que apenas conservam a posse em nome de outra pessoa, tendo com 
esta uma relação de dependência econômica. O detentor tem apenas posse 
natural, não tem direito a usucapião e não pode invocar as ações possessórias 
a seu favor, pois a detenção, ainda que prolongada, não enseja direitos de 
possuidor. Se o proprietário quiser retirá-lo do bem deve fazer uso de ação de 
reintegração de posse. 
Os atos de mera permissão ou tolerância representam indulgência pela 
prática do ato (ex.: amigo que permite que você vá pescar em um lago que fica 
em sua propriedade), não induzindo posse, nem conferindo direitos (art. 
1.208, 1ª parte, CC). 
 Resumindo: o possuidor exerce um poder de fato em razão de um interesse 
próprio. Já o detentor exerce no interesse de outrem, não podendo invocar as 
ações possessórias. 
Obs.: Há entendimento no STJ no sentido de que a ocupação de área pública 
consiste mera detenção. 
NATUREZA JURÍDICA DA POSSE 
 Questão Polêmica  A doutrina se divide em basicamente três 
correntes. Cada uma com famosos e ferrenhos defensores. A primeira afirma 
que a posse é simplesmente um fato. A segunda corrente afirma que é um fato 
e um direito ao mesmo tempo. Se for considerada em si mesma é um fato. 
Mas se considerada em relação aos efeitos que gera (usucapião e ações 
possessórias), ela se apresenta como um direito. A terceira correte afirma que é 
um direito. Ou, como prefere a doutrina, “um interesse juridicamente 
protegido”, uma vez que é condição da econômica utilização da propriedade. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
7 
A grande maioria de nossos civilistas entende que a posse é um 
Direito. Portanto se algo desse gênero cair na prova oriento a optar pela 
alternativa que a classifica a posse como Direito. Mas o maior problema 
seria: Direito Pessoal ou Direito Real? 
A doutrina é bem dividida! Renomados autores, como a professora Maria 
Helena Diniz, entendem que a posse é Direito Real, uma vez que ela é a 
“visibilidade ou desmembramento da propriedade”. Na posse encontram-se 
todos os caracteres dos direitos reais, tais como: a) exercício direto, sem 
intermediário; b) oponibilidade erga omnes(contra todos); c) incidência em 
objeto obrigatoriamente determinado. Esta é a corrente mais seguida pela 
doutrina. 
Porém outros renomados autores entendem que seria Direito Pessoal, 
uma vez que a posse não figura na enumeração taxativa do art. 1.225, 
CC. Ora, como os Direitos Reais são taxativos (numerus clausus) e a posse não 
se encaixa nesse rol, a posse seria um Direito Pessoal. Esta é a corrente mais 
seguida pela jurisprudência. 
 ATENÇÃO  Como disse o tema é muito controvertido e não deveria 
cair em provas objetivas. Mas já vi cair algumas vezes (todas elas pelo 
CESPE), sendo que a banca entendeu que não se trata de um direito real. 
ELEMENTOS DA POSSE 
Capacidade (pessoa natural ou jurídica), objeto lícito e possível (coisa 
corpórea ou incorpórea), forma livre e relação dominante entre o sujeito e o 
objeto. 
OBJETO 
Todas as coisas que possam ser objeto de propriedade (excluem-se as que 
estão fora do comércio): bens corpóreos ou incorpóreos, móveis ou imóveis, 
principais ou acessórios (se puderem ser destacadas da principal sem alteração 
de sua substância), etc. 
FUNDAMENTO 
 Jus possessionis (posse formal): a pessoa se instala no imóvel e se 
mantém de forma mansa e pacífica. Cria-se situação possessória que 
proporciona proteção à posse (contra terceiros e, em algumas hipóteses, 
contra o proprietário), independentemente de qualquer título. É 
fundado no fato da posse. 
 Jus possidendi (posse causal ou titulada): há uma causa justificando a 
posse. A pessoa possui um título ou outro direito real transcrito 
(enfiteuse, usufruto, etc.), ou contrato (locação, comodato, etc.). 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
8 
 
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE 
 
1) Quanto à extensão da garantia possessória 
a) Posse Direta (ou imediata): exercida por quem detém materialmente a 
coisa; a pessoa mantém o contato direto com a coisa (poder físico imediato). 
Ex.: posse exercida pelo proprietário, locatário, comodatário, etc. 
b) Posse Indireta (ou mediata): exercida por meio de outra pessoa que 
não mantém contato direto com a coisa, pois ela cedeu o uso da coisa para 
outrem. Ex.: proprietário que tem a posse através do inquilino. Nesse caso há 
duas posses paralelas, sendo que uma não anula a outra: a) possuidor 
indireto (proprietário ou locador: é o que cede o uso do bem); b) possuidor 
direto (inquilino ou locatário: é o recebe o bem em virtude do contrato). 
 Portanto, na locação, o locatário tem posse direta e o locador posse indireta, 
temporária e derivada. Uma posse não anula a outra: ambas convivem no 
tempo e no espaço. Ambos podem ingressar com as ações possessórias 
contra uma eventual e injusta perturbação de terceiro. Art. 1.197, CC: A 
posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em 
virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi 
havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o 
indireto. Exemplo: “A” é proprietário de um apartamento e o alugou para “B”. 
Durante a vigência do contrato, “A” invadiu o imóvel, trocou as chaves da porta 
e impediu o acesso de “B”. Nesse caso, “B”, na condição de inquilino e possuidor 
direto, pode defender sua posse contra o possuidor indireto, que é o 
proprietário-locador. 
Atenção!  Embora o art. 1.197, CC regule apenas a possibilidade do 
possuidor direto defender a sua posse do indireto, a recíproca também é 
verdadeira, pois o dono de uma coisa (possuidor indireto) pode ingressar com 
ação contra o possuidor direto para reaver coisa que lhe pertence (ex.: ação 
reivindicatória). Assim, a pretensão possessória pode decorrer tanto da posse 
imediata ou direta sobre o bem (incide imediatamente sobre a coisa corpórea), 
como a mediata ou indireta (decorrente de uma relação jurídica de direito real 
ou pessoal). 
 Concluindo Tanto o possuidor direto como o indireto podem 
defender a posse um contra o outro, reciprocamente, bem como ambos 
contra terceiros. Isso porque a pretensão possessória decorre da posse 
mediata ou imediata sobre o bem. Assim, tanto a posse direta (que incide 
imediatamente sobre a coisa), como a indireta (decorrente de uma relação 
jurídica de direito real ou pessoal), merecem proteção jurídica. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
9 
2) Quanto aos vícios objetivos 
a) Justa: exercida de forma mansa e pacífica, pública e contínua. Isenta de 
vícios originais (art. 1.200, CC): não é violenta, clandestina ou precária. 
Possuidor legítimo é o proprietário ou alguém por ele autorizado ao exercício 
das faculdades do domínio. 
b) Injusta: diz respeito à lesão do direito de propriedade; sua aquisição 
fundou-se em um dos vícios possessórios. A saber: 
 Violência: obtida por meio de força física (vis absoluta) ou moral (vis 
compulsiva) contra o legítimo possuidor. Ex.: esbulho possessório. 
 Clandestinidade: obtida de forma que o antigo possuidor sequer se 
deu conta do ato aquisitivo; às escondidas, às ocultas, de forma traiçoeira, 
sub-reptícia ou sorrateira. 
