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AP 2 - 2015/ 1 Aluno(a): _______________________________________________________ Polo: _______________________________ Matrícula ____________________ Nota: _______________ QUESTÃO 1 (2 pontos) Na perspectiva behaviorista, repetição e reforço são fundamentais para que a criança consiga “aprender” uma língua. Questão: Escolha UMA das opções abaixo e desenvolva: a) Explique em que medida a visão veiculada na abordagem behaviorista resulta inadequada para dar conta do processo de aquisição de uma língua materna. b) Contraste as noções de aprendizagem e aquisição relacionadas à linguagemconsiderando a aquisição de uma língua materna e o desenvolvimento da escrita. c) Discuta as noções de aquisição e aprendizagem relacionadas a uma segunda língua (L2) ou língua estrangeira (LE). a) A visão veiculada na abordagem behaviorista resulta inadequada para dar conta do processo de aquisição de uma língua materna pelo fato de fazer previsões que não se constatam na prática e não permitir explicar certos fenômenos relevantes. De acordo com essa perspectiva, todo o processo dependeria da experiência concreta da criança no meio no qual está inserida. Em outras palavras, não existiria nenhuma base inata que pudesse orientar o processo de aquisição. Porém, criança nenhuma está exposta a todas as possíveis frases da sua língua. A visão behaviorista não consegue explicar como é que as crianças são capazes falar e compreender frases nunca ouvidas anteriormente. Além disso, ao longo do processo de aquisição, as crianças agem de acordo com certas regras e estabelecem analogias (Ex. “eu fazi”, por analogia com “eu comi”). Esse tipo de fenômeno não pode ser explicado com base na simples repetição. Por último, sabemos que o chamado “reforço negativo” (a correção) não tem um papel relevante na aquisição da linguagem. Em síntese, a proposta behaviorista não consegue dar conta de uma série de questões centrais para explicar o processo de aquisição da linguagem. b) A aquisição pode ser caracterizada como um processo natural e espontâneo de obtenção de conhecimentos e habilidades. Diferentemente, o aprendizado envolve a orientação de alguém dirigida à criança para que ela aprenda. A língua falada é um tipo de conhecimento adquirido pela criança. Já a língua escrita depende de um processo de aprendizado: a criança passa usualmente por um ensino formal ao longo do qual são salientadas propriedades da língua, suas regras e exceções. Ao longo do aprendizado da escrita a criança utiliza um vocabulário especializado para expressar suas descobertas a respeito desse processo, suas dúvidas e questionamentos (Ex.: “a barriguinha do ‘p’ é para a direita ou para a esquerda?”; “se eu falo [gatu] eu deveria escrever “gatu”; etc.) e é exposta a correções sistemáticas, que revelam padrões inexistentes da língua, para que assim ela os evite. Todas essas características permitem distinguir o processo de aprendizado da escrita do processo natural de aquisição da língua oral. c) No que diz respeito aos conceitos de aquisição e aprendizado relacionados a uma L2, trata-se de dois processos diferentes: um processo de aprendizado não termina com o mesmo produto de um processo de aquisição. Algumas das principais diferenças entre ambos os processos são as seguintes: enquanto a aquisição é implícita, inconsciente, construída a partir de situações informais (independente de regras gramaticais formais) e apresenta uma ordem estável; o aprendizado é explícito, consciente, dependente de situações formais e de aptidão e – geralmente – segue uma ordem que vai do mais simples para o mais complexo, sendo que essa ordem não necessariamente reflete a ordem da aquisição natural de uma língua. QUESTÃO 2 (2 pontos) Questão: Avalie as seguintes afirmações como sendo verdadeiras (V) ou falsas (F). Justifique sua resposta nas questões avaliadas como falsas: a) As áreas do cérebro não são específicas de nenhum dos componentes da nossa cognição, mas são de caráter geral. O comprometimento num dado domínio, necessariamente, é refletido nos restantes. FALSO Existem evidências que apontam para a dissociação de funções cerebrais e são compatíveis com as ideias de especificidade de domínio e modularidade da mente. Podemos citar como exemplo os casos das síndromes de Down e de Williams, nos quais encontramos um desenvolvimento normal da linguagem independentemente de um desenvolvimento atípico de outras habilidades cognitivas. Em ambos os casos temos condições cognitivas fora do esperado, envolvendo um QI baixo, mas um desempenho linguístico normal, o que mostra que um domínio pode ser afetado sem que haja, necessariamente, um comprometimento geral da cognição. b) O processo de aquisição da linguagem parece envolver um conjunto de aspectos universais e se organizar em fases razoavelmente bem delimitadas. VERDADEIRO c) Embora seja correto afirmar que os animais possuem sistemas de comunicação (em alguns casos bastante complexos), há diferenças estruturais e sistemáticas entre a “linguagem animal” e a linguagem humana. VERDADEIRO d) O oralismo é um método que defende o ensino exclusivo de uma língua oral ou falada para as crianças surdas, no lugar da exposição a uma língua de sinais. Essa prática oferece “um caminho natural” para a criança surda, em relação à aquisição da linguagem. FALSO Na situação caracterizada como oralismo, o processo natural de aquisição de uma língua é substituído pelo aprendizado de uma língua oral. Crianças surdas que não têm contato com uma língua de sinais em sua infância correm o risco de perder o limite do período crítico para aquisição. Nesse caso, o máximo que conseguirão fazer é utilizar os sinais tardiamente aprendidos mesmo que fluentemente, mas através de um processo consciente e demorado, fruto de um processo de aprendizado. Em síntese, o oralismo não só não oferece “um caminho natural” para a aquisição da linguagem pela criança surda, mas pode prejudicar seriamente o desenvolvimento linguístico, retrasando e dificultando o processo. QUESTÃO 3 (2 pontos) De acordo com uma versão simplificada da Hipótese do Período crítico: “Há uma programação biológica para a aquisição da linguagem. Após a puberdade, esta programação não mais está disponível”. Questão: Essa afirmação é incompatível com o fato de haver pessoas que desenvolvem um alto nível de proficiência em uma segunda língua após da adolescência? Fundamente sua resposta. Situações de bilinguismo envolvendo pessoas que aprenderam uma segunda língua após a puberdade inicialmente podem parecer pouco favoráveis à hipótese do período crítico. Porém, analisando detalhadamente todos os aspectos envolvidos, podemos concluir que essa hipótese não é incompatível com um alto nível de proficiência em uma L2 atingido após a adolescência. Ser bilíngue significa ser fluente em uma segunda língua e essa fluência é caracterizada por habilidades e desempenho de produção e compreensão oral e escrita avançadas. O termo “conhecimento”, entendido como Competência – conhecimento internalizado de regras e do sistema linguístico –, não é necessariamente colocado em foco no caso de bilinguismo. No caso de pessoas que adquirem uma segunda língua após o período crítico, apesar de serem tratados igualmente, os processos de aquisição da língua materna e de uma segunda língua seriam diferentes. O período crítico parece ser crucial no caso de uma primeira língua ou língua materna, mas não necessariamente isso se aplica no caso de segundas línguas, embora seja possível
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