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ABORDAGEM DO PACIENTE COM HEPATOPATIA Prof. José Péricles Vasconcelos Clínica do Aparelho Digestivo ESTEATOSE HEPATITES CIRROSE CÂNCER HEPATOPATIAS CRÔNICAS Várias doenças com clínica comum ou assintomáticas, inflamação há mais de 6 meses e necrose dos hepatócitos que podem evoluir para cirrose. Vírus, drogas, distúrbios metabólicos ou auto-imunes. Nem sempre a causa é detectada. HEPATITE CRÔNICA - Inflamação e necrose no fígado por diferentes causas - Principais: álcool e vírus - Dividida conforme o tempo de evolução: 1. aguda (até 6 meses) 2. crônica (mais de 6 meses) HEPATITE CRÔNICA Inflamação e necrose nos hepatócitos. Apresentação clínica desde portador assintomático, hepatite aguda, fulminante, crônica, cirrose até carcinoma hepático. Quadro clínico variado: grau da insuficência hepática ou da hipertensão portal. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS HEPATOPATIAS CRÔNICA Assintomáticos Fadiga, dor, anorexia, perda de peso, icterícia (esclerótica, pele, colúria, hipocolia fecal), hepatoesplenomegalia, ascite, edema de membros inferiores, circulação colateral, telangiectasias, eritema palmar, ginecomastia, perda de pelo, circulação colateral, hemorragias, petéquias, equimose, encefalopatia (flapping), distúrbios do sono, desorientação, hálito hepático). Hepatites Crônicas Etiologia HC Virais Hepatites B e C Auto-imune Álcool Doença de Wilson Criptogênica Drogas Hemocromatose Esteatohepatite Outras Deficiência de 1AT 7 Inspecção Hepatomegalia Distensão abdominal Circulação colateral Aranhas vasculares Icterícia Ascite Edemas Esplenomegalia Tumefacção no QSE Percussão Fígado Inicia-se no 3º espaço intercostal direito e continua pela linha médio-clavicular até encontrar o bordo superior. Para determinar o bordo inferior começa na fossa ilíaca direita seguindo a mesma linha. Deve ser forte no tórax (para distinguir o som pulmonar do som hepático) e leve no abdome (para não fazer vibrar as alças intestinais). Normalmente o bordo superior encontra-se entre o 5º e o 7º espaço intercostais e o inferior posteriormente ao rebordo costal. Na hepatomegalia o bordo superior e inferior estão afastados mais de 12 cm (10 cm na ♀) ao longo da linha médio- clavicular. Percussão Baço A percussão começa posteriormente à linha axilar média esquerda, no 5º espaço intercostal esquerdo e continua em todas as direções. Normalmente existe uma área de macicez entre a 6ª e a 10ª costelas. Quando há esplenomegalia o eixo longo do baço é superior a 13 cm (com início na linha axilar média esquerda e obliquamente em direcção à linha axilar anterior esquerda). Palpação Fígado Método clássico Doente em decúbito dorsal, relaxado, com braços ao longo do corpo e respiração lenta e profunda. A palpação inicia-se na fossa ilíaca direita e continua seguindo a linha médio-clavicular, progredindo a cada expiração. Métodos complementares Método de rechaço (ascite) Método de Mathieu Cirrose hepática Lesão crónica do fígado caracterizada por fibrose extensa, desorganização da arquitectura lobular e vascular e presença de nódulos de hepatócitos em regeneração A deposição de colágeno resulta em atividade fibroblástica aumentada assim como da regeneração subseqüente à lesão hepatocelular e necrose Diagnóstico - exame físico Além da icterícia, podemos encontrar eritema palmar Ao exame físico, determinados achados podem ou não estar presentes. ABORDAGEM DO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA 13 Tremores de extremidades: Flapping (Batimentos de asas) ABORDAGEM DO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA 14 ABORDAGEM DO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA Telangiectasias (aranhas vasculares) 15 circulação colateral na região umbilical ABORDAGEM