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RESUMO DO LIVRO: O que é Direito, Lyra Filho

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SUMÁRIO
DIREITO E LEI	2
IDEOLOGIAS JURÍDICAS	3
PRINCIPAIS MODELOS DE IDOLOGIA JURÍDICA	4
SOCIOLOGIA E DIREITO	6
A DIALÉTICA SOCIAL DO DIREITO	7
DIREITO E LEI
Para iniciarmos um tema tão importante na manutenção de uma sociedade, se faz mister distinguirmos que há diferença entre Direito e lei. Podemos observar que alguns idiomas consideram uma única palavra para ambos os sentidos. Como por exemplo, o inglês, que se utiliza da expressão “law”, devendo-se utilizar o termo “Right” para referir-se a Direito em tradução direta. 
A lei é produção do Estado, que por sua vez, é composto pela classe dominante. Desse modo a lei pode, na prática, ser Antidireito enquanto o Direito será sempre Direito (justo) independente de sua positivação. 
Com isso em foco, é evidente que a produção legislativa de um Estado possuirá o Direito justo e também possuirá vícios aditados pela classe dominante em benefício próprio (Antidireito). Inclusive no socialismo real, onde a produção legislativa muitas vezes não é autêntica e legítima. A produção de leis pode variar em percentagem de Direito e Antidireito a depender do sistema de governo (democracia ou autoritarismo) do Estado de origem, salientando que, mesmo em uma democracia, pode haver grupos de pressão da classe dominante e/ou seus representantes ocupando cadeiras do parlamento para a criação de leis ilegítimas para suas conveniências.
Em resumo, o Direito justo é aquele que norteia uma sociedade baseada principalmente no princípio da isonomia e dignidade da pessoa humana, onde os desiguais devem ser tratados de forma desigual para garantir a execução da justiça; onde o hipossuficiente possui armas para que exista paridade de direitos, deveres e faculdades. Ou seja, o Direito não precisa estar codificado em um livro para ser Direito e a lei é somente uma formalização do Direito, de outro modo, em um Estado conservador, o Direito se resume à legalidade. 
É lógico que a ideia de Direito não é algo imutável, mas algo que evolui ao longo da história lado a lado com a sociedade, amadurecendo à medida que fenômenos da Natureza e da Sociedade vão acontecendo. O Direito é produção social e sociedade é “o coletivo de homem”, logo, não há Direito sem Sociedade, bem como não há sociedade de um homem só.
IDEOLOGIAS JURÍDICAS
O termo ideologia tem significado etimológico baseado no estudo das origens e funcionamento das ideias, todavia esse conceito literal deu lugar ao próprio objeto, ou seja, ideologia passa a ser a própria ideia ou o conjunto delas em determinado grupo social. Evidentemente um conjunto de ideias estabelecidas por um grupo nunca representará a realidade de forma fidedigna, mas sempre virá carregada de deformidades da realidade, conforme afirma o escritor Stendhal ao dizer que “um tratado de ideologia é um desaforo”. Com isso Stendhal quer dizer de forma bastante clara que a ideologia estabelecida não passa de uma ilusão que se utiliza inclusive das ciências para a aceitação da dominação social pela classe dominante. 
Podemos estabelecer três modelos básicos de ideologia: a) ideologia como crença; b) ideologia como falsa consciência; ideologia como instituição. O primeiro se apresenta de forma tão óbvia que não há se quer uma remota possibilidade de ser questionado. A ideologia se manifesta como uma crença, como verdade absoluta e inquestionável deformando a realidade. A ideologia como falsa consciência se apresenta como uma evidência. O sujeito torna-se incapaz de enxergar outra dimensão senão a já ideologicamente estabelecida. É como se qualquer outro posicionamento acerca de determinado fato fosse racionalmente inconcebível, surgido pela “falta” de consciência. É literalmente uma consciência falsa.
A ideologia como instituição se difere dos dois casos anteriores ao passo que esta independe dos sujeitos que a absorvem dentro de uma sociedade, ela é a própria estrutura do pensamento social e não subsiste apenas em um único sujeito. Todavia, à medida que a sociedade evolui as contradições de determinada ideologia estabelecida vão se apresentando e enfraquecendo a estrutura ideológica até a sua desconstrução total.
As ideologias jurídicas não fogem à regra da dominação social pela classe dominante e suas distorções da realidade. Podemos citar como exemplo o momento de ascensão da burguesia frente ao absolutismo feudal, quando o naturalismo jurídico era defendido e ampliado, contudo, a partir do momento que a classe burguesa efetivamente se coloca como classe dominante, o direito natural dá lugar ao positivismo jurídico a fim de perpetuar a posição social burguesa.
PRINCIPAIS MODELOS DE IDOLOGIA JURÍDICA
Podemos traçar duas principais correntes básicas e antagônicas das mais variadas escolas que se desenvolveram e vêm se desenvolvendo ao longo da história: o naturalismo e o positivismo jurídico. Por mais que determinado doutrinador se considere ou denomine de forma diferente de uma das duas correntes supracitadas, considerando o desenvolvimento de sua teoria jurídica, no fim, este sempre se apresentará como positivista ou naturalista. A única saída para o desenvolvimento de uma nova teoria é a dialética, a qual deverão ser superados os vícios e considerados os aspectos válidos de cada uma delas para que uma visão superior seja alcançada e com ela o direito justo.
