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1979 A REPÚBLICA NOVA GAÚCHA O ESTADO E OS PECUARISTAS (1930 1937)

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. A REPÚBLICA NOVA GAÚCHA: O ESTADO E OS PECUARISTAS (1930-1937)
Sandra Jatahy Pesavento *
INTRODUÇÃO
Um estudo que busque investigar as relações que se travam entre o Estado e a Socie
dade num determinado período histórico deve começar, necessariamente, por algumas
questões preliminares, tais como a própiia concepção de história e de certas categorias de
análise (no caso, "Estado" e "Sociedade").
Entende-se a história como um processo global que estuda as transformações das so
ciedades humanas. Toda história é, necessariamente, uma história social, na medida em
que p que nela se busca é a ação do homem enquanto membro de um grupo social deter
minado.
Toma-se ainda, como premissa básica, que, em história, nada é, em si, isolado, uma
vez que o processo histórico, em sua dinâmica, abrange todos os níveis subestmtuiais,
que se encontram em contínua interação entre si.
História processo, história social, história estrutural. Eis o enfoque primeiro a partir
do qual se pretende fazer a análise das relações entre o Estado e a Sociedade, encarada a
questão do ângulo das relações do Estado gaúcho durante a República Nova com a classe
dominante dos pecuaristas.
Para tanto, é preciso que o estudo se fundamente na instância econômica, sob pena
de não se conseguir apreender a dinâmica do inter-relacionamento dos níveis estruturais
da história.
Considera-se impossível repensar a realidade, em qualquer fase do seu desenvolvi
mento histórico, sem pensar nos homens agindo em conjunto num processo produtivo
que garanta as condições de reprodução da vida social.
A sociedade civil é, para Gramsci, concebida como o aparato de hegemonia que o
grupo dominante exerce sobre a sociedade, constituido de oiganismos privados, como sin
dicatos e partidos. Enquanto que a prática da hegemonia, ou direção político-ideológico
de uma sociedade envolve consenso, o Estado em sentido restrito (ou sociedade política)
corresponde ao aparato govemamental coercitivo. Ambos, sociedade civil e sociedade po
lítica, pertencem ao domínio da superestrutura.
•Professora de História do Brasil e do Rio Grande do Sul do Depto. de História na Universidade Fede
ral do Rio Grande do Sul - UFRGS.
Este trabalho é resumo de outro, mais amplo, realizado dentro do projeto de pesquisa "Análise da eco
nomia gaúcha de 1930 a 1960" e foi apresentado no 89 Simpósio de Professores Universitários de His
tória, realizado em julho de 1979, em Niterói, RJ.
157
Marx coloca que a superestrutura jurídico-política e ideológica são, em última ins
tância, determinadas pela estrutura econômica. O Estado, no caso, apareceria ao nível da
superestrutura como a instituição destinada a garantir a permanência de determinadas re
lações de produção e, portanto, como o instrumento a serviço da classe dominante, que
permitiria a existência de relações de dominação/subordinação.
Indo mais além e partindo sua análise da interiigação entre ambas as categorias,
Poulantzas nos introduz na noção de "autonomia relativa", como um funcionamento es
pecífico do tipo de Estado capitalista. O Estado apresenta uma autonomia relativa em re
lação às classes e frações dominantes, na medida em que possui uma unidade própria.
Esta unidade própria do poder político implicaria numa autonomização do econômico em
relação às instituições de poder do Estado, que apresentariam uma coesão intema especí
fica.
Tal autonomia aparece como "uma possibilidade no jogo institucional do Estado ca
pitalista e cujas variações e modalidades de realização dependem da conjuntura concreta
das forças sociais".
O Estado, no caso, pode surgir como uma condensação de uma relação de forças,
onde o espaço que as diferentes classes podem assumir dentro do aparelho do Estado não
implica a separação da classe dominante da instância política. ..
A preservação da hegemonia da classe burguesa e de sua dominância, em última aná
lise, pode exigir, em condições históricas específicas, a abertura do poder político a ou
tros segmentos sociais ou mesmo de seu afastamento do exercício direto do poder políti
co.
Gramsci, por seu tumo, introduz a noção de "Estado integral", que envolve o con
junto da sociedade política com a sociedade civil, combinando coerção com consenso.
Trata-se, aqui, da noção que encara o Estado não só como o instrumento de coerção
e dominação de uma classe sobre as outras, mas como a entidade capaz de proporcionar
um mecanismo de consenso através da ideologia.
Isto posto, é essencial que se retenha, por um lado, que é na dinâmica da inter-rela-
ção das instâncias econômica, social, política e ideológica que a história deve ser trabalha
da, mas que, ao lado desta interdependência dos níveis estruturais, deve ser admitida uma
autonomia relativa das instâncias.
Em determinados momentos históricos, o poder político pode não ser exercido pela
classe que detém o controle da atividade econômica dominante, podendo, mesmo, man
ter-se à margem do exercício deste poder em função da preservação da sua dominância so
bre a sociedade. Pode dar-se, ainda, a ocorrência de conflito de interesses intraclasse no
seio do gmpo dominante e que se manifestam em facções políticas divergentes, represen
tantes ou não das diferentes frações de classe.
0 momento histórico no qual se pretende analisar as relações "Estado e Sociedade",
dentro da realidade rio-grandense, reveste-se de singular importância, por se tratar de um
período ainda pouco estudado pela historiografia gaúcha, período este crucial na realida
de brasileira, marcada pelo processo revolucionário de 1930.
Este trabalho não pretendeu levantar hipóteses, mas se inserir na linha explorató-
rio-investigativa.
Objetivou-se, contudo, ter em vista algumas linhas de orientação básica que nortea
ram as pesquisas feitas.
