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Aula 03 Institutos do direito Cambiário (1)

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TÍTULOS DE CRÉDITO 
AULA 03
INSTITUTOS DO DIREITO CAMBIÁRIO
Na doutrina, o estudo dos vários tipos de títulos de crédito se inicia com a letra de câmbio, pois, além de ser o título de crédito mais antigo de que se tem notícia, nela é possível a presença de todos os institutos jurídicos do Direito Cambiário, como saque, aceite, endosso, aval, vencimento, pagamento etc., que, por sinal, estão previstos na norma que disciplina esse título de crédito.
Pode-se afirmar que os institutos cambiários que serão estudados a seguir, em grande medida, estão previstos no Decreto n. 57.663/66 – Lei Uniforme – LU, em especial na parte que cuida da letra de câmbio. Porém, sempre que for o caso, serão apontadas outras normas que integram o estudo.
SAQUE
No Direito Cambiário, saque é o ato de CRIAÇÃO DO TÍTULO de crédito, ou seja, é a EMISSÃO DO TÍTULO.
Se for o caso de saque de um título considerado ordem de pagamento, ele cria três figuras: sacador, sacado e tomador (p. ex., o cheque e a letra de câmbio).
No entanto, se for o caso de promessa de pagamento, haverá apenas duas figuras (LU, art. 3º). No caso de nota promissória, terá a figura do sacador, que é ao mesmo tempo sacado, e a figura do tomador, ou seja, tem-se o sacador-sacado e o tomador. Tratando-se de duplicata, o sacador é simultaneamente tomador e a outra figura é o sacado, ou seja, tem-se o sacador-tomador e o sacado, podendo-se dizer que isso acontece também na hipótese de cheque para si próprio.
O saque gera o efeito de vincular o sacador ao pagamento do título de crédito.
Após o ato do saque, e a partir do vencimento, o beneficiário (tomador/credor) está autorizado a procurar o sacado para poder receber a quantia mencionada no título (atendidas determinadas condições, como o advento do vencimento e o prévio aceite do sacado).
Diante do exposto, é o sacado quem se encontra na posição de destinatário da ordem de pagamento. É ele, a princípio, quem deverá pagar o título. No entanto, o sacador é codevedor, e assim, se o sacado não pagar o título, o sacador (emissor) terá de pagá-lo (LU, art. 9º).
ACEITE
Aceite é o ato realizado pelo sacado que consiste na concordância em efetuar o pagamento do título de crédito.
Concordar significa aceitar a ordem de pagamento. 
A formalização do aceite ocorre por meio da simples assinatura na frente (anverso) do título de crédito, mas também pode ser feito no verso. O aceite é identificado no título de crédito pela expressão “aceito” ou outra equivalente (LU, art. 25).
O simples fato de um título de crédito ser emitido e endereçado ao sacado não significa que ele está obrigado a aceitá-lo para, posteriormente, pagá-lo. O aceite é necessário para que o sacado fique obrigado ao pagamento.
Como regra geral, vale o fato de que nenhuma razão obriga o sacado a aceitar o pagamento do título de crédito. Se, por acaso, o sacado for devedor do sacador ou tomador em outra obrigação (p. ex., em um contrato de compra e venda), existem outros remédios jurídicos para se efetuar a cobrança.
Desse modo, o aceite é um ato de livre e espontânea vontade Por isso, a recusa do aceite é um comportamento lícito por parte do sacado. Ele deve ser dado até o vencimento do título (LU, art. 21).
Quem leva o título para ser aceito pelo sacado é o tomador. A função do aceite é proteger os direitos do tomador.
Como efeito da recusa do aceite temos a antecipação do vencimento do título (LU, art. 43).
De acordo com a lei do cheque, o aceite não é possível nesse tipo de título de crédito em razão da dinamicidade da atividade bancária e do comércio e também devido ao grande volume de cheques emitidos e compensados diariamente. Se, para cada um desses cheques, o banco tivesse que dar o aceite,isso, em grande medida, inviabilizaria a sua maciça utilização (poder-se-ia entender que, no caso do cheque, o aceite é implícito ao próprio instituto, pois ele é dado pelo banco em razão da abertura da conta e do fornecimento do talão de cheques).
