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www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA TRABALHISTA Prática Trabalhista – Aula 01 Aryanna Manfredini 1 1. RECURSOS CABÍVEIS NO PROCESSO DO TRA- BALHO As decisões proferidas na Justiça do Trabalho admitem os seguintes recursos: RO – Recurso Ordinário, RR – Recurso de Revista, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, EMBARGOS AO TST, AGRAVO DE PETIÇÃO, AGRAVO E AGRAVO DE INSTRUMENTO. Além des- ses, o pedido de revisão. O art. 893 da CLT dispõe os recursos cabíveis no Pro- cesso do Trabalho. Observe: Art. 893, CLT. Das decisões são admissíveis os seguin- tes recursos: I – embargos; II – recurso ordinário; III – recurso de revista; IV – agravo. 2. PROCESSAMENTO DOS RECURSOS O recurso é interposto perante o juízo que proferiu a de- cisão recorrida (a quo), o qual verificará se estão pre- sentes os pressupostos recursais. Em caso afirmativo, o juízo receberá o recurso e o recorrido será notificado para apresentar contrarrazões, “em igual prazo ao que tiver tido o recorrente”, nos termos do art. 900 da CLT. Art. 900, CLT. Interposto o recurso, será notificado o re- corrido para oferecer as suas razões, em prazo igual ao que tiver tido o recorrente. Após a apresentação das contrarrazões, caso o juízo a quo mantenha sua decisão acerca do recebimento do recurso, encaminhará o recurso ao Tribunal competente para julgá-lo. No Tribunal, o recurso será distribuído ao relator, que verificará mais uma vez a presença dos pressupostos de admissibilidade do recurso. Caso todos estejam presentes o recurso será conhecido, dando o relator seguimento ao recurso. 3. DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS As decisões interlocutórias, no Processo do Trabalho, são irrecorríveis de imediato. O artigo 893, §1º da CLT determina que as decisões interlocutórias serão impug- nadas somente por meio de recurso de uma decisão de- finitiva. Art. 893, § 1º, CLT. Os incidentes do processo são re- solvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recurso da decisão definitiva. 4. RECURSO ADESIVO Muito embora seja cabível no Processo do Trabalho, a CLT não trata do recurso adesivo, sendo, portanto, apli- cável o artigo 997 e seguintes do NCPC. Podem ser interpostos de forma adesiva: o recurso or- dinário, o recurso de revista, os embargos ao TST e o agravo de petição (Súmula nº 283, TST). A possibilidade de interpor um recurso na sua forma adesiva exige, basicamente, dois requisitos: sucumbên- cia recíproca e a interposição de recurso por uma das partes. O prazo para a interposição é o mesmo que a parte dis- põe para responder o recurso principal (art. 997, § 2º, I, NCPC). Preenchidos os requisitos do recurso adesivo, o seu procedimento será o mesmo do recurso principal. O recurso adesivo é dependente do recurso principal, de forma que se o recurso principal não for conhecido ou se a parte desistir dele, o adesivo também não será processado (art. 997, III, NCPC). Ressalte-se que a parte recorrente poderá desistir do recurso a qualquer tempo, sendo desnecessária a concordância da parte contrária (art. 998, NCPC). 5. PRESSUSPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE Os pressupostos de admissibilidade são exigências le- gais, que devem ser cumpridas, a fim de que seja ana- lisado o mérito do recurso e devem ser preenchidos, to- dos, sob pena de não conhecimento do recurso. Estes são subdivididos em: intrínsecos e extrínsecos. Os pressupostos de admissibilidade intrínsecos, também denominados subjetivos, são os ligados às par- tes, sendo eles: • Legitimidade da parte (o recurso poder ser inter- posto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado ou pelo Ministério Público); • Capacidade da parte (a parte deve demonstrar ca- pacidade processual para interposição do recurso); • Interesse da parte (o processo deve ser útil para a parte que o interpõe). Os pressupostos de admissibilidade extrínse- cos estão relacionados com o recurso, isto é, com o cumprimento das exigências previstas em lei para admi- tir a interposição de determinado recurso. São eles: • Recorribilidade, www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA TRABALHISTA Prática Trabalhista – Aula 01 Aryanna Manfredini 2 • Adequação, • Tempestividade, • Depósito Recursal, • Custas; e • Regularidade de Representação. Passa-se a análise detalhada do depósito recursal e das custas. a) Custas Na fase de conhecimento, as custas estão regulamen- tadas no artigo 789 da CLT, enquanto na fase de exe- cução, estão previstas no art. 789-A da CLT. Quanto às custas na