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03. DEMOCRACIA RACIAL A DIMENSAO DA COLONIALIDADE

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DEMOCRACIA RACIAL: A DIMENSÃO DA COLONIALIDADE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO, SOUZA, Terezinha do 
Nascimento, LEITE, José Carlos 
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de 
dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 
39 
DEMOCRACIA RACIAL: A DIMENSÃO DA COLONIALIDADE NO 
BRASIL CONTEMPORÂNEO 
 
 
SOUZA, Terezinha do Nascimento 
Estudante de Mestrado do Programa ECCO-UFMT. 
tetecamolina@gmail.com 
 
LEITE, José Carlos 
Professor do Programa ECCO-UFMT 
jcleite343@gmail.com 
 
 
RESUMO 
Esta pesquisa teórica e histórica investiga a linha tênue da equivocada afirmação da democracia racial 
brasileira, que contraria fatos da existência de racismo no cotidiano. Investiga referenciais que ajudam a 
delinear entre outras discussões, a trajetória do movimento negro brasileiro, focando alguns pensadores 
e obras literárias como Casa grande & senzala do pensador brasileiro Gilberto Freyre que fomenta 
permanente debate. A política do branqueamento se desdobra em entraves que impedem a 
desconstrução do velado racismo brasileiro, fruto das relações político-sociais do país. Finda a 
colonização, a elite dominante instituiu a permanência do poder, que consolidado fortaleceu um 
imaginário social equivocado. Os fundamentos do racismo podem explicar o brasileiro cordial e o seu 
reverso. Esta discussão aguça a nossa necessidade de entender a suposta cordialidade do brasileiro que 
vive a falsa democracia racial, e pode ser desvendada pelos estudos sobre colonialidade e sobre as bases 
conceituais do pensamento liminar de Walter Mignolo, na obra Histórias Locais/Projetos Globais. A 
pesquisa propõe reflexões sobre os modos de construção das relações de poder e formas de dominação. 
 
Palavras-chave: Colonialidade. Poder. Racismo. 
 
ABSTRACT 
This theoretical and historical research investigates the thin line of mistaken affirmation of Brazilian 
racial democracy, which contradicts facts of existence of racism in everyday life. Investigates 
benchmarks that help delineate between other discussions, the trajectory of the Brazilian black 
movement, focusing some thinkers and literary works such as literary great Home and the Brazilian 
thinker slave quarters Gilberto Freyre that fosters ongoing debate. The bleaching policy unfolds in 
obstacles that hinder the deconstruction of veiled Brazilian racism, the result of political and social 
relations of the country. Ending colonization, the ruling elite established the power of permanence, 
which consolidated strengthened a misguided social imaginary. The foundations of racism can explain 
the cordial Brazil and its reverse. This discussion sharpens our need to understand the supposed warmth 
of the Brazilian who lives false racial democracy, and can be discovered by studies on colonialism and 
on the conceptual basis of the preliminary thinking of Walter Mignolo in the work Stories Local / Global 
Projects. The research proposes reflections on ways of construction of power relations and forms of 
domination. 
 
Key-words: Coloniality. Power. Racism. 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEMOCRACIA RACIAL: A DIMENSÃO DA COLONIALIDADE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO, SOUZA, Terezinha do 
Nascimento, LEITE, José Carlos 
Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de 
dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 
40 
INTRODUÇÃO 
Esta comunicação aborda um assunto que polemiza as discussões sobre relações raciais 
no Brasil, que revelam duas faces: uma que nega e outra que afirma plena paz étnica, 
considerando a realidade racista presente no dia a dia dos afro-brasileiros. 
Para tanto, faz-se necessário proceder uma breve análise do papel do movimento negro 
e do cotidiano racista brasileiro, a opinião de pensadores que afirmam e dos que negam a 
existência do racismo, e também de pensadores que abordam o critério cor, caractere enraizado 
nos desdobramentos da colonização. Estão presentes também as discussões sobe o homem 
cordial. Entre as produções eleitas estão: Casa grande & senzala de Gilberto Freyre, apontado 
como disseminador do mito da democracia racial brasileira; Histórias locais/projetos globais: 
colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar de Walter Mignolo; Colonialidade 
do poder, eurocentrismo e América Latina de Aníbal Quijano. 
Inicialmente trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que com o andamento da produção, 
novas leituras delineiam-se e vão além das já elencadas, oportunizando assim um maior 
potencial metodológico. 
 
1.A TRAJETÓRIA DOS AFRO-BRASILEIROS: APONTAMENTOS SUCINTOS 
As contribuições constantes na argumentação de Domingues (2007 pág. 102-103) 
informam que a abolição da escravatura ocorrida em 1888, deixou a população negra 
desamparada, sem que projetos políticos tenham sido elaborados para que isso não acontecesse. 
Mais do que isso, ele afirma que essa população ficou “marginalizada”. Coube então aos 
próprios “ex-escravos e seus descendentes” se organizarem e elegerem representatividade da 
etnia, para assumirem responsabilidades pela própria sobrevivência e inserção social étnica. 
Dessa forma fizeram nascer o movimento negro. Estes criaram diferentes organizações 
inicialmente em São Paulo e depois se espalharam para outros estados brasileiros. Os 
movimentos foram e continuam sendo fundamentais na sustentação das lutas que têm resultado 
em criação de Leis, suas implantações e implementações. Entre as leis que têm desencadeado 
muitas conquistas de direitos está a que combate o racismo, uma lei inafiançável. 
Para entender um pouco essa questão do racismo, faz-se necessário focar um pouco a 
discussão sobre cor, já que a cor negra se revela como foco dessa particularidade de lutas, sobre 
raça e também sobre colonização. 
 