1 — Análise da situação de crise da economia pecuária gaúcha, que somou à herança
de problemas não superados da República Velha os efeitos da crise de 1929; basicamente,
procurou-se distingur a problemática dada a nível da criação, da charqueada e do frigorífi-
158
CO, envolvendo, em seu conjunto, as condições de limitação da pecuária gaúcha em termos
de capitalização.
2 — Análise das cisões internas da classe dominante e suas formas de atuação;
a) diferenciação em frações de classe (criadores e charqueadores); nível de oposição
entre eles; formas de reagir á crise e soluções propostas na instância econômica; seu rela
cionamento, enquanto frações de classe, com o Estado (Governo local e União);
b) diferenciação em facções políticas; seu posicionamento quanto ao problema eco
nômico e o poder; articulações políticas regionais e nacionais.
3 — Análise, dentro das possibilidades, da situação das classes dominadas rurais, em
bora se tenham presentes as dificuldades inerentes à sua falta de organização e carência de
fontes escritas que expressassem seu pensamento.
Não se pretendeu, no caso, esgotar o tema, mas contribuir para a pesquisa histórica
regional, abordando, dentro de uma temática nova, um período da história gaúcha carente
de maiores estudos.
1 - A REALIDADE GAÚCHA EM 1930
Ao aproximar-se o final da década de 20, a República Velha encontrava-se em crise.
O modo capitalista de produção já se constituirá internamente, passada a sua fase de ges
tação.
O complexo cafeeiro, responsável pela dinamização interna havida, enfrentava pro
blemas; tanto a intermediação externa da economia estava acabando por consumir todo o
excedente possível de ser consumido internamente, constituindo-se, assim, num entrave à
diversificação da economia global do país em termos capitalistas, quanto a hegemonia da
burguesia cafeeira estava sendo contestada pelos grupos oligárquicos periféricos, desvincu
lados da economia agro-exportadora. Contestava-se, fundamentalmente, que, através da
estmtura política, o desenvolvimento do capitalismo em São Paulo se fizesse á custa dos
demais estados, com prejuízo das economias voltadaspara o mercado interno.
O Rio Grande do Sul, estado tradicionalmente voltado para o fornecimento de gê
neros de subsistência para o mercado brasileiro, foi, sintomaticamente, um dos principais
focos de rebelião.
Embora apresentando setores nitidamente capitalistas, como a cultura do arroz e al
gumas indústrias, a pecuária, setor de atividade predominante no Estado, não se havia
comportado, tal como o café em São Paulo, num mecanismo gerador de capital e de di
versificação econômica.
A criação apresentava-se praticada ainda em critérios extensivos, com uma fraca uti
lização da força de trabalho e com relações de produção não nitidamente capitalistas, on
de vigoravam formas de remuneração não monetária (casa, comida). A propriedade da ter
ra achava-se extremamente concentrada. A finalização do processo de cercamento dos
campos liberava uma mão-de-obra inespecializada, que, sem encontrar outras alternativas
de emprego, demandava para as cidades, aumentando as camadas marginais próximas aos
centros urbanos.
A criação fornecia matéria-prima para as duas formas de utilização de carne exis
tentes no Rio Grande: a tradicional charqueada e os frigoríficos estrangeiros que se ha
viam estabelecido no estado por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Ambos mantinham
a criação em permanente crise, na medida em que procuravam pagar pelo boi um baixo
preço.
159
A charqueada produzia, dentro de um estágio manufatureiro e com grande arcaís
mo tecnológico, um artigo de baixa qualidade para um mercado altamente competitivo
(concorrência platina e de outros estados da federação).
O frigorífico estrangeiro atuava de forma asfixiante sobre a pecuária; numa safra,
oferecia bons preços pelo gado até a uma altura que não permitisse o acompanhamento
por parte das charqueadas, levando muitas a fecharem. Na safra seguinte, com as char-
queadas em dificuldade, ofereciam um baixo preço pela came, obrigando os criadores,
sem outra alternativa, a entregarem seu gado para a empresa estrangeira.
Globalmente, a pecuária gaúcha, assim como toda a economia, encontrava-se na de
pendência do centro do país. O centro tinha interesse no abaixamento dos preços dos gê
neros aÜmentídos, a fim de minorar a alta do custo de vida dos consumidores urbanos,
que era, por sua vez, provocada, pelas sucessivas quebras da moeda, que se davam em fun
ção da continuidade da política de sustentação do café.
Em suma, o quadro geral da pecuária sulina, no final da década de 20, era de desca-
pitahzação, onde uma série de entraves se encontravam à generalização da implantação do
capitalismo no campo.
Por ocasião da Revolução de 30, as duas frações em que se dividia a classe dominan
te no estado — charqueadores e criadores — se achavam, cada uma, reunidas em associa
ções de classe, para a defesa de seus interesses específicos. Os charqueadores, congregados
no "Sindicato de Charqueadores", mantinham um conflito com os criadores, agregados na
"Federação das Associações Rurais do Rio Grande do Sul". Enquanto os charqueadores
persistiam na sua tradicional política de oferecer o menor preço possível pelo gado e
obter o maior preço pelo charque — restringindo-se, portanto, à esfera de circulação — os
criadores mantinham a posição mais progressista e modemizante, levando adiante a idéia
de formação de um frigorífico nacional.
À testa do govemo do estado, desde 1928, encontrava-se Getúlio Vargas, sucessor
de Borges de Medeiros, na chefia do Rio Grande. Elemento saído dos quadros do velho
Partido RepubUcano Rio-grandense (PRR), o govemo de Getúlio Vargas destacou-se, no
plano econômico, por ir ao encontro das necessidades da classe dos pecuaristas, atenden
do-os nas suas reivindicações. Assim, seu govemo teve um cunho acentuadamente moder-
nizante, procurando incentivar o associativismo dos produtores (sindicatos e cooperati
vas), criando o Banco do Rio Grande do Sul, obtendo do Congresso Nacional a lei de des
nacionalização do charque, conseguindo abatimento de 50% para o transporte do produto
na estrada de ferro, prorrogando prazos para cobrança do imposto territorial e outros,
criando, no Rio Grande, a Diretoria de Agricultura e Indústria e Comércio, incentivando a
política sanitária animal, com distribuição de vacinas, fomentando a agricultura com a
distribuição de sementes e criando estações fitotécnicas, etc.