Na letra de câmbio, o devedor principal é o aceitante (sacado), e, de início, é ele que deve ser procurado para honrar o pagamento do título. Apenas na recusa do pagamento pelo aceitante é que o tomador poderá procurar o sacador (emissor) para cobrar o pagamento.
É possível a inclusão de uma cláusula de não aceitação, cujo título só poderá ser apresentado ao sacado para pagamento diretamente, sem prévio aceite (LU, art. 22).
Ressalta-se que, na letra de câmbio, o sacador poderá ou não fixar um prazo para que o tomador apresente o título ao sacado, para que este possa efetuar o aceite (LU, art. 22). O sacado pode pedir que o título seja apresentado novamente no dia seguinte (LU, art. 22), sendo essa prática conhecida como PRAZO DE RESPIRO, muitas vezes necessário para que o aceitante possa avaliar e/ou realizar consultas sobre a aceitação ou não do título.
ACEITE LIMITATIVO E MODIFICATIVO
O aceite pode ser parcial.
Por sua vez, o aceite parcial pode ser um aceite limitativo (quando o aceitante concorda em pagar apenas uma parte do título) ou um aceite modificativo (quando o aceitante altera qualquer dado existente no título, como a data de vencimento ou o local de pagamento).
Ambos os aceites (limitativo e modificativo) acarretam o vencimento antecipado do título e obriga o aceitante aos exatos termos por ele delimitados no aceite parcial (LU, art. 26).
ENDOSSO
Endosso é o ato de transferir o crédito representado por título à ordem.
De acordo com o art. 14 da LU, o endosso transfere todos os direitos do título. 
ENDOSSANTE, por sua vez, é a denominação dada a quem efetua a transferência, e ENDOSSATÁRIO é quem recebe essa transferência. 
O endosso é um ato próprio do Direito Cambiário. Apenas o credor pode endossar. E, como regra geral, o endosso é feito antes do vencimento, pois quando o título vence normalmente se cobra o valor correspondente. 
São efeitos do endosso:
(i) a transferência do crédito, deixando o endossante de ser credor;
(ii) a vinculação do endossante ao título, agora na condição de coobrigado/codevedor (isso porque com o endosso o credor passa a ser o endossatário, à luz do art. 15 da LU).
Em regra, não há limites para o número de endossos, ou seja, um título de crédito não tem limitação quanto ao número de transferências. Uma exceção é o caso do cheque.
No caso de cheque, ele admite apenas um endosso, conforme o art. 17, I, da Lei n. 9.311/96 – conhecida como Lei da CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira.
Existem divergências sobre a atual vigência desse dispositivo legal, por exemplo, que o tributo em si não existe mais. Mas a limitação poderia ser explicada pela intenção do governo federal (à época da instituição do referido tributo) em aumentar a arrecadação por meio desse tributo, pois, do contrário, o cheque poderia demorar mais para ser levado à compensação, haja vista a possibilidade de haver inúmeros endossos.
Conforme o art. 13 da LU, o endosso deve ser escrito no título ou em uma folha anexa ao título (mas não separada). Quando não identificar o endossatário, deverá ser feito no verso, para isso, basta a simples assinatura. Se for feito na frente do título, além da assinatura do endossante, deverá ter a identificação de que se trata de um endosso.
Como novo credor, o endossatário poderá efetuar o protesto (tema que será estudado adiante) do título de crédito.
Mas sobre esse ponto, vale ter em conta a Súmula 475 do STJ: “Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas”.
O endosso só é possível para créditos decorrente de título “à ordem” (essa é uma cláusula tácita nos títulos de crédito, mas pode constar expressamente), conforme o art. 11 da LU. A cláusula “à ordem” significa que o título pode ser negociado e transferido livremente. 