 
 
 
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Nascimento, LEITE, José Carlos 
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Guimarães (2001, pág. 14-15) afirma que a partir do ano 1920 o termo utilizado “pelos 
ideólogos” para identificar afrodescendentes passou a ser apenas “negro”, pois antes disso 
dizia-se “preto” e “homens de cor”. Mas que para os negros do Brasil a identificação de 
descendência de África como nação primeira de pertencimento era ignorada, bastando para eles 
apenas o fato de serem “brasileiros” e “mestiços”, para se diferenciarem dos imigrantes que 
começavam a chegar por aqui. Dessa forma manteve-se satisfatória essa forma identitária até 
meados dos anos 70, por ter sido sempre “uma construção política” fundada em bases de 
desigualdades e de perdas da população negra se comparada com a privilegiada população 
branca, Guimarães (2001, pág. 17). A partir de então outras denominações foram acontecendo, 
fazendo parte da trajetória dos negros brasileiros. 
Adentrando historicamente num processo ascendente, a opinião de Boaventura Sousa 
Santos relatada por Gandin & Hipólito (2003, pág. 8), ajuda a ampliar um pouco mais a 
discussão da importância de se conhecer as características dos povos que nos colonizaram, 
quando afirma que em se tratando de Portugal a situação revelava-se com maior fragilidade; 
que Portugal significou um “colonialismo periférico”, pois quando colonizador foi também 
colônia, tendo pertencido à Inglaterra, fato que o tornou por “muitas vezes o colonizado 
interno” das nações que conquistou. 
A partir dessa relação, também percebida nas discussões de Gilberto Freyre, Bastos 
(1994, pág. 2-3) vai desdobrando mais relações de afinidades geográficas e culturais até chegar 
no Brasil, comentando sobre a fusão de tudo, desde clima e vegetação, até mesmo culturas e 
raças/etnias, não havendo evidência de qualquer citação sobre vantagens ou desvantagens de 
um povo, ou raça, ou etnia,sobre o outro, mantendo desde o início apenas o traçado ideal de 
fusão de povos, de uma ideia de feliz convivência entre todos. Um detalhe importante que se 
nota é o da afirmação de que Portugal e Espanha viviam em permanente conflito. 
 
2.O CRITÉRIO COR PRESENTE NOS PROJETOS COLONIAIS 
O pensador Latino Americano Aníbal Quijano, discute o critério cor como identificação 
racial que aconteceu após longa trajetória dos projetos de colonização das Américas, cujo 
objetivo foi o de subjugar os povos colonizados com maior rigor. Para Quijano (2005, pág. 
118-120), o novo critério definidor da raça inferior tornou-se “classificação social universal da 
população mundial”. A pele de cor escura tornou-se critério de identificação de povo 
subjugado; já a identificação do colonizador deu-se com a denominação de povo branco, sem 
 
 
 
 
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qualquer referência geográfica. Somente a partir do século XVIII o povo branco foi identificado 
como povo europeu. A partir de então os europeus elegeriam as raças inferiores, os negros, em 
servidão fora da categoria de trabalho pago. Concomitante à trajetória da servidão negra, os 
índios viveram realidades semelhantes, mas dentro de projetos diversificados como o genocídio 
e demais processos de eliminação. 
Coube então aos brancos o privilégio de pertencerem à categoria da força de trabalho 
remunerado, num perverso padrão racista dentro da própria classificação racial, que 
inevitavelmente se encaixou nos contornos de classificação social do processo colonizador e se 
estendeu, sobrevivendo aos dias atuais traçando a colonialidade, num contexto de 
desvalorização salarial da população negra e seus descendentes, que na sua maioria sobrevive 
com o salário mínimo. Fato percebido no comportamento dos agentes da colonialidade, que 
dentre os mecanismos de controle está o da apropriação e manipulação da subjetividade nas 
práticas de dominação Quijano (2005, pág. 121). Há evidência de maior defasagem do salário 
mínimo nos países da América Latina. 
Toda a intenção e execução do processo de colonização segundo Quijano (2005, pág. 
122), tem na afirmação de Wallerstein o surgimento de uma identidade comum entre os sujeitos 
da dita colonização: “o etnocentrismo”. Um termo específico que se adequou às propostas 
coloniais do Ocidente europeu, de classificar as raças subalternizadas como primitivas e 
pertenças aos projetos coloniais. 
A estrutura de dominação severamente formada pelos brancos demarcou o período da 
“modernidade e racionalidade”, estabelecendo formatos de apoderamento e dominação 
mundial, criando um contexto de “novas categorias: Oriente-Ocidente, primitivo-civilizado, 
mágico/mítico-científico, irracional-racional, tradicional-moderno. Em suma, Europa e 
não-Europa” Quijano (2005, pág. 122). 
Para Quijano (2005, pág. 127), as estratégias de dominação de povos e nações 
demarcaram a modernidade em tempos de colonização, indo de encontro ao critério capital que 
é bastante antigo e que nasceu antes da América a partir dos séculos XI e XII. O capital na 
América tomou novos rumos e estruturou-se sob do comando de específicas organizações que o 
fortaleceu e transformou-o nas bases sólidas do capitalismo. A partir de então desdobramentos 
foram surgindo e culminando com interesses do processo capitalista, entre eles a importância da 
classificação racial já estabelecida, que por sua vez instituiu nova forma de classificação social. 
 
