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RAZÃO E LIBERDADE EM HEGEL

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Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR - 
Escola de Educação e Humanidades 
Curso: 2603 - Licenciatura em Filosofia - 1º Semestre / 2017
Programa de Aprendizagem: 	Filosofia Contemporânea I
Docente: 	José Aparecido Pereira
Discentes: 	Iago Aníbio Pimenta
		João Paulo da Silva Piller
		Samuel Bruno da Silva
TDE: Trabalho Discente Efetivo
RELAÇÃO ENTRE RAZÃO, HISTÓRIA E LIBERDADE EM HEGEL
Ao analisarmos os conceitos de razão, liberdade e história em Hegel constatamos que história e razão para o autor estão associadas, sendo que história é o autodesenvolvimento da razão, pois na história do mundo as coisas aconteceram racionalmente. Segundo o autor “quem olha racionalmente para o mundo, o mundo olha de volta racionalmente. A relação é mútua” (HEGEL, 2004, p.55). Implica nesse conceito a interrelação entre o pensamento e realidade, do real com o racional e da conexão entre os fatos históricos com a razão: “A História, para Hegel, ‘é o desenvolvimento do espírito no Tempo, assim como a Natureza é o desenvolvimento da Ideia no Espaço’” (In Prefácio – HEGEL, 2004, p.22).
Com essa afirmação Hegel pretende mostrar, primeiramente, que não há dissociação daquilo que é real do pensamento. Quando se olha para os fatos que estão de fora, ali é possível encontrar a ação da racionalidade – uma manifestação da razão, as ações feitas na Revolução Francesa, por exemplo, parte de uma reflexão racional. A partir disso podemos compreender que há uma dialética pela qual a razão se desenvolve – que é por meio da comunicação com os fatos reais – sendo este um meio para interpretação da realidade. Não é o que nós vemos como fatos que caracterizam a História, mas justamente aquilo que é consequência de uma ordenação lógica dentro do fato. 
A razão é substância, pois é dela e nela que toda realidade tem o seu ser e a sua subsistência. É também poder, conteúdo e forma infinita, realizando sua meta para a potencialidade e para a realidade, “da fonte interior para a experiência exterior, não apenas no universal natural, mas também no espiritual, na História do mundo” (HEGEL, 2004, p.52). Para o autor, há dois aspectos que demonstram que a razão já dominou o mundo. Uma é pelo fato histórico, que teve início com Anaxágoras – o primeiro a compreender que há razão na natureza e que a mesma é governada por leis imutáveis e universais. E, por conseguinte, uma ligação histórica do pensamento cuja razão governa o mundo por meio de outra forma que conhecemos como: a verdade religiosa. Nela compreendemos o mundo como sendo construído pela Providência. Esta, por sua vez preside os acontecimentos do mundo. Ela é a sabedoria dotada de infinito poder que realiza o seu objetivo final, racional e absoluto que é a liberdade. Hegel propõe, portanto, que pensamento e realidade não se separe, tal qual a História e a realidade. Segundo o autor, “a razão é o pensamento determinando-se em absoluta liberdade” (HEGEL, 2004, p.56).
	Compreenderá que a história do mundo “é a exposição do espírito em luta para chegar ao conhecimento de sua própria natureza” (HEGEL, 2004, p.63); devemos considerar seu objetivo ao analisarmos a história do mundo, cuja finalidade é aquilo que é determinado no mundo em si. Essa natureza do mundo bem como a do homem é a liberdade. O homem é livre quando está consigo – quando não se é dependente. “Eu sou livre quando estou comigo. Essa existência autocontrolada do Espírito é a consciência própria, a consciência de si” (HEGEL, 2004, p. 64). 
	A consciência da liberdade surge entre os gregos, embora limitada a alguns homens, assim como os romanos. É com o povo germânico juntamente com o cristianismo onde se compreende que “a liberdade de espírito é a própria essência da natureza humana” (HEGEL, 2004, p. 65), que todos os homens são livres. Para o autor, a liberdade caminha com a história do mundo, diz-nos que a história do mundo é o avanço da consciência de liberdade, um progresso racional: para os povos orientais a princípio, o um é livre, gregos e romanos entendiam que somente alguns homens eram livres, e nós a partir dos povos germânicos até nossos dias compreendemos que todos os homens são livres.