Se o título de crédito tiver a cláusula “não à ordem”, ele apenas poderáser transferido mediante cessão de crédito (LU, art. 11).
ENDOSSO VERSUS CESSÃO DE CRÉDITO
Como já foi estudado, o endosso e a cessão de crédito são formas de transmissão de crédito. 
Entretanto, há algumas distinções entre os dois institutos, devendo ficar registrado que o endosso é a forma de transmissão própria dos títulos de crédito. 
A princípio, aquele que transmite o título (o endossante) responde pela insolvência do devedor (caso este não pague) e pela existência do crédito/idoneidade do título (p. ex., ser o título verdadeiro). 
Já a cessão de crédito é utilizada para transferir qualquer tipo de crédito (em geral, originado de contrato, mas excepcionalmente pode ser usada para título de crédito, como acontece quando possui cláusula “não à ordem”). 
Em geral, na cessão de crédito, quem transfere o crédito (o cedente) responde apenas pela existência do crédito (p. ex., ser o título verdadeiro), mas não responde pela insolvência do devedor (na hipótese deste não pagar), conforme a previsão dos arts. 295 e 296 do Código Civil.
Outra diferença entre o endosso e a cessão de crédito ocorre em relação à ciência do devedor.
No endosso, não é necessário que o devedor seja comunicado sobre a transmissão. Já na cessão de crédito, é necessário comprovar que o devedor está ciente do ato de transmissão, conforme o art. 290 do Código Civil.
O devedor, no caso de endosso, ao ser executado pelo endossatário (credor), não poderá defender-se alegando matéria decorrente da relação com o endossante, em razão do princípio da autonomia e da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé (LU, art. 17). Por exemplo, tentar defender-se alegando que não vai pagar o título porque o endossante não cumpriu o estabelecido em um contrato que originou a emissão do título.
No entanto, quando se tratar de cessão de crédito, o devedor, ao ser executado pelo cessionário, poderá defender-se alegando matéria da sua relação com o cedente, conforme prevê o art. 294 do Código Civil. Por exemplo, se houve um problema na relação firmada entre o devedor e o cedente que poderia ter como consequência o não pagamento do título, isso poderá ser também alegado contra o cessionário.
O endosso é mais simples e ágil para as relações cambiárias e empresariais, pois facilita e amplia as alternativas de transferência e recebimento do crédito, sendo também mais seguro ao credor endossatário.
ESPÉCIES DE ENDOSSO
Aqui cabe ressaltar que, em matéria de transmissão dos títulos de créditos, existem algumas espécies de endosso que estudaremos a seguir. Muitas vezes utiliza-se a expressão “ENDOSSO TRANSLATIVO” em vez de tão somente “endosso”, sendo que ambos têm o mesmo significado; explicitando que “translativo” tem o sentido de transferir.
Por exemplo, endosso translativo em preto ou endosso em preto.
Endosso EM PRETO – é aquele que identifica o endossatário (quem recebe o crédito).
Endosso EM BRANCO (ou ao portador) – não identifica o endossatário. Com isso, torna-se um título ao portador, ou seja, o credor é aquele que tiver a sua posse (LU, art. 12); o endossatário poderá transferir o título por mera tradição, não ficando coobrigado.
ENDOSSO-CAUÇÃO (OU PIGNORATÍCIO) – acontece quando o título é dado como garantia, como em caso de penhor (por ser o título considerado um bem móvel, pode ser penhorado). Nessa hipótese, não se transfere a titularidade definitiva do crédito ao endossatário, salvo se não cumprir a obrigação garantida (LU, art. 19).
ENDOSSO-MANDATO (ou procuração ou impróprio) – é aquele que não transfere a titularidade do crédito, apenas dá legitimidade ao seu possuidor (que é um mandatário; procurador) para que efetue o recebimento do crédito. Tem efeitos de uma procuração (LU, art. 18). Por isso, este tipo de endosso não pode ser tido como translativo.
Acerca do endosso-mandato é a Súmula 476 do STJ: “O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário”.