Satisfazendo seus interesses econômicos e procurando atenuar os conflitos entre as
frações de classe, Getúlio preparou as bases para a pacificação política interna do Rio
Grande, com a formação da Frente Única Gaúcha (FUG) em 1928, coalisão entre o PRR
e o Partido Libertador (PL).
A oposição no Rio Grande encontrara condições de viabilidade política desde 1923,
e a atitude do govemo Vargas, atendendo suas necessidades no plano da economia, foi
complementada com medidas de caráter político que facilitaram a união, tais como a ga
rantia de eleições livres para municípios libertadores, etc.
Um governo progressista em termos econômicos e um Rio Grande pela primeira vez
unido em termos de política partidária permitiram a consecução de um projeto político
maior, como a tentativa de atingir o Catete. Na visão que a classe dominante tinha de si
160
mesma, de sua participaçío na Aliança Liberal, o componente do regionalismo ou da dis
sidência oligárquica era negado, em função de uma postura idealista, onde a justificativa
se dava em razão de interesses mais aitos, do liberalismo, a restauração do regime de or
dem, etc.
Todavia, é pelo caminho da dissidência política das oligarquias, nascida nos qua
dros de uma região voltada para o mercado intemo, descapitalizada, que se deve entender
a participação gaúcha na Revolução de 1930.
2-0 BRASIL PÓS-30; NOVAS DIRETRIZES NUM MOMENTO DE TRANSI
ÇÃO
A crise política eclodida em 30 trouxe, no seu bojo, uma crise econômica estmtu-
ral,; revelava-se o esgotamento da cafeicultura enquanto processo de acumulação de capi
tal. Os efeitos da crise de 29 só fizeram avançar este processo em andamento.
Desta forma, o novo regime instalado apresentava, desde logo, dois problemas fun
damentais a serem resolvidos. No plano econômico, além de contornar a crise do café,
tratava-se de promover a diversificação da produção nacional, mantendo a continuidade
do processo capitalista instalado e encontrando novas formas de acumulação. O problema
econômico ligava-se diretamente com o problema político; articular uma nova estrutura
de poder na qtial se mantivesse a expansão .do capitalismo e fossem assegurados os interes
ses da- burguesia nacional, mas onde se ajustasse a possibilidade de rearticulação do es
quema oligárquico.
Na medida em que dava apoio ao café em que promovia a diversificação econômica
nacional, o novo Govemo satisfazia os interesses da oligarquia cafeeira, bem como ia ao
encontro das necessidades das oligarquias regionais. Todavia, as mesmas eram afastadas do
controle direto do poder público, em função da preservação de sua predominância como
classe.
É neste momento que se pode falar numa autonomia relativa do Estado, quando os
setores que ocupam o centro da estrutura de dominação cedem espaço na estrutura de po
der a setores cuja extração social pode coincidir ou não com a de classe dominante, mas
que exercem a função política de preservar os interesses históricos da classe burguesa co
mo um todo.
É neste contexto que pode encontrar significado o "Estado burguês" de que fala
lanni, ou de um "Estado de compromisso", que refere Boris Fausto; respondendo às exi
gências de manutenção da burguesia como classe dominante, realiza-se uma coalisão de
segmentos sociais, incorporados ou representados na máquina estatal, que, ao longo do
tempo, acabará por impor a indústria como a saída histórica possível na busca de novas
formas de acumulação de capital.
Embora tal processo só se revele claramente no Estado Novo, é no bojo da Repúbli
ca Nova que ele se estrutura.
A criação deinstitutos, sindicatos de produtores e cooperativas foi a nova forma de
mediação que se impôs na relação entre o Estado e as classes dominantes, substituindo a
expressão de suas reivindicações pelos órgãos políticos para esta nova forma de canaliza
ção de interesses setoriais. Enquanto as camadas médias se sentiram participantes da nova
estrutura montada na medida em que ingressavam na máquina burocrática governamental,
grandemente ampliada, o operariado teve institucionalizadas as relações capital x trabalho
através da legislação trabalhista.
161
Dentro de um contexto onde se verificava cada vez mais a projeção do poder fede
ral, em detrimento da estrutura oUgárquica de poder e em que se diversificava a estrutura
econômica como um todo, surgia a noção de integração do mercado nacional. A partir
desta perspectiva, as economias regionais, baseadas em artigos de subsistência agropecuá
rios, eram chamadas a colaborar no surgimento do mercado interno brasileiro, fornecendo
gêneros alimentícios a baixo preço.
3-A CRISE DA PECUÁRIA GAÚCHA NO PERfODO DISCRICIONÁRIO
(1930-1934)
3.1 — As dimensões da crise e as articulações da classe dominante local; suas reivin
dicações, atuação e formas de relacionamento com o Governo (período
1930-1932)
Ao ter início a República Nova, o Rio Grande do Sul ocupava a mais importante
posição periférico-dependente do país. O processo instalado pós-30 fez com que, no Rio
Grande, se consolidasse o mesmo tipo específico de desenvolvimento já estabelecido des
de a República Velha. O modelo agropecuário, abastecedor do mercado interno, ao mes
mo tempo em que respondia às necessidades de uma economia nacional, salvaguardava os
interesses fundamentais a preservar no sul, onde a mesma classe dominante de antes da
Revolução conservou-se no poder após o golpe, com a interventoria de Flores da Cunha.
