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Sistemas dispersos Emulsões, Géis e outros semi-sólidos Sistemas dispersos Possuem dois componentes: • Fase dispersa: completamente disperso como partículas ou gotas em um outro componente, denominado... • ...Fase contínua: gotas que sofreram coalescência e permanecem contínuas. Podem ser: Coloides: partículas de 1 nm a 1 µm. Suspensão Emulsão partículas > 1 µm, mas comporta como coloide Coloides podem ser: liofóbicos (sem afinidade pelo solvente) ou liofílicos (com afinidade pelo solvente). Quando o solvente é água = hidrofóbico e hidrofílico Tipos de sistemas dispersos Fase dispersa Meio de dispersão Nome Exemplos Líquido Gás Aerossóis líquidos Nevoeiros, neblinas, aerossóis Sólido Gás Aerossóis sólidos Fumaça, poeira, aerossóis Gás Líquido Espuma Espuma em soluções de tensoativos Líquido Líquido Emulsão Leite, emulsões farmacêuticas Sólido Líquido Sol, suspensão Sol de iodeto de prata, suspensão de hidróxido de alumínio Gás Sólido Espuma sólida Poliestireno expandido Líquido Sólido Emulsão sólida Líquidos dispersos em parafina mole, opalas, pérolas Sólido Sólido Suspensão sólida Plásticos pigmentados, ouro coloidal em vidro, vidro de rubi Coloides Preparação de coloides Coloides liofílicos: Formação espontânea. Ex.: goma arábica e adragante, metilcelulose e derivados celulose dispersam-se prontamente em água. Coloides liofóbicos: Métodos de dispersão: quebra de partículas. Métodos de condensação: agregação de partículas menores como moléculas (química inclusive). Propriedades dos coloides • Distribuição de tamanho • Forma Tamanho e forma de partículas • Movimento browniano • Difusão • Velocidade de sedimentação • Pressão osmótica • Viscosidade Propriedades cinéticas • Espalhamento de luz • Microscopia eletrônica Propriedade ópticas Propriedades elétricas • Dissolução de íons • Ionização • Adsorção de íons • Fenômenos eletrocinéticos • Eletroforese Emulsões Introdução Óleo e água se misturam?? Introdução São sistemas dispersos compostas por duas fases líquidas imiscíveis, uma das quais encontra-se dispersa no meio da outra em forma de gotículas. Administrada por via oral, parenteral ou tópica. Mascaramento de sabor desagradável e aumento de absorção: via oral. Veículo para agentes medicinais irritantes (fase interna), emoliência e facilidade de aplicação (A/O): via tópica. Introdução Termodinamicamente instáveis: o aumento da superfície de contato aumenta a carga de energia do sistema necessidade de um agente emulgente para a estabilização. Podem ser líquidas ou semi-sólidas. O/A - fase contínua ou dispersante é aquosa: pode ser diluída ou aumentada com água ou preparação aquosa. Conduz eletricidade. A/O – fase contínua ou dispersante é oleosa (inverso da anterior). Microemulsões: sistemas homogêneos e transparentes, termodinamicamente estáveis; levam mais tensoativo. Teorias de emulsificação Teoria da tensão superficial • A adição de tensoativo ou agente molhante diminui a tensão interfacial e superficial da água com óleo e ar, respectivamente. Isto propicia a redução da repelência entre os dois líquidos e das forças de atração no interior de cada líquido. Teoria da cunha orientada • Camadas monomoleculares do emulgente estão dispostas ao redor de uma gotícula de fase interna da emulsão. A fase na qual o emulgente é mais solúvel se tornará a fase externa da emulsão. Teoria do filme intersticial • O emulgente se encontra na interface entre óleo e água, ao redor das gotas da fase interna, como uma fina camada de um filme adsorvido nas superfícies das mesmas. O filme evita a coalescência: quanto + resistente e flexível, > a estabilidade da emulsão. Teorias de emulsificação - exemplos Filmes interfaciais: diminuição da tensão interfacial dodecilsulfato de sódio mais instável que a goma arábica (filme mais viscoso). tensoativos não-iônicos formam emulsões mais estáveis, menos tóxicas e menos sensíveis a variações de eletrólitos e pH. Coloides hidrofílicos