 
 
 
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Nascimento, LEITE, José Carlos 
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Para Quijano (2005, pág. 127), segundo propósitos evolucionistas e dualistas, a 
categorização de povos colonizados apontados em suas particulares identidades étnicas sob as 
mais diferentes regiões a que pertenciam, foram sucumbidas por designações adjetivas únicas 
em longos trezentos anos. A identificação desses povos da América do Norte que antes eram: 
“astecas, maias, chimus, aimarás, incas, chibchas” foram chamados apenas de índios. Também 
tornaram-se somente negros os povos africanos que antes da escravidão eram: “achantes, 
iorubás, zulus, congos, bacongos”. As particulares raízes identitárias e culturais foram 
eliminadas e dessa forma suas contribuições foram excluídas do processo histórico, já que ao 
tornarem-se reféns dos colonizadores, foram inseridos na categoria de seres inferiores e 
primitivos. Legitimada a eliminação identitária dos povos subjugados estabeleceu-se a 
colonialidade revestida de novo “padrão cognitivo” em roupagem cultural formatada nos 
princípios europeus. 
A maneira de fazer isso foi uma sequência de desarticulações das bases culturais e da 
produção de saberes dos colonizados. Quijano (2005, pág. 121), destaca a severa ação que 
desfragmentou a estrutura cultural da população indígena nativa pertencente à América, a que 
vivia na região Ibérica, desvalorizando e eliminando as raízes intelectuais desse povo nativo. 
Aos destituírem a cultura local, os colonizadores inseriram as suas próprias como padrões 
únicos em novas organizações, incluindo a religiosidade. 
Entretanto, os colonizadores europeus contaminaram-se com a sapiência dos povos 
subalternos americanos, absorveram e apropriaram-se delas como sendo suas. A solidez dos 
conhecimentos subalternos do povo americano era de elevado saber e “avançada tecnologia na 
mineração e na agricultura, e com seus respectivos produtos, o ouro, a prata, a batata, o tomate, 
o tabaco, etc,. etc.” segundo afirmação de Quijano (2005, pág. 127), em (Viola e Margolis, 
1991). Dessa forma, a América destacou-se mundialmente como primeira nação na escala 
identitária geocultural da modernidade. Os europeus, ao se apropriarem dos saberes do povo 
colonizado mantiveram status de dominação, comportamento denominado eurocentrismo. A 
partir de então no século XVII, a marca do eurocentrismo que dominou a América e colocou os 
saberes subalternos como parte de um passado a ser ignorado configurou-se na “colonialidade 
do poder”. 
A posição de Aníbal Quijano sobre a trajetória dos projetos coloniais que culminou com 
a categorização de raças e que estabeleceu a cor negra como objeto de dominação/escravidão, 
 
 
 
 
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Nascimento, LEITE, José Carlos 
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ajuda a entender os desdobramentos de tais objetivos que adentraram na América Latina e se 
estabeleceram no Brasil. 
 
3. A COR DO BRASIL 
Entre tantas opiniões que sustentam as discussões sobre o racismo no Brasil, estão as 
que tratam dos projetos de branqueamento da população com o fim da escravidão: 
embranquecer o país. 
Tudo parece fazer parte e um “ideário do branqueamento” como segundo mito, segunda 
ideologia, na opinião de Hofbauer (2000, p. 7-8), depois do polêmico mito da democracia 
racial. A ideologia do branqueamento surgiu nos fins do século XIX e solidificou as teorias 
racistas brasileiras. Nessa afirmação Hofbauer conta com o apoio de Bastide e Munanga, e 
aponta João Batista Lacerda como o idealizador dessa ideologia, quando declarou em um 
congresso de Londres no ano de 1911, que “o Brasil estaria aberto para receber imigrantes 
europeus”, após socializar que o país atravessava um momento de branqueamento, e que a 
extinção da raça negra brasileira estava pertode acontecer. Que os escravos da região 
nordestina transitavam também por outras formas de organização de vida, de moradia e de 
trabalho, além dos núcleos que compunham as casas grandes e as senzalas. 
Já a pesquisa de Daniel Ferreira Wainer versa sobre as contribuições do pensador 
brasileiro Oracy Nogueira, que teoriza a questão racial a partir de dois tipos de preconceitos, o 
“preconceito de marca”. Trata-se de fontes obtidas de dados empíricos, contrastados com 
epistemologias que estudam “hegemonia e de tipo-ideal” discutidas por Antônio Gramsci e 
Max Weber. Wainer (2013, pág. 106) afirma que para Oracy Nogueira, o preconceito de marca 
é estruturado em doze aspectos que se diferenciam entre si, marcas repletas de diversidades e 
que são específicas do racismo brasileiro. Que estão sob uma estrutura conceitual 
“sociocultural”, com aspectos de possíveis “diferenças estruturais” que ajudam a explicar 
diferentes abordagens. 
 Wainer (2013, pág. 106) também se refere a um outro tipo de preconceito estudado por 
Oracy Nogueira, o preconceito de origem existente nos EUA, que não deve ser confundido com 
o preconceito de origem existente em Portugal, este relacionado somente à religiosidade. 
As bases norteadoras da teoria desenvolvida por Oracy Nogueira segundo Wainer 
(2013, pág. 107) elencam doze aspectos diferenciais de comportamento social entre os dois 
tipos de preconceitos, que têm características bastante sólidas e inviabilizariam qualquer 
 
 
 