Embora o jusnaturalismo seja muito mais antigo que o juspositivismo, a predominância positivista dentre os juristas da atualidade é muito forte, seja este de esquerda ou direita, capitalista ou socialista. 
O positivismo jurídico reduz a justiça à ordem (justo porque ordenado), significa dizer que não há direito a procurar acima da lei, não há que se preocupar com justiça, pois a justiça é o cumprimento da lei formalmente válida; em contraposição ao jusnaturalismo (ordenado porque justo), que considera a justiça superior e anterior a qualquer norma e só se pode ser encontrada à luz da razão humana e por mais que suas normas sejam variadas em seu conteúdo material, há pilares imutáveis que alicerçam a produção das normas.
Podemos destacar três espécies mais influentes de positivismo: o legalista; o historicista e sociologista; e o psicologista. No positivismo legalista tudo na sociedade é subordinado à lei, não há que se invocar, por exemplo, um costume para garantir a Justiça. O historicismo jurídico caracteriza-se pela produção de leis a partir de costumes sociais, ou seja, a norma ordenada deriva de conteúdo pré-legislativo e não organizado, popularizado como “espírito do povo”. Na prática o “espírito do povo” se resume ao “espírito da classe dominante”, seus costumes e sua moral como forma de manter a ordem social, sendo este o vício dos historicismo. Embora a lei não seja superior ao costume, nada muda em relação ao legalismo ao passo que a ordem pela classe dominante continua, pois o Estado é representado por estes. O sociologismo positivista em nada difere do historicista; é controle social estabelecido. É a sociedade (parte dominante da sociedade) criando o direito para os dominados. Nesse modelo qualquer prática social antagônica à estabelecida é considerada subcultura, imoral, doentia e deve ser reprimida através de medidas socioeducativas.
Todos os modelos citados culminam na permanência do “status quo”, se há ameaça de reestruturação, o Poder em exercício (Estado representando os dominantes) trata de corrigir a falha do sistema e se ainda sim a classe dominante é derrotada, o imperialismo internacional se mostra e pressiona para a desestabilização do novo governo. 
Já o positivismo psicologista se apresenta de forma inocente, através de identificações ideológicas, sentimentos de descoberta acerca da “ordem social”, este modelo seria na prática a própria alienação pelos modelos de positivismo já citados, podendo surgir como fenomenologia, que se apresenta como uma forma de enxergar o mundo por seus fenômenos sociais, verificando a “essência” deles e a relação entre o objeto e o observador. Entende-se então que o positivismo é a expressãoda vontade da classe dominante pelo Estado, este como um bode expiatório. Kelsen em sua Teoria pura do Direito desenha um modelo legalista atribuindo o monopólio da produção legislativa ao Estado, porém no mundo real esse monopólio é somente a legitimação da legalidade antijurídica que por ventura venha a ser produzida, é a mitificação do Direito justo, considerando que o Estado é o representante do povo. 
Superado os defeitos do positivismo, abordaremos então o direito natural, que pode ser classificado como direito natural cosmológico, teológico e antropológico. O direito natural, independentemente de sua modalidade, está atrelado à ideia de Justiça, entretanto essa ideia tende a se perder em nuvens ideológicas e metafísicas. 
O direito natural cosmológico atribui sua validade ao “cosmos”, ou seja, à natureza das coisas, assim como a visão filosófica aristotélica cosmológica que atribui ordem e finalidade para tudo e tudo é como deve ser, o Direito é porque deve ser. A natureza das coisas define a ideia de Justiça. O direito natural teológico atribui a Justiça à vontade divina, Deus fala em nome de um representante para que sua vontade seja cumprida. Aqui temos um Direito extremamente favorável à dominação social, ao passo que se utiliza da metafísica da religião para tal; que ficou historicamente registrado na Idade Média, quando Igreja e Estado eram como Jesus e Deus, ou seja, quase que se fundiam na mesma figura. Então, como um processo de transformação surge o direito natural antropológico, quando Deus dá lugar à razão humana. Há o fortalecimento da classe burguesa, a decadência do absolutismo feudal e os dominados assumem a posição de dominadores; a burguesia já consolidada como classe dominante tem no positivismo jurídico a ferramenta jurídica exata para manter-se no topo da escala social.
 O positivismo reina absoluto como símbolo da segurança jurídica até que a Alemanha nazista mostra para o resto do mundo o maior crime contra a humanidade já praticado no mundo contemporâneo. Enquanto os nazistas justificavam seus crimes perante o Tribunal de Nuremberg com base na legalidade, suas sentenças eram dadas com base no jusnaturalismo. Contudo não se alcança ainda uma nova teoria jurídica, para tanto se faz necessário a existência da Sociologia Jurídica caminhando paralelamente com a filosofia. Onde temos na filosofia uma referência para a compreensão do mundo e na sociologia uma âncora para materializar e contextualizar a ideia bloqueando devaneios metafísicos de acordo com os fatos sociais.