como estabilizantes de emulsões: proteínas, polissacarídeos, derivados de celulose – resistentes à ruptura e formam barreira mecânica à coalescência, podem ionizar-se e gerar repulsão eletrostática, além de estabilizar-se estericamente. Partículas sólidas na emulsão: quando molhadas geram adesão através de filme que cerca gotículas dispersas. Generalidades Emulgente/emulsificante - mantém a estabilidade do sistema. Emulgentes secundários modificam a viscosidade, fraca ação sobre a tensão superficial. Carboidratos: gomas, celulose microcristalina, pectina. Proteínas: gelatina, caseína. Álcoois de alto PM: álcool estearílico. Tensoativos: aniônicos, catiônicos, anfotéricos/não iônicos. Sólidos finamente divididos: argilas, hidróxido de magnésio. O tipo de emulsão formada, uma vez que depende das características polares-apolares do agente emulsificante, é uma função da solubilidade relativa deste, e que a fase na qual ele é mais solúvel é a fase contínua = regra de Bancroft O predomínio das características polares ou apolares do agente emulsificante que constitui a maior contribuição ao tipo de emulsão produzida. Generalidades Inversão de fases – transformação do sistema O/A em A/O ou vice-versa, pelo aumento dos componentes da fase interna ou por modificação química, in situ do tensoativo iônico. Na prática o volume relativo da fase interna é de 50%, embora possa chegar a cerca de 74% (equivalente à fração de volume total que esferas de qualquer tamanho podem ocupar, sem deformação) sem inversão. Quando um óleo, a água e um agente emulsificante são agitados juntos, o que define se será produzida uma emulsão O/A ou uma emulsão A/O? • A fase que persistir na forma de gotículas se torna a fase dispersa, cercada por aquela em que as partículas coalescem mais rápido. • Volume das fases: maior número de gotículas > probabilidade de colisão, > probabilidade de se tornar contínua. • Filme interfacial produzido pela adsorção de emulsificante na interface O/A – quanto > o nº de cadeias hidratadas, > a diminuição da coalescência do óleo. Sistema EHL Teoria do Equilíbrio Hidrófilo-Lipófilo ou teoria de Griffin: um tensoativo terá maior afinidade por um meio hidrofílico ou lipofílico, dependendo da natureza e quantidade de grupamentos químicos polares e apolares presentes na sua molécula. Um número EHL é atribuído a um agente emulsificante, o qual é característico da sua polaridade relativa. Quanto > o EHL, > a afinidade pela fase aquosa. O tipo de emulsão formada depende do tipo de emulgente (EHL) e proporção entre as fases. Cálculo empírico geral: EHL = 7 + Σ (nº dos grupos hidrofílicos) - Σ (nº grupos lipofílicos) Sistema EHL Inicialmente o EHL foi estabelecido para emulsificantes não-iônicos com grupos hidrofílicos polioxietileno, mas hoje aplica-se a outros tensoativos, inclusive iônicos. Neste sistema, além dos emulgentes, são atribuídos valores de EHL para óleos e substâncias oleosas. A escolha do emulgente baseia-se na proximidade entre os valores de seu EHL com o da fase oleosa da emulsão pretendida. Mistura de tensoativos geram emulsões mais estáveis. Sistema EHL Cálculo de EHL: Composição Massa (g) Contribuição (%) EHLÁlcool cetoestearílico 3,5 5,0 12,0 Monoestearato de glicerila 14,0 20,0 5,5 Óleo Mineral 45,5 65,0 4,0 Oleato de Oleíla 7,0 10,0 1,0 Total FO 70,0 100,0 Emulgente 3,0 Propilenoglicol 5,0 Água purificada q.s.p. 100,0 Sistema EHL Cálculo do EHL da emulsão: Ex.: EHL = (5.12) + (20.5,5) + (65.4) + (10.1) / 100 EHL = 4,4 A emulsão é de que tipo? O emulgente escolhido deve ter EHL mais próximo ao requerido. EHL emulsão = ∑ (% . EHL individual) 100 Métodos de preparo Método continental ou goma seca: Mistura de uma parte do emulgente (O/A) com 4 partes de óleo antes da adição de 2 partes de água – emulsão primária. Envolve trituração em gral rugoso. Demais componentes são adicionados posteriormente. Método inglês ou goma úmida: O emulgente é adicionado à água para formar uma mucilagem, e então o