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QUÍMICA ANALÍTICA AVANÇADA – 1S 2015 MÓDULO 2 Equilíbrio e Titulações de complexação Estatística Aplicada à Química Analítica Preparo de Amostras Notas de aula: www.ufjf.br/baccan Prof. Rafael Arromba de Sousa Departamento de Química - ICE rafael.arromba@ufjf.edu.br AVISOS 1) Pontuação TVCs: 35 pontos cada Seminário (03/06) : 20 pontos Atividades: 10 pontos (5,0 para cada módulo) 2) Atividade do Módulo 2 “Experimento sobre amostragem” (17/06) � Atividade em sala (relatório) � Cada aluno deve trazer pelo menos 1 pacote de M&M (pacote marrom de 104 g) � Trazer também 1 par de luvas para manipulação AVISOS 3) Seminários sobre o tema “complexação” Sugestões: - Terapias de quelação - Titulação com EDTA para determinar a dureza da água - Determinação espectrofotométrica de fosfatos totais - Determinação espectrofotométrica de FeIII com o ácido acetilsalicílico REFERÊNCIAS QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA ELEMENTAR N. Baccan, J. C. Andrade, O. E. S. Godinho, J. S. Barone 3ª Ed, Editora Edgard Blücher Ltda: São Paulo, 2001 ANÁLISE QUÍMICA QUANTITATIVA D. C. Harris 7ª Ed, LTC: Rio de Janeiro, 2008 FUNDAMENTALS OF ANALYTICAL CHEMISTRY D. A. Skoog e col. 8th Ed, Thomsom Broks Cole: Belmont, 2004 INTERNET: www2.iq.usp.br/docente/gutz/curtipot.html 4 Aula 1 EQUILÍBRIO E VOLUMETRIA DE COMPLEXAÇÃO PLANO DA AULA � (Revisão) Equilíbrio químico em soluções � Definição de íon complexo e agente complexante (EDTA) � Aspectos físico-químicos das reações de complexação � Química do EDTA e as titulações complexométricas - Identificação do ponto final (indicadores metalocrômicos) - Uso de agentes complexantes auxiliares e/ou de mascaramento - Tipos de titulação com EDTA: * direta * indireta * de retorno * de deslocamento 5 Equilíbrio químico em soluções Reações químicas em equilíbrio a A + b B c C + d D ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS IMPORTANTES [C]c [D]d 1) Constante de equilíbrio K: K= [A]a [B]b Proposta em 1864 como “Lei da ação das massas”. Características: [espécies]= mol L-1 [solvente]= 1 � K é adimensional a) NO SENTIDO INVERSO (da direita para à esquerda) a constante é K´ K´ Constante de equilíbrio é: K´= 1/K c C + d D � a A + b B direto inverso NO EQUILÍBRIO as velocidades das reações direta e inversa são iguais 6 b) Quando DUAS REAÇÕES SÃO ADICIONADAS, o valor de K é igual ao produto dos valores individuais: HA H+ + A- , K1 [H+] [A-] [CH+] [A-] [CH+] H+ + C CH+ , K2 K3= K1 K2= = [HA] [H+] [C] [HA] [C] HA + C CH+ + A- , K3 � A reação se desloca no sentido de compensar a perturbação imposta ao estado de equilíbrio: 2) O Princípio de Le Chatelier Prevê as mudanças que ocorrem quando reagentes ou produtos são adicionados a uma reação em equilíbrio a A + b B c C + d D 7 8 Equilíbrio de complexação é mais um exemplo � espécies formadas: complexos metálicos Existem vários tipos de equilíbrio ... Cu (NH3)4 2+ � COMPLEXO ou ÍON COMPLEXO Metal e ligante interagem por meio de uma ligação covalente Elétrons do ligante ocupam orbitais livres do metal M Ln � FÓRMULA GERAL Cu 2+ + 4 NH3 Cu (NH3)4 2+ Outros exemplos (comuns) são os aquaácidos: íons metálicos hidratados K(H2O)6+, Na(H2O)6+, Cd(H2O))62+ 9 CARACTERÍSTICAS DOS COMPLEXOS � No MÁXIMO, N, DE LIGANTES � no de coordenação do íon metálico - depende da config. eletrônica do íon - do tamanho dos ligantes, entre outros fatores - os números mais comuns são 2, 4 e 6 � ÍON CENTRAL� (geralmente) metais de transição (24 Cr – 30 Zn) � LIGANTES � moléculas neutras ou íons negativos EXEMPLO: AMIN-COBRE: M = Íon central (Cu 2+); L = Ligante (NH3); N= 4 10 CARACTERÍSTICAS DOS COMPLEXOS � COMPLEXOS PODEM SER NEUTROS OU CARREGADOS: Cisplatina: PtCl2(NH3)2 Composto antitumural (quimioterapia) � Composto de coordenação [Cu(H2O)6] 2+ [Fe(CN)6] 3- 11 � Ligação M – L Envolve interações do tipo ácido - base Conceito de Lewis Metal: ÁCIDO � capaz de receber pares de elétrons Ligantes: BASE � capaz de doar pares de elétrons ENTÃO... - Para