 Precariedade: obtida com abuso de confiança; tem origem no 
descumprimento da obrigação de restituir, com a quebra da relação de 
confiança havida na origem do desdobramento da posse (ex.: locatário ou 
comodatário que não devolve o bem ao final do contrato). Ela ocorre 
quando o possuidor direto passa a exercer a posse não mais de acordo 
com os interesses do proprietário, mas sim de acordo com seus próprios 
interesses, com a mudança do animus. Ou seja, ela é justa em sua 
origem, mas se torna injusta quando da não devolução. 
 Observações 
 Esbulho: é o ato pelo qual a pessoa é despojada, injustamente, daquilo 
que lhe pertence ou estava em sua posse, por violência, clandestinidade ou 
abuso de confiança. Turbação: é ato injusto ou abusivo que embaraça o 
livre exercício da posse. 
 Os vícios da posse não produzem efeitos erga omnes, ou seja, só podem 
ser alegados pelo possuidor ofendido contra o agressor. 
 A posse, ainda que considerada injusta, continua sendo posse, podendo 
ser defendida contra terceiros, mas não contra aquele de quem se a tirou. 
Nesta hipótese a regra é que se presumem (presunção juris tantum: admite 
prova em contrário) continuarem os mesmos vícios nas mãos dos 
sucessores do adquirente, ainda que estes a recebam de boa-fé (art. 1.203, 
CC). Tem-se a exceção no caso em que o adquirente a título clandestino 
ou violento prova que a sua clandestinidade ou violência cessaram há mais 
de ano e dia (art. 1.208, CC). O mesmo não ocorre com a precariedade, 
pois esta nunca cessa. 
 
 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
10 
3) Quanto ao elemento psicológico (subjetividade) 
a) Boa-fé (art. 1.201, parágrafo único, CC): o possuidor ignora os vícios 
ou os obstáculos que lhe impedem a aquisição da coisa. Há a convicção de que a 
coisa lhe pertence e que está agindo de acordo com a lei. Trata-se da boa-fé 
subjetiva. Art. 1.201, CC: É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, 
ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidorcom justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou 
quando a lei expressamente não admite esta presunção. 
b) Má-fé (art. 1.202, CC): o possuidor tem ciência da ilegitimidade de seu 
direito de posse em razão dos vícios impeditivos de sua aquisição: violência, 
clandestinidade ou precariedade. Art. 1.202: A posse de boa-fé só perde este 
caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir 
que o possuidor não ignora que possui indevidamente. 
 Observações 
 A importância da distinção entre a posse de boa-fé e má-fé reside na 
indenização das benfeitorias, no direito de retenção e indenização de 
deterioração da coisa. 
 A posse de boa-fé perdura até o momento em que o possuidor toma 
conhecimento do vício inicial à aquisição da posse. 
 Toda posse de má-fé é injusta, mas nem toda posse injusta é de má-fé. 
 Para a doutrina clássica o justo título seria o ato formalizado e hábil à 
transferência da posse e da propriedade (ex.: formal de partilha 
registrado). Todavia, a doutrina moderna, à luz do princípio da função 
social mitiga este entendimento, sendo desnecessária a exigência de uma 
escritura formal. Enunciado 303, da IV Jornada de Direito Civil do CJF: 
Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o 
justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não 
materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na 
perspectiva da função social da posse. 
4) Quanto à idade 
a) Nova: menos de um ano e um dia. 
b) Velha: é a que conta com um ano e um dia ou mais. 
 Observação. Esta classificação não está mais no Código Civil. A importância 
dela reside no Direito Processual Civil. Fala-se agora em “ação de força nova” ou 
“ação de força velha”. Para a caracterização de uma ou outra deve-se levar em 
conta o tempo decorrido entre a ocorrência da turbação ou do esbulho e a 
reação do lesado (turbado ou esbulhado). Se ele reagiu dentro do prazo de ano 
e dia, poderá pleitear a concessão de liminar (ação de força nova) para 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
11 
desocupação imediata, nos termos do art. 924, CPC. Passado esse prazo, o 
lesado deve se valer do procedimento ordinário (sem direito à liminar). Por 
outro lado, neste caso, o possuidor, ainda que injusto, posse ser mantido na 
posse até a decisão final do Judiciário. 
Cuidado!  Costuma-se afirmar: “passado o prazo de um ano e dia, a posse 
não é mais injusta”. Isso é errado! Passado esse prazo, a posse continua 
injusta, o que ocorre é que o proprietário-vítima não terá mais direito à liminar 
na ação possessória. 
5) Quanto aos seus efeitos 
a) Ad interdicta: quando molestada pode ser defendida pelas ações 
possessórias, mas impede a aquisição da propriedade por usucapião. Ex.: 
locatário pode defender a posse de turbação ou esbulho, mas não tem direito a 
usucapião contra o proprietário da coisa, em razão do contrato firmado. 
b) Ad usucapionem: prolonga-se por determinado lapso temporal 
previsto em lei, admitindo a aquisição do domínio pela usucapião, desde que 
obedecidos os requisitos legais (que veremos mais adiante). 
6) Quanto à produtividade 
a) Produtiva (posse-trabalho ou pro labore): prática de atos que 
possibilitam o exercício da função social da propriedade (moradia ou 
investimentos econômicos). 
b) Improdutiva: o imóvel não é explorado, tornando-se inútil. 
AQUISIÇÃO DA POSSE 
Adquire-se a posse no momento em que se torna possível o exercício, em 
nome próprio, de qualquer dos direitos inerentes à propriedade (art. 1.204, CC). 
1. Aquisição Originária: decorre unicamente da vontade do adquirente (ato 
unilateral). Não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. 
Espécies: 
a) Apreensão: apossamento unilateral; deslocamento da coisa para o 
domínio do possuidor, ou pelo uso da coisa se for imóvel. Aplica-se: 
 nas coisas de ninguém (res nullius) e abandonadas (res derelictae). 
 nos bens retirados de outrem sem permissão (embora injusta, 
considera-se posse). 
b) Exercício de direito: utilização econômica do direito. Ex.: linha 
telefônica, servidão de aqueduto passada por terreno alheio sem oposição, etc. 
2. Aquisição Derivada: há transmissão da posse do antigo possuidor ao 
novo (ato bilateral), em razão de um título jurídico, conservando o caráter 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
12 
anterior. Pode ser inter vivos (compra e venda) ou causa mortis (sucessão 
hereditária). 
a) Tradição (entrega da coisa): acordo de vontades entre o tradens 
(quem entrega) e o accipiens (quem recebe), podendo ser gratuito (doação) ou 
oneroso (compra e venda). Espécies: real, simbólica e consensual, que serão 
analisadas mais adiante. 
b) Constituto possessório (cláusula constituti): ato pelo qual alguém, 
que possuía um bem (móvel ou imóvel) em nome próprio, passa a possuí-lo 
em nome alheio (art. 1.267, parágrafo único, CC). Ex.: o proprietário de uma 
casa vende este bem, mas o comprador permite que o vendedor continue nela 
residindo (como inquilino ou comodatário), mantendo este a posse direta sobre 
a coisa. Não se presume; a disposição deve estar expressa no contrato. 
c) Acessão temporal: A posse pode ser continuada somando-se o 
tempo do atual possuidor com o dos seus antecessores, facilitando a usucapião. 