óleo é lentamente incorporado. Geralmente é a mesma proporção anterior. Envolve trituração em gral. Métodos de preparo Método do frasco: Variação do método continental, com óleos voláteis e baixa viscosidade. Envolve agitação em frasco. Adicionam-se duas partes de óleo. Método do sabão in situ: O emulgente é o sal resultante da combinação de óleo de oliva (AG- ácido oleico) e solução de hidróxido de cálcio 1:1. Fase externa é oleosa. Métodos de preparo Método com emprego de cera auto-emulsionante: Aquecimento das fases aquosa e oleosa individualmente, até 70 a 75°C (acima de 80°C forma acroleína). Quando ambas alcançam a mesma temperatura, verte-se a fase aquosa na oleosa. Agitação até emulsificação e resfriamento do sistema. Não completar volume. Adicionar substâncias termolábeis em temperatura compatível. Estabilidade Cremagem: Processo de instabilidade física reversível em que agregados de glóbulos da fase interna flutuam ou sedimentam na emulsão. Pode ser revertida por agitação. Considerando a Equação de Stokes para aumentar a estabilidade da emulsão – reduzir o tamanho do glóbulo/partícula; pela diminuição da diferença de densidade entre as duas fases e pelo aumento da viscosidade da fase contínua. Coalescência/floculação: Os agregados de glóbulos formam uma fase distinta, por enfraquecimento dos filmes interfaciais. Processo irreversível – alteração da concentração do emulgente ou reprocessamento para tentar reproduzir a emulsão. Causas: emulgente incorreto, baixa concentração do emulgente e incapacidade de formar película protetora. Estabilidade Outros fatores destrutivos: Extremos de frio ou calor. Contaminação biológica – conservantes Oxidação da fase oleosa – antioxidantes e recipientes resistentes à luz Generalidades: A adição de um eletrólito a tensoativos aniônicos e catiônicos pode suprimir a sua ionização devido ao efeito do íon incomum e assim se produz emulsão A/O em vez de O/A. Emulsões estabilizadas com agentes emulsificantes não-iônicos como polissorbatos podem inverter sob aquecimento, graças a quebra de pontes de hidrogênio. O EHL muda e a emulsão inverte. Exemplos de emulsões tópicas Microemulsões: sistema bifásico O/A estabilizado por tensoativos. Formada através de forte agitação. Cremes: são emulsões O/A ou A/O semi-sólidas. Cremes evanescentes (diaderminas): são emulsões do tipo O/A contendo ácido esteárico em concentrações usuais de 15% a 25%, o qual é parcialmente saponificado pela adição de um agente alcalinizante. Loções: são preparações líquidas aquosas ou hidroalcoólicas, com viscosidade variável, para aplicação na pele e anexos. Podem ser soluções, suspensões e emulsões contendo princípios ativos dissolvidos. Géis Sistemas (coloidais) semi-sólidos obtidos por dispersão de pequenas partículas inorgânicas ou grandes moléculas orgânicas interpenetradas por um líquido. Um alto grau de reticulação química ou física pode estar envolvido. Muitas vezes necessita da adição de um agente gelificante – em geral, não mais que 10%. Magma: quando o gel é bifásico. Colóides naturais: substâncias que se autodispersam em um meio dispersante (ex.: goma arábica). Colóides artificiais: requerem tratamento para a dispersão. Pode envolver uma pulverização fina a um tamanho coloidal (ex.: carbopol e natrosol). Obs.: Sistemas coloidais espalham luz por terem partículas opacas, ao contrário de soluções verdadeiras. Terminologia associada Embebição: captura de certa quantidade de um líquido sem um aumento mensurável de volume. Intumescimento: captura de um líquido por um gel com aumento de volume. Só ocorre quando o líquido dispersante solvata o gel. Pode ser influenciado pelo pH e pela presença de eletrólitos (gel proteico). Sinerese: ocorre quando a interação entre as partículas dispersas é tão grande que, em repouso, o meio de dispersão é comprimido e o gel se contrai. Forma de instabilidade = contração elástica das moléculas poliméricas. Se a pressão osmótica diminui, como no congelamento, a água