 
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Nascimento, LEITE, José Carlos 
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possibilidade de serem simplesmente copiadas e implementadas por sociedades que não se 
enquadram em cada um dos caracteres típicos estabelecidos. 
Os estudos apresentados por Daniel Ferreira Wainer sobre a teoria de Oracy Nogueira 
rebatem as proposições do pesquisador Antônio Risério e suas conclusões que contradizem 
todo um segmento histórico racista vivido por brasileiros afrodescendentes. Nas suas 
discussões, Antônio Risério critica os integrantes do movimento negro acadêmico de copiarem 
o modelo de racismo do EUA, que se difere totalmente do racismo que impera no Brasil. 
Risério (2003 pág. 1) faz comparações sobre as diferentes características das relações raciais no 
Brasil e nos EUA. 
 Antônio Risério parece não concordar com os negros brasileiros que são organizados 
para exigirem os mesmos direitos que são concedidos aos brancos, ao afirmar que não temos 
“Ku Klux Klan”, mas analisando a realidade racista do cotidiano brasileiro, pode-se perguntar a 
Antônio Risério: Que nome então deveria ser dado aos assassinos que se encarregam de fazer o 
serviço de eliminar negros diariamente? O que dizer das constantes execuções de crianças e 
adolescentes e também de adultos que têm a pele escura? Ana Paula Pellegrino ajuda a dar 
algumas respostas à estas interrogações. 
 
“São jovens brasileiros – em sua maioria homens e negros, moradores das 
periferias de áreas metropolitanas – os mais atingidos pela violência no País. 
De acordo com o Mapa da Violência 2014, enquanto a taxa de homicídios 
entre a população não jovem é de 14,9 a cada 100 mil habitantes, entre jovens 
de 15 a 29 anos ela chega a 42,9, durante o período 1980 a 2011. No mesmo 
intervalo, homicídios foram responsáveis por 28,5% das mortes de jovens no 
País, mas foi causa apenas de 2% dos óbitos da população não jovem. Foram 
mortos, no mesmo período, 20.852 jovens negros, um número três vezes 
maior que o número de homicídios de jovens brancos”. Pellegrino (2015). 
 
Fica evidente que as mais variadas causas são apontadas para esconder o que está por 
detrás das citadas mortes que compõem as estatísticas do velado racismo brasileiro. 
 
4.A POLÊMICA INTERPRETAÇÃO DAS RELAÇÕES RACIAIS NO BRASIL 
 
Os estudos sobre a América Latina do pensador Walter Mignolo contribuem para se pensar 
como aconteceram os projetos coloniais. Já no prefácio da sua obra, Mignolo (2003, p. 10) 
afirma que a colonialidade do poder surge a partir da diferença colonial, que “A diferença 
colonial é, finalmente, o local ao mesmo tempo físico e imaginário onde atua a colonialidade do 
 
 
 
 
DEMOCRACIA RACIAL: A DIMENSÃO DA COLONIALIDADE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO, SOUZA, Terezinha do 
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poder”. Tudo em detrimento das historias locais que sustentam e dão vida aos projetos globais. 
Afirma que o colonialismo sobrevive na dimensão da colonialidade, numa nova forma de 
dominação, a dominação pelos saberes, um poder incessante sobre a humanidade subalterna. A 
posição de Mignolo (2003, p. 10) aponta que a colonialidade representa a dominação e o 
apoderamento do pensamento dos povos subalternos pertencentes a um contexto maior, 
global. 
Vários critérios parecem sempre se renovar, fortalecendo a diferença que identifica as 
características da colonialidade. Tomando isso como ponto de partida para explicar como se dá 
a permanente dominação, Mignolo (2003,p. 23) afirma que no século XVI a “escrita alfabética” 
foi critério escolhido para considerar um povo civilizado, seguido por outro critério, a 
“tradução”, pois ser civilizado significava ter mais sabedoria e inteligência. Esse era o 
pensamento dos “missionários espanhóis”. Duzentos a trezentos anos depois, já no século XIX, 
os critérios foram reformulados surgindo outro: a história de um povo. Quem no passado 
dominou a escrita e contou sua história manteve-se no topo da escala hierárquica de poder. O 
julgamento hierarquizado explica as intenções de domínio, ponto de destaque da diferença 
colonial. 
Mignolo (2003, pág. 23-24), aprofunda suas investigações contestando Weber pensador do 
século XX, por este jamais ter citado algo sobre a diferença colonial, criticando-o por 
desconhecer o assunto. Afirma que Weber “considerou o verdadeiro saber como valor 
universal” e com isso ignorou o movimento da “subalternização do conhecimento”. 
Os fatos apresentados por Walter Mignolo são importantes contribuições para se tentar 
entender a polêmica que foi construída sobre as relações raciais no Brasil. 
 
5.A INTERPRETAÇÃO DE GIOLBERTO FREYRE SOBRE A DIFERENÇA ÉTNICA 
BRASILEIRA: A QUESTÃO DA COR 
 
As características burguesas de Freyre (1986, pág. 9-10) são evidências mais presentes 
em Casa grande & senzala. Na edição de 1986 ele faz algumas considerações ao prefácio da 
primeira edição de 1930, comentando sobre seu exílio, citando sua saída da Bahia e das 
aventuras vividas na África e em Portugal, ocasião em que estudou em Lisboa, na Universidade 
de Stanford no ano de 1931. Dá destaque à culinária da região e aos amigos que fez por lá. 
Dessa forma traz evidências sólidas sobre sua característica burguesa, o que lhe permitiu olhar 
 
 
 