fase de conhecimento tem-se: • serão recolhidas pela parte vencida; • serão recolhidas no importe de 2% (dois por cento) sobre o valor da condenação ou do acordo e, em regra, na falta, sobre o valor da causa, res- peitado o limite mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos). • serão recolhidas no prazo do recurso caso a parte vencida recorra e após o trânsito em julgado, caso não haja recurso (art. 789, § 1º, CLT). O recolhimento das custas é efetuado por meio de GUIA GRU. O reclamante beneficiário da justiça gratuita, mesmo que vencido, está dispensado do recolhimento das cus- tas para interpor recurso. A massa falida também é isenta desse recolhimento (súmula 86, TST). Se as partes transigirem, as custas serão rateadas em partes iguais entre os litigantes, salvo se dispuserem de forma diversa (art. 789, § 3º, CLT). E, diante da extinção do processo sem resolução de mérito, o reclamante re- colherá as custas processuais, no importe de 2% (dois por cento) do valor da causa (art. 789, II, CLT). Art. 789, CLT. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas de- mandas propostas perante a Justiça Estadual, no exer- cício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao pro- cesso de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e serão calculadas: I – quando houver acordo ou condenação, sobre o res- pectivo valor; II – quando houver extinção do processo, sem julga- mento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa; III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor da causa; IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar. V – acima de 10 (dez) vezes o valor-de-referência regi- onal, 2% (dois por cento). § 1º As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. § 2º Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar- lhe-á o valor e fixará o montante das custas processu- ais. § 3º Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado, o pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes. § 4º. Nos dissídios coletivos, as partes vencidas respon- derão solidariamente pelo pagamento das custas, cal- culadas sobre o valor arbitrado na decisão, ou pelo Pre- sidente do Tribunal. Observação: na fase de EXECUÇÃO as custas proces- suais SEMPRE serão recolhidas pelo executado e seu valor será determinado pela tabela do artigo 789–A da CLT. Art. 789-A, CLT. No processo de execução são devidas custas, sempre de responsabilidade do executado e pa- gas ao final, de conformidade com a seguinte tabela: I – autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por cento) sobre o respectivo valor, até o má- ximo de R$ 1.915,38 (um mil, novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos); II – atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada: a) em zona urbana: R$11,06 (onze reais e seis centa- vos); b) em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos); III – agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos); IV – agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro re- ais e vinte e seis centavos); V – embargos à execução, embargos de terceiro e em- bargos à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro re- ais e vinte e seis centavos); VI – recurso de revista: R$ 55,35 (cinquenta e cinco re- ais e trinta e cinco centavos); VII – impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco centavos); VIII – despesa de armazenagem em depósito judicial – por dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor da avalia- ção; IX – cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo – sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos). Conclui-se que o recolhimento das custas é condicio- nante para a interposição de recurso pela parte vencida. www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA TRABALHISTA Prática Trabalhista – Aula 01 Aryanna Manfredini 3 Caso ocorra inversão do ônus da sucumbência, a parte recorrente deve recolher custas para interpor recurso contra a decisão que inverteu a sucumbência? A res- posta encontra-se na súmula 25 do TST: Súmula 25, TST. CUSTAS PROCESSU- AIS. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. (alte- rada a Súmula e incorporadas as Orientações Jurispru- denciais nºs 104 e 186 da SBDI-1) - Res. 197/2015 - DEJT divulgado em 14, 15 e 18.05.2015 I - A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está obrigada, independentemente de inti- mação, a pagar as custas fixadas na sentença originá- ria, das quais ficara isenta a parte então vencida; II - No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem acréscimo ou atualização do valor das custas e se estas já foram devidamente recolhidas, descabe um novo pagamento pela parte vencida, ao re- correr. Deverá ao final, se sucumbente, reembolsar a quantia; (ex-OJ nº 186 da SBDI-I) III - Não caracteriza deserção a hipótese em que, acres- cido o valor da condenação, não houve fixação ou cál- culo do valor devido a título de custas e tampouco inti- mação da parte para o preparo do recurso, devendo ser as custas pagas ao final; (ex-OJ nº 104 da SBDI-I) IV - O reembolso das custas à parte vencedora faz-se necessário mesmo na hipótese em que a parte vencida for pessoa isenta do seu pagamento, nos termos do art. 790-A, parágrafo único, da CLT. b) Depósito recursal O depósito recursal tem natureza de garantia do juízo, portanto, só é realizado pelo reclamado e se este for empregador (art. 899, 4º, CLT). Ressalte-se que em- pregado não efetua depósito recursal. A IN 27/2005 do TST estabelece no parágrafo único de seu artigo 2° que o depósito recursal também é exigido para as novas ações de competência da Justiça do Tra- balho, nos moldes da CLT, logo o tomador dos serviços também deverá efetuar o depósito para a interposição de recurso, quando houver condenação em pecúnia e não se enquadrar em nenhuma das circunstâncias de isenções previstas em lei. Art. 2º, IN/TST 27/2005. A sistemática recursal a ser ob- servada é a prevista na Consolidação das Leis do Tra- balho, inclusive no tocante à nomenclatura, à alçada, aos prazos e às competências. Parágrafo único. O de- pósito recursal a que se refere o art. 899 da CLT é sem- pre exigível como requisito extrínseco do recurso, quando houver condenação em pecúnia. Os recursos que exigem o depósito recursal são: re- curso ordinário, recurso de revista, embargos ao TST, recurso extraordinário e recurso ordinário em ação Res- cisória. O reclamado depositará o valor da condenação ainda não depositado, até o limite do teto estabelecido pelo TST. Os tetos estabelecidos pelo TST a partir de 1° de agosto de 2013 são de R$ 8.183,06 para o RO e R$ 16.366,10 para RR, ETST, REXT e recurso ordinário em ação res- cisória. A Lei 12.275/2010 inseriu o § 7° no artigo 899 da CLT, passando a exigir depósito recursal para interposi- ção do agravo de instrumento, no importe de 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito de recurso ao qual se pretende destrancar. Ressalte-se, entretanto, que quando todo o valor da condenação já estiver de- positado, nada mais poderá ser exigido a título de depó- sito recursal. Assim, para apurar o valor a ser deposi- tado devemos utilizar o seguinte raciocínio: O reclamado depositará o valor da condenação ainda não depositado até o limite de 50% do valor do depó- sito do recurso trancado. Ressalte-se, entretanto, que a lei 13.015/2014 incluiu no art. 899 da CLT, o § 8º, estipulando uma hipótese em que não será necessária a realização do depósito recursal para interposição de agravo de instrumento. Trata-se do caso em que este recurso tiver a finali- dade de destrancar recurso de revista que se insurge contra decisão que contraria a jurisprudência uni- forme do Tribunal Superior do Trabalho, consubstan- ciada nas suas súmulas ou em orientação jurispru- dencial. Observe os exemplos: Exemplo 1: Ao proferir a sentença o juiz atribuiu à con- denação o valor provisório de R$ 18.183,06. O recla- mado interpôs RO, depositando R$ 8.183,06 (o valor da condenação ainda não depositado até o limite do teto estabelecido pelo TST para o RO). O juiz do tra- balho entendeu que o recurso era intempestivo, dene- gando seguimento ao mesmo, o qual ficou trancado. Para destrancá-lo o reclamado interpôs agravo de ins- trumento. Qual o valor a ser depositado? Depositaremos o valor da condenação ainda não depo- sitado (R$ 10.000,00) até o limite de 50% do valor do depósito do recurso trancado (R$ 4.091,53 ). Deposita- remos o valor menor, R$ 4.091,53. Observe, entretanto, o segundo exemplo: Exemplo 2: Ao proferir a sentença o juiz atribuiu à con- denação o valor provisório de R$ 9183,06. O recla- mado interpôs RO, depositando R$ 8.183,06 (o valor da condenação ainda não depositado até o limite do www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA TRABALHISTA Prática Trabalhista – Aula 01 Aryanna Manfredini 4 teto estabelecido pelo TST para o RO). O juiz do tra- balho entendeu que o recurso era intempestivo, dene- gando seguimento ao mesmo, o qual ficou trancado. Para destrancá-lo o reclamado interpôs agravo de ins- trumento. Qual o valor a ser depositado? Depositaremos o valor da condenação ainda não depo- sitado (R$ 1000,00) até o limite de 50% do valor