A crise de 29 colheu a economia pecuária sulina numa difícil conjuntura: o Sindica
to dos Charqueadores não conseguia manter o preço do charque estável nos mercados do
norte, verificando-se grandes oscilações. Os frigoríficos operavam no estado com capacida
de ociosa, face à baixa do preço dos seus produtos no mercado mimdial. Ao concentrar
suas atividades também no charque, contribuia para agravar a crise no abastecimento des
te artigo nos mercados centrais brasileiros. Acompanhando a baixa do preço do gado, im
posta por frigoríficos e charqueadores à criação, dentro de uma situação de crise interna
cional, verifica-se uma queda nos preços das lãs, couros e peles.
Reativava-se, na nova República, o conflito intraclasse entre charqueadores e criado
res, já presentes antes de 30.
Os charqueadores, movimentando-se na defesa de seus interesses, posicionaram-se
como a fração de classe mais retrógrada e mais em oposição com o centro do país. Defen
dendo o processo produtivo instalado, só reivindicaram do poder central e local medidas
que incidissem sobre a comercialização do produto, tais como rebaixamento de impostos
a pagar e obtenção de maior preço no mercado do Rio de Janeiro. Em dois momentos,
manifestou-se a oposição com o Govemo central: no caso do alto preço de importação do
sal de Cádiz, que as charqueadas sulinas consumiam, desprezando o sal nacional, e na
questão do tratado de livre câmbio com o Uruguai, que permitiria a entrada de uma carga
de charque oriental livre de impostos no mercado brasileiro. A posição do Govemo provi
sório no caso era claro: no primeiro caso, o Govemo posicionava-se pelo consumo de um
artigo nacional, ao mesmo témpo que promovia o desenvolvimento de outros setores pro
dutivos (sal do Rio Grande do Norte) e realizava a integração do mercado interno. No se
gundo caso, a posição do Govemo era a de garantir alimentação barata para o trabalhador
nacional (o produto platino, entrando a preço baixo, forçava "o sulino a se colocar tam
bém em condição de equivalência no mercado), assim como oportunizava a colocação dê
outros produtos nacionais no exterior (por exemplo, o arroz e o açúcar, que o Uruguai
iria importar).
162
Tal como na República Velha, os criadores manifestaram-se como o setor mais mo-
demizante, buscando a concretização plena de implantação do capitalismo rural. Tal po
sicionamento não era, contudo, generalizado, por toda a fração de classe. Uns criadores
demonstravam, mesmo, conformismo com a situação de descapiíalização, com a explora
ção que sofriam do centro do país, respaldando-se na propriedade fundiária de terras e, áS
vezes, associando-se para se substituírem ao charqueador no preparo das cames, mas utili
zando os mesmos processos.
Dentre as saídas buscadas pelos criadores ditos avançados ou modemizantes, encon
tram-se aquelas que envolviam preocupação com o refinamento do rebanho e introdução
de pastagens forrageiras. Outras saídas foram a de transferência dos fatores produtivos da
pecuária para a agricultura e a da montagem de um frigorífico nacional. No primeiro caso,
os criadores atuavam através da FARSUL e com o auxílio do Govemo estadual — que
criou postos zootécnicos, distribuiu vacinas e fundou um serviço de agrostologia — e tam
bém do Govemo federal, através do Ministro da Agricultura Assis Brasil, que cedeu ao
Rio Grande do Sul reprodutores selecionados. No tocante à transferência de capital para a
agricultura, tal processo já se verificava desde antes de 30, com relação ao arroz, cultivado
em moldes capitalistas, utilizando maquinaria e irrigação. Arrendamentos de terras, tanto
para a agricultura como para a própria pecuária, também se verificavam desde a República
Velha.
A última saída que propunha a alteração radical do processo produtivo na pecuária,
mediante a implantação de uma indústria frigorífica nacional, foi ativada no pòs-30 nova
mente, face à crise econômica mundial, nacional e regional, que acabava por afetar a cria
ção, a charqueada e o frigorífico estrangeiro. A estes fatores, acrescentou-se uma crise fi
nanceira, que teve o seu ponto alto com a queda do Banco Pelotense em 1931, justamente
quando, em função da crise econômica, a demanda de capital era maior.
Neste contexto, a vanguarda dos criadores, no V Congresso Rural do Estado, reali
zado em 1931 sob o patrocínio da FARSUL, levantou novamente a idéia de se fundarem
matadouros-frigorífícos com o apoio do Govemo do Estado.
A idéia assumia um caráter marcadamente nacionalista, reforçado pelo fato desta in
dústria se encontrar, no Rio Grande do Sul, monopolizada por estrangeiros. Ao mesmo
tempo em que se conseguia fazer passar para um segundo plano o conflito interclasse, fa
zia repousar a dinamicidade do modelo sulino de desenvolvimento sobre uma "indústria
natural", baseada em matéria-prima local. Tal concepção vinha dar um reforço ao caráter
agropecuário do sistema vigente e à estrutura de denominação montada.
Com o apoio do Interventor Flores da Cunha e o incentivo do chefe do Govemo
Provisório, a propaganda em torno do frigorífico consubstanciou-se na fundação, em 24
de julho de 1931, da Cooperativa Sul-rio-grandense de Cames, que teve como presidente
o destacado mralista Marcial Terra.
No tocante ao capital necessário para a constmção de frigoríficos nas regiões apro
priadas, o Govemo do Estado criou a taxa de cooperação, que implicava em 2% sobre a
receita ordinária estadual e na majoração do imposto pecuário cobrado pelos municípios,
montando a 300, 200 e 100 réis por cabeça de gado bovino, suíno e ovino.
Enquanto se processavam tais articulações a nível econômico, teve lugar a cisão po
lítica intraclasse dominante ocorrida no estado, acabando com a união vigorante desde a
formação da FUG em 1928.