 
DEMOCRACIA RACIAL: A DIMENSÃO DA COLONIALIDADE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO, SOUZA, Terezinha do 
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o Brasil sob essa ótica, avaliando o outro, o subalterno, o negro. Fala de temas que observou em 
vários países durante seu tour enquanto exilado, sobre a economia que se assemelhava ao 
sistema do patriarcado brasileiro, parecido com a aristocracia das casas grandes com seus 
gostos pitorescos. 
Entre seus comentários presentes no livro está o de ter sido aluno de Franz Boas, quando 
cursou antropologia em Colúmbia e sentiu-se atraído pelo tema dos mixigenados, aos quais se 
refere como “cafuzos e mulatos doentes”, apontando o próprio Boaspor ter despertado seu 
interesse em estudar a população negra do Brasil. Conheceu o “livro de viajante americano” 
que falava sobre o Brasil e identificava o povo como “the fearfully mongrel aspecto f most the 
population”, frase construída apenas em inglês. Freyre afirma ter achado familiar os 
marinheiros brasileiros que viu no Brooklin, um conhecido bairro de New York. Chamou os 
marinheiros de “mulatos e cafuzos”. Na ocasião falou da sua impressão, da imagem que lhe 
surgiu quando viu aqueles brasileiros, como caricaturas de homens. Para ele, naquele momento, 
acreditou que aquilo era literalmente o extrato, o resultado da mixigenação, um resultado 
negativo. Conta que veio-lhe então a lembrança de Roquete Pinto e concordou com este, 
opinião que se encaixava à sua própria análise daquela hora. Roquete Pinto, para Freyre, 
representava o significado do que estava vendo naquele momento, não só “mulatos ou cafuzos 
os indivíduos que eu julgava representarem o Brasil, mas cafuzos e mulatos doentes.” Freyre 
(1989, pág. 11). 
Sobre a influência de Boas para os assuntos étnicos brasileiros Freyre relata: 
 
“Foi o estudo de antropologia sob a orientação do professor Boas que primeiro 
me revelou o Negro e o mulato no seu justo valor – separados dos traços de 
raça os efeitos do ambiente ou da experiência cultural. Aprendi a considerar 
fundamental a diferença entre raça e cultura; a discriminar entre os efeitos de 
relações puramente genéticas e os de influências sociais, de herança cultural e 
de meio. Neste critério de diferenciação fundamental entre raça e cultura 
assenta todo o plano deste ensaio. Também no da diferenciação entre 
hereditariedade de raça e hereditariedade de família.” Freyre (1989, pág. 11). 
 
Freyre (1986 pág. 12) comenta que não restou outra opção ao colonizador a não ser 
“transigir” aos negros e aos índios “relações genéticas e sociais” pela falta de mulheres brancas. 
E afirma que dessa situação surgiram “zonas de confraternização”. Ele se refere à presença de 
homens brancos e não de mulheres brancas. Que homens brancos se relacionavam com as 
mulheres negras, não revelando se mulheres brancas se serviam dos homens negros. Já a 
 
 
 
 
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pesquisadora brasileira Suely Creusa Cordeiro Almeida afirma que havia relacionamentos entre 
mulheres brancas e escravos. Que sinhazinhas, moças brancas de famílias tradicionais que se 
envolviam com escravos eram castigadas. Almeida (2013) afirma que tanto escravos, quanto as 
sinhás brancas que se envolviam com eles sofriam severos castigos. 
Freyre (1986, pág. 13) fala dos “senhores desabusados e sádicos”, que muitas famílias 
foram formadas sob essas bases, pelo abuso e sadismo dos senhores, não havendo em muitos 
casos outras opções aos colonos. Eles acabavam por fixar suas raízes no Brasil mesmo, já que 
não havia como evitar os abusos. Que a mixigenação foi a prática fundamental que gerou os 
inúmeros filhos não puros oriundos das casas-grandes e das senzalas, sendo eles “efeitos sociais 
da mixigenação”. Utiliza adjetivos que apontam as mulheres não brancas, como sendo as 
“culpadas” pela formação da sociedade mixigenada, sendo elas: “a índia e a negra-mina a 
princípio, depois a mulata, a cabrocha, a quadradona, oitavona,”. Mas ao mesmo tempo ele 
parece refletir e diz do importante papel delas na formação social da diversidade racial, 
inclusive na partilha de bens entre os filhos brancos legítimos e bastardos de cor, em que houve 
casos de dissolução “das sesmarias feudais e dos latifúndios do tamanho de reinos”. 
O estilo burguês impecável de Gilberto Freyre é comentado por Pallares-Burke (2001, 
pág. 227) que faz apontamentos sobre a obra dele “Ingleses no Brasil”, revelando admiração e 
grande afinidade de Freyre com os ingleses, destacando seu lado essencialmente britânico: 
 
“É por isso que ele já foi descrito como sendo, de fato, dois: o pernambucano 
“velho sábio de Apipucos” e o inglês. Até mesmo sua aparência era 
testemunha de seu lado anglófilo. Com seu paletó de tweed no Recife tropical, 
podia ser confundido com um coronel inglês a serviço de Sua Majestade, a 
Rainha da Grã-Bretanha.” Pallares-Burke (2001,pág. 227). 
 
Os comentários de Pallares-Burque fazem jus ao propósito da obra de Freyre publicada 
em 1948, quinze anos após o grande sucesso que foi Casa grande & senzala. Para ela, Ingleses 
no Brasil atende de forma enriquecedora os estudos que Freyre fez sobre o país e suas questões 
culturais, também presentes em Casa grande & senzala. Em Ingleses no Brasil Freyre aponta a 
grande influência britânica na formação brasileira, citando várias das suas características como 
sendo similares ao nosso comportamento social. 
 
