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Fichamento Raízes do Brasil Semeador e Ladrilhador

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INSTITUTO SÃO BOAVENTURA
	
	Disciplina: Formação do Pensamento Brasileiro 
	
	Professor: Dr. Carlos Ângelo de Meneses Sousa
Curso: Filosofia – 3° / 2017
Estudante: Jéverson de Andrade Santos
Bibliografia: 
HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Fichamento Raízes do Brasil
O Semeador e o Ladrilhador
O espírito de dominação portuguesa tende “cuidar menos em construir, planejar ou plantar alicerces, do que em feitorizar uma riqueza fácil e quase ao alcance da mão.” (HOLANDA, Sérgio Buarque, 1995, p. 95) 
Sérgio Buarque de Holanda nos mostra que a elevação de cidades é por essência antinatural, visto que associada a manifestação do espírito e da vontade se opõe à natureza. Desta forma, em concordância com o pensamento de Max Weber, vários povos evidenciam que a fundação de cidades representou é um dos recursos mais duradouros e eficientes de dominação.
Não muito distante de nossa realidade, a colonização espanhola caracterizou-se largamente com 
“aplicações insistentes em assegurar o predomínio militar, econômico e político da metrópole sobre as terras conquistadas, mediante a criação de grandes núcleos de povoação estáveis e bem ordenados.” (HOLANDA, Sérgio Buarque, 1995, p. 95)
Característica essa que careceu na dominação portuguesa. 
O traçado arquitetônico dos centros urbanos da América espanhola deixa evidente o esforço determinado de vencer e retificar da paisagem agreste; um ato próprio da vontade humana. Ao procurar os lugares a serem povoados, os espanhóis verificam com cuidado as regiões mais saudáveis e seguras. 
A dicotomia da colonização das Américas, “comparado ao dos castelhanos em suas conquistas, o esforço dos portugueses distingue-se principalmente pela predominância de seu caráter de exploração comercial.” (HOLANDA, Sérgio Buarque, 1995, p. 98). Dir-se-ia que a colônia portuguesa é um lugar de passagem, quanto para governo, quanto para os súditos. Enquanto os espanhóis estão concentrados em estabelecer cidades e marcar território, os portugueses estão preocupados na exploração do novo mundo. Exemplo são as restrições para adentrar o Brasil; criavam todas as dificuldades às entradas terra adentro, por receio de que com isso se despovoasse a marinha. A correção do tratado de Tordesilhas foi um dos fatores que possibilitaram a expansão dos exploradores para desbravar gerais adentro, desde que o escoamento dos recursos extraídos chegasse sem demora na metrópole portuguesa.
No terceiro século de domínio português é que se tem um afluxo maior de emigrantes para além do litoral influenciado pela busca do ouro das Gerais e principalmente as minas de diamantes. Tais buscas incessantes levou Portugal à proibição de passagens para o Brasil e colocar um pouco de ordem na colônia, ordem essa por meio da tirania dos que se interessava em ter a detenção econômica do país. 
Mesmo em seus melhores momentos, a obra realizada no Brasil pelos portugueses teve um caráter mais acentuado de feitorização do que de colonização. Não convinha que aqui se fizessem grandes obras, ao menos quando não produzissem imediatos benefícios. Nada que acarretasse maiores despesas ou resultasse em prejuízo para a metrópole. [...] Assim era rigorosamente proibida, nas possessões ultramarinas, a produção de artigos que pudessem competir com os do Reino. (HOLANDA, Sérgio Buarque, 1995, p. 107)
Tudo aquilo que fosse custar ao Reino não era bem vindo, no entanto a administração portuguesa, em alguns pontos, é liberal em comparação às possessões espanholas. Nesse sentido, a coroa portuguesa permitiu a livre entrada de estrangeiros que tenham por intuito trabalhar, desde que se comprometessem a repassar 10% do valor de suas mercadorias como imposto.
Contudo compreende-se que 
“a cidade que os portugueses construíram na América não é produto mental, não chega a contradizer o quadro da natureza, e sua silhueta se enlaça na linha da paisagem. Nenhum rigor, nenhum método, nenhuma previdência, sempre esse significativo abandono que exprime a palavra ‘desleixo’”. (HOLANDA, Sérgio Buarque, 1995, p. 110)
Em suma, a abordagem de Sérgio Buarque, reflete desabrocha a dicotomia da colonização das Américas. Destaca as diferenças entre as formas de tratamento dos portugueses e espanhóis com suas colônias. A argumentação apresentada nos permite pensar que a identidades e a imagens construídas sobre as nações e cidades estão ligadas às disposições físicas, nas construções e edificações das metrópoles, impregnadas pelas características dos colonizadores, e consequentemente na forma como pensamos sobre nós mesmo no aqui e agora.

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