do de- pósito do recurso trancado (R$4.091,53). Depositare- mos o valor menor, R$ 1000,00. Seguem suposições em que o depósito recursal é ine- xigível: • O depósito recursal só será exigível quando houver condenação em pecúnia (súmula 161, TST). • A massa falida é isenta do depósito, bem como do recolhimento das custas processuais. Tal vanta- gem, entretanto, não se aplica às empresas em li- quidação extrajudicial. Nesse sentido é a súmula 86 do TST. • Nos termos do art. Art. 1º, IV, do Dec. Lei 779/69, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações públicas que não explorem atividade econômica estão dis- pensadas da realização de depósito recursal. EM SÍNTESE: O beneficiário da justiça gratuita é isento de custas processuais, mas não está dispensado de realizar o depósito recursal, quando exigido, uma vez que este tem natureza de garantia do juízo. O prazo para efetuar o depósito recursal corresponde ao mesmo prazo do recurso, ou seja, 8 (oito) dias. A súmula 245 do TST assevera que eventual interposi- ção antecipada do recurso não prejudica a dilação le- gal, logo, a interposição do recurso, no terceirodia do prazo, por exemplo, não impede a realização e com- provação do depósito até o oitavo dia do prazo. No caso do agravo de instrumento é diferente. Por força do disposto no art. 899, § 7º, da CLT, o depó- sito deve ser realizado e comprovado no ato da in- terposição do recurso. Quando o trabalhador estiver sujeito ao regime do FGTS, o depósito será realizado por meio da guia GFIP, sendo o valor destinado à sua conta vinculada ao FGTS. Caso, entretanto, o trabalhador não esteja vinculado a tal regime, o depósito será realizado na sede do juízo, ficando a disposição deste. Nesse sentido é a recente súmula 426, aprovada pelo Pleno do TST em maio de 2011. Observe: SÚMULA Nº 426, TST. DEPÓSITO RECURSAL. UTILI- ZAÇÃO DA GUIA GFIP. OBRIGATORIEDADE. Nos dis- sídios individuais o depósito recursal será efetivado me- diante a utilização da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP, nos termos dos §§ 4º e 5º do art. 899 da CLT, admitido o depósito judicial, realizado na sede do juízo e à disposição deste, na hipótese de relação de trabalho não submetida ao regime do FGTS. EM SÍNTESE: Na sentença, o juiz arbitrará valor provisório à condena- ção e é a partir deste que será calculado o depósito re- cursal, assim como o valor das custas processuais. Caso a somatória do valor dos depósitos realizados re- sulte no valor integral da condenação, nada mais poderá ser exigido a tal título (súmula 128, I, TST). Quando houver condenação solidária, o depósito rea- lizado por uma das reclamadas será aproveitado pelas demais, desde que a que realizou o depósito não esteja pedindo a sua exclusão da lide (súmula 128, III, TST). Súmula 128, TST . DEPÓSITO RECURSAL (incorpo- radas as Orientações Jurisprudenciais nºs 139, 189 e 190 da SBDI-1) – Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. I – É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA TRABALHISTA Prática Trabalhista – Aula 01 Aryanna Manfredini 5 integralmente, em relação a cada novo recurso inter- posto, sob pena de deserção. Atingido o valor da con- denação, nenhum depósito mais é exigido para qual- quer recurso. (ex-Súmula nº 128 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.03, que incorporou a OJ nº 139 da SBDI-1 – inserida em 27.11.1998) II – Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os in- cisos II e LV do art. 5º da CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementa- ção da garantia do juízo. (ex-OJ nº 189 da SBDI-1 – in- serida em 08.11.2000) III – Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide. (ex-OJ nº 190 da SBDI-1 – inserida em 08.11.2000) Recurso Ordinário 1. HIPÓTESES DE CABIMENTO São duas as hipóteses de cabimento do recurso ordi- nário e encontram-se previstas no artigo 895 da CLT, em seus incisos I e II. • Primeira hipótese de RO (inciso I) Art. 895, CLT. Cabe recurso ordinário para a instância superior: I – das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e O recurso é composto por folha de rosto, dirigida ao juiz que proferiu a decisão, e pelas folhas de razões, ende- reçadas ao TRT. • Segunda hipótese de RO (inciso II) Art. 895, CLT. Cabe recurso ordinário para a instância superior: II – das decisões definitivas ou terminativas dos Tribu- nais Regionais, em processos de sua competência ori- ginária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios in- dividuais, quer nos dissídios coletivos. Neste caso, a folha de rosto é dirigida ao presidente do TRT e a folha de razões