DO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA 16 ginecomastia ABORDAGEM DO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA 17 Hemorróidas e varizes retais Outros achados: Esplenomegalia Hálito hepático Hipertrofia de parótidas ABORDAGEM DO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA 18 Hipertensão Portal Apresentação clínica Hemorragia de varizes gastro-esofágicas Esplenomegalia com hiperesplenismo Ascite Encefalopatia hepática aguda ou crónica Gastropatia da Hipertensão Portal Endoscopias: Características da mucosa gástrica 20 ASCITE HEPATOGÊNICA É a manifestação mais freqüente de cirrose descompensada. No Brasil 60% da ascite é por cirrose (MATTOS, 2004). A sobrevida média é de 2 anos (FERNANDEZ et al., 2001). ASCITE HEPATOGÊNICA - Indicação de transplante hepático. - Menos de 10% sobrevivem até o dia do transplante, que pode demorar até 4 anos. - Paracentese: Albumina < 3 g/dl. Gradiente albumina soro-ascite (GASA) >1,1 g/dl 22 PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA (PBE) Maioria assintomática e no início da ascite Suspeita quando, além da ascite, apresenta febre sem infecção evidente e dor abdominal Paracentese: exsudato, GASA > 1,1g/dl, DHL, >250 células/mm³ cultura líquido ascítico + ou sintomas, >500 células, mesmo assintomático e cultura - Tratamento da PBE: Ceftriaxona ou Cefotaxima SÍNDROME HEPATORRENAL (SHR) Ascite: 18 % SHR em 1 ano e 39% em 5 anos Mortalidade de 90% em 10 semanas (GINES, 1993). Diagnóstico: critérios maiores (ARROYO, 1996): 1. Insuficiência hepática crônica ou aguda com creatinina > 1,5 mg/dl. 2. Ausência de doença renal e uropatia obstrutiva. 3. Ausência de hipovolemia, infecção e uso de drogas nefrotóxicas. 4. Ausência de melhora da função renal após suspensão dos diuréticos + 1,5 litro SF. Tratamento: Transplante hepático ENCEFALOPATIA HEPÁTICA - No cirrótico é uma síndrome neuropsiquiátrica secundária à insuficiência hepática crônica. - O amoníaco permanece como elemento etiológico central. - Investigar e tratar um provável fator precipitante como sangramentos, infecções, diuréticos e outros medicamentos, obstipação, entre outros. PROGNÓSTICO DA CIRROSE CLASSIFICAÇÃO DE CHILD Ascite ausente discreta tensa Encefalopatia ausente I e II III e IV TP (INR) 1,2 <1,7 >1,7 Bilirrubina total <2mg até 3 >3 Albumina 3,5 2,7 <2,7 Pontuação: 1 2 3 Resultado: A (5-6); B (7-9); C (10-15) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS HEPATITES CRÔNICA - TESTES HEPÁTICOS: Avaliação hepatocelular: ALT, AST, albumina, plaquetas. Avaliação colestática: GGT, FA. Mista: TP, Bb. Exames específicos - Ultrasonografia do abdome/ TC - Endoscopia Digestiva Alta - Biópsia Hepática DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS HEPATITES CRÔNICA ESTEATOHEPATITE ALCOÓLICA ESTEATOHEPATITE NÃO ALCOÓLICA: Obesidade Gordura visceral Diabetes Cirurgia Bariátrica Dislipidemia Redução do intestino Hipotiroidismo Vírus C Drogas/ fármacos ICTERÍCIA Metabolismo hepático: 1. Captação 2. Conjugação 3. Excreção Hiperbilirrubinemia predominantemente conjugada ou não conjugada? COLÚRIA? Bilirrubinas no soro 0,5-1,5 mg/dl, visível se acima de 2-2,5 mg/dl. ou exame de urina! TIPO DE HEPATITE B-hepadnavirus C-flavivirus D-viróidevirus G-flavivirusMarcador de infecção crônica Anti-HBc total e HBsAg RNA-VHC+ (anti-VHC) IgM anti-VHD RNA-VHG CURA anti-HBs RNA-VHC - Anti-HBs ---------------- TRANSMISSÃO B parenteral, sexual, perinatal, acidental C parenteral, sexual? acidental D parenteral, sexual G parenteral? INCUBAÇÃO 30-180 15-150 30-180 ? VACINA SIM NÃO SIM NÃO TRATAMENTO DA CIRROSE DESCOMPENSADA TRANSPLANTE ORTOTÓPICO DE FÍGADO Sobrevida em 1 ano – 90% Sobrevida em 5 anos – 70% Sobrevida em 10 anos – 60% Fonte: Programa de Educação Médica Continuada. SBHepatologia, 2008.
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