163
3.2 — A dsão política: a "ala regionalista" e a "ala nacional" (1932)
Na nova estrutura montada pós-30, o Governo provisório buscou, primeiramente,
sanar a crise que afetava o país, atendendo, neste sentido, aos problemas econômicos da
das oligarquias, mas implicando tal procedimento na submissão de suas pretensõespolíti
cas. Neste sentido, a reconstrução política do país, em moldes de uma constitucionaliza-
ção, foi posta em segimdo plano, argumentando-se, inclusive, com o ideal mais alto do na
cionalismo.
No Rio Grande do Sul, a Revolução não alterara a predominância nem a hegemonia
do setor agropecuário, e a reiteração do modelo instalado possibilitava uma adequação às
pretensões do Govemo federal, na medida em que contribuia para a consolidação e inte
gração do mercado nacional. Tal mecanismo implicava na manutenção de uma situação de
dependência, mas tal percepção não se revelava de forma clara na concepção que os agen
tes tinham do processo vivido.
O Interventor Flores da Cunha apoiava os pecuaristas, e o Governo federal agia do
mesmo modo, desde que tais interesses não fossem contra os interesses nacionais, que
eram colocados em primeiro plano.
Dentro das condições de desenvolvimento do capitaHsmo no Brasü pós-30, reve-
lar-se-ia cada vez mais impraticável manter uma complementaridade econômica com o
centro, conjugada à dura aspiração de hegemonia política.
É neste momento que se insere a cisão política gaúcha, quando um setor de classe
dominante rio-grandense — aqui denominado de "ala regional" — revela desconformidade
com o novo processo instalado. Sua revolta se dá não quanto ao tratamento que o Gover
no Provisório vinha dando aos problemas econômicos, mas pela sua frustração em subs
tituir-se à oligarquia pauUsta no poder central. Tais setores consideravam-se "donos" de
Getúlio e da Revolução de 30 e, numa postura mais de acordo com as oligarquias da Ve
lha República, manifestavam uma pouca visão da dinâmica nacional pós-revolucionária.
Pretendendo aspirar à hegemonia política e buscando resguardar a independência
de mando das oligarquias regionais, o ressentimento gaúcho veio unir-se ao "caso de São
Paulo", agindo ambos no sentido de reclamar a imediata instalação da Constituinte, sob
a invocação de idéias liberais.
A partir do fínal do ano de 1931, a situação se precipitou: após denúncias pelos
jornais da atuação ditatorial de Vargas, reuniram-se, em Cachoeira do Sul, os principais
líderes da FUG, enviando uma advertência ao chefe do Governo provisório. Seguiram-se
os episódios relacionados com a demissão coletiva dos gaúchos dos postos que ocupavam
no Ministério, a remessa de um "heptálogo" e um "decálogo" a Vargas até o rompimen
to formal dos gaúchos com a Presidência em março de 1932. Em termos conciliatórios,
Getúlio contemporizou, marcando as eleições para a Constituinte.
As últimas propostas de acerto entre os líderes da FUG e Vargas, consubstanciadas
no projetado "gabinete de concentração", formado com elementos de todas as opiniões
presentes, caíram por terra, e, em 29 de junho de 1932, os políticos gaúchos encerraram
suas negociações com o Govemo central, ingressando na revolução paulista.
Os líderes do movimento justificaram sua posição não em termos de regionalismo,
mas em defesa de "interesses nacionais". O Interventor Flores da Cunha, após vários en
contros com os líderes da FUG, onde se discutiam o relacionaniento e as medidas a tomar
com relação ao Govemo central, acabou por posicionar-se pela solidariedade com Getúlio,
garantindo a vitória.
A partir daí, o Govemo central, ao eliminar as oligarquias como força política, im
pôs o relacionamento do Estado com as classes dominantes através dos órgãos de classe.
164
A partir deste momento, configurou-se melhor a corrente política aqui chamada de
"nacionsd": procurando realizar a maior integração possível do Rio Grande à realidade
brasileira de pós-30, esta entendia a tutela política exercida como forma de colaboração
com o Governo central.
Vencidos os revoltosos, Flores da Cunha procurou pacificar o Rio Grande, fundan
do um novo partido, para onde afiuíram todos aqueles que sintonizavam com a preocupa
ção de paz, ordem, estabilidade, progresso econômico, favores do Estado sobre a econo
mia, integração com o centro. O Partido Republicano Liberal (PRL) foi a concretização,
a nível político-partidário, da "corrente nacional". O PRL teve a adesão de membros do
PRR que trocaram o apoio a Borges pelo apoio a Flores; em suma, trocavam antigos ideais
castilhistas pela permanência no poder. O PL forneceu ao novo partido menores adesões,
embora algumas significativas, como a de Antunes Maciel. O programa do PRL, de cunho
modemo, onde se propunha promover o desenvolvimento das forças produtivas, o auxílio
estatal à economia e a solução da questão social, revelou-se atrativo para aqueles setores
interessados na manutenção da ordem para garantir o sucesso nos negócios, quanto mais
se estes se fizessem com o apoio do Governo: industriais, comerciantes, etc. O PRL cons
tituía-se, ainda, como uma organização político-partidária de apoio à política de Vargas.
A classe dominante gaúcha cindia-se, mas o limite de compreensão dos fatos ocorri
dos deve ser buscado ao nível da rearticulação política das oligarquias, ameaçadas com a
perda de seu poder durante o regime discricionário. No geral, a orientação imprimida pelo
Govemo Provisório no tocante à reorganização econômica brasileira, secundada pela
atuação de Flores ao nível estadual, vinha corresponder às necessidades de elementos de
uma outra facção política. Da mesma forma, elementos ditos "modemizantes" ou "mais
retrógrados", sem distinção, buscavam o apoio e os favores do Governo para suas necessi
dades. A vinculação ao mercado brasileiro era a condição de sobrevivência e manutenção
da realidade agropecuária.
A parte da oligarquia gaúcha que rompeu com Vargas e Flores, portanto, não o fez
em função de divergências econômicas, mas em função de níveis de aspiração do poder
político e formas de concepção deste poder ainda em termos oligárquicos.