atuar como ligante: espécie precisa ter pelo menos 1 par de elétrons “livres” - Complexo: produto de um ácido + base Lewis pode ser mononuclear ou polinuclear maior interesse analítico 12 � Ligação M – L Interações do tipo ácido – base Número está relacionado com a geometria: Exerc 1: (Entendendo o conceito) Escreva a reação de formação do complexo hexaquacobalto II e identifique quem atua como ácido e quem atua como base, segundo a teoria de Lewis. B F F F Unused p orbital M Ligante Orbital não ocupado (acomoda elétrons do ligante) Ligante Ligante 13 Tipos de ligantes Ligantes monodentados : - Ligantes simples (como água, amônia e haletos) - Ligam-se ao íon metálico por apenas um único “ponto” Outro ex: íon CN-� Ag+ + 2 CN- [AgCN2] – Ligantes polidentados: - Ligantes orgânicos - Ligam-se ao íon metálico por meio de dois ou mais “pontos” Ex: Etilenodiamina� H2N - CH2 - CH2 - NH2 Ligante bidentado Ex importante de LIGANTE POLIDENTADO: Ácido etileno diaminotetracético (EDTA) 14 Usos químicos e biomédicos grupos ligantes: radicais carboxila e amino (átomos de O e N) Ex importante de LIGANTE POLIDENTADO: Ácido etileno diaminotetracético (EDTA) 15 Usos químicos - Aplicações analíticas (titulações complexométricas) - Aplicações tecnológicas - Detergentes - Produtos de Limpeza evita a oxidação por íons metálicos - Cosméticos Usos biomédicos -Terapias de “quelação” para íons metálicos - Nutrientes em excesso (Fe) - Contaminantes (Pb e Pu) 16 OS LIGANTES MULTIDENTADOS: QUELANTES (originam os quelatos) Espécies químicas capazes de se coordenar com íons positivos formando compostos iônicos estáveis e, geralmente, solúveis em água SÍTIOS LIGANTES (DOS QUELANTES): � Átomos de nitrogênio (coordenam-se preferencialmente como Cd, Co, Cu, Hg, Ni, Zn) � Átomos de oxigênio (coordenam-se preferencialmente com Al, Bi, Pb) � EDTA � átomos de N e O: coordena com grande variedade de metais Solubilização em água de espécies insolúveis Outros exemplos de complexos: 17 � Complexos com DOIS ou mais ÍONS CENTRAIS NH2 (NH3)3Co OH Co(NH3)3 NH2 �ÁREA DA BIOQUÍMICA: EXEMPLOS IMPORTANTES DE COMPLEXANTES E COMPLEXOS � ATPs (trifosfatos de adenosina) ligantes tetradentados que coordenam-se a Mg 2+, Mn 2+, Co 2+ e Ni 2+ � Hemoglobina pigmento vermelho do sangue (íon central: Fe 2+) 18 3) “Constante de Formação” dos Íons-complexos (K f): 19 m M + n L MmLn (constante de estabilidade) [MmLn] K f= [M]m [L]n Se a reação ocorre em etapas, formando complexos intermediários: Kf = K1.K2.Kn Situação que ocorre com ligantes monodentados: vão se ligando ao íon central 1 a 1... A constante de formação K f também é chamada de “constante de estabilidade” O inverso de K f é denominado “constante de instabilidade”: k f = 1 / K inst. ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DAS REAÇÕES EM EQUILÍBRIO... 3) “Constante de Formação” dos Íons-complexos (Kf): Reações com ligantes multidentados ocorrem em uma única etapa e são mais favoráveis (MAIOR entropia) K f ligante monodentado < K f ligante bidentado < K f ligante multidentado Efeito quelato: Ex: [Cd(C2N2H8)2]2+ é mais estável que [Cd(C2NH5)4]2+ 20 m M + n L MmLn [MmLn] K f = [M]m [L]n Literatura: ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DAS REAÇÕES EM EQUILÍBRIO... ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DO EDTA: Ác fraco (4 H ionizáveis): pK1 = 2,00 pK2 = 2,66 pK3 = 6,16 pK4 = 10,26 Representado por H4YREAÇÕES DE DISSOCIAÇÃO: H4Y H+ + H3Y- [H+] [H3Y -] K1 = [H4Y] � Dependem do pH 21 COMO SÃO OS COMPLEXOS DO EDTA ? - O EDTA forma complexos 1:1 com ~ todos os íons metálicos (independente da carga), exceto Na+, Li+ e K+ - Quanto maiores as cargas dos cátions, maiores são os valores de Kf M n+ + Y 4- MY n-4 pH > 10 n-4 � Em pH > 10 a fração α da espécie Y4- é mais significativa: D. Harvey, Modern Analytical Chemistry, McGraw-Hill: Boston, 2000 22 [Y 4-] α4 = Ca Ca = conc. das espécies de EDTA não complexadas (Cd) CONSTANTE DE FORMAÇÃO CONDICIONAL K f´ (depende do pH): [MY n-4] K f = [M n+] [Y 4-] [MY n-4] K f α4 = = K f´ [M] n+ Ca [MY n-4] K f = [M] n+ α4 Ca D. Harvey, Modern Analytical Chemistry, McGraw-Hill: Boston, 2000 23 M n+ + Y 4- MY n-4 pH [MY n-4] K f´ = [M] n+ Ca [Y 4-] α4 = Ca ? Influência do pH e seletividade � Para diferentes analitos existe um pH a partir do qual a formação do complexo é favorecida (maior K) � O EDTA é usado em uma ampla faixa de pH (ligante de ampla aplicação) � A escolha do pH confere seletividade para algumas espécies (Ex Ca e Mg) Skoog DA e col., Fundamentals of Analytical Chemistry, 8th Ed, Thomsom Broks Cole: Belmont, 2004 24 Entendendo a Constante de formação condicional Exerc 2 (Ex da pg 260 do Harries): Calcule a conc. de Ca2+ livre em uma solução de CaY2- 0,100 mol L-1 em pH 6,00 e em pH 10,0. Dados Kf CaY -2 = 1010,65, α Y 4-= 1,8.10 -5 (pH 6,00) e α Y 4-= 0,30 (pH 10,0). Resp: em pH 6 � [Ca2+] ≈ 3,5 10-4 mol L-1 em pH 10 � [Ca2+] ≈ 2,7 10-6 mol L-1 MOSTRA a importância do pH (vide Harries, pg 260). 25 APLICAÇÕES CLÁSSICAS E INSTRUMENTAIS: 1) Determinação de diferentes espécies metálicas e ânions por gravimetria ou titulação - Determinação de Ni com dimetilglioxima: precipitação em meio amoniacal seguida de pesagem do precipitado (após secagem). 2) Separação de espécies inorgânicas (metais) - Separação de AgCl e Hg2Cl2 empregando NH4NO3: formação de Ag(NH3)2 +. - Mascaramento do Mn II (com trietanolamina) na determinação de Ca e Mg em cálcario por titulação com EDTA. 3) Formação de complexos coloridos para detecção colorimétrica de cátions metálicos - Complexação de Cu com dietilditiocarbamato de sódio e extração com clorofórmio. - Determinação espectrofotométrica de Fe III com o ligante 1-10-fenantrolina. Aplicações analíticas do equilíbrio de complexação 26 Caso “3”: Formação de complexos coloridos POSSIBILITA fazer uma extração líquido-líquido de espécies de íons metálicos em água � Atentar para o pH do meio � Utilizar solvente apropriado Exemplos: - Extração de vários metais (Al, Be, Ce, Co(III), Ga, In, Fe...) Acetilcetona (quelante) + CCl4 (solvente) - Extração de Ni e Pd Dimetilglioxima (quelante) + HCCl3 (solvente) � Vários outros quelantes: Cupferron, difeniltiocarbazona, dietilditiocarbamato de sódio... Aplicações – outros exemplos 27 Caso “1”) Titulações envolvendo EDTA como titulante ou titulado � Uso como titulante é o mais comum: Sol. amostra + Sol. padrão � Produto estequiométrico (titulado) (titulante) Cálculo da concentração do analito - com base nos volumes usados (titulado e titulante) Este tipo de titulação será o foco principal desta aula 28 Aplicações PRINCÍPIO DA TITULAÇÃO COMPLEXOMÉTRICA: Titulação do analito com um agente complexante � íon-complexo TITULAÇÃO: Sol. amostra + Sol. padrão � Produto estequiométrico (titulado) (titulante) Titulante (EDTA) Titulado (íon metálico dissolvido) 29 Titulações complexométricas � Verificar a necessidade de usar um preparo de amostra adequado Os aspectos experimentais das titulações complexométricas são semelhantes aos das outras volumetrias... - Ponto de equivalência: é o volume exato do titulante necessário para reagir estequiometricamente com a substância a ser determinada - Ponto final: é o volume do titulante efetivamente gasto na titulação O PF é identificado por uma mudança brusca em alguma propriedade do titulado: cor (principalmente) e potencial elétrico Volume PF – Volume PE � Erro da titulação - A concentração do titulante deve ser ser conhecida e confiável 30 Requisitos do titulante (solução padrão) � Solução estável, de concentração conhecida e confiável � Preparada a partir de padrões primários ou secundários � Sua reação com a substância em teste deve ser rápida, ocorrer à temperatura ambiente e ter estequiometria definida “Padrão-primário”: EDTA solução de ác. etileno diaminotetracético (0,01 – 0,10 mol L-1) C10H16N2O8 292,2 g mol-1 Sólido branco, solúvel em água, deve ser seco em estufa antes de usar e disponível comercialmente: sal di-sódico, tetra-sódico e cálcico-di-sódico 31
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