para o TST. Veja: São ações de competência originária do TRT aquelas em que a lei estabelece que: • devem ser ajuizadas perante o TRT; • o TRT funcionará como órgão de 1ª instância; A ação rescisória e o mandado de segurança são exemplos de ações de competência originária de Tribu- nais. a) Ação Rescisória A legislação vigente estabelece que se a decisão a ser desconstituída trata-se de uma sentença proferida pelo juiz do trabalho, a ação rescisória deverá ser dirigida ao Tribunal Regional do Trabalho. Caso a decisão a ser rescindida seja proferida pelo TRT, a competência será do próprio Tribunal de onde se originou o acórdão. Por fim, se o acórdão a ser desconstituído foi proferido pelo Tribunal Superior do Trabalho, a competência para pro- cessar e julgar a ação rescisória é do próprio Tribunal Superior do Trabalho. A súmula 158 do TST estabelece que cabe RO da deci- são do TRT em ação rescisória: Súmula 158, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, cabível é o recurso ordi- nário para o Tribunal Superior do Trabalho, em face da organização judiciária trabalhista. Em síntese: www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA TRABALHISTA Prática Trabalhista – Aula 01 Aryanna Manfredini 6 b) Mandado de Segurança Segundo Mauro Schiav1, em razão do aumento da competência da Justiça do Trabalho, os Mandados de Segurança passaram a ser cabíveis contra atos de outras autoridades, além das judiciárias, como nas hipóteses dos incisos III e IV do art. 114, da CF, em face dos Auditores Fiscais e Delegados do Trabalho, Oficiais de Cartório que re- cusam o registro de entidade sindical, e até mesmo atos dos membros do Ministério Público do Trabalho em Inquéritos Civis Públicos, uma vez que o inciso IV do art. 114 diz ser da competência da justiça traba- lhista o mandamus quando o ato questionado envol- ver matéria sujeita à sua jurisdição. Observe-se o disposto no art. 114 da Constituição da República: Art. 114, CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) III – as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e en- tre sindicatos e empregadores; IV – os mandados de se- gurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (...) A depender de quem seja a autoridade coatora, a lei es- tabelece o juízo competente para processar e julgar o mandado de segurança, conforme exposto no quadro a seguir: 1. SCHIAV, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. A súmula 201 do TST estabelece que das decisões dos TRTs em mandado de segurança cabe RO para o TST. Observe: Súmula 201, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordi- nário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, correspondendo igual dilação para o recor- rido e interessados apresentarem razões de contrarie- dade. 2. MODELO DE RECURSO ORDINÁRIO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ... VARA DO TRABALHO DE ....... . NOME DO RECORRENTE, já qualificado nos autos em epígrafe, em que contende com NOME DO RE- CORRIDO, também qualificado, vem respeitosa- mente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado, com fulcro no artigo 893, II e 895, I da CLT, interpor RECURSO ORDINÁRIO para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ____ Região, requerendo sejam as razões a esta pe- tição anexadas, consideradas como sua parte inte- grante. Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da outra parte para apresentar contrarrazões ao recurso ordinário no prazo de 8 dias, nos termos do artigo 900, CLT e a posterior remessa ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ... Região. Nestes Termos, Pededeferimento. Local e Data. Advogado OAB n° 2 ed. São Paulo: LTr, 2010, p.1178. www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA TRABALHISTA Prática Trabalhista – Aula 01 Aryanna Manfredini 7 __________________________________________ _____ EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO. RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO A respeitável sentença não merece ser man- tida, razão pela qual requer a sua reforma. I – PRELIMINAR DE MÉRITO (conforme aula) II – PREJUDICIAL DE MÉRITO (conforme aula) III – MÉRITO (conforme aula) IV - REQUERIMENTOS FINAIS Diante do exposto, requer conhecimento do presente recurso, bem como o acolhimento da preli- minar de mérito para ...., sucessivamente, o acolhi- mento da prejudicial de mérito para .... e, sucessiva- mente, ainda, no mérito, o seu provimento, para fins de reforma da sentença para ... Nestes Termos, Pede Deferimento, Local e Data Advogado OAB n°
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