Endosso sem garantia – cuida-se daquele que proíbe outros endossos após ele, o que desobriga o endossante quanto ao pagamento a outras pessoas caso haja transferências subsequentes (LU, art. 15).
Endosso posterior ao vencimento (póstumo) – é aquele realizado depois da data de vencimento do título, tendo os mesmos efeitos do endosso realizado anteriormente ao vencimento (o que é mais comum).
Mas, se o endosso se der posteriormente ao “protesto por falta de pagamento”, ele produzirá apenas efeitos de uma cessão de crédito (LU, art. 20).
Não é possível realizar endosso parcial. O endosso parcial é nulo, conforme prevê o art. 12 da LU.
Cláusula “não à ordem”:
A letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula à ordem, é transmissível por via de endosso. Isso significa que a letra de câmbio tem implícita a cláusula “à ordem”. 
Para que o título não circule sob as regras do direito cambiário, é necessária a inclusão expressa da cláusula “não à ordem”. A cláusula “não à ordem” proíbe o endosso, mas não impede a transmissão do direito contido no título. 
Com a inclusão da cláusula “não à ordem”, a transferência da letra poderá ocorrer, mas, em relação àquele que inseriu a cláusula “não à ordem”, estarão ausentes os efeitos cambiais naturais do endosso. Os endossos subseqüentes terão os efeitos de cessão civil de crédito em relação àquele que inseriu a cláusula “não à ordem”.
Podem inserir a cláusula não à ordem: o sacador ou o endossante.
Endosso tardio ou póstumo
É o endosso dado após o vencimento do título. Em regra, o endosso tardio tem os mesmos efeitos do endosso comum (dado antes do vencimento do título). Todavia, produz os efeitos de uma cessão ordinária de crédito o endosso nas seguintes hipóteses:
	quando for posterior ao protesto por falta de pagamento; ou
	dado depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto.
O endosso que não contém data – presume-se dado antes do protesto do título. Mas, essa presunção é relativa, admitindo prova em contrário.
AVAL
O aval é uma obrigação firmada por terceiro (avalista) que garante o pagamento do título, caso o devedor (avalizado) não o cumpra.
O avalista é responsável tanto quanto o seu avalizado. Se o avalista tiver que honrar a obrigação diante da falta de pagamento do devedor-avalizado, ele tem o direito de voltar-se, em regresso, contra o avalizado para reaver o respectivo valor.
Na prática, o aval ocorre pela assinatura do avalista mais a identificação “bom para aval” ou outra expressão equivalente (p. ex., “por aval”). A assinatura pode constar na frente ou no verso no título, bem como em folha anexa, mas não separada (LU, art. 31). 
Pode ser avalizado o sacador, o sacado ou endossante(s). O avalista deve indicar quem está avalizando, pois, do contrário, será entendido que está garantindo o sacador (LU, art. 31).
AVAL VERSUS FIANÇA
Semelhante à fiança, o aval é uma forma de garantia. Tanto a fiança quanto o aval são garantias fidejussórias, ou seja, garantias com vínculo subjetivo, de natureza pessoal, realizadas tendo como base a confiança. Não são garantias reais, como a hipoteca e o penhor, em que há um direito real sobre a propriedade, uma vez que, nestes casos, o bem é dado em garantia.
No entanto, existem algumas distinções entre o aval e a fiança, em relação às formas de garantia fidejussórias, nos termos a seguir explicitados.
O aval é uma garantia cambial (do Direito Cambiário) e autônoma com relação à obrigação do avalizado, isto é, a invalidade da obrigação principal não invalida a obrigação do avalista (LU, art.32).
Já fiança é uma garantia não cambial (garantia comum do Direito Civil) e acessória com relação à obrigação do afiançado, isto é, se houver a invalidade da obrigação principal – p. ex., locação –, a obrigação do fiador, que é acessória, ficará invalidada (CC, art. 837).