A subordinação econômica era algo sentido já desde antes da Revolução de 30,
mas tal processo não foi o fulcro do rompimento da ala regional, nem a aceitação da de
pendência foi o que determinou o apoio de Flores aGetúlio.
3.3 - A "ala nacional"e as saídas para acrise da pecuária gaúcha (193 2-1934)
Vencida a Revolução de 32, os últimos anos do período discricionário marcaram,
no Rio Grande, o domínio do PRL, que conduziu, politicamente, a reconstitucionaliza-
ção e, economicamente, tratou de re^zar o enfrentamento da crise. Se o fim almejado
era manter os vínculos do Rio Grande do Sul com o mercado interno, através da char-
queada e do frigorífico nacional, o meio de obter foi a proposta do sindicalismo corpo-
rativista. Neste sentido, verificava-se uma identidade de proposição do Govemo regional
com o Govemo central no tocante à resolução da questão econômica. Para Vargas, o
sindicalismo corporativista foi uma forma de mediatizar a relação entre as classes sociais
e o Estado, fornecendo uma maneira de controle deste sobre as classes dominantes e do
minadas.
O charque apresentava uma situação paradoxal: extemamente, seu preço continua
va decaindo nos mercados do norte, mas, no Rio Grande, seu abate e sua produção
aumentavam, assim como o preço do gado e mesmo o do charque no porto de Rio Gran-
165
de. Enquanto que, externamente, é possível constatar uma situação de concorrência, nos
mercados internos o incremento da produção e o melhoramento do preço da matéria-pri
ma deram-se devido à entrada em cena das sociedades cooperativas de criadores, que pas
saram a se associar para charquearem seus gados, eliminando o intermediário.
A Cooperativa Santanense S.A. (1932), a Sociedade de Fazendeiros de Bagé (1932),
a Cooperativa Alegretense (1933) e a Cooperativa Rural Gabrielense (1933), embora te
nham obtido um melhoramento no preço do gado, contando com o apoio do Governo,
implicavam ainda em formas tradicionais de aproveitamento da came.
Também dentro da perspectiva governista, mas já com um sentido modemizante
bem marcado, achava-se a Cooperativa Sul-rio-grandense de Carnes, que objetivava mon
tar um frigorífico.Todavia, a nova entidade enfrentava uma série de problemas, que iam
desde as alterações ocorridas no estado por ocasião da Revolução de 32, perturbando a
ordem e colocando no exílio alguns de seus líderes, como o próprio Marcial Terra, até a
demora para a obtenção da taxa de cooperação fixada e arrecadada pelo Governo. Decor
ridos dois anos de sua fundação sem resultados práticos de ação, o Governo, apoiado num
grupo de criadores, propôs, em julho de 1934, a encampação da Cooperativa por uma no
va entidade a ser criada: o Instituto Sul-rio-grandense de Carnes. A posição de Flores reve-
lava-se, aqui, perfeitamente adequada às perspectivas do poder central de promover a
maior intervenção do Estado na economia, com a criação de órgãos nos quais o Governo
tivesse atuação direta. Embora muitos setores de criadores relutassem em aceitar esta tu
tela ainda neste momento, verificou-se uma transação entre, os diversos grupos, e venceu o
posicionamento daqueles que aderiram ao plano do Governo, sendo fundado o Instituto
Sul-rio-grandense de Carnes.
A nova instituição, que se dispôs a realizar o "desideratum" máximo da vanguarda
dos criadores, estabelecida como meta do Governo — o frigorífico nacional —, teve o
apoio do órgão de classe dos estancieiros, a FARSUL. Esta enfatizou o caráter patriótico
do empreendimento, de união econômica sem distinção de cores políticas. Convém lem
brar aqui que setores modemizantes ou retrógrados de pecuaristas, fossem eles criadores
ou charqueadores, não encontravam correspondência numa divisão política. Assim, ele
mentos do Govemo ou fora dele se encontravam apoiando o projeto de frigorificação da
came.
No tocante ao trabalho, por esta época foi alvitrada a praticabilidade da extensão da
legislação trabalhista ao campo, o que foi veementemente negado pelos criadores através
da FARSUL corno sendo inexeqüível em função tanto da especificidade própria do traba
lho rur^ (necessitavam trabalhar mais de oito horas, ou mesmo à noite, no verão), quanto
da inexistência de conflitos entre proletários mrais e latifundiários, coexistindo ambos
num ambiente de amizade e "camaradagem fraterna".
Com esperança nas realizações do Instituto Sul-rio-grandense de Carnes, encerrou-se
o período discricionário, sem que, contudo, as medidas do Govemo local e central e da
FARSUL pudessem sanar o estrangulamento estrutural de uma pecuária descapitalizada,
sufocada por uma form arcaica de industrialização de matéria-prima, pela subordinação
ao centro e pelo monopólio estrangeiro da industrialização da came pelo frio.
Todavia, dentro de uma perspectiva otimista, o PRL encaminhou o Rio Grande
para a reconstitucionalização, fazendo de Flores da Cunha o primeiro governador rio-gran-
dense eleito na fase da República Nova.