O conhecimento de si mesmo leva à liberdade, bem como o conhecimento da realidade. A consciência de si mesmo, é o reduto da lógica, âmbito em que não há externalização alguma; é o que dá o sentido ao presente: a liberdade é o seu próprio objetivo e também propósito, sendo a finalidade em que a história do mundo se volta. A liberdade para Hegel é a harmonização dos termos – vontade e razão: não é puramente racional, ou quando elimina os instintos e os desejos, mas quando faz a integração dessas forças opostas. A esse objetivo final o autor relaciona a divina Providência que tratamos acima como uma compreensão religiosa em que é o desejo de Deus para o mundo, onde advém a ideia de liberdade (sua própria natureza divina: liberdade).
Podemos entender que a relação de História, liberdade e razão se dá a medida que para o autor, a história está intrinsicamente ligada à razão, sendo ela aquela capaz de interpretar e agir sobre o fato histórico de maneira dialética. A própria razão é o espírito humano que se autodesenvolve quando dialoga com a realidade por sua própria liberdade. Por liberdade podemos entender ser um movimento progressivo do Espírito com relação a si mesmo, uma vez que o desenvolvimento do espírito diante da realidade o faz conhecer a si mesmo e, quanto mais é a tomada de consciência de si mesmo, tanto mais livre o Espírito se torna. O autoconhecimento o leva, o Espírito, a compreender e a agir, por consequência no espaço, ou seja, na realidade. Por esse motivo é que no autodesenvolvimento da razão, que ocorre na História, a liberdade também sempre esteve acontecendo, pois ela é interdependente do desenvolvimento da razão, e a razão dependente da liberdade para progredir e interagir na História.
	O pensamento hegeliano contribui para a compreensão das situações problemáticas que compõe o cenário mundial, partindo de fatos particulares que correspondem a uma totalidade, ou seja, fatos particulares que expressam uma relação com o universal. Em Hegel, a reflexão deve ter como base a razão, tendo ela a função de afastar-se de tudo aquilo que é a priori, mas seguir a via da empiria e da história. Dessa forma revela-se a verdade que se pode confiar.
	Hegel utiliza de uma metáfora para explicar a relação entre a “semente”, representando um fato particular, carregando em si até mesmo o sabor e a cor do fruto, ou seja, mesmo em seu tamanho reduzido a semente contém um nexo de outros fatos particulares que podem ser apreendidos pela experiência. Se nos determos aos fatos particulares que compõe a sociedade contemporânea podemos encontrar fatos que correspondem indiretamente à metáfora de Hegel, por exemplo, a problemática sobre a reforma da Previdência Social no Brasil, da qual aparenta ser fruto da vontade geral, embora os articuladores partem de vontades particulares para fundamentar a necessidade de tais alterações. De fato, a reforma da Previdência é necessária, todavia, da forma que está sendo feita, os resultados não privilegiarão a maioria da população, mas o grupo pequeno que a articula.
Por trás de toda discussão sobre a Previdência, que nesse exemplo, é a semente da metáfora hegeliana, há um emaranhado de situações históricas, políticas e sociais que ocorreram a partir de uma ordenação racional. Ou seja, não se trata apenas da reformulação de alguns parâmetros em conflito dentro da Previdência, mas de uma série de fatores racionalmente acontecidos no decorrer da história; a saber: a efetivação por parte da população (geral) do formato político vigente; a complexidade da corrupção feita pelos gerenciadores da Previdência na história ocasionou um déficit negativo, ainda que a contribuição pela maioria da população era feita.
Historicamente a reforma previdenciária proposta, se não for repensada, dessa vez com olhar geral, ou seja, da população, trará grandes consequência para a grande massada população. O maior tempo da jornada de trabalho por exemplo, é uma ideia que não parte do todo, mas de uma minoria que possui uma menor jornada diária de trabalho e que já, de algum modo, está assegurada pela previdência. Do mesmo modo, o aumento do tempo de contribuição à Previdência implicará na perda do direito iminente de aposentadoria daqueles que já se aproximam, pelo tempo contribuído, de se aposentar. Nestes casos, impera a vontade particular sobre a geral. Contudo, essa vontade particular age em plena liberdade, haja vista que foi legitimada pela própria população ao eleger seus representantes.
Portanto, se analisarmos particularmente cada elemento que envolve a Previdência, ou mesmo outros fatos particulares, encontraremos a ação da razão sobre o fato histórico. Quando bem compreendidos os vários fatos particulares se apresentarão como partes de uma cadeia de relações que se referem à totalidade. O totalitarismo absolutizado, apesar de ser um fruto da racionalidade humana na história, se torna um perigo, porque priva a liberdade e vontade geral em nome da liberdade e vontade particular.

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