Além disso, o fiador tem direito ao “BENEFÍCIO DE ORDEM”, o que significa que, primeiro, deve-se tentar cobrar o afiançado,e depois, somente em caso de insucesso, é que se irá cobrar o fiador (CC, art. 827).
Por sua vez, o avalista não tem esse benefício legal (LU, art. 32).
Um detalhe curioso é que, nos contratos de locação imobiliária, tem sido utilizada uma cláusula em que o fiador renuncia (“abre mão”) do benefício de ordem, sendo que a jurisprudência vem confirmando como válido o exercício dessa faculdade, que, inclusive, está prevista no art. 828, inc. I, do Código Civil de 2002, e já era prevista no art. 1.492, inc. I, do Código Civil de 1916.
ESPÉCIES DE AVAL
O aval se divide em algumas espécies, quais sejam total, parcial, em branco e em preto.
Aval total ou completo é aquele que garante de modo integral o valor do título de crédito.
Em contrapartida, aval parcial é aquele que se restringe a garantir apenas uma parte do valor do título. 
Vale destacar que o Código Civil, art. 897, parágrafo único, veda o aval parcial. Porém, isso afronta o art. 30 da Lei Uniforme, que prevê que o aval pode ser dado no todo ou em parte do valor do título. Em razão de a lei especial prevalecer sobre a lei geral, o aval parcial é possível.
Por sua vez, o aval em branco é aquele que não identifica o avalizado, e, nesse caso, conforme dispõe o art. 31 da LU, o sacador será considerado o avalizado.
Por fim, aval em preto é aquele que identifica quem está sendo avalizado, podendo ser o sacador, o sacado ou um dos endossantes.
Aval SUCESSIVO x Aval SIMULTÂNEO:
Aval Simultâneo: é aquele dado em conjunto, por duas ou mais pessoas, em relação a uma mesma obrigação.
Se um dos avalistas simultâneos pagar o título, este poderá exigir:
- do avalizado - o montante integral da obrigação; ou
- dos demais avalistas simultâneos - a proporção de seus avais.
Aval Sucessivo: ocorre quando a obrigação de um avalista é garantida também por aval. Quer dizer: alguém avaliza um avalista. Nesse caso tem estar expresso que o aval é a favor de outro avalista, senão o aval será simultâneo.
	Existe subsidiariedade nas obrigações – Primeiro executa-se o patrimônio do 1o avalista (que recebeu aval em sucessão de outro). Somente depois, executa-se o patrimônio do seu avalista sucessivo.
SÚMULA do STF: “Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos”.
VENCIMENTO
Vencimento é o advento pelo qual o crédito se torna exigível.
Antes do vencimento de um título de crédito, o devedor não está obrigado a efetuar o pagamento do respectivo valor. E, se quiser fazê-lo, necessitará do consentimento do credor, pois este não está obrigado a receber antes do vencimento (LU, art. 40).
Com isso, pela regra, o título só pode ser cobrado no seu vencimento. Porém, existem algumas exceções, nas quais o título poderá ter seu vencimento antecipado: aceite parcial, recusa do sacado em firmar o aceite, falência do sacado ou falência do sacador.
ESPÉCIES DE VENCIMENTO
Existem várias espécies de vencimento. De acordo com o art. 33 da LU, os vencimentos podem ser: 
Vencimento à vista – o vencimento acontece no dia da apresentação do título ao devedor para que este faça o pagamento (LU, art. 34).
Vencimento a prazo (dia fixado/certo) – o dia de apresentação ao devedor para pagamento é fixado previamente pelo emissor (LU, art. 37), recebendo o nome popular de pré-datado.
Vencimento a certo termo de data – é um prazo fixado pelo sacador que começa a correr a partir da data de emissão do título (por exemplo, 30 dias após o dia de emissão) (LU, art. 36).
Vencimento a certo termo de vista – é um prazo fixado pelo sacador a contar da data do aceite do sacado (por exemplo, 30 dias após a data de aceitação do título) (LU, art. 35).