Abrange a união (compra e venda, doação) e a sucessão (herdeiros continuam 
a posse em lugar do falecido). Art. 1.206, CC: A posse transmite-se aos 
herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. Art. 1.207, CC: 
O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao 
sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos 
legais. 
Observação. Segundo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não é 
possível a posse de bem público, constituindo a sua ocupação sem aquiescência 
formal do titular do domínio mera detenção de natureza precária. 
Quem pode adquirir a posse (art. 1.205, CC) 
 a própria pessoa que a pretende (desde que capaz) ou seu representante: 
legal (pais, tutores e curadores) ou convencional com poderes especiais 
(mandatário). 
 terceiro, mesmo sem mandato, dependendo de ratificação posterior 
(gestor de negócios). 
EFEITOS DA POSSE 
São as consequências jurídicas produzidas pela posse: 
1. Faculdade de propor ações possessórias (interditos): tem a finalidade 
de defender e proteger a posse. A doutrina classifica as ações em: 
A) Típicas (stricto sensu): a causa de pedir é a própria posse e o requisito 
fundamental é a prova da posse (direta ou indireta). Exige-se a condição de 
possuidor, mesmo que não tenha título. O detentor não tem essa faculdade. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
13 
 Interdito proibitório (arts. 1.210, 2a parte, CC e 932 e 933, CPC) – 
Proteção preventiva da posse, ante a ameaça de turbação ou esbulho, 
desde que haja justo e fundado receio de que estas possam ocorrer. Se a 
ameaça se concretizar no curso do processo a ação se transformará em 
manutenção ou reintegração. 
 Manutençãoda posse (arts. 1.210, CC e 926 a 931, CPC) – Quando há 
turbação, ou seja, ato que atrapalhe, incomode, moleste o livre exercício 
da posse, causando ou não danos (não há perda da posse). Ex.: rompimento 
de cercas, abertura de “picadas”, penetração para extração de lenha, etc. A 
turbação pode ser direta (exercida imediatamente sobre o bem) ou indireta 
(praticada externamente, mas que repercute sobre a coisa, como colocação 
de areia, cascalho ou obstáculos de forma geral em frente à entrada do 
imóvel, impedindo o possuidor de nela ingressar). Também pode ser positiva 
(resulta da prática de atos materiais sobre a coisa) ou negativa (apenas 
dificulta ou embaraça o livre exercício da posse). 
 Reintegração de posse (arts. 1.210 e 1.212, CC e 926 a 931, CPC) – 
Quando há esbulho. O possuidor perde a posse contra a sua vontade 
(violência, clandestinidade ou precariedade). Visa à recuperação da posse. 
Ex.: estranho que invade a casa deixada pelo inquilino; comodatário que não 
devolve a coisa após o término do contrato. 
 Observações 
A distinção básica entre as ações possessórias repousa na 
intensidade da agressão: ameaça, turbação ou esbulho. Em todas elas é 
possível cumular o pedido possessório com o de condenação em perdas e 
danos e a cominação de multa em caso de transgressão da ordem, ou em 
caso de reincidência na turbação ou no esbulho (art. 921, CC). 
O STJ já decidiu diversas vezes que “em sede de ação possessória é 
inviável a discussão a respeito da titularidade do imóvel sob pena de se 
confundir os institutos, ou seja, discutir a propriedade em ação possessória”. 
Se a ação for ajuizada no prazo de um ano e um dia da turbação ou do 
esbulho, a ação possessória é considerada como “força nova espoliativa”, 
cabendo a concessão de liminar inaudita altera parte. Após este prazo a ação 
será de “força velha espoliativa”. Neste caso na cabe liminar e o eventual 
esbulhador permanece na posse até a decisão do juiz no final do processo. 
Quando mais de uma pessoa se disserem possuidoras, será mantida 
provisoriamente aquela que tiver a coisa em suas mãos, se não a obteve de 
forma injusta. 
Havendo perecimento ou deterioração considerável da coisa, o possuidor 
somente terá direito à indenização. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
14 
Fungibilidade: A propositura de uma ação possessória (típica) ao invés 
de outra não obstará que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal 
correspondente àquela cujos requisitos estejam provados (art. 920, CPC). 
Caráter dúplice: se o autor ingressar com uma ação possessória e o réu 
alegar que foi ele o ofendido em sua posse, poderá formular na própria 
contestação os pedidos que tiver contra o autor. Ou seja, não é necessário 
ingressar com a reconvenção (art. 922, CPC). 
B) Atípicas (lato sensu): a posse é tutelada de forma indireta. Estão 
relacionadas com a posse, mas são mais ligadas à propriedade e ao direito de 
vizinhança, analisadas pelo Direito Processual Civil. Alguns autores não 
reconhecem nelas qualquer natureza possessória. 
 Nunciação (ou embargo) de obra nova (art. 934 a 940, CPC): impede a 
continuação de obras no terreno vizinho prejudiciais ou em desacordo com a 
lei ou regulamentos administrativos. Ex.: vizinho que desvia curso de rio ou 
o represa; que abre janela a menos de um metro e meio da linha divisória, 
etc. O objetivo é embargar a obra (impedir sua construção). Não será 
cabível se já estiver pronta ou em fase de conclusão. 
 Dano infecto (arts. 826 a 838, CPC e arts. 1.277, CC): medida 
preventiva baseada no justo receio de que a ruína, vícios de construção ou 
demolição de imóvel vizinho venha a lhe causar prejuízos. Obtém do vizinho 
caução por futuros e eventuais danos. 
 Embargos de terceiro (art. 1.046 a 1.054, CPC): remédio jurídico 
adequado para aquele que não era parte do processo, mas veio a sofrer 
apreensão judicial de seus bens (penhora), pois os mesmos estavam em 
poder de outrem. 
 Imissão de posse: era regulada pelo CPC de 1939. Embora não 
mencionada pela atual legislação, mas entende-se possível seu ajuizamento. 
Se alguém compra um imóvel, obtendo a escritura pública definitiva, mas 
não recebe a posse, em tese não pode ingressar com a reintegração (se 
nunca teve posse do bem não pode ser reintegrado) e nem com ação de 
despejo, pois o ocupante não é locatário. A saída seria ingressar com esta 
ação, pois a pessoa tem o domínio e também deseja a posse. 
2. Autotutela da Posse (art. 1.210, §1°, CC). O Direito, de uma forma geral, 
impede que se faça “justiça com as próprias mãos”. No entanto, admite-se 
exercer, segundo o princípio da proporcionalidade a autodefesa em duas 
hipóteses: 
a) Legítima defesa: possuidor molestado pode reagir incontinenti contra o 
agressor, empregando meios estritamente necessários para manter-se na 
posse. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
15 
b) Desforço imediato: possuidor pode recuperar a posse perdida, 
empregando meios moderados, agindo pessoalmente ou sendo ajudado por 
amigos ou serviçais. 
Observação: os atos de defesa ou de desforço são exceções e devem ser 
usados somente em situações especiais. Não podem ir além do 
indispensável à manutenção ou restituição da posse. Os meios empregados 
devem ser proporcionais à agressão. Eventual excesso acarreta indenização 
pelos danos causados. 