 
 
 
 
 
 
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6.A IDEIA DE UMA PAZ ÉTNICA EM TEMPOS DE ESCRAVIDÃO 
 
A afirmação de um Brasil pacífico na convivência entre seus diferentes grupos étnicos 
nega os fatos históricos de um país escravocata de futuro racista, revelando assim duas faces 
contraditórias. A perfeita relação étnica nos tempos da escravidão brasileira é contada por 
Gilberto Freyre em seu livro Casa grande & senzala, enquanto críticos contrários a ele levantam 
outros fatos. 
Trata-se de críticos brasileiros como Florestan Fernandes, pensador do século XX e 
Henrique Cunha Júnior, pensador do século XXI, que criticam a obra Casa grande & senzala. 
Afirmam que com essa obra, Gilberto Freyre estabeleceu o mito da democracia racial no Brasil, 
escondendo as verdades da escravidão. Cunha Jr. (2013, p. 92) além de afirmar que “Os 
trabalhos de Gilberto Freyre servem para cristalizar e confirmar o pensamento” que nega o 
racismo no Brasil, induzindo o leitor a pensar na felicidade dos negros das senzalas nas casas 
grandes, aponta outro equívoco de Freyre, desta vez sobre a cultura da cana-de-açúcar 
informada como tendo sido a única e principal fonte de produção da época. Para o crítico, “a 
maior parte do nordeste se desenvolveu baseada na criação de gado” e não somente da indústria 
canavieira. 
As críticas à Freyre fazem parte da história. Florestan Fernandes foi um dos críticos 
precursores, talvez o primeiro a denunciar Freyre como criador do mito da democracia racial. 
Muitas vezes Florestan Fernandes também recebeu críticas à suas próprias críticas, por parte 
dos defensores de Freyre, quando estes afirmavam não haver em Casa grande & senzala, 
nenhuma referência à dita democracia racial. Mesmo assim, sabe-se que Florestan Fernandes 
foi um dos pesquisadores que mais profundamente estudou sobre Freyre. 
O pesquisador Lehmann (2008, pág.5), comenta sobre um defensor de Freyre, Levy 
Cruz, sobre a afirmativa da dita democracia, dizendo que ela aconteceu apenas em discursos 
para um público inglês, ocasião em que Freyre comentou sobre um Brasil propenso a se tornar 
uma democracia racial, e que uma frase mais consistente indicando a afirmativa pode ser 
encontrada no livro seguinte de Freyre, Sobrados e Mucambos. 
Outro crítico de Freyre é Dante Moreira Leite, que o aponta como inventor do mito por 
interesses políticos e econômicos, por pertencer à burguesia, motivo que o fez esconder a 
verdade da escravidão no Brasil. Leite (2002, p. 357-358) sustenta suas afirmações na 
 
 
 
 
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expressão do próprio Freyre, que em um de seus artigos publicados Região, tradição e cozinha, 
citou a frase “a alegria dos escravos” referindo-se à falsa paz étnica. 
 
7.O ALEGRE ESCRAVO DE FREYRE E O HOMEM CORDIAL DE HOLANDA 
 
Para entender sobre o homem cordial, Holanda (1996, pág. 141) introduz discussões 
sobre a forte oposição entre família e o estado. Que o Estado não é uma extensão da família, 
sendo necessário fazer uma distinção entre as duas instituições, que são independentes, sem 
ligação uma com a outra. Que o comportamento de oposição às questões familiares é que fez 
surgir o Estado revestido da composição familiar já numa outra base, a da cidadania formada 
por seres ativos e partícipes da sociedade. Pertencer a essa instituição formal global passou a ser 
o único caminho para a validação do homem social, tanto o rural quanto o urbano, para 
efetivação do núcleo social reconhecido. Uma armadilha sem volta, pois ao homem só restou a 
possibilidade de pertencer à instituição Estado, para, a partir daí ser visto na sua estrutura 
familiar tendo a família em segundo plano. O olhar para os seus componentes teria validação 
apenas se estivessem devidamente inscritos como membros do Estado, corretamente 
identificados como cidadãos. 
Holanda (1996, pág. 146-147) discute as relações familiares como essência proliferada 
nos laços sanguíneos, como representante do modelo social que fez nascer a família patriarcal. 
Que dessa relação familiar advém a característica da cordialidade, enraizada numa 
ancestralidade dos idos tempos da colonização que se desenvolveu no país, oportunizada pelo 
típico contexto dos trópicos e suas particulares realidades climáticas. Dessa forma os brasileiros 
não se encaixavam nos padrões comportamentais ritualistas que insistiram em se estabelecer 
sem sucesso. 
Percebe-se que a noção de cordialidade de um comportamento receptivo, acolhedor e 
hospitaleiro não representa submissão ou passividade. Nota-se um contra-senso se analisada a 
ideia de democracia racial brasileira que propôs perfeito convívio étnico, que dessa forma 
mostra diferença marcante entre ser cordial e ser submisso. A submissão se encaixa na relação 
senhor e escravo, o mesmo que opressor e oprimido, enquanto cordialidade traduz a natureza 
supostamente informal e receptiva, mas certamente intencional e estratégica, para a inserção e 
permanência nos espaços sociais. Um disfarce bastante constituído na aceitação de regras. Uma 
 
 
 
 
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cordialidade sólida oriunda dos projetos de estruturação familiar propostos pelo estado, ou que 
resultou na formação, no modelo de estado. 
O homem cordial apontado por Sérgio Buarque de Holanda, se comparado ao negro 
feliz de Gilberto Freyre, se encaixa apenas na perspectiva familiar, mas não na social. O sentido 
do homem cordial se destoa da relação étnica pacífica proposta por Freyre. 
É esse homem cordial enquadrado na teia da democracia racial que faz o estranhamento 
ao mito, aos equívocos inventados, que formatam as intenções dos projetos coloniais de 
maquiar a latente e perversa realidade vivida pela escravidão, que se mantém nos 
comportamentos racistas dos dias atuais. 
Mas na lógica, tanto o homem cordial de Holanda, quando o negro feliz de Freyre estão 
distantes há anos luz da realidade vivida pelo severo regime escravocata brasileiro. Do 
comportamento de um escravo necessitado de ser domado ou não só restava uma opção, a de 
apenas obedecer. 
Todas as discussões sobre o racismo brasileiro não podem deixar de citar a base teórica 
que é Gilberto Freye, acusado de mentor da ideia da democracia racial, apesar do livro na 
verdade também citar inúmeras vezes a perversa realidade da escravidão. Portanto, faz-se 
necessário adentrar um pouco mais nos posicionamentos de alguns críticos do escritor e da sua 
obra Casa-grande e senzala. 
 