> Quando não houver indicação do vencimento, o título será considerado à vista.
PAGAMENTO
Pagamento é a forma mais comum de adimplemento e extinção das obrigações. Trata-se do cumprimento ordinário. Mas existem outras que são tidas como de cumprimento extraordinário da obrigação, como a novação, a confusão, a dação etc. 
O pagamento é a quitação do débito. Um título de crédito pago é um título quitado. 
Destaca-se que o pagamento do título de crédito deve ser feito mediante a sua apresentação e entrega ao devedor (LU, art. 38). 
Nas obrigações decorrentes de títulos de crédito, é o credor quem deve ter a iniciativa de procurar o devedor em seu domicílio para buscar a satisfação do pagamento. A isso se denomina dívida/obrigação QUERABLE (QUESÍVEL). Ao contrário, na dívida/obrigação portable (portável), a iniciativa é do devedor em satisfazer o pagamento.
Efeitos da não-apresentação – O portador que não apresentar a letra para pagamento, seja qual for a modalidade de prazo de vencimento, na época determinada, perde, em conseqüência, o direito de regresso contra o sacador, endossadores e respectivos avalistas. Expirado o prazo de apresentação para pagamento, o portador somente terá direito de ação contra o aceitante (e respectivo avalista).
Em consequência de o título ser documento essencial para o exercício do direito, a sua posse em mãos do devedor presume o pagamento. Tal presunção, contudo, admite prova em contrário (pode ser que haja o título sido roubado ou extraviado).
Verificação dos endossos – Aquele que paga a letra é obrigado a verificar a regularidade da sucessão dos endossos, mas não a assinatura dos endossantes. A cadeia de endossos em preto deve estar perfeita, com as assinaturas dos endossantes se encadeando, um a um.
Supremo Tribunal Federal – Somente se caracteriza a recusa do pagamento de título cambial pela sua apresentação ao devedor, demonstrada pelo protesto. Até este momento, o devedor não é culpado pelo atraso na liquidação da dívida (até porque pode nem saber quem é o portador do título). Não se olvide que a cambial é um título de apresentação.
PAGAMENTO PARCIAL
O pagamento parcial é sempre possível, e como já visto, não pode o credor do título recusar-se em recebê-lo em parte. Além disso, a quitação parcial deve ser anotada no próprio título (LU, art. 39).
Se o pagamento parcial não for anotado no próprio título, corre-se o risco de esse título circular e de um terceiro de boa-fé recebê-lo, considerando o seu valor total. 
Nesse caso, esse terceiro credor terá direito de cobrar a quantia integral prevista no título, conforme o princípio da literalidade, já estudado anteriormente.
Vale ter em conta que o Código Civil prevê no seu art. 314 que o pagamento parcial somente é possível se houver ajuste entre as partes.
PROTESTO
O regime jurídico do protesto é a Lei n. 9.492/97. De acordo com o art. 1º da Lei: 
“Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida”.
Cabe lembrar que o art. 43 da Lei n. 9.492/97 revoga todas as disposições contrárias em outras leis sobre protesto. A Lei Uniforme também prevê o instituto do protesto, a partir do art. 44. Assim, no que contrariar a Lei n. 9.492/97, a Lei Uniforme está revogada.
É importante salientar que neste item o estudo versa sobre protesto extrajudicial. Não se deve esquecer, entretanto, de que também existe o protesto judicial, que é regido pelo Código de Processo Civil, art. 517 cc. arts. 726 a 729, mas que escapa do objeto desta matéria.
Nesse contexto, podem ser protestados os títulos de crédito (cheque, duplicata etc.), bem como outros documentos decorrentes de dívidas, como um contrato de aluguel. 
O protesto é realizado pelo Tabelião de Protesto de Títulos (Lei n. 9.492/97, art. 3º). A responsabilidade de levar o título a protesto é do portador do título, do credor ou de seu procurador.
A propósito, há duas súmulas do STJ, as quais volta-se a transcrever. 
Súmula 475: “Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas”.