pode ser comprimida para fora do gel. O pH tem um efeito acentuado na separação da água. Tixotropia: formação sol-gel reversível sem nenhuma mudança de volume ou na temperatura, um tipo de fluxo não-newtoniano. Xerogel: o líquido é removido de um gel e apenas a rede molecular permanece (ex.: folhas de gelatina). Classificação Quanto à natureza da fase coloidal: • Orgânico: usualmente sistemas monofásicos (ex.: carbopol, goma adragante, hidroxietilcelulose) • Inorgânico: usualmente sistemas bifásicos (ex.: gel de hidróxido de alumínio, magma de bentonita). Quanto a natureza da fase líquida: • Hidrogéis: gel de sílica, bentonita, pectina, MC, alumina, CMC sódica. Alta atividade de água – usar conservantes e tendência a desidratação. • Organogéis: plastibase, vaselina, gel de parafina líquida, estearato de alumínio. Via transdérmica e imunoadjuvantes. Quanto ao número de fases: • Monofásico: não há limite aparente entre as moléculas (ex.: gel de alginato sódico). • Bifásico: formado por pequenas partículas distintas (ex.: gel de hidróxido de alumínio). Agentes gelificantes Requisitos: Gelificar em baixar concentrações; compatíveis com o fármaco, inócuos, viscosidade apropriada durante o preparo e armazenamento. Exemplos: Vegetais: goma arábica, adraganta, amido, pectina, goma quar. Animais : gelatina e caseína. Minerais: bentonita, silicato de alumínio. Sintéticos e semi-sintéticos: derivados da celulose – HEC, HPMC, MC, CMC sódica. Polímeros vinílicos – PVP, álcool polivinílico. Polímeros carboxivinílicos – ácido acrílico. Preparação de magmas e géis Precipitação da fase dispersa, para obter um fino grau de subdivisão. Envolve reação de precipitação. Ex.: sulfato de magnésio e hidróxido de sódio (leite de magnésia). Em geral, há pouca sedimentação de partículas – a agitação moderada para restabelecer – indicação AGITE ANTES DE USAR. Hidratação direta da substâncias orgânicas, com o sem auxílio de co- solventes e agentes molhantes (ex.: magma de bentonita). Consideração sobre a formulação de géis Mecanismo de formação: Gelatina: resfriamento da dispersão de gelatina favprece a associação em agregados alongados ou filiformes. Meio de dispersão entre os interticios da rede. Outros: goma arábica, algina, pectina e goma adragante. Soluções de polímeros: gelificaçãotérmica, ou seja, eles gelificam sob aquecimento na medida em que ocorre precipitação, enquanto as gomas naturais gelificam sob resfriamento. Alguns géis sofrem influência da variação de pH: polímeros acrílicos e CMC sódica. Exemplos: HEC – hidroxietilcelulose: Éter de celulose, não-iônico, hidrossolúvel. Pó branco, inodoro, insípido. Forma película não oclusiva, fácil remoção. Permite a incorporação de ativos ácidos. Dispersão em água fria e aquecimento posterior. CMC – carboximetilcelulose: Polímero aniônico. Suspensão em água fria, sob forte agitação para evitar grumos. Viscosidade diminui em pH incompatível. pH de estabilidade: 6 a 9. Exemplos: Resinas carbômer (carbopol): Polímeros de ácido acrílico. Caráter iônico, pó seco, ligeiramente ácido. Resina higroscópica. Intumesce em água: pH de dispersão de 2,7 a 3,5 a 1% - capacidade espessante reduzida. Adição de agente alcalinizante: NaOH ou trietanolamina. pH 7,0: viscosidade e transparência máxima. pH varia de 4,5 a 11. Sensível a adição de sal: até 3% antes da gelificação. Adição de álcool diminui sua viscosidade e transparência. Dispersão: adição em água, sob agitação; pré-dissolver em solvente orgânico miscível com água ou repouso em água com agitações periódicas. Exemplos: Plastibase: Mistura de 5% de polietileno de baixo PM e 95% de óleo mineral. O polímero é solúvel em óleo mineral acima de 90°C. Abaixo dessa temperatura, precipita e ocorre gelificação. Gelatina: Origem animal. Dispersa em água quente e só quando esfria que há formação do gel. Se mantida a temperatura acima de 37°C a gelatina não gelifica, independente da concentração.
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