8.CRÍTICOS DE FREYRE 
 
Um estudioso freireano, Antônio Sérgio Alfredo Guimarães aponta importante figura 
do movimento negro brasileiro, Abdias do Nascimento, que “em sua fala inaugural no Iº 
Congresso do Negro Brasileiro” em 1944 na Universidade do Estado de Indiana , EUA, 
posicionou-se contra a ideia da democracia racial que se espalhou como um equívoco inventado 
por Gilberto Freyre. Nesse congresso, Abdias do Nascimento utilizou o termo democracia 
éthnica ao se referir ao mito, e à falsa plena e harmoniosa convivência entre negros, brancos e 
índios. Guimarães (2001, p. 148). Afirma ainda, que a oficialização do termo “democracia 
racial” data de 1952, quando Charles Wagley referendou as intenções de Gilberto Freyre em 
uma produção literária acadêmica, ao dizer que “O Brasil é renomado mundialmente por sua 
democracia racial”. 
 
 
 
 
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Cunha Jr. denuncia a academia por ignorar propositalmente grandes autores nacionais e 
suas contribuições sobre africanidade e racismo no Brasil. Que algumas obras datam de até 
vinte anos antes de Gilberto Freyre. (CUNHA Jr. 2013, p. 87). Afirma que “senzalas e casa 
grande tornaram-se um símbolo impregnado no pensamento brasileiro, uma eficiência em razão 
de simplificação ou uma quase deformação da realidade histórica”, já que tanto as casas 
grandes quanto as senzalas não existiram de forma significativa em todos os estados brasileiros, 
tendo sido próprias do Nordeste, com maior incidência na região de Pernambuco, devido a 
necessidade de adequação da região pernambucana na organização para o trabalho na indústria 
“canavieira e açucareira”1. Cunha Jr. é mais incisivo ainda na questão do contexto das casas 
grandes e das senzalas ao insistir que o livro de Freyre induz o leitor a pensar que essas 
moradias eram realidades do Brasil como um todo, que havia inúmeras outras formas de 
organização nos engenhos e na “produção escravista criminosa do açúcar” da região 
pernambucana e do nordeste em geral. Que grande parte de negros escravos brasileiros de 
outras regiões jamais conheceu uma senzala. E insiste que as “relações escravistas brasileiras e 
a formação das famílias patriarcais” abordadas por Gilberto Freyre são incompletas, pois não 
retratam a verdade e deixam lacunas sobre a relação entre senhores e escravos. 
Mas, apesar das suposições de Cunha Jr. sobre as intenções de Freyre, há que se 
considerar, que o modelo de moradia e de produção não se restringiu somente ao Nordeste. Um 
escritor Mato-Grossense, Mesquita (1931 e 1932. pág.3) fez uma pesquisa sobre o perfil dos 
senhores patriarcais donos de engenhos situados na Serra-Acima, hoje região do município de 
Chapada dos Guimarães, informando que apesar de características próprias regionais, o perfil 
dos engenhos do Mato Grosso não se destoam do nordestino apresentado por Gilberto Freyre. 
José de Mesquita faz elogios à Freyre. 
Mesquita (1931 e 1932, pág. 6), ora cita “Chapada”, ora cita “Serra-Acima” ao se referir 
ao local ao qual ele também denomina de “povoado”, “districto”2 e de “vilarejo”, dizendo ter 
sido no passado uma estruturada e promissora região de engenhos. Conforme suas próprias 
palavras, “a indústria dos engenhos na Serra-Acima”, cujo histórico e detalhes constam em 
documento histórico oficial catalogado. Apresenta um cronogramapara se visualizar os tipos 
de engenhos da época, do século XVII, de variados tipos de produtos, nomeando uma vasta lista 
 
1 Em tempos de Brasil colônia, a cultura açucareira expandiu-se na região nordestina Zona da Mata. 
2 Districto: Forma escrita antes das regras ortográficas de 1911 à 1943. 
 
 
 
 
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de municípios possuidores dos citados engenhos e suas específicas produções, tamanho e 
quantidade de escravos em cada um desses municípios. Apresenta de forma detalhada em 
cronograma o vasto contingente de engenhos distribuídos pela região, especificando as culturas 
desenvolvidas em cada um dos sete municípios envolvidos, a quantidade de escravos de cada 
engenho em cada um dos sete municípios elencados, com destaque para maior número de 
escravos concentrados em Serra-Acima. Informa que o funcionamento de 83 engenhos de 
grande e de pequeno porte, e também de seis unidades de monjolos3, contou com a utilização do 
trabalho de 1.360 escravos, distribuídos na linha de produção dos “engenhos de assucar, 
rapadura e melado”4 e “engenhos de aguardente e monjolo de farinha”. A pesquisa de Mesquita 
(1931 e 1932, pág. 7-8) aponta minuciosamente dados encontrados de todas as famílias 
tradicionais da época escravocata que possuíam escravos. Ele cita um a um os proprietários de 
engenhos e de escravos registrados em “archivo ecclesiástico” datado dos séculos XVIII e 
AXVV, informando que além da cana de açúcar, da rapadura, do melado, do aguardente e da 
farinha, também lidavam com cereais como o feijão, o milho e outros. Relata como era 
organizada a disposição das casas grandes e das senzalas nas propriedades de engenho nos 
quais na afirmação de Mesquita (1931 e 1932, pág. 9) não podiam faltar: 
 