3. Frutos e benfeitorias 
a) Possuidor de boa-fé: tem direito de usar e fruir a coisa e aos frutos 
percebidos. Cessando a boa-fé não tem direito aos frutos pendentes; se 
colhê-los antecipadamente, deve restituí-los, deduzidas as despesas de 
produção e custeio. Deve ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e 
úteis. Caso não o seja, pode reter o bem até o valor destas. Pode levantar 
(jus tollendi) as voluptuárias, desde que não danifique a coisa. Obs.: 
Súmula 335 STJ: “Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia 
à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção”. 
b) Possuidor de má-fé: responde pela perda ou deterioração da coisa, 
ainda que acidental, salvo se provar que de igual modo se teria dado 
estando a coisa na posse do reivindicante. É responsável pelos frutos 
colhidos e percebidos e pelos que, por sua culpa, se perderam. Tem direito 
às despesas de produção e custeio (evitando-se o enriquecimento sem 
causa) e a indenização somente pelas benfeitorias necessárias, nada 
podendo reter ou levantar. 
PERDA DA POSSE 
Ocorre quando cessa, mesmo contra a vontade do possuidor, o poder sobre 
o bem (art. 1.223, CC). Hipóteses: 
1. Abandono: intenção de largar voluntariamente a coisa (renúncia da 
posse). 
2. Tradição (entrega): intenção definitiva de transferir a coisa a outrem. 
Ao mesmo tempo em que é meio aquisitivo da posse para o adquirente, implica 
em perda para o alienante. 
3. Perda da coisa: impossibilidade absoluta de encontrar o bem (anel 
que cai em um rio profundo e caudaloso). 
4. Destruição da coisa: inutilização total decorrente de evento natural 
(inundação, incêndio); perecendo o objeto, extingue-se o direito. 
 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br| Prof. LAURO ESCOBAR 
 
16 
COMPOSSE (ou compossessão) 
Duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios 
sobre a coisa. A posse em comum pode decorrer de contrato (ato inter vivos) 
ou herança (causa mortis). Exemplos: adquirentes de coisa comum; marido e 
mulher em regime de comunhão de bens, coerdeiros antes da partilha, etc. 
Requisitos: pluralidade de sujeitos e coisa indivisa. 
Perante terceiros, os compossuidores procedem como se fossem um 
único sujeito. Cada um pode defender a posse no todo, ainda que 
individualmente. Entre si, a cada um é assegurada a utilização da coisa, 
contanto que não exclua o direito dos demais. Disso decorre que cada um dos 
compossuidores tem legitimidade para ajuizar ação possessória contra atos 
ilícitos de terceiros, assim como contra os demais compossuidores. Estabelece o 
art. 1.199, CC: Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada 
uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos 
outros compossuidores. 
Espécies: 
 Pro indiviso: os compossuidores têm uma parte ideal do bem, sem que 
se saiba qual a parte que compete a cada um. Todos exercem ao mesmo tempo 
os poderes de fato sobre a totalidade da coisa. 
 Pro diviso: embora não haja uma divisão de direito (a coisa permanece 
juridicamente indivisa), há uma divisão de fato para o uso da coisa. Cada 
compossuidor possui uma parte certa e específica. Todos sabem onde se inicia e 
termina sua parte na coisa. Assim, exercem poderes apenas sobre parte da 
coisa definida. Não há previsão expressa do Código em relação a essa espécie 
de composse. 
Atenção  Não confundir posse em comum (composse), em que todos 
têm os mesmos direitos, com a concorrência de posses (posses de natureza 
distintas: posse direta e indireta sobre o mesmo bem). 
Extinção: cessa a composse pela divisão em partes certas do todo ou pela 
posse exclusiva de um dos possuidores sem oposição ou exclusão dos demais. 
 
PROPRIEDADE 
(arts. 1.228 a 1.360, CC) 
 
É o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar, gozar, dispor de um 
bem (corpóreo ou incorpóreo) ou reavê-lo de quem injustamente o possua ou 
detenha. É o mais completo dos direitos subjetivos, sendo o centro do direito 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
17 
das coisas. O atual Código reafirma a função social da propriedade acolhida 
nos arts. 5°, XXIII e 170, III da Constituição Federal. 
Elementos – Direitos (art. 1.228, CC) 
 Uso (jus utendi): faculdade do dono de servir-se da coisa e utilizá-la da 
maneira que entender mais conveniente, sem modificação em sua substância e 
sem causar danos ou incômodos a terceiros (ex.: morar em uma casa). 
 Gozo ou fruição (jus fruendi): recebimento dos frutos (naturais ou 
civis) e utilização dos produtos da coisa (ex.: aluguel). 
 Disposição (jus abutendi ou disponendi): poder de se desfazer da coisa 
a título oneroso (venda) ou gratuito (doação), abrangendo o poder de consumi-
la ou gravá-la de ônus (penhor, hipoteca). 
 Reivindicação (rei vindicatio): possibilidade de mover ações para 
reaver o bem de quem injustamente o detenha ou possua. 
Limitações 
O direito de propriedade não é mais considerado absoluto; vem se 
transformando gradativamente em finalidade social, encontrando limites no 
direito dos outros e em medidas restritivas impostas pelo Estado em favor do 
interesse público. 
1. Constitucionais 
a) O espaço aéreo e o subsolo pertencem ao proprietário do solo, 
até a altura e profundidade que lhes seja útil, dentro das limitações legais. 
O dono do solo é também o dono do subsolo, para construção de passagens, 
garagens subterrâneas, porões, adegas, etc. Prevê o art. 176, CF/88 que os 
recursos minerais e hidráulicos constituirão propriedade distinta da do solo, 
para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o domínio da União. A 
pesquisa e a lavra de recursos minerais (jazidas, minas, etc.) e o 
aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica e monumentos 
arqueológicos, somente podem ser efetuados com autorização ou concessão da 
União. Garante-se ao dono do solo a participação nos resultados da lavra. 
b) Desapropriação por necessidade ou utilidade pública e por interesse 
social (art. 5°, XIV e art. 184, CF/88), mediante prévia e justa indenização em 
dinheiro. 
c) Requisição: uso da propriedade alheia em caso de perigo público 
iminente (art. 5°, XXV, CF/88 e art. 1.228, §3°, CC, parte final) ou em 
circunstâncias especiais, assegurando-se ao proprietário o pagamento de 
indenização posterior, se houver dano. 
d) Confisco de terras onde se cultivem ilegalmente plantas psicotrópicas 
(art. 243, CF/88). 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
18 
e) Os arts. 216, I a V, §§1° a 5°; 23, III e IV e 24, VII , CF/88 colocam 
sob proteção especial do poder público os documentos, obras e locais de valor 
histórico ou artístico, os monumentos e as paisagens naturais notáveis, e as 
jazidas arqueológicas (o proprietário tem o uso e gozo da coisa, mas não a 
disponibilidade, uma vez que sua alienação depende de autorização do 
Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). 
f) Proteção do bem ambiental (art. 225, CF/88 e art. 1.228, §1°, CC). 
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as finalidades 
econômicas e sociais, de modo que sejam preservadas a flora, a fauna, as 
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem 
como seja evitada a poluição do ar e das águas. 
2. Administrativas 
a) Coisas tombadas. 
b) Ocupação de terrenos vizinhos às jazidas. 
c) Restrição sobre floresta (Código Florestal): certas árvores, devido à 
beleza e raridade são imunes ao corte. 
d) Restrições sobre alinhamento ou altura de construções, por razões 
estéticas, urbanísticas ou higiênicas; obrigação de murar terrenos, calçar 
passeios, etc. 
e) Zona de proteção dos aeroportos: proibição de construir acima de certa 
altura, dentro do setor de aproximação de aviões. 