166
4-0 PERIÕDO CONSTITUCIONAL: AS ARTICULAÇÕES DOS PECUARISTAS
COM O PODER E O ENCAMINHAMENTO DA QUESTÃO ECONÔMICA
(1935-1937)
Empossado Flores da Cunha como primeiro governador constitucional do Rio Gran
de na República Nova, o PRL deu continuidade à sua política no contexto gaúcho: aceita
ção de um estado central regulador, reconstitucionalização dentro da ordem, desenvolvi
mento do modelo agropecuário, integraçáo ao mercado nacional, progresso econômico. A
rigor, tanto os elementos ligados á FUG quanto os ligados ao PRL beneficiavam-se com
tal tipo de política, na medida em que procurava atender às necessidades dos agropecua-
ristas. O Governo central, por seu tumo, tinha orientação econômica similar àquela pro
posta pelo PRL a nível estadual. Na medida em que se verificava um enquadramento de
ambos os níveis (local e federal), tendia a ficar encoberto, para a percepção que a classe
dominante tinha do processo econômico vivenciado^ o real sentido da '^integração nacio
nal": a subordinação da periferia à acumulação de capital realizada no centro. É claro
que explorações sofridas pelo Rio Grande já haviam sido sentidas desde antes, no decor
rer de toda a República Velha, ou mesmo no período imperial, mas, na medida em que o
centro atendia às reivindicações sulinas, o problema da dependência econômica não afiuía
ao primeiro plano da conscientização. Tal se deu, por exemplo, quando a FARSUL con
seguiu do Governo central a liberação cambial para couros e graxas ou a proibição da en
trada das lãs uruguaias. Ao defender com tais medidas a produção pecuário rio-grandense,
o Governo central, na verdade, atendia interesses de diversificação econômica nacional.
A crise econômica da pecuária persistia, na medida em que o rendimento da mesma
era baixo (referências indicavam-no ser de 1% sobre o capital empatado), os campos e o
gado baixavam de preço, verificando-se um desinteresse em investir nos negócios rurais.
O abate para o charque diminuia, e seu preço ascendia nos mercados do norte, o que, to
davia, não implicava ó controle do Rio Grande sobre o mercado nacional.
Os criadores reclamavam da abundância de impostos que tinham a pagar.
Com a nova política extema do Govemo central de incentivar as trocas com a Itá
lia e o Japão, abriam-se novas perspectivas para o fornecimento de carne frigorificada.
Isto vinha dar maior incremento ao objetivo máximo - o Instituto Sul-rio-grandense de
Games - que estava demorando para entrar em funcionamento. Interpelado a respeito
da demora em entregar ao Instituto o montante arrecadado com a taxa de cooperação.
Flores da Cunha reiterou seu propósito de renovar a pecuária sob a tutela do Estado, para
o que estava dotando, primeiramente, o Rio Grande de uma infra-estrutura para a indús
tria do frio. Para tanto, estava construindo o matadouro-modelo da capital, o entreposto
frigorífico do cais do porto e comprando vagões e navios frigoríficos. Outras medidas
eram arroladas, tais como a criação da Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio, a
compra de reprodutores, a importação de vacinas e a contratação de técnicos.
Em termos majoritários, a FARSUL apoiou e aceitou, sem distinções partidárias, a
política dispensada pelo Govemo ao problema pecuário.
Através da FUG, o deputado Edgar Schneider pronunciava-se, na Assembléia Legis
lativa, contra a intervenção do Estado na economia, mas sua postura não pode ser enten
dida como generalizada por toda a agremiação política, e sim compreendida através de
sua extração social, da qual ele se apresentava como porta-voz: os comerciantes, que de
fendiam o liberalismo econômico.
Os charqueadores, por seu tumo, viam-se afetados, em 1936, por uma resolução do
Govemo federal de remodelação e higienização das charqueadas, exigindo o cumprimento
167
J.
de parte das medidas até o início da safra de 1937 e parte até o início da safra de 1938
Tais alterações implicavam em grandes depsesas para o charqueador. A Secretaria da Agri
cultura, em acerto com Getúlio Vargas, conseguiu que as exigências fossem transferida!
para a próxima safra.
Ao passo em que se facilitava um enquadramento a nível econòniico entre o Gover
no e a periferia, mascarando a subordinação econômica, a nível político veriflcava-se a ci
são das oligarquias.
Ao longo do ano de 1935, ocasionava-se, no Rio Grande, uma aproximação entre c
PRL e a FUG, que reabria negociações, sob os auspícios de Flores da Cunha.
A chamada "nova pacificação" do Rio Grande deve ser entendida de parte de am
bos os lados: para a FUG, sua colaboração com o partido do Govemo significava a oportu
nidade de retomar ao poder, e para o PRL não só o fortalecimento dô poder do estadc
gaúcho, propiciando maior progresso econômico, como a própria acomodação política
sob a hegemonia dos liberais. Como justificativa geral para a conciliação entre as facções
de classe dominante, a generalização do extremismo fornecia o ingrediente fundamental.
O resultado deste entendimento foi o "modus vivendi" acertado em janeiro de
1936, que implicou na cedéncia de duas Secretarias para elementos da FUG: a da Agricul
tura para Raul Pilla e a da Fazenda para LindolfoCollor.
Ao mesmo tempo em que isso se processava, Vargas procurava aproximar-se das
oposições nos estados, sob o pretexto do extremismo, acenando com. a formação de um
"gabinete de concentração nacional". Por outro lado, embora incentivasse publicamente
o "modus vivendi", secretamente confiava a seu irmão, Benjamin Vargas, a tarefa de pre
parar a "dissidência liberal", que acabaria por retirar o papel majoritário do PRL na As
sembléia e como base de apoio de Flores da Cunha.
Como conseqüência das maquinações de Vargas, tanto a facção liberal da oligar
quia sulina conscientizou-se da marcha inevitável para o fechamento político, quanto
deu-se, no estado, o desmantelamento do "modus vivendi" em outubro de 1936 e a for
malização da dissidência liberal em abril de 1937.
Entrando em ação a dissidência liberal, criticando a ação de Flores no plano políti
co e no econômico, o Govemador emprestou apoio à candidatura de Armando Salles de
Oliveira para a sucessão presidencial.
Desmascaradas as intenções do Govemo federal, a conjuntura possibilitou nova re-
articulação das oligarquias, buscando recuperar espaço político, em termos de afirmação
do poder regional, ou negociando com o poder central e, no caso pactuando com o gol-
pe. _
A dsao das oligarquias no Rio Grande do Sul aprofundou-se ainda mais no decor
rer do ano de 1937: apoiando Vargas, encontravam-se o PRR, o PL e a dissidência libe
ral, enquanto que, no suporte a Flores, encontravam-se o PRL e as alas minoritárias deri
vadas dos partidos da FUG: o Partido Republicano Castilhista de Lindolfo Collor, a Ação
Libertadora (AL) e a União Democrática Nacional (UDN), como dissidências do PL.