Súmula 476: “O endossatário de título de crédito por endosso-mandatosó responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário”.
A relevância do protesto reside no fato de que ele é a prova de que o título foi apresentado ao devedor, que, no entanto, não o pagou. Assim, a função primordial do protesto é demonstrar a impontualidade do devedor.
São três as hipóteses para realização do protesto, por falta de pagamento, de aceite ou de devolução do título. Mas o protesto ocorrerá necessariamente por falta de pagamento nas hipóteses de duplicata ou triplicata encaminhada a protesto, aceita ou não, depois de vencida (Lei n. 9.492/97, art. 21). Triplicata é a segunda via da duplicata, por ter esta sido extraviada ou não aceita. 
Quanto ao prazo para se realizar o protesto, o art. 9º da Lei n. 9.492/97 – Lei do Protesto – expressa que não cabe ao tabelião de protesto examinar questões prescricionais dos títulos; logo, o título poderá ser protestado a qualquer tempo, ficando a cargo da pessoa protestada alegar prescrição ou caducidade.
No entanto, para o cheque, os arts. 33 e 48 da Lei n. 7.357/85 preveem que o protesto deve ser feito no prazo de apresentação para pagamento, ou seja, cheque da mesma praça/município, o prazo é de 30 dias após a data de sua emissão; se for cheque de outra praça (locais de emissão e pagamento distintos), o prazo é de 60 dias.
Quanto à duplicata, a Lei n. 5.474/68, art. 13, § 3º, prevê 30 dias para protestar a partir do vencimento, sob pena de perder o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas.
Por sua vez, de acordo com o art. 44 da Lei Uniforme, o prazo para protesto por falta de pagamento da letra de câmbio e da nota promissória seria de 2 dias úteis após a data de vencimento.
Ocorrendo protesto indevido, caberá ao prejudicado ajuizar uma medida cautelar de sustação de protesto. Eventualmente, se houver prejuízos, é pertinente uma ação indenizatória contra o causador do dano, patrimonial ou moral.
Cabe esclarecer que o protesto deverá ser realizado na comarca do local de pagamento ou no domicílio do devedor (Lei n. 9.492/97, art. 6º).
PROTESTO FACULTATIVO E OBRIGATÓRIO
Para um crédito derivado de um título se tornar exigível contra o devedor principal (p. ex., o sacado da letra de câmbio), basta o seu vencimento, recebendo o nome de protesto facultativo, ou seja, o protesto não é obrigatório para a cobrança do crédito contra o devedor principal e/ou seu avalista.
Porém, para haver o direito de cobrança contra os demais coobrigados (p. ex., sacador e endossante), é necessário comprovar a recusa do pagamento pelo devedor principal, que é comprovado por meio do protesto. A isso denominamos protesto obrigatório/necessário. Nesse caso, o protesto é condição de exigibilidade do crédito contra os coobrigados.
Assim, o coobrigado não está vinculado ao pagamento de título não protestado, mas se o título estiver protestado não poderá se esquivar.
Apesar de o protesto não ser requisito para a execução judicial de títulos de crédito contra o devedor principal, é essencial contra os coobrigados.
Por isso, o protesto é primordial para o exercício do direito de regresso de um coobrigado que pagou o título contra outro coobrigado ou devedor principal. 
Mesmo o protesto obrigatório pode ser dispensado, como requisito do direito de ação, quando o sacador, endossante ou avalista colocar a cláusula “sem despesas” ou “sem protesto”.
Essa regra está prevista expressamente na Lei do Cheque – Lei n. 5.474/68, art. 50.
Exemplificando: o coobrigado, tendo pago o título, tem o direito de regresso contra o devedor principal e os outros coobrigados (regressando de forma cronológica, D é credor de C, que é credor de B, que é credor de A). 
O protesto é realizado por falta de pagamento contra o devedor principal. No caso da letra de câmbio, é o aceitante.
Já o protesto por falta de aceite é feito contra o sacador, pois o sacado é livre para não aceitar.

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