”a fabrica com os seus compartimentos e accessorios, alem do monjolo, o 
moinho de fubá, as tulhas e o paiol. Os “engenhos” mais importantes tinham 
olaria e alguns até serraria, para o apparelhamento de madeiras. Ao lado da 
fabrica e capella, a “casa grande”, vasta e patriarchal, com seus cômodos 
enormes, para abrigar as famílias quase sempre numerosas que se reuniam nas 
occasiões das festas religiosas, dos aniversários ou no começo da safra, 
sempre commemorando”5. 
 
José de Mesquita também se refere aos detalhes das decorações das casas grandes, como 
eram as viagens dos senhores de engenho, o transporte para o translado que eram feitos “nos 
bangues, carregados por possantes escravos “minas” ou “congos”, sendo a “cadeirinha” pouco 
usada . 
Finalizando sobre a posição dos críticos, Cunha Jr. (Op. Cit) torna-se cada vez mais 
rigoroso na sua denúncia sobre a obra de Gilberto Freyre, ao insistir que não só para ele, Cunha 
Jr., mas para outros pensadores, o conteúdo do livro também esconde outras verdades do 
período escravocata criminoso vivido pelo Brasil, que o livro dissemina uma falsa realidade 
 
3 Máquina artesanal, tradicionalmente usado para processar farinha. 
4 Assúcar: Forma escrita antes das regras ortográficas de 1911 à 1943. 
 
 
 
 
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sobre o “sistema de produção da colônia e do império do Brasil” que era sustentado pelo 
trabalho escravo legalmente instituído e que negava uma vida digna aos negros, inviabilizando 
de forma permanente a inserção deles na política social. Cunha Jr. afirma que para ele e para 
outros críticos, Casa Grande & Senzala tem também conteúdo pobre sobre “história e cultura 
africana”, com falhas e equívocos que reforçam as mesmas intenções das teorias racistas. E 
afirma, que a legalidade da escravidão que sustentou o processo colonial está presente no 
desenrolar dos capítulos do livro de Gilberto Freyre, como a frase “a grande lavoura tropical só 
se tornou possível com a escravidão”. Uma frase que explicita de que forma foram 
estabelecidas as verdadeiras relações entre senhores e escravos, entre quem manda e quem tem 
que obedecer CUNHA Jr. (2013, p. 91), destacando assim, contradição na afirmação da feliz 
convivência étnica. 
 
9.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
A pesquisa em andamento conta com pensadores que discutem o tema racismo, e com 
os que trilham teorias sobre as intenções coloniais na América Latina. Entre eles os brasileiros 
Gilberto Freyre autor de Casa grande & senzala, Dante Moreira Leite que escreveu sobre O 
Caráter Nacional Brasileiros, e Henrique Cunha Júnior, um dos mais severos críticos de Freyre 
na atualidade. Alguns pesquisadores de outros países latino-americanos contribuem com esta 
pesquisa, entre eles Walter Mignolo e sua obra Histórias Locais/Projetos Globais, que aborda 
sobre os propósitos coloniais estabelecidos a partir do circuito Atlântico rumo às Américas. Ele 
também discute os aspectos conceituais do pensamento liminar. Anibal Quijano demarca em 
suas obras as discussões sobre colonialidade, entre elas Colonialidade do poder, eurocentrismo 
e América Latina. E Antônio Risério com as discussões sobre cromaticidade. 
 
10.RESULTADOS ALCANÇADOS 
 
Foram percebidos avanços na apropriação de conhecimentos sobre as teorias da 
colonização e da colonialidade dos pensadores latino-americanos, que ajudam a explicar o 
comportamento do homem nos seus projetos de dominação dos seres e dos saberes, na tentativa 
de desvendar as práticas racistas instituídas desde a modernidade sobre a suposta humanidade 
 
5 As palavras são transcrições fiéis ao texto original do referencial utilizado. 
 
 
 
 
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subalterna. As perspectivas estabelecidas pelo pensamento liminar delimitam a fronteira que 
demarca a existência ou não do racismo, dando suporte para explicar a polêmica democracia 
racial brasileira. 
A pesquisa tem revelado que o racismo brasileiro é ofuscado por comportamentos 
socialmente construídos sob estratégias que negam a sua existência. E que o conceito de 
colonialidade de Aníbal Quijano tem ajudado a entender como a burguesia se utiliza do poder 
para fortalecer a negação do racismo, intenções percebidas na ideia de democracia racial. 
As leituras de Sérgio Buarque de Holanda, que remetem à expressão “homem cordial”, têm 
ajudado a entender a respeito das relações raciais no Brasil, pois revelam que o significado de 
cordialidade difere do de passividade 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ainda está em andamento a análise mais detalhada do tipo de preconceito racial brasileiro 
identificado por Oracy Nogueira - que se difere do preconceito praticado nos EUA – e tal 
estudo indica que o movimento negro não levanta bandeiras indevidas ao lutar contra o nocivo 
e velado racismo brasileiro, como intento dar conta em minha pesquisa. 
Também faz-se necessário adentrar no conceito do pensamento liminar proposto por 
Walter Mignolo, para subsidiar as margens que demarcam a ideia de democracia racial e a 
existência do racismo no cotidiano não somente brasileiro, mas também latino-americano.REFERÊNCIAS 
 
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