Enquanto esta era a situação a nível político, no decorrer do último ano da Repú
blica Nova — a classe dominante cindida, num processo de barganha dentro de um movi
mento de transição de poder a nível nacional —, no terreno econômico a idéia do frigorí
fico, levada adiante pelo Instituto de Carnes, foi capaz de agregar elementos da FUG e do
PRL, como, inclusive reunir charqueadores e criadores.
No X Congresso Rural da FARSUL, realizado em julho de 1937, reafirmavam os
pecuaristas, novamente, o caráter agropecuário da economia sulina e a necessidade de con-
168
tar com o apoio do estado. Este, por sua vez, entregou parte da quantia arrecadada com a
taxa de cooperação para o Instituto de Carnes dar andamento ao seu plano.
O Sindicato dos Charqueadores, por seu lado, tratava de sua transformação em Ins
tituto dos Charqueadores, a fim de melhor receber amparo do estado e realizar a sua higie-
nização e remodelação do processo produtivo.
Enc^ugnto todo este esforço era realizado dentro de uma pecuária descapitalizada
para renovar o processo produtivo, a firma Oderich inaugurava, em 1937, os "Frigoríficos
Nacionais Sul-brasileiros" para industrialização da carne suína, evidenciando a maior capa
cidade d^ açumulação da agropecuária colonial e do comércio de origem alemã.
CONCLUSÕES
Considerando a preocupação com as linhas de análise propostas, concluiu-se:
1 - Crise de economia pecuária
A crise da economia pecuária sulina revelou uma situação de descapitalização (cria
ção e charqueada) que tomava a vanguarda de classe dominante incapaz de, com recursos
próprios, renovar a estrutura produtiva local no sentido de um capitalismo mral pleno.
Globalmente, esta economia se apresentava como que atrelada ao centro do país, em ter
mos de subordinação, o que dava reforço ao modelo de desenvolvimento agropecuário
proposto, valorizando as "indústrias naturais" e a "integração ao mercado nacional". A
pecuária se revelou sempre dependente de.medidas governamentais de apoio. No tocante
ao seu envolvimento com o poder central, a subordinação econômica tendeu a ser masca
rada na medida em que as aspirações locais de desenvolvimento se coadunavam com a
orientação do Govemo central de "diversificação econômica nacional", "mercado intemo
integrado", etc. Os choques se davam na medida em que o atendimento a um problema
regional era suplantado por um interesse nacional.
2 — No que toca ás cisões intemas da classe dominante:
a) A fração .de classe dos criadores demonstrou ser a mais progressista, partindo dela
as propostas mais avançadas, tais como refinamento das raças, pastagens artificiais, transi
ção para a agricultura capitalista do arroz e - a mais progressista para a pecuária — a mon
tagem de upi frigorífico nacional. A fração de classe dos charqueadores, embora se man
tendo, ao longo de quase toda a sua história, agarrada ao velho processo produtivo, retró
grada e arcaica, no final do período tendeu a uma união com os criadores, voltando-se pa
ra a idéia do frigorífico. Com isso, atenuava-se o conflito intraclasse que fazia colidir in
teresses de estancieiros com os dos saladeiristas.
b) No plano político, a proposta do Govemo central foi a desmobilização política
das oligarquias, em função da constituição de uma nova estrutura de poder, na qual o
exercício direto do poder político fosse retirado das classes dominantes nacionais em fun
ção da preservação de sua dominância e da continuidade do processo capitalista.
No plano local, os momentos de 1932 e 1937 são dois marcos fundamentais. Em
1932, acontece a cisão política gaúcha: a "ala regional", tendo em vista a ameaça de perda
do poder djas oligarquias regionais, rebela-se contra o Governo central, enquanto que a
"ala nacional", mais tarde consubstanciada no PRL, identifica-se com a orientação do Go
verno provisório, posicionando-se pela ordem e pelo desenvolvimento econômico nacio
nal, no qual o Rio Grande do Sul cumpriria seu papel de celeiro do país.
A perspectiva de integração do Rio Grande do Sul ao centro, economicamente, não
estava ausente da percepção das duas correntes políticas; porém, nenhuma conscientizava,
neste momento, a subordinação econômica presente na relação centro/periferia.
169
Para a ala regional, a demora na reconstitucionalização era entendida como perda de
po er oligárquico, enquanto que, para a ala nacional, a tutela do centro era compreendi
da como colaboração e não como subordinação.
_ 1937, a nova cisão das oligarquias gaúchas, dada num momento crucial de tran-
o poder a nível nacional, evidenciou um momento básico de barganha política: a
■^"rn , '-^'^l^lizada no PRL, toma consciência do mmo para a ditadura e da impos-si ^ ^ Imposta pelo centro, das oligarquias participarem do poder político. Já os ele-
mentos a FUG e da dissidência liberal, que transacionavam com Vargas, optam por uma
coaüsao mais vantajosa, aceitando a perda do poder político.
A subordinação econômica, presente em ambos os momentos, não é conscientizada
como ator possível de ser o motivo de ruptura com o centro. Embora muitas vezes viven-
cia e sentida a exploração econômica, ela passa para um segundo plano, mascarada, e a
problemahca política assume a relevância principal.
^ ~ tocante ao problema do trabalhador rural:
Evidenciou-se, ao longo da pesquisa, a dificuldade em reconstituir sua história comoc asre ornmada. As poucas referências encontradas se situaram sempre no plano da visão
a c asse dominante sobre os problemas sociais e sobre as condições de trabalho co cam-
170
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