3. Militares 
a) Requisição de móveis e imóveis necessários às Forças Armadas e à 
defesa do povo. 
b) Faixa de até 150 km de largura ao longo das fronteiras (art. 20, §2o, 
CF/88). 
4. Civil. Direito de vizinhança (impede que o vizinho seja prejudicado quanto à 
segurança, sossego, saúde), passagem forçada para imóvel encravado, etc. 
(veremos adiante). 
CLASSIFICAÇÃO 
1. Plena: a pessoa possui todos os elementos da propriedade em suas 
mãos, sem que terceiros tenham quaisquer direitos sobre o bem. 
2. Limitada (restrita): recai algum ônus (hipoteca, usufruto) ou é resolúvel. 
A pessoa abre mão de um ou alguns dos poderes da propriedade em favor de 
outrem. Divide-se em duas partes destacáveis: 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
19 
a) Nua propriedade (domínio direto): corresponde à titularidade; ao fato 
de ser proprietário e ter o bem em seu nome (nu proprietário, senhorio ou 
proprietário direto). 
b) Domínio útil: direito de usar, gozar e dispor da coisa. Uma pessoa é o 
titular do bem (nu proprietário),mas outra tem o direito de usar, gozar e 
até dispor daquele bem (usufrutuário, enfiteuta, etc.). 
Caracteres da Propriedade 
1. Absoluto: o titular pode utilizar o bem como quiser, sujeitando-se 
apenas às limitações legais ou à coexistência do direito de propriedade de 
outros titulares. Tem natureza absoluta, comparado com os direitos pessoais 
puros. Relativiza-se quanto aos direitos da personalidade, aos direitos difusos e 
os interesses da coletividade. 
2. Exclusivo: uma mesma coisa não pode pertencer com exclusividade 
(portanto ressalvado o condomínio, que recai sobre a parte ideal) e 
simultaneamente a duas ou mais pessoas. 
3. Perpétuo: subsiste independente de seu exercício; a propriedade não 
se extingue pelo fato do titular não utilizar a coisa. Só deixa de existir quando 
ocorrer causa extintiva, legal ou voluntária. 
4. Elástico: pode ser distendida ou contraída no seu exercício, conforme 
lhe adicionem ou subtraiam poderes destacáveis (nua propriedade e domínio 
útil). 
Objeto 
Tudo o que não for excluído pela lei: bens móveis e imóveis, corpóreos e 
incorpóreos, etc., desde que tenham valor econômico determinado e sejam 
aproveitáveis pelo homem. 
Proteção: Ações Judiciais 
1. Ação Reivindicatória (art. 95, CPC): retomada da coisa, quando 
terceiros a detenham, dizendo-se donos. Só pode ser usada pelo 
proprietário, ainda que não seja pleno. É a ação do proprietário contra o 
possuidor sem título ou suporte jurídico, mesmo que de boa-fé. 
O autor deve provar: a) o domínio (prova da propriedade: registro); b) 
individualização da coisa: descrição do imóvel com seus corretos e limites e 
confrontações, de maneira a possibilitar sua perfeita localização: c) 
demonstração que a coisa reivindicada está na posse injusta do réu. 
Efeito  faz com que o possuidor restitua o bem com todos os acessórios. Se 
impossível essa devolução por ter perecido a coisa, o proprietário terá direito de 
receber o valor da coisa. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
20 
2. Ação Negatória: defesa do domínio quando o proprietário sofre 
turbação no exercício de seu direito (empregada nos conflitos de vizinhança). 
3. Ação Declaratória: dissipa dúvidas a respeito do domínio. 
4. Ação de indenização proveniente de ato ilícito (ex.: destruição da 
casa em razão de danos provocados por um caminhão desgovernado). 
5. Ação de indenização proveniente de ato lícito (ex.: 
desapropriação). 
PROPRIEDADE RESOLÚVEL 
A propriedade, em regra, tem duração ilimitada. No entanto, em 
determinadas situações a lei admite que se torne temporária (ad tempus). Em 
regra, isso ocorre quando o próprio título de aquisição subordinado a ocorrência 
de uma condição resolutiva ou de um termo final. Ou seja, no próprio título 
de sua constituição já há a previsão de sua extinção. Portanto, há um 
proprietário atual e um proprietário diferido (futuro), com direito eventual à 
propriedade da coisa. Situações: 
a) Ocorrência de fato previsto no contrato (art. 1.359, CC). O próprio 
título constitutivo (contrato) prevê a causa da extinção do direito de 
propriedade: o implemento de condição resolutiva, ou a expiração de prazo 
(termo final). Exemplo: fideicomisso. O testador A (fideicomitente) deixa ao 
legatário B (fiduciário) uma casa até abril de 2040, quando então a propriedade 
será C (fideicomissário), filho de B e não concebido ao tempo da morte de A 
(arts. 1.951 a 1.953, CC). Outro exemplo: retrovenda (art. 505, CC). As 
partes, em um contrato de compra e venda, podem pactuar cláusula no sentido 
de ficar assegurado ao vendedor o direito de recomprar a coisa imóvel vendida, 
no prazo máximo decadencial de 3 (três) anos. Assim, o comprador (atual 
proprietário) já sabe que por força do contrato, o seu direito de propriedade 
será extinto caso o vendedor (antigo proprietário e possível futuro proprietário) 
exerça o direito de recomprar o imóvel. O atual proprietário, durante o prazo de 
3 (três) anos, tem apenas a propriedade resolúvel do imóvel. Se o vendedor não 
exercer o direito de recompra, o direito de propriedade do comprador (atual 
proprietário) deixa de ser resolúvel e se torna perpétuo. Nessas hipóteses, a 
decisão que decreta a extinção do direito de propriedade produz efeitos ex 
tunc (retroage; produz efeitos desde a data da ocorrência do fato causador da 
extinção da propriedade resolúvel). 
b) Ocorrência de fato superveniente não previsto no contrato (art. 
1.360, CC). Nesse caso a extinção do direito de propriedade se dá por fato 
alheio ao título constitutivo, ou seja, de fato não previsto no contrato. É o que 
corre, por exemplo, no caso de desfazimento da venda feita por condômino sem 
dar preferência aos demais condôminos (art. 504, CC) ou na revogação de 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
21 
doação por ingratidão (art. 555, CC). Aqui a decisão que decreta a perda da 
propriedade produz efeitos ex nunc (não retroage; não produz efeitos no 
passado). 
 
DA PROPRIEDADE IMÓVEL 
 
Aquisição: incorporação dos direitos de dono ao titular. Classifica-se em: 
1. Originária: não há transmissão de uma pessoa para outra: acessão e 
usucapião. 
2. Derivada: o domínio transmite-se do anterior titular para o atual. Causa 
mortis: sucessão legítima ou testamentária. Inter vivos: contratos em geral 
(compra e venda de uma casa, seguido de registro). 
ACESSÃO (art. 1.248, CC) 
Direito que o proprietário tem de acrescer aos seus bens tudo o que se 
unir ou incorporar a eles, natural ou artificialmente. Acessão é o aumento do 
volume ou do valor da coisa principal em virtude de um elemento externo. 
Rege-se por dois princípios: a) o acessório segue o principal; b) proibição de 
enriquecimento sem causa. 
Espécies de Acessão 
1. Ilhas formadas por força natural (art. 1.249, CC) – Acúmulo 
paulatino de areia, cascalho e materiais levados pela correnteza, ou de 
rebaixamento de águas, deixando a descoberto e a seco uma parte do fundo. 
Interessam ao direito civil somente as formadas em rios não-navegáveis, por 
pertencerem ao domínio particular. Isso porque as ilhas formadas em rios 
navegáveis são consideradas ilhas públicas, pertencendo ao Estado. Regra: 
traça-se uma linha mediana e imaginária no leito do rio dividindo-o em duas 
partes. A que se forma entre a linha e uma das margens considera-se acréscimo 
ao terreno fronteiro desse mesmo lado. 
2. Aluvião (art. 1.250, CC) – Acréscimo de terras às margens do rio, 
mediante lentos e imperceptíveis depósitos naturais ou desvios das águas 
(aluvião própria). As partes descobertas pelo afastamento parcial das águas 
dormentes, como lagos e tanques, são chamadas de aluvião imprópria. Não 
há indenização aos eventualmente prejudicados. Não se consideram aluvião os 
acréscimos feitos por ação humana. Neste caso, havendo prejuízo, haverá 
indenização. 
3. Avulsão (art. 1.251, CC) – Repentino deslocamento de uma porção de 
terra avulsa por força natural violenta, desprendendo de um prédio e 
juntando-se a outro. O dono do imóvel desfalcado perde a parte deslocada, mas 
pode exigir indenização dentro do prazo decadencial de um ano. Se o dono do 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISASProf. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
22 
imóvel acrescido não pagar a indenização, deve permitir a remoção da parte 
acrescida. 
4. Abandono de álveo (leito do rio – art. 1.252, CC) – Rio seca ou desvia 
seu curso de forma natural e permanente. Mesma solução da formação de ilhas: 
traça-se uma linha mediana imaginária, o álveo abandonado pertencerá aos 
proprietários ribeirinhos das duas margens até o seu meio, sem que os 
proprietários dos terrenos por onde o rio abriu novo curso tenham direito a 
indenização. 
5. Acessões Artificiais (física ou industrial) – Deriva de um 
comportamento ativo do homem (ex.: plantações, construções), possuindo 
caráter oneroso. Submete-se à regra de que tudo aquilo que se incorpora ao 
bem em razão de uma ação, cai sob o domínio de seu proprietário. Aquele que 
semeia, planta ou edifica: 
a) em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, 
adquire a propriedade destes. Fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de 
responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. 
b) em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, 
plantas e construções. Se agiu com boa-fé, tem direito a indenização. 
USUCAPIÃO (arts. 1.238 a 1.244, CC) 
Usucapião (do latim: capio = tomar; usu = pelo uso; tomar pelo uso) é 
uma situação de domínio pela posse prolongada no tempo, independente da 
vontade do titular anterior. Alguém detém a posse de algo com ânimo de dono, 
por certo tempo, sem interrupção e sem oposição e requer ao juiz (por 
advogado) que lhe reconheça a propriedade ou outros direitos reais (ex.: 
servidão predial). Sem posse não há usucapião. A sentença vale como título e 
deve ser registrada no registro de imóveis. Garante a estabilidade e segurança 
da propriedade, fixando um prazo, além do qual não se podem mais levantar 
dúvidas a respeito de ausência ou de eventuais vícios no título de posse, 
solidificando as aquisições e facilitando a prova do domínio. Também é chamada 
de prescrição aquisitiva. 
Requisitos essenciais (comuns a todas as modalidades de usucapião) 
 Posse contínua, mansa e pacífica sobre o bem, exercida ininterruptamente 
(sem intervalos) e sem oposição. 
 Decurso de determinado prazo. 
 Animus domini: a pessoa deve possuir o imóvel como se realmente fosse 
seu, com a intenção de tê-lo para si. A usucapião também é chamada de 
prescrição aquisitiva. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
23 
Não pode ser requerida a usucapião se a situação se enquadrar nas 
hipóteses dos arts. 197 a 202, CC por força do art. 1.244, CC (ex.: entre 
cônjuges na constância da sociedade conjugal, entre ascendentes e ascendentes 
durante o poder familiar, contra absolutamente incapazes, etc.). 
Não podem ser usucapidas: coisas fora do comércio, imóveis com 
cláusula de inalienabilidade, etc. Os bens públicos também não podem ser 
objeto de usucapião (arts. 183, §3° e 191, parágrafo único, CF/88), qualquer 
que seja a sua natureza. 
MODALIDADES 
1. Extraordinária (art. 1.238, CC) 
 Posse exercida de forma mansa e pacífica (ou seja, sem oposição, 
sem contestação de quem tenha legítimo interesse), contínua (sem 
interrupções) e com animus domini (intenção de dono). Se o 
proprietário ingressar com alguma medida judicial, quebra-se a 
continuidade da posse (lembrando que providências extrajudiciais não 
significam “oposição”). 
 Prazo: 15 anos. Reduz-se para 10 anos se o possuidor estabelecer 
no imóvel sua moradia habitual ou realizar obras ou serviços de 
caráter produtivo. 
 Não é necessário provar boa-fé ou justo título. Se adquirida por 
meio de atos violentos ou clandestinos, não induzirá posse, enquanto 
não cessar a violência ou a clandestinidade; se adquirida a título 
precário, jamais se convalescerá. 
 Sentença judicial. 
2. Ordinária (art. 1.242, CC) 
 Posse: contínua, mansa e pacífica (incontestadamente) e com 
animus domini. 
 Prazo: 10 anos. 
 Justo título: ato jurídico que habilita uma pessoa a adquirir o 
domínio da coisa, mas que não produziu efeitos porque: a) o 
transmitente não era o dono da coisa, embora acreditasse sê-lo; b) 
o transmitente não tinha o direito de dispor da coisa ou a transferiu 
por ato nulo; c) houve erro no modo de aquisição (foi adquirido por 
instrumento particular, quando se exige escritura pública). 
 Boa-fé: ignorância de vícios que impediriam a aquisição do domínio. 
 Sentença judicial. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
24 
 Reduz-se para 05 anos: se o imóvel foi adquirido onerosamente, 
com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada 
posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido 
a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e 
econômico. A doutrina chama isso de usucapião tabular (parágrafo 
único do art. 1.242, CC): desta forma protege-se o proprietário 
aparente, isto é, aquele que adquiriu de boa-fé um imóvel, mas que, 
por vícios em sua natureza, teve o registro cancelado. 
3. Especial 
A Constituição Federal, reforçada pelo atual Código Civil, criou outras 
espécies de usucapião, não exigindo, em qualquer delas, justo título ou boa-fé. 
a) Rural (pro labore) – Arts. 191, CF/88 e 1.239, CC. 
 Área não superior a 50 hectares. 
 Posse por 05 anos ininterruptos e sem oposição. 
 Destinado à sua moradia ou de sua família. 
 Não ser proprietário de outro imóvel (rural ou urbano). 
 Tornar a propriedade produtiva por força de seu trabalho ou do de 
sua família. 
b) Urbana (pro moradia ou pro misero). Arts. 183, CF/88 e 1.240, CC. 
 Área não superior a 250 m². 
 Posse por 05 anos ininterruptos e sem oposição. 
 Destinada à sua moradia ou de sua família. 
 Não ser proprietário de outro imóvel (rural ou urbano). 
 Não pode ser reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 
 Observações 
01) A Lei n° 12.424/11 inseriu o art. 1.240-A no Código 
Civil, dispondo: “Aquele que exercer, por 02 (dois) anos ininterruptamente e 
sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250 
m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-
cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia 
ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural”. A doutrina está chamando isso de 
“usucapião especial urbana familiar”. 
02) Segundo entendimento jurisprudencial a prova de quitação de débitos 
tributários (ex.: IPTU) não é considerado como requisito essencial para a 
concessão da usucapião. A obrigação tributária, até a efetiva transferência da 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
25 
propriedade permanece com o antigo proprietário. O novo somente deve ser 
responsabilizado pelos impostos devidos após a transferência da propriedade 
para o seu nome. Portanto, ainda que a pessoa não esteja pagando os ônus 
fiscais poderá requerer usucapião do imóvel. 
Usucapião coletiva e desapropriação 
A Lei n° 10.257/01 (Estatuto da Cidade) a admitequando áreas urbanas 
com mais de 250 m², ocupadas por população da baixa renda para sua moradia, 
por 05 anos, ininterruptamente, sem oposição e com animus domini, onde não 
for possível identificar os terrenos ocupados de cada possuidor e desde que não 
sejam proprietários de outro imóvel, urbano ou rural. Na sentença, o juiz atribui 
igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão 
daquele que cada um ocupe. 
Um proprietário pode ser privado do imóvel que está reivindicando quando 
este consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 
cinco anos, de considerável número de pessoas que nela houverem realizado, 
em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados de interesse 
pessoal e econômico relevante. Assim, mantém-se no bem aquele que lhe deu 
uma função social. Trata-se da desapropriação judicial por posse-trabalho (art. 
1.228, §4°, CC). 
Em ambas as situações há uma busca pelo sentido social da 
propriedade. Diferença: na primeira hipótese a iniciativa é dos habitantes da 
área que ingressam com a ação pedindo o domínio (não há pagamento de 
qualquer indenização). Na segunda ocorre algo parecido com uma 
desapropriação, pois pelo art. 1.228, 5°, CC o juiz fixa uma indenização ao 
proprietário que perde o domínio para a coletividade. 
IMPORTANTE  O exercício da posse durante o período aquisitivo é um fato 
jurídico. Consumado o prazo, há a aquisição da propriedade, que é relação 
jurídica. Assim deve o novo proprietário exercer em juízo a pretensão de 
usucapião, para que seja declarada a existência dessa relação jurídica (art. 
1.241, CC). Sendo o pedido considerado procedente a sentença deve ser levada 
a registro imobiliário como forma originária de aquisição da propriedade, sem 
que incida imposto de transmissão (que é exigível apenas nas aquisições 
derivadas, quando há transmissão da propriedade). A sentença proferida possui 
carga declaratória, porque apenas declara a relação jurídica preexistente. No 
entanto somente com registro é que a pessoa poderá dizer-se proprietária do 
bem para todos os fins de direito. O STJ vem decidindo a matéria da seguinte 
forma (REsp 118.360/SP, Rel. Ministro Vasco Della Giustina): 
“1. A usucapião é modo originário de aquisição da propriedade; ou seja, não há 
transferência de domínio ou vinculação entre o proprietário anterior e o usucapiente. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
26 
2. A sentença proferida no processo de usucapião (art. 941, CPC) possui natureza 
meramente declaratória (e não constitutiva), pois apenas reconhece, com 
oponibilidade erga omnes, um direito já existente com a posse ad usucapionem, 
exalando, por isso mesmo, efeitos ex tunc. O efeito retroativo da sentença se dá desde 
a consumação da prescrição aquisitiva. 
3. O registro da sentença de usucapião no cartório extrajudicial não é essencial para a 
consolidação da propriedade imobiliária, porquanto, ao contrário do que ocorre com as 
aquisições derivadas de imóveis, o ato registral, em tais casos, não possui caráter 
constitutivo. Assim, a sentença oriunda do processo de usucapião é tão somente título 
para registro e não título constitutivo do direito do usucapiente, buscando este, com a 
demanda, atribuir segurança jurídica e efeitos de coisa julgada com a declaração formal 
de sua condição”. 
Registro – Transcrição (art. 1.227, CC) 
Quando se realiza um contrato constitutivo de direitos reais sobre imóveis 
(compra e venda de uma casa), inicialmente deve-se fazer uma escritura 
pública. Mas a transmissão da propriedade do imóvel somente ocorre com o 
registro da transferência no registro de imóveis (transcrição). Uma vez 
realizado o registro, enquanto não for declarado judicialmente como inválido e 
cancelado, permanece o adquirente como dono do imóvel. Vale a partir da data 
da prenotação, ou seja, quando o título é apresentado ao oficial do Registro. 
Enquanto não houver o registro, o alienante continua como dono do imóvel 
(quem não registra não é dono). Por isso, logo que se compra um imóvel deve-
se registrá-lo em seu nome impedindo que o vendedor o aliene, maliciosamente, 
uma segunda vez. 
A matrícula é o primeiro registro do título, individualizando o imóvel com 
um número que sempre o acompanhará. As alienações posteriores são 
registradas na mesma matrícula. O registro é o ato que efetivamente acarreta 
a transferência da propriedade. Já a averbação é a anotação feita à margem do 
registro, indicando as alterações ocorridas no imóvel. 
O efeito principal do registro do título é o constitutivo, pois sem ele o 
direito de propriedade não nasce. Os demais efeitos: obrigatoriedade, 
legalidade, publicidade, força probante e continuidade. 
O registro não é imutável. Caso não represente a verdade, poderá ser 
retificado ou até mesmo anulado a pedido do interessado. Como se admite 
prova em contrário, o registro do título aquisitivo possui apenas uma 
presunção relativa (juris tantum) de que aquele que tem o seu nome 
registrado como titular da propriedade é realmente seu proprietário. 
 
 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
27 
DIREITO HEREDITÁRIO 
Forma de transmissão derivada da propriedade que se dá causa mortis, 
em que o herdeiro (legítimo ou testamentário) ocupa o lugar do de cujus em 
todos os seus direitos e obrigações. Com a abertura da sucessão (morte do 
proprietário), a herança se transmite, de imediato, aos herdeiros. Estes são 
considerados, num primeiro momento, condôminos dos bens herdados. 
Realizado o inventário e a partilha é expedido o formal de partilha, a ser 
transcrito no registro de imóveis. Após isso cada herdeiro adquire a propriedade 
individual dos imóveis da herança. 
PERDA (enumeração exemplificativa – art. 1.275, CC) 
1. Alienação – Transmissão voluntária do direito sobre a coisa para outra 
pessoa. Pode ser onerosa (compra e venda, troca ou permuta) ou gratuita 
(doação). É indispensável o registro do título transmissivo no registro de 
imóveis. 
2. Renúncia – Ato unilateral pelo qual o proprietário declara expressamente 
o intuito de abrir mão de seu direito sobre a coisa. Também é indispensável o 
registro do ato renunciativo no registro de imóveis (ex.: renúncia da herança). 
3. Abandono – Ato unilateral em que o proprietário deixa a coisa com a 
intenção de não tê-la mais para si (res derelictae). Não precisa ser expresso. 
Abandonada, qualquer pessoa pode ocupá-la, adquirindo a propriedade por 
usucapião. Nesse tópico, convém a transcrição do art. 1.276, CC: “O imóvel 
urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar 
em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser 
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do 
Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições. 
§1° O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, 
poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à 
propriedade da União, onde quer que ele se localize. §2° Presumir-se-á de modo 
absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de 
posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais”. 
4. Perecimento – Perda do objeto. Extinto o objeto ocorre a extinção dapropriedade (não há direito sem objeto). Pode se dar de forma natural (avanço 
irreversível do mar, terremoto) ou por força humana (incêndio provocado, 
destruição intencional). 
5. Confisco – Cultura ilegal de plantas psicotrópicas (art. 243, CF/88: 
proprietário não será indenizado). 
6. Usucapião – Se alguém ganha o direito de propriedade pela usucapião, 
outrem a perde. O simples não-uso não determina a perda da propriedade. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
28 
7. Requisição – Permite à autoridade competente o uso da propriedade 
particular até onde o interesse público o exigir (art. 1.228, §3°, CC), em caso de 
perigo público iminente (ex.: guerra). Será definitiva se recair sobre objeto 
de consumo (ex.: alimentos) e temporária quando se limitar a utilização e 
posterior restituição da coisa ao proprietário (veículos ou imóveis). Garante-se 
ao proprietário direito à indenização posterior, se houver dano. 
8. Desapropriação – Procedimento pelo qual o Poder Público, por ato 
unilateral, despoja alguém de um bem, por necessidade pública, utilidade 
pública ou interesse social, adquirindo-o mediante indenização prévia e justa, 
pagável em dinheiro ou, se o sujeito passivo concordar, em títulos da dívida 
pública (art. 5°, XXIV, CF/88). Ressalva-se à União o direito de desapropriar 
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, para fins de reforma 
agrária. Com a desapropriação o bem perde a categoria de bem particular, 
passando ao domínio público, sujeitando-se, portanto, ao regime jurídico de 
direito público. 
 Necessidade pública: tem por principal característica uma situação de 
urgência, cuja melhor solução será a transferência de bens particulares 
para o domínio do Poder Público. 
 Utilidade pública: se traduz na transferência conveniente da propriedade 
privada para a Administração. Não há o caráter imprescindível nessa 
transferência, pois é apenas oportuna e vantajosa para o interesse 
coletivo. 
 Interesse social: é uma hipótese de transferência da propriedade que 
visa melhorar a vida em sociedade, na busca da redução das 
desigualdades (função social da propriedade). 
 
DA PROPRIEDADE MÓVEL 
 
Aquisição e perda 
Quando alguém adquire a propriedade mobiliária, outrem a perde. Assim, 
analisa-se a aquisição e a perda em um só momento. 
1. Originário 
a) Ocupação (art. 1.263, CC) – Assenhoramento de coisa móvel 
(abrange os semoventes), ainda não apropriada (res nullius) ou abandonada 
(res derelictae). Espécies: 
 Ocupação propriamente dita  tem por objeto seres vivos (caça ou 
pesca, obedecendo a legislação específica) ou coisas inanimadas. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
29 
 Descoberta – Quem encontra coisa móvel perdida, não se torna 
proprietário. Deve restituí-la ao dono ou possuidor. Não o conhecendo 
deve entregá-la à autoridade competente. Apresentando-se o dono e 
comprovada a propriedade, o descobridor tem direito a recompensa, 
chamada achádego (não pode ser inferior a 5% do valor da coisa), 
acrescida das despesas com a conservação e transporte. O proprietário, 
ao invés de pagar a importância, pode abandonar a coisa e o 
descobridor pode adquirir a sua propriedade. 
 Tesouro – Depósito antigo de moedas ou outras coisas valiosas, 
enterrado ou oculto, de cujo dono não haja memória. Regras: 
- Pessoa encontra tesouro em imóvel de sua propriedade: o bem 
pertence somente a ela. 
- Pessoa acha tesouro em terreno alheio, onde intencionalmente o 
procurava sem permissão do proprietário: o bem pertence 
somente ao dono do terreno. 
- Pessoa acha tesouro casualmente em terreno alheio: divide-se o 
tesouro em partes iguais - metade para o dono do prédio e metade 
para quem o achou. 
b) Usucapião – O fundamento é o mesmo dos bens imóveis, exceto 
quanto aos prazos: 
 Extraordinária (art. 1.261, CC): basta a posse mansa, pacífica e 
contínua por 05 anos, mesmo que sem justo título ou boa-fé. 
 Ordinária (art. 1.260, CC): alguém possui a coisa como sua coisa 
com base na boa-fé e justo título durante 03 anos, de forma 
ininterrupta e sem oposição. 
2. Derivada 
a) Tradição (art. 1.267, CC) – Entrega da coisa ao adquirente, com a 
intenção de lhe transferir o domínio. Espécies: 
 Real: entrega efetiva e material da coisa. 
 Simbólica: representada por atos que indicam a transmissão da 
posse (entrega das chaves do carro). 
 Consensual: 
- Traditio longa manu: a coisa é posta à disposição do 
adquirente, por ser impossível a entrega manual (máquinas de 
grande porte ou grande área de terra posta à disposição do 
comprador). 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
30 
- Traditio brevi manu: o adquirente já era o possuidor da coisa 
e se torna proprietário (locatário que compra o bem). 
Observação. As duas faces da moeda: a) na traditio brevi manu ocorre 
quando aquele que possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio; 
b) no constituto possessório (cláusula constituti) aquele que possuía em nome 
próprio passa a possuir em nome alheio. 
b) Especificação (art. 1.269, CC): transformação de uma coisa móvel em 
espécie nova, pelo trabalho ou indústria do especificador, desde que não seja 
possível reduzi-la à sua forma primitiva (esculturas, lapidação de pedras 
preciosas). 
c) Confusão, comistão e adjunção (arts. 1.272 a 1.274, CC): coisas 
pertencentes a pessoas diversas se mesclam ou se misturam de forma a 
impossibilitar a separação. 
 Confusão: mistura entre coisas líquidas (água e vinho; álcool e 
gasolina). 
 Comistão: mistura de coisas sólidas ou secas (areia, cal e cimento; 
trigo e glúten). 
 Adjunção: justaposição de uma coisa a outra (tinta em relação à 
parede). 
Se a mistura não foi autorizada e for possível a separação sem 
deterioração, cada coisa continua a pertencer ao seu dono. 
Se a mistura foi involuntária e for impossível a separação (ou se exigir 
dispêndio excessivo), a coisa permanece indivisa, ocorrendo um condomínio 
necessário. Neste caso cada um dos donos terá quinhão proporcional ao valor 
da coisa com que entrou para a mistura. Se uma das coisas puder ser 
considerada principal em relação às outras, o domínio da espécie nova será 
atribuído ao dono da principal, tendo este a obrigação de indenizar os demais. 
Se a mistura for promovida de má-fé a outra parte poderá optar por 
adquirir o todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for 
devida, ou então renunciar ao que lhe pertence, sendo indenizado. 
d) Sucessão hereditária – herança ou legado. 
 
PROPRIEDADE EM CONDOMÍNIO 
 
Em regra um bem pertence a uma pessoa. Mas o mesmo bem pode 
pertencer a mais de uma pessoa. Quando isso ocorre trata-se do condomínio. 
Genericamente podemos defini-lo como sendo a sujeição de uma coisa (divisível 
ou indivisível) à propriedade simultânea e concorrente de mais de uma pessoa 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 10 – DIREITO DAS COISAS 
 Prof. Lauro Escobar

Continue navegando