SOCIOLOGIA E DIREITO
A princípio se jaz necessário diferenciar História e Sociologia. Marx e Engels desenvolveram uma linha de raciocínio que mais tarde seria batizada de História Social que consiste em analisar a história se valendo da sociologia como norte. Para clarificar tal afirmação, podemos utilizar como exemplo uma revolução; a História denomina revolução qualquer tipo de alteração de uma estrutura social, porém, se analisarmos a “Revolução de 64” à luz da Sociologia chegaremos à conclusão que se tratou de um golpe de Estado. Se aplicarmos essa mesma linha de raciocínio sociológico ao Direito chegaremos a duas possibilidades: A Sociologia Jurídica e a Sociologia do Direito. A primeira reflete a Sociologia do Direito Geral, enquanto a segunda reflete o direito em uma sociedade específica. O exame do direito na Idade Média se enquadra na Sociologia do Direito e a transformação do direito da Idade Média para a idade Moderna seria assunto para a Sociologia Jurídica.
Ralf Dahrendorf (sociólogo burguês) traça dois modelos de Sociologia Geral (essa teoria se aplica a Sociologia Jurídica, já que falamos de uma subdivisão da Sociologia Geral): Sociologia “da estabilidade, harmonia e consenso” e Sociologia “da mudança, conflito e coação”. A primeira pode ser desenhada como um espaço geográfico onde se travam relações sociais harmônicas que são legitimadas pelos costumes, ideia de moral e cultura onde são presumidas as normas sociais legítimas, estas defendidas por instituições sociais que definem uma ordem imutável que garante o controle social e qualquer mudança na estrutura está prevista e controlada pelo poder em exercício (Estado). Logicamente as minorias, os dominados e espoliados que fundam a base social econômica não são apreciados nesse pequeno fluxograma como já esclarecido em tópicos anteriores.
O segundo modelo pode ser entendido como uma evolução do primeiro, ao passo que aqui encontramos pequenos burgueses com interesses diversos, porém a burguesia dominante continua com as rédeas de controle social nas mãos. Imaginemos um espaço geográfico onde são travadas relações que tendem ao conflito ideológico de grupos (pequenos burgueses), cada um deles com seus próprios costumes, moral e cultura, vários blocos de normas sociais perseguindo a supremacia social que culminam no surgimento de contra-instituições que são coagidas pelas reais instituições dominantes; logo acima temos a organização social imposta e repressiva que se encontra à sombra da maquina estatal um tanto instável, porém repressiva. Podemos comparar esse modelo com o Brasil de hoje. Temos um Direito carregado de influencias naturalistas, porém ainda sem expressão suficiente para equilibrar o jogo em relação à verdadeira classe dominante.
A DIALÉTICA SOCIAL DO DIREITO
Para iniciarmos este capitulo, precisamos, a título de esclarecimento, conceituar um alicerce teórico do pensamento marxista. Marx divide a formação da sociedade em duas partes interligadas: a infraestrutura e a superestrutura. A primeira trata das relações econômicas e meios de produção, enquanto a segunda é um reflexo da primeira, sendo constituída pelo Estado, estrutura jurídico-política, educação, cultura... Em resumo, podemos caracterizar a superestrutura como a produção intelectual de uma sociedade. A superestrutura garante a disseminação ideológica da classe dominante, todavia há grupos que passam por um processo de desideologização, elevando o pensamento à conscientização da realidade social. O resultado desse processo é a dialética.
O fenômeno da globalização faz com que todo o mundo se interconecte, ou seja, em escala internacional há também influências ideológicas que interferem na política, sociedade e direito internos. Contudo há também a dialética entre os dominadores imperialistas e luta pela liberdade, e só há superação do “status quo” através de lutas pela libertação e aquisição de direitos, conforme comprova a história. Isso não significa dizer que haverá um fim para a dialética. Muito pelo contrário, significa dizer que sempre haverá luta, sempre haverá dialética e esse é o único caminho para o progresso que inclusive pode ser um poço sem fundo.
A verdadeira Justiça não se perde em devaneios metafísicos e nem se restringe à legalidade, embora tanto no positivismo quanto no naturalismo encontraremos traços de Justiça. A verdadeira justiça é Justiça Social, e Justiça Social é conquistada com luta. O caminho dialético a ser traçado é definido pelas circunstâncias que se encontram a sociedade. Muitas revoluções progressistas foram conquistadas com derramamento de sangue e outras ocorreram de forma diplomática, mas sempre há a luta.
Outro ponto importante a se definir é a diferença entre Direito e Moral. A Moral também progride através da dialética social, porém a um ponto de ruptura entre ela e o Direito. O Direito é heterônomo, enquanto a Moral é autônoma. Significa que este é a parte valorativa de um indivíduo na sociedade, são seus conceitos próprios e aquele é a vontade social como um todo. Direito está relacionado à liberdade, ou seja, o Direito pode ser imoral e a moral pode ser Antidireito. O Direito parte da sociedade para o individuo e a Moral